Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 37
Capítulo 37 - ( Último ) Novo Bill, nova vida




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-Eu tenho que ir para casa... Tenho que acordar cedo amanhã. – ela reclamava tentando se desvencilhar de meus braços, mas eu os apertava cada vez mais forte ao seu redor.

-Pra que? Fique comigo. – beijava seu ombro nu e ela ria.

-Meu apartamento é dois andares abaixo do seu, Billy. Se for morrer de saudade é só descer dois lances de escada. – rolou os olhos fazendo-me gargalhar.

     3 anos se passaram desde o dia em que Arabella saiu da Clínica Psiquiátrica.

    Nós ainda somos noivos, nunca nos casamos de verdade, mas definitivamente era algo que ainda estava nos meus planos. Quando eu falei ao meu pai que estava noivo e que pretendíamos nos casar o quanto antes ele fez careta e olhou-me com reprovação.

-Não estão sendo um pouco apressados demais? – disse e eu fiquei nervoso por alguma razão.

-É claro que não! Estamos apaixonados, ela é a mulher certa para mim, por que eu deveria esperar? – ele sorriu.

-Se paixão fosse a única coisa necessária para fazer um casamento dar certo, filho, eu e sua mãe estaríamos juntos até hoje! – exclamou colocando suas mãos em meus ombros e me puxando um pouco para mais perto dele. – Ela viveu praticamente a vida inteira em hospitais psiquiátricos, não acha que antes de se casarem e viverem juntos ela tem que primeiro aprender a viver sozinha?

     Eu acabei por tomar o conselho de papai.

    Moramos por alguns meses na casa da minha mãe. Ela tratava Arabella muito bem, cozinhava suas comidas preferidas quando íamos á sua casa no fim de semana e chamava Arabella de “filha“. No começo eu achava estranho e senti até mesmo um pouco de raiva por sentir que ela estava substituindo o Tom, mas depois que entendi que era besteira minha.

     Eu já a encontrei várias vezes parada no meio do corredor, observando a foto de Tom na parede com aquela expressão de saudade. Várias vezes, mesmo depois que sai do Hospital Psiquiátrico, nós choramos juntos por ele. Ela manteve o quarto de Tom exatamente como era, limpa-o todos os dias e organiza tudo do jeito que ele gostava. Minha mãe nunca o substituiria.

    Mas depois de um tempo achei melhor nos mudarmos para não darmos muito trabalho a ela. Pensei em morar junto com a Arabella, mas acabei decidindo que seria melhor se comprasse dois apartamentos separados. Eu não ia poder estar o tempo inteiro á sua disposição, e era bom que ela aprendesse a cuidar de sua própria casa. Mesmo assim, devido á minha insegurança, comprei apartamentos no mesmo prédio.

     Minha vida agora é separada em todas as minhas diferentes responsabilidades. Tinha a responsabilidade com Arabella, com minha saúde, com minha família, com minha vida e no meio de tudo isso ainda achar tempo para acatar o último pedido do meu irmão: “Live on... ( continue vivendo )“.

    No dia a dia eu tentava ensinar a Arabella a sobreviver nessa sociedade agressiva e competitiva em que vivemos. Tento ao máximo ajudar com a sua doença tratando-a como uma mulher e não mais como uma criança. Insisti que ela continuasse seu tratamento mesmo fora da clínica e por isso ela se consulta duas vezes por semana com um psicólogo... O resto do tempo passa fazendo trabalhos voluntários ajudando crianças com deficiências. Eu a admiro muito por isso... Ela tinha uma alma pura, bondosa que é rara de encontrar hoje em dia. Apesar de seus progressos Arabella nunca perdeu sua inocência e seu jeito de encarar as coisas.

     Quanto á mim, eu me consultava uma vez por semana com um psicólogo que me ajudava quando a perda de Tom me fazia mais falta do que eu podia suportar, ele me ensinava a caminhar novamente sem o meu gêmeo guiando meu caminho. Eu nunca mais voltei a pisar em um palco e agora tenho como carreira a de compositor. Eu terminei o meu aprendizado do violão e agora tomo grande parte do meu tempo compondo músicas ou ajudando na produção de alguns álbuns. Eu estava feliz assim, era bom não ter que desistir inteiramente da música. Georg e Gustav seguiram caminhos similares, eles trabalham junto comigo a maior parte do tempo, mas também tomam seu tempo gravando com outras bandas e fazendo outros trabalhos.

    Ainda dói lembrar-me de tudo. É estranho por que parece que tudo aquilo aconteceu em uma outra vida... E de certa forma é quase isso. Depois que o Tom se foi eu tive que me reconstruir em uma nova pessoa, uma pessoa mais independente, mais fria, mais consciente de tudo á minha volta. Por fora eu ainda sou a mesma pessoa. Não poderia mudar isso nunca. A maquiagem, os cabelos diferentes, as roupas justas, eu nasci assim e não vou mudar. Mas todo o resto mudou. Eu sou outra pessoa agora.

    Há certos momentos em que estou deitado na cama e fico olhando para a porta imaginando como seria se Tom passasse por ela, com aquelas roupas exageradamente largas, e sorrio pensando que talvez ele já não me reconheceria. Mas depois balanço a cabeça, pois sei que Tom poderia me reconhecer com uma batida do meu coração... Ele sentiria que eu estou diferente, mas sei que teria orgulho de quem eu me tornei.

-Olha! – ela exclamou apontando para a TV. – É o Tom!

   Eu direcionei minha atenção á tela grande e brilhante e uma pontada de dor e saudade latejou em peito com a imagem de meu irmão. Era uma reportagem falando que essa semana faria 4 anos que ele morrera, passavam imagens dele, sorrindo, tocando guitarra, dando entrevistas... Era estranho como sua voz ainda era tão familiar. Toda vez que a ouvia era como se ele tivesse falado comigo no dia passado.

-Ele era tão bonito... – Arabella sussurrou e eu sorri.

-Claro, ele era meu irmão gêmeo idêntico. – tentei esconder como ele me fazia falta. Arabella ficou me olhando em silêncio e eu sabia que ela havia percebido. Depois de tanto tempo ela me decifrava com muita facilidade a maior parte do tempo.

-Quer que eu durma aqui essa noite? – perguntou e eu a abracei forte.

-Se importaria? – ela sorriu.

-Eu adoraria. – beijou meu pescoço causando-me uma pequena onda de arrepios. – Eu te amo, sabia? – sussurrou brincando com a ponta de seu dedo sob meu peito, desenhando pequenos círculos.

-Eu também.


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Notas finais do capítulo

Acaboou...
Obrigado por todos os reviews, todos eles são muito importantes pra mim.

Eu queria me desculpar, de verdade por toda a demora, sei o quanto isso é incômodo :s

mesmo assim espero que vocês tenham gostado! :D