Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 13
Capítulo 13 - Culpa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/57269/chapter/13

Ao abrir os olhos naquela manhã fui tomado pela inconfortável sensação de confusão e dúvida. Onde eu estava? Não conhecia aquele teto, aquela cama não tinha meu cheiro, aquele não era o meu quarto. Ao me lembrar de onde estava fui tomado por outra sensação. Tristeza, solidão e um pouco de desespero. Junto com o fato de estar naquele lugar, vinha o fato de que Tom estava morto.

-Como passou a noite? – Arabella se sentou ao meu lado no café da manhã, junto com seus olhos verdes bem mais brilhantes agora que estavam sob a luz do sol que entrava pelas janelas, ela vinha acompanhada de um sorriso enorme. Rolei os olhos, ela ia grudar em mim agora?

-Sua amiga Kristine me acordou com seus gritos agoniantes e irritantes, depois o cara do quarto ao meu lado começou a chorar e eu demorei mais de 2 horas para conseguir voltar a dormir. – relatei em um pequeno resumo o quão horrível havia sido a minha noite.

-Na primeira vez assusta um pouco, os gritos dela são realmente assustadores. Mas depois você se acostuma. – sorriu. – Ela dorme a apenas 4 quartos de distancia de mim e eu já nem acordo mais! – começou a tagarelar com aquela sua voz fina e estranhamente irritante.

-Hum... – sussurrei desinteressado. Olhei de relance para o urso de pelúcia marrom que Arabella trazia nas mãos. – Essa é a Annie? – perguntei me lembrando que na noite passada ela disse que sua irmã havia deixado ela e Annie aqui, e que ela sempre dormia na janta.

-Sim! Eu normalmente a deixo dormir um pouco mais de manhã, mas hoje decidi trazê-la aqui para te apresentar! – sorriu estendendo o urso em minha direção, deixando-o a poucos centímetros da minha cara. Me inclinei para trás tomando uma distancia segura daquela coisa peluda. O urso era marrom e tinha um laço vermelho amarrado em seu pescoço.

-Uau. – disse irônico, voltando a concentrar minha atenção nas frutas que enchiam meu prato. Arabella continuou sorrindo, parecendo não se importar nem um pouco com minha indiferença.

-O que quer fazer depois? Já andou pelo jardim? Ele é enorme! Aposto que dava para colocar 5 elefantes lá e ainda sobraria espaço para um hipopótamo! – exclamou rindo de suas próprias palavras. – Pelo menos eu acho, nunca vi um elefante. Ou um hipopótamo. Se você quiser nós podemos dar uma volta por lá depois. Não será divertido?!

-Você pode parar de tentar ser tão legal? – me irritei deixando a comida de lado para olhar para ela. – Sabe, é irritante! Todos estamos aqui por que sofremos ou temos problemas de alguma maneira. A última coisa que eu quero é uma pessoa como você rindo e tentando me animar. Você está aqui por que também tem um problema, então por que não resolve ele e me deixa em paz para resolver o meu?! – levantei e a deixei sentada. Parecia surpresa pela minha reação, talvez eu a tivesse magoado.

“ Nem se atreva a se sentir culpado agora, Bill. “ ordenei para mim mesmo ao me encontrar sem reação diante de sua expressão chocada e magoada. Encarei meu prato ainda repleto de frutas, mas também já não tinha fome. Dei meia volta e me retirei do refeitório.

-Não acredito que me sinto culpado. – sussurrei nervoso passando a passos rápidos pela sala de estar, direto para meu quarto.

-Devia mesmo se sentir culpado! Ela só estava sendo legal com você.

-Cala a boca, não estou com saco para agüentar suas provocações hoje.

-Bom dia! – Genevieve gritou, acenando animada em minha direção. – Como foi sua noite?

-Horrível. – parei, dei meia volta e refleti por alguns segundos. – Hey, posso te fazer uma pergunta? – andei até seu balcão e me inclinei sobre ele para ficar mais próximo á ela. Levantei uma sobrancelha e a olhei nos olhos, notei seu rosto corar de leve. - O que você sabe sobre Arabella? – perguntei em um sussurro, um aviso de que não queria que mais ninguém soubesse sobre aquilo. Genevieve pareceu curiosa com minha pergunta por alguns segundos, mas então sorriu.

