Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 10
Capítulo 10 - Genevieve




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Alguns minutos se passaram e eu não conseguia parar de chorar. O ambiente frio aumentava a sensação de solidão e abandono. Queria estar em casa. Queria estar abraçado á minha mãe. Queria que Tom estivesse aqui comigo.

 

-Pare de chorar! Há milhares de pessoas por aí preocupadas com você! Pare de ser um ignorante!!

 

    Não sabia se as lágrimas que derrubava eram pelas palavras que ele proferia ou pelo alívio de senti-lo um pouco mais perto de mim.

 

-Por favor, não me deixe... – sussurrei apertando mais forte minhas pernas contra meu estômago. Fechei os olhos com força e afundei a cabeça no travesseiro.

 

-Bill Kaulitz? – abri os olhos e me sentei na cama, assustado. Uma enfermeira de meia idade me encarava da porta. – O almoço está servido.

 

-Eu... – respirei fundo e sequei as lágrimas. – Eu já estou indo.

 

-Está tudo bem? – me analisou.

 

-Sim. Eu já vou. – ela sorriu de maneira preocupada e se retirou do quarto fechando a porta atrás de si.

 

    Lavei o rosto rapidamente e deixei o quarto. O caminho que levava até o refeitório passava pela sala de estar e eu a analisei rapidamente. Era simples, quase toda a parede oposta ao corredor era composta por enormes janelas com detalhes em madeira escura, dando um ar sofisticado e arejado ao lugar. Algumas poucas mesas estavam dispostas ao lado de uma prateleira de aspecto velho repleta de livros. No outro extremo do lugar se encontravam 4 sofás, várias poltronas e uma pequena e velha televisão.

 

    O refeitório era grande, preenchido por compridas mesas organizadas em quatro fileiras de um lado e do outro um pequeno Buffet onde a comida era servida por funcionários do hospital. Peguei a fila observando cuidadosamente as pessoas ao meu redor, a maioria usava roupas extremamente básicas, moletons, em sua maioria. A expressão no rosto de algumas me dava medo, tinham olhos perdidos no vazio e machucados, modos grosseiros de andar e até mesmo de comer. Os pacientes do lugar se sentavam lado a lado, alguns deles conversavam e até mesmo sorriam, mas na verdade todos eles eram solitários, assim como eu. Um nutricionista permanecia no final da fila analisando a comida em nosso prato e se certificando de que era o bastante, pareceu um pouco incomodado com a ausência de carne mas deixou passar, apenas anotando algo em sua prancheta.

 

        Sentei no final da quarta e última mesa, o mais longe de todo mundo que consegui. Não havia nenhum paciente ali, e eu podia comer aliviado de não ter que encará-los durante a refeição. “ Será que eu também estou assim? “ me perguntei, mas logo sacudi a cabeça afastando esse pensamento desagradável. Comi a comida rapidamente, me levantei e caminhei para fora do refeitório com cuidado para não esbarrar em ninguém ou chamar a atenção, com medo da reação que isso pudesse ter em um lugar como aquele.  Refiz o caminho de volta ao meu quarto em passos rápidos e apressados.

 

-Bill Kaulitz! – alguém exclamou e eu parei surpreso com a menção de meu nome. Passava na frente da sala de estar e no momento ela parecia estar vazia. – Aqui atrás.

 

     Pensei em ignorar e simplesmente continuar meu caminho. Quais eram as chances de ser uma fã psicótica? Mesmo assim, após poucos segundos de reflexão, a curiosidade falou mais alto e eu dei meia volta procurando pela pessoa que gritara meu nome. Avistei, não muito longe, na parte de trás da sala de estar o grande balcão e a simpática enfermeira que descansava sentada atrás dele com seu uniforme branco e cabelos loiros impecavelmente presos em um coque. Ela fez sinal para que eu me aproximasse.

 

-Aqui está um pequeno resumo das normas do lugar, dos horários, um mapa das instalações e o horário de suas consultas. – me estendeu um pequeno bolo de folhas. – Você irá se tratar com o doutor Mayer de segundas, quartas e sextas das 15:00 ás 16:30. – sorriu.

 

-Ok, obrigado. – recolhi todas as folhas precariamente e continuei meu caminho.

 

-Hey! Espere! – ela chamou, continuava sorrindo, tinha um sorriso bonito. – Você pode... Erhm... Me dar um autógrafo? – suas bochechas coraram de leve e ela baixou a cabeça envergonhada.

 

-Claro. – sorri diante de tamanha timidez para me pedir um autógrafo. Voltei a me aproximar do balcão e ela me estendeu uma folha em branco e uma caneta. – Seu nome?

 

-Se escreve Genevieve, mas se fala Genevív. Sem acento.

 

-Você vai precisar soletrar isso... – brinquei sorrindo, provavelmente a primeira brincadeira que fazia desde a morte de Tom. E o primeiro sorriso que não fora forçado. A simpática enfermeira riu e lentamente começou a ditar as letras de seu nome. – Aqui está. – lhe estendi a folha.

 

-Obrigada. – aquele sorriso parecia não se desfazer nunca de seu rosto. Sorri de volta e continuei meu caminho, mas ele novamente foi interrompido pela voz de, agora eu sabia, Genevieve. – Eu sei que é difícil se acostumar... – me virei para olhá-la. – Eu estou aqui todos os dias com a exceção de fins de semana, pode me avisar se precisar de alguma coisa. – lhe esbocei um sorriso desanimado como agradecimento. – E eu sinto muito pelo seu irmão.

 

     Respirei fundo, aquelas palavras me machucavam profundamente. Um pequeno lembrete da morte de Tom. Não disse mais nada e voltei para meu quarto. Genevieve parecia ser uma boa pessoa, carismática e sorridente. Tirei os tênis e me joguei na cama.

 

-Por que não sai? Tem medo das pessoas que acabou de ver? Tem medo do fato de ser uma delas agora?

 

-Não quero sair.

 

-Elas são como você! Estão loucas como você! Não pode ficar fugindo. Anda! Saia desse quarto!

 

-Já disse que não quero! – me irritei, vasculhei o quarto á procura da imagem dele mesmo sabendo que não a encontraria. – Não tenho vontade de sair, não quero conversar com elas! Você me deixou sozinho! Tudo isso é sua culpa!

 

-Tudo isso está acontecendo por que você é fraco!

 

-Por que você só repete as mesmas palavras?! Estou cansado de ouvir que sou um fraco! Por que não pode agir como fazia antes?! Sinto falta de suas gracinhas. – sussurrei fracamente, me enrolei na cama e esperei pela resposta dentro de minha cabeça. Esperei alguns segundos e não houve um único ruído. Suspirei. Aparentemente meu irmão havia me deixado também, pelo menos temporariamente.

 

 


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Notas finais do capítulo

Hum...
como eu disse que os próximos capítulos são um pouco chatos eu vou começar a postar partizinhas dele aqui.



" Arabella usava roupas coloridas, com estampas floridas e jeans ao invés de moletons cinzas. Comi em silêncio ao lado daquela estranha menina, que comia com entusiasmo e vontade, outra coisa rara naquele lugar. "

"... algo nela me intrigava, talvez fosse sua felicidade e bom humor. A inocência da criança que ela realmente era não combinava com um lugar como esse. "