Espadas de prata escrita por Someone


Capítulo 5
Capítulo V




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Estava arrumando os baús, ajeitando suas roupas dentro deles. Uma semana. Foi o tempo em que demorou até que o anuncio do casamento de Rachel e Finn fosse feito. Seu tio nesse pequeno tempo lhe pediu para sair do reino e ir viajar pelo mundo, tinha a impressão que sua tia havia lhe pedido esse favor. Fechou o baú afivelando as cintas com firmeza.

– Oi. – A voz baixa e insegura.

Voltou-se para a porta encontrando uma Rachel parada no portal.

– O que você está fazendo aqui? – Se arrependeu pelo tom que usou a morena se encolheu ligeiramente.

– Eu soube que você vai viajar de novo. – Se mexeu incomodada, olhou por cima do ombro.

– Quem te deixou subir? – Avançou sabendo que ela não deveria estar naquele cômodo com ela. – Minha mãe?

– Sua mãe não está. – Recuou se apoiando na parede do corredor. – Desculpa, eu não deveria ter vindo.

– Não, é que você não pode ficar sozinha comigo Rachel. – Se repreendeu mentalmente. – Perdão, Senhorita Berry. Agora a senhorita está comprometida.

– Eu só queria saber se você ia mesmo partir. – Olhou para o chão. – Estão dizendo que uma tempestade grande está chegando.

– Falaram isso quando eu cheguei e foi apenas uma chuva normal. – Retrucou tentando cortar o assunto. – Mas sim eu estou de partida, meu tio deseja que eu encontre alguém para me casar.

– Ah… - Ergueu os olhos castanhos rapidamente. – É claro.

Passou a palma da mão pela calça a secando. – Parabéns pelo noivado, espero que vocês sejam muito felizes.

– Obrigada. – Murmurou. – Eu espero que você encontre logo uma noiva ou um noivo eu não sei.

– É eu também espero. – Murmurou de volta. – Seu pai está bem?

– Está sim. – Acenou sem saber o que fazer. – É melhor que eu vá embora né? Você ainda deve ter coisas para arrumar.

– Tenho algumas. – Acenou apoiando-se contra a madeira. – Eu te levo até lá embaixo.

*

O pátio estava vazio, o garoto veio trazendo a carruagem em que Rachel tinha vindo. Ajudou a Berry a entrar no veículo, suas mãos atadas.

– Então isso é um adeus. – Quinn sorriu sem jeito, seu peito está com aquela dor pesada com que passara a semana.

– Acho que sim. – Rachel respondeu, seus olhos tinham um brilho estranho. – Eu quase esqueci, preciso que fique com isso.

Ao seu lado no banco pegou um maço de cartas bem amarradas e uma que estava solta.

– São as suas cartas e esta é minha, eu não pude enviar. – Murmurou entregando para a loira.

Quinn as recebeu como se estivesse levando mais uma pancada, pode perceber que as mais recentes ainda estavam lacradas, nunca haviam sido abertas.

– Ah… - Sorriu entristecida. – Você não poderia saber que eu estava chegando, não abriu minhas cartas.

– Eu sinto muito Quinn. – Murmurou deixando uma lágrima cair. – Não era pra ser.

Quinn acenou com a cabeça sem levantar o rosto, sentiu que a Berry pousava a aliança que havia ganhado da Fabray sobre as cartas.

– Não posso aceita-la. – A morena falou tentando se recompor. – Me perdoe.

– Sabe senhorita Berry. – Segurou a aliança abaixando as cartas em suas mãos, ergueu os olhos para ela contendo as lágrimas. – Não zombe dos meus sentimentos, você poderia simplesmente ter queimado as cartas e esquecido a aliança na sua caixa de joias. Não precisava vir até aqui fazer isso.

– Não estou zombando. – Rachel tentou se justificar rapidamente. – Apenas não posso ficar com essas coisas.

– E não tinha outra maneira de se livrar delas? – Abriu os braços. – Enterrando, jogando no fundo do rio qualquer coisa, mas não vir aqui esfrega-las nas minhas feridas você nem considerou que não é por que você não me ama que eu não te ame.

Ignorou as lágrimas que a morena derramava e virou as costas caminhando para a casa, parou no meio do caminho e se virou para falar uma última coisa.

– O pior é que eu realmente quero que você seja feliz. – A encarou deixando uma lágrima vazar pelo canto dos olhos. – Adeus Rachel.

*

A pose austera os passos firmes e decididos, o queixo moreno empinado para o alto. Dirigia-se ao porto com a sombrinha em pé rigidamente lhe protegendo dos raios de sol. Passou pelos portões altos, ignorou os olhares que recebia, o decote generoso não deveria ser o de uma senhora casada.

Encontrou a figura alta e loira trabalhando em um barco, parecia dar ordens para que tudo ficasse o mais rápido possível.

– Fabray. – Chamou colocando o seu sorriso charmoso em prática.

Quinn se virou para encontrar a Senhora Berry lhe esperando, soltou uma maldição sobre a respiração antes de se agarrar a uma corda e pular do barco. Puxou um lenço do bolso traseiro da calça limpando as mãos rapidamente.

– Senhora Berry em que posso ajuda-la? – Perguntou educadamente.

– Eu gostaria de falar com você em privado, se possível. – Sorriu com um pouco de malícia, delicadamente estufou o peito.