-Arabella é diferente. Chegou há mais ou menos 2 anos, transferida de um hospício. Seus pais morreram em um assalto quando ela tinha 5 anos e ela ficou somente com a irmã, na época com 19 anos. Cresceu e logo ficou óbvio que somente seu corpo estava amadurecendo, se é que me entende. Arabella tinha 15 anos e carregava esse ursinho para todo lugar, brincava com as crianças de 5 anos e não conseguia lidar com as mais velhas. Teve problemas na escola... – baixou a cabeça balançando-a negativamente. – Sua irmã não tinha como cuidar dela e com o dinheiro não dava para interná-la em um bom hospital, então acabou por deixá-la em um hospício onde não tinha que pagar, mas lá ela não recebia tratamento nenhum. E os pacientes não são tratados muito bem, coitada...

-E como ela veio parar aqui? Como a irmã paga esse hospital agora?

-Ela se casou com um cara rico. – riu fracamente. – No começo fazia visitas, mas depois acabou se mudando com a nova família para Sidney. De tempos em tempos manda roupas de marca e presentes, mas nunca mais veio visitá-la. Pelo menos é isso que falam. A verdade está em sua ficha, mas enfermeiros e pacientes não tem acesso á ela, somente o médico. – estreitou os olhos – Por que o interesse?

-Só estou tentando entendê-la. – dei de ombros. - Obrigado, Genevieve! – dei as costas para o balcão. Arabella acabara de sair do refeitório, passou por mim e estreitou os olhos me lançando um olhar de raiva infantil. Rolei os olhos fingindo não me importar com tal ato, mas na verdade eu sentia vontade de gritar em sua cara para que nunca mais fizesse isso.

Não sentia vontade de voltar para o meu quarto, então subi as escadas e observei aquele enorme corredor repleto de portas. Passei por elas, a maioria das salas se encontrava vazia, preenchidas somente por cadeiras. Parei em frente a uma repleta de instrumentos.

Adentrei o cômodo curioso. Olhei ao redor, um enfermeiro estava sentado atrás de uma mesa no canto direito do cômodo, o ignorei e continuei observando os instrumentos. O velho violão largado bem no fundo chamou minha atenção imediatamente... Tom tinha um parecido, foi o seu primeiro violão, ganhou de Gordon. Lembrei de quando brigava com ele por que dava mais atenção ao violão do que á mim, lembrei de quando éramos só nós dois e ninguém mais. “Queria poder voltar no tempo”.

Sentei em uma cadeira e ajeitei o instrumento em meu corpo, já havia visto Tom fazer isso inúmeras vezes, mas ainda não tinha a mínima idéia do que fazer com meus dedos. Posicionei-os de qualquer forma e passei a palheta pelas cordas. Um barulho estranho ecoou e eu me diverti com ele. Continuei fazendo a mesma coisa, lançando notas desordenadas e confusas pela sala, não me importava com o som que elas faziam. Aquilo me fazia sentir mais perto de Tom, continuei tocando para manter a sensação.

-Hey! – uma voz grossa me interrompeu. – Você é Bill Kaulitz?! – estendeu a mão sorridente. Era o enfermeiro que estava sentado atrás da mesa. Apertei sua mão, ele sorriu mais ainda. – Que honra! Eu sou um grande fã! Admirava muito seu irmão, pena o que aconteceu... Sinto muito.

-Hum. – disse seco.

-Você não é muito bom com o violão, não é mesmo? – riu. – Se quiser eu posso te ensinar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mistério da Annie resolvido!
xD
ela não é amiga imaginária.
Não por que não seria legal.
seria bem mais interessante do que um bichinho de pelúcia --'
mas o problema é que seria bem mais complicado pra mim desenvolver um personagem com um amigo imaginário... E bem, minhas qualidades como escritora não chegam a tanto!
ausdhuasdhua

Se tiver qualquer erro...
Desculpa!
acontece... sempre.
—-'

O Bill foi grosso com a Arabella simplesmente por que ele não entende ela.
Ela tem essa felicidade enorme e o Bill não consegue lidar com isso por que ele está envolto entre muita tristeza, e por isso se irrita.


No próximo capítulo o mistério da voz de Tom será solucionado!

" -Não! Não pode ser! – disse indignado. Estava agitado, não conseguia mais ficar deitado então me sentei e o encarei mais de perto. "