Espadas de prata escrita por Someone


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por ontem...



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Os portões altos surgiram na sua frente, os guardas rapidamente lhe deram passagem.

Os cascos batendo contra as pedras do pátio, pulou da sela antes mesmo do cavalo ter parado.

– Seu pai está louco atrás de você. – A voz entonada.

– Precisava sumir. – Se aproximou da latina.

– O encontro não foi bom? – Santana se manteve apoiada na mureta que cercava o pátio.

– Ela me mandou ir embora. – Retrucou apoiando ao lado da mulher.

– Ela o que? – Santana perguntou perplexa.

– Me mandou embora. – Respondeu calmamente. – Disse que se esqueceu que eu chegaria hoje.

Santana franziu as sobrancelhas absorvendo tudo o que ouvira e estava vendo até agora.

– Você não me pediu sinceridade, mas eu vou dar mesmo assim. – Pousou uma mão no ombro da loira. – Ela parou de te mandar cartas há uns quatro meses, nas três últimas cartas ela já não me parecia tão apaixonada e ansiosa para que você chegasse.

– Está querendo dizer o que Santana. – Sua voz saiu mais fria.

– Abra os olhos. – Se empurrou para longe do murinho ficando na frente da loira. – Por amor de Dios acorda Fabray. Essa garota está escondendo algo.

– O que você acha que é?

– Eu acho que tem algo a ver com esse tal homem que chegou na cidade. – Começou a se balançar sobre a planta dos pés. – Ela pode ter se apaixonado pelo sobrinho dele não acha?

– Sabe isso não me ajuda muito. – Encolheu os ombros com um sorriso amargo. – Deve ser outra coisa.

– Você quer que seja outra coisa. – Parou colocando um dedo no peito da loira. – Pensa bem Fabray, o sujeito aparece na época que ela muda o que pode ser?

– Às vezes eu odeio o quanto você parece certa. – Resmungou se afastando.

A latina a seguiu mantendo uma distância respeitável.

*

A senhora levantou os olhos do bordado, o marido se mantinha parado olhando a tempestade que varria a propriedade.

– Russel. – Chamou tentando se manter calma, a luz da lareira mandava sombras trêmulas para as paredes. – O que vai acontecer se não conseguirmos livrar Hiram dessa dívida?

– Ele deverá entregar a filha. – Ele respondeu tentando soar tão calmo quanto à esposa. –Ele deu a palavra.

– E como você acha que a Quinn vai reagir a isso? – Perguntou deixando a voz tremer tinha medo de como a filha reagiria.

Quando pequenas as duas meninas tomaram lições na presença da rainha, conforme o tempo foi se passando a rainha percebeu que os sentimentos das pequenas era um amor puro e infantil. Em uma noite observando o céu ela recebeu a visita de um anjo que lhe informou que as duas crianças eram almas gêmeas e deveriam viver esse amor em sua plenitude.

Como dito a rainha ofereceu uma pomposa festa onde anunciou que as duas meninas estavam prometidas uma a outra e que quando completassem 18 anos deveriam se casar.

Com o passar dos anos as duas foram crescendo e o amor se tornando mais forte, quando Quinn completou os seus 13 anos o rei convocou o irmão, ele e a esposa não haviam tido filhos e ele queria que a sobrinha lhe sucede-se ao trono. Como o acertado Quinn deveria ter uma educação completa e não o que as mulheres eram acostumadas a receber.

Foi uma separação dolorosa para as duas meninas que trocavam cartas todos os meses, palavras amorosas e juras de amor eram gravadas nas letras floreadas.

Quinn era uma pessoa séria e rígida, mas seu semblante mudava quando Rachel se amostrava no mesmo recinto. Tornava-se mais doce e gentil com a mulher, sempre com um pequeno sorriso nos lábios não existia mais nada que lhe atraísse no recinto mais nada a olhar que não fosse a morena.