– Hn… - Olhou de um lado para outro, não tinha alternativa. – Claro, a senhora me acompanha para dentro do barco?

Ajudou a senhora e a guiou para seu escritório, assim que fechou a porta a mulher abaixou a sombrinha examinando o lugar com atenção.

– Normalmente demoraria alguns meses até você sair em outra viagem. – Andou descansadamente.

– Normalmente sim, mas…

– Você precisa se afastar, é claro. – Passou o dedo por uma redoma de vidro.

A espada de prata pura estava repousada contra o veludo vinho, era simples com uma gravação pequena e caprichosa na base da lâmina. A empunhadura era de couro e a ponteira tinha a forma da cabeça de um tigre.

– A espada de seu avô. – Murmurou concentrada. – Muitas histórias rondam essa espada.

– Sim, meu pai e meu tio decidiram que ela deveria ficar na embarcação real. – Acenou com a cabeça cruzando os braços.

– O que está escrito, você sabe? – Se voltou para a loira ardendo em curiosidade.

– Non ducor, duco. – Se aproximou pousando a palma da mão sobre o vidro gelado. – É a que está amostra, do outro lado tem outra.

– E o que essa significa? – Se aproximou sutilmente.

– Não sou conduzido, conduzo. – Respondeu alheia.

– E qual a outra?

– Et pluribus unum. – Murmurou se concentrando levemente na espada. – Entre muitos, um.

Sentiu os dedos morenos roçarem na linha dos cabelos próximo a sua nuca, se afastou sutilmente.

– Mas em que posso ajuda-la? – Sorriu tentando evitar o nervosismo.

– Eu estava pensando na desfeita que a minha filha lhe causou. – Se aproximou mais um pouco. – Não foi honrado da parte dela.

Quinn correu a mão pelos fios claros um pouco sem jeito.

– Prefiro não falar no assunto. – Retrucou em voz baixa. – Se a senhora veio me pedir desculpas não é necessário.

– Não foi exatamente isso que eu vim pedir. – Seus corpos a poucos centímetros, as mãos morenas trancaram o quadril da loira no lugar o fixando contra a madeira da mesa.

– Senhora Berry a senhora… - Quinn engoliu em seco sentindo o beijo na pele sensível do pescoço. -… senhora Berry, por favor, não faça isso.

– Relaxe. – Sussurrou dando uma pequena mordida na pele. – Apenas me deixe te compensar.

Sentiu que ela puxava sua camisa branca para fora da calça negra e rapidamente a segurou pelos pulsos a empurrando para longe.

– Senhora. – A voz da loira saiu fria e autoritária. – Se foi isso que veio fazer já pode se retirar.

Começou a arrumar a roupa ignorando o olhar de orgulho ferido que a senhora exibia.

– Escute aqui Fabray, estou…

– De saída. – Quinn rosnou irritada. – Não tenho ideia do que você veio fazer aqui.

– Estou lhe dando uma oportunidade única. – Ajeitou o decote o puxando para baixo expondo parte dos seios. –A oportunidade de estar com uma mulher de verdade.

– Pelo amor de Deus eu era noiva da sua filha. – Vociferou.

– Se a minha filha é burra e não sabe apreciar o que tem o problema é dela? – Avançou mais uma vez segurando os ombros da loira a empurrando até a parede. – Estou farta do meu marido incompetente que não sabe me satisfazer…

*

– Mamãe. – Henry a interrompeu com o cenho franzido. – O que é satisfazer?

A loira parou pensando em como explicar aquilo, talvez tivesse exagerado na história.

– Quer dizer que eles não brincam mais.

– Do que eles não brincam? – Alicia saltou no sofá.

– É Elise do que eles não estão brincando? – A voz macia e levemente curiosa veio da porta.

As três crianças pularam ao ouvirem a voz.

– MAMÃE. – O grito de três vozes, os dois mais velhos correram para a mãe parada próximo ao sofá, a pequena se mexia inquieta no colo de Elise.

– Por que vocês ainda não estão na cama? – Beijou os filhos nas testas dando um abraço em cada um. – Já está tarde.

– Mommy disse que iria contar uma história onde é uma heroína e não um herói. – Alicia explicou rapidamente. – Mamãe deixa terminar?

– Hn… - Se curvou pegando Nina no colo lhe dando beijos curtos arrancando risadinhas da menina. – Quero todo mundo de pijama agora, assim que a história terminar vocês vão para a cama.

As duas crianças dispararam pela casa, seu olhar pousou na esposa que parecia não saber onde se esconder.

– Sério? - Arqueou uma sobrancelha escura.

– Eu me perdi. – Elise se levantou erguendo as mãos. – Deu para concertar.

– Claro, e você não vai brincar por um tempo. – Sorriu carinhosamente, se afastou indo colocar o pijama em Nina.

– Michele. – Chamou sabendo que não teria efeito.

*

Os três pequenos redemoinhos de vento entraram pela sala já com os devidos pijamas, Michele vinha logo atrás já de roupas trocadas. Acomodaram-se nas mesmas posições de antes, mas a morena sentou na poltrona examinando a cena.

– Continua mommy. – Henry pediu.

– A Senhora Berry foi embora e deixou a Quinn sozinha…


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Notas finais do capítulo

@just_someone13 e ask.fm/PSomeone



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