Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 2
Capítulo 2 - Já está na hora de acordar.




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-O cara te chamou de viado! E bastardo! Só eu tenho permissão para te chamar de bastardo e você sabe disso. “

 ...

-Eu não posso viver sem você.

...

-Live on…

-Por favor... Abra os olhos...

 ...

-Hora da morte, 3:17 da manhã. “

 

 

-Não !!! – gritei sentando sobressaltado e ofegante na cama.

 

    Sequei o suor que descia pela lateral de meu rosto e coloquei a mão sobre meu peito, podia sentir meu coração batendo como louco. Olhei ao redor. Estava no meu quarto. As roupas que eu deixara espalhadas pelo chão continuavam lá, assim como minhas botas jogadas atrás da porta. Respirei fundo, foi só um pesadelo.

 

    Levantei e andei pelo corredor apressado na direção do quarto de Tom. Queria acordá-lo pulando em sua cama com força e abraçá-lo com mais força ainda. Isso provavelmente o irritaria, mas eu não me importava. Queria dizer o quanto o amava e me certificar de que tudo ficaria bem. Os arrepios causados pelo pesadelo ainda percorriam meu corpo inteiro.

  

-Tom?! – gritei quando entrei em seu quarto. Abri um enorme sorriso ao correr e pular em sua cama desarrumada, mas meu corpo atingiu nada mais do que o colchão vazio. – Tom? – me sentei e olhei ao redor. Coloquei a mão sobre meu peito novamente. As palpitações de meu coração eram como estrondosos tambores sobre minha palma trêmula. Segui até o banheiro, ele tinha que estar lá.

 

     A porta estava encostada, eu não conseguia ouvir nada do lado de dentro e mesmo assim continuava sussurrando para mim mesmo que ele estava lá dentro. Encostei meus dedos na madeira fria e a empurrei lentamente. Observei meu reflexo no grande espelho que ficava logo em frente á porta. Tinha a maquiagem borrada e os olhos extremamente inchados, estava com uma aparência doentia. Meu cabelo se encontrava tombado para o lado esquerdo de maneira caótica. Eu vestia as mesmas roupas que usava em meu pesadelo. Estendi o braço e observei o pequeno ponto vermelho que o manchava.

 

 

[FLASHBACK]

  

-Hora da morte, 3:17 da manhã. – Um dos enfermeiros anunciou com uma expressão de derrota.

 

-Como?! Não! Ele não está morto! – gritei. Me livrei dos braços de meu pai e Gordon, correndo na direção do médico com expressão derrotada ao lado da cama. – Não pare! Continue!! – gritava sem vergonha de demonstrar meu desespero. – Faça o coração dele voltar a bater! O meu não bate sem o dele!! – apertei minhas longas mãos em seus ombros o balançando em meio ás lágrimas. Gordon me afastou do médico e eu fui confortado pelos braços de minha mãe, também em prantos, mas pela primeira vez seu abraço me pareceu frio e distante.

 

-Vamos sair daqui, filho... – papai sussurrou em meu ouvido pegando em meu braço.

 

 -Não!! Eu não vou sair!! – puxei meu braço com raiva. Mamãe se afastou assustada. – Eu tenho que ficar ao lado dele!! Sempre tenho que ficar ao lado dele!! – andei até Tom e me curvei sobre ele segurando seus dois braços com força. – Ele vai acordar... – tentei sorrir esperançoso sussurrando perto de seu rosto. – Ele vai acordar... – repeti as mesmas palavras na esperança de, quem sabe, acreditar nelas dessa vez.

 

 -Bill, não faça isso... – Gordon pediu com os olhos repletos de pena e tristeza. – Foi uma longa noite, vamos para casa. – estendeu sua mão cuidadosamente, temendo minha reação.

 

 -Não quero!! – me descontrolei. – Tom!! Eles querem me levar embora!! – chacoalhei meu irmão que permanecia desacordado, cada vez mais frio sob minhas mãos e pela primeira vez completamente indiferente ao meu sofrimento. – Você não pode morrer!! Não pode! – soquei seu peito, mas a máquina ao lado da cama não mostrou reação nenhuma a isso. -Anda logo, seu filho da mãe!! Abra os olhos! Chega de brincadeiras! Já não tem graça!! Eles vão me levar para longe de você! – minhas lágrimas pingaram em seu rosto e mesmo assim ele permanecia inexpressível e imóvel.

 

-Façam alguma coisa! – ouvi minha mãe exclamar. Um enfermeiro reagiu rápido, abrindo uma gaveta e tirando de lá uma seringa.

  

- O que vão fazer?! Não toquem em mim! – apertei mais forte minhas mãos ao redor do braço de Tom. Em algum lugar dentro de mim eu ainda esperava que ele fosse me defender. Ele sempre me defendia.

 

-Vai ficar tudo bem... – o sujeito sussurrou antes de avançar rapidamente em minha direção e espetar a agulha em meu braço. Meu corpo amoleceu e as batidas do meu coração desaceleraram contra minha própria vontade.

 

 -O que fizeram com ele?! – ouvi meu pai perguntar enquanto meu corpo desabava, sem forças para se manter em pé.

 

-È só um calmante.

 

[FLASHBACK/]

 

-Bill! – minha mãe exclamou suspirando aliviada. – Você está aqui... Me deixou preocupada quando não te achei no quarto! – acariciou meu rosto e fez uma careta chorosa. Estava pálida.

 

-Não foi um pesadelo, foi? – me surpreendi com a intensidade das lágrimas que escorreram pelo meu rosto em tão pouco tempo. Mamãe balançou a cabeça negativamente e desabou em lágrimas também, escondendo seu rosto em meu peito. Queria abraçá-la e confortá-la, mas não conseguia me mover.

 

    Lentamente eu a afastei de meu corpo trêmulo. Precisava ficar sozinho.

    Andava pelo corredor e podia ouvir os passos de Tom em sintonia com os meus, cada passo me causando arrepios. Parei no topo das escadas e observei as duas crianças loiras idênticas subindo os degraus apressados e sorridentes enquanto brincavam de pega-pega. Passei pela sala e fingi ignorar a memória do adolescente de rastas loiras esparramado no sofá. Entrei na cozinha e fechei os olhos fugindo da imagem de meu irmão rindo sentado á mesa.

 

     Sai pela porta dos fundos e respirei fundo na esperança de controlar as lágrimas, andei pelo pequeno jardim. O ar extremamente frio de Berlim machucava meu rosto e judiava de meu corpo descoberto, mas nada daquilo se comparava á dor que sentia por dentro. Desabei encostado á parede velha e suja próxima á garagem. Olhei ao redor, para cada espaço vazio repleto de memórias de nós dois. 

 

[FLASHBACK]

 

-Pare de chorar! Não seja um covarde. – Tom se agachou ao meu lado passando suas mãos sobre meus ombros trêmulos devido aos soluços.

 

-Eles são uns idiotas! Como nos separaram dessa maneira?! – chorava. – Eles me maltratam naquela escola, Tom. Os professores não gostam de mim! Não quero ficar numa sala cheia de gente cruel sem você.

-Você está sendo um medroso! Os Kaulitz não são medrosos! – tentava me confortar. – Eu também não gostei do que fizeram! – fez cara de bravo. – Mas não vamos deixar ninguém perceber que sofremos com isso, ok? È só por mais algum tempo, então todo mundo vai notar o quanto eu sou incrível com a guitarra, nossa banda ficará famosa e daremos o fora daquele lugar para sempre! – bateu de leve em meu ombro sorrindo convencido

 

– Por que está sorrindo?! Eu continuo sem saber como vou para a escola amanhã! Não posso ficar em uma sala diferente da sua! Não sei me defender quando você não está comigo!

-Claro que sabe! – rolou os olhos – Só que nunca tentou! Agora você vai ter a chance de mostrar para todos o quanto é forte! – piscou um olho. - E de qualquer maneira eu estarei lá nos intervalos. – sentou ao meu lado me olhando de maneira confortante. Ainda não parecia o bastante para me convencer, então eu continuava chorando. – Anda! Pare de chorar, seu bebezão! Nós vamos ficar bem! – lhe lancei um olhar de quem não acreditava naquelas palavras. – Eu estou falando sério, idiota! Não me olhe desse jeito...

 

-Você é que é um idiota.

 

-Ninguém nunca vai nos separar! Muito menos professores estúpidos! Eu vou cuidar de você! Afinal de contas eu sou o mais velho! Tenho que cuidar sempre do meu irmãozinho! – passou seus braços ao redor de meu ombro e sorriu para mim. Meu choro finalmente cessou, ele havia dito as palavras mágicas. – Nunca vou te deixar, vamos estar sempre juntos! Isso é uma promessa!

 

[FLASHBACK/]

 

-Anda, Bill... – passei meus braços ao meu redor na esperança de me aquecer, e talvez diminuir a sensação de solidão que pouco a pouco crescia dentro de mim. – Já está na hora de acordar... Acorda... – sussurrei fechando os olhos com força. Permaneci assim por alguns segundos na esperando que quando abrisse-os de novo tudo estaria bem. Arrisquei entreabri-los, mas eu continuava sozinha e desolado naquela garagem, Tom não estava ao meu lado, e meu peito ainda latejava de dor. Fechei os olhos novamente chorando compulsivamente, quando abri-os novamente, olhei para cima e encarei o céu nublado. – Você não podia ter feito isso comigo, Tom...


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo gigante!
desculpem...
Os primeiros capítulos ficaram um pouco grandes!
xP

Obrigada por todos os reviews!
Fiquei muito feliz com todos eles!


Espero que gostem do capítulo!
se ler não custa nada deixar um review!