– Mal. – Russel concluiu com um suspiro pesado, se lembrou do olhar da filha quando desceu do navio. – Muito mal.

*

O raio cortou a janela iluminando o quarto sombrio, a mulher sentada na beira da cama com os ombros curvados para frente em sinal de derrota. Não demonstraria isso na frente de mais ninguém, mas estava doendo tanto.

As palavras de Santana ecoando em sua mente. Ela poderia ter se apaixonado por esse tal rapaz? Será que havia demorado demais para voltar? Não teria dado a atenção que ela precisava?

Essas questões giravam em sua cabeça, talvez Santana estivesse certa. E essa possibilidade quase lhe arrancou o ar, só de pensar nisso, suas mãos tremiam e seu peito chiava dolorido.

Levantou-se correndo a mão pelos cabelos claros saiu do quarto, caminhou sem tentar pensar em nada pelos corredores até o pátio da casa.

A chuva ia refrescando sua pele, tocando o rosto levando as lágrimas embora. Jogou os cabelos molhados para trás, seu peito se inflava com o ar fresco.

Estava sentada embaixo de uma árvore observando o céu tingido de dourado, o céu estava tão limpo que ninguém diria que havia tido uma tempestade durante a madrugada. Seu corpo estava frio, mas não tão gelado quanto o seu interior, correu os dedos insensíveis pelos cabelos os jogando para trás.

Levantou e caminhou calmamente para dentro da casa mais uma vez, já dentro do quarto puxou a camisa encharcada para fora do tronco a jogando em qualquer lugar. Livrou-se das botas e da calça indo se deitar entre os lençóis intocados sem se importar em enxugar o corpo.

*

O café já estava servido quando resolveu que deveria descer após duas horas que tinha se deitado. Foi recebida pela presença dos Berry.

– Bom dia. – Parou na porta, seu olhar encontrou o de Rachel e a morena rapidamente desviou. – Não sabia que tínhamos visitas.

– Bem, você não atendeu quando eu bati na porta do seu quarto. – A senhora Fabray disse severamente. – Não pude te avisar.

– Perdão. – Se aproximou da mesa, a cadeira vaga ao lado de Rachel. - Posso?

– Deve. – Russel respondeu autoritário.

– Senhora Berry. – Quinn curvou a cabeça.

A mulher latinha com cabelos espessos negros como a noite e olhos castanhos astutos com os do filho mais novo. Lábios e seios fartos e a pele caramelada, lhe mirou com um toque de malicia.

– Quinn. – A voz robusta. – Como você cresceu.

Puxou a cadeira se sentando ao lado da morena mais nova de frente para Miguel.

– Agradeço ao elogio. – Sorriu contida. – Ao que devemos essa visita?

– Estávamos conversando sobre o casamento de vocês. – A senhora Fabray sorriu abertamente. – Shelby nós temos que começar a organizar a cerimônia de noivado.

Sentiu Rachel se mexer incomodada ao seu lado, sentiu um leve aperto no estômago.

– E o que vocês planejaram? – Se concentrou no copo de suco.

– Bem, o seu aniversário é esse final de semana pensamos em fazer um sarau e lá vocês anunciarem o noivado. – Shelby respondeu não tão entusiasmada. – Isso se o meu marido conseguir resolver os seus problemas financeiros.

O clima pesou por um instante, Miguel bufou entediado.

– Não é mais fácil Rachel se casar com o sujeito? – Olhou para o pai realmente irritado. – Quero dizer o senhor já tentou de tudo e o senhor Smurf não cedeu.

O olhar do garoto encontrou com o de Quinn e ela pode perceber uma certa aversão.

– É esse o nome então? – Se endireitou interessada. - Smurf?

– É. – Observou seu pai pousar a mão pesadamente sobre a mesa.

– Hn… - Pescou um pedaço de fruta o levando aos lábios calmamente.

– Talvez você conheça o sobrinho dele, pelo que sabemos vocês foram para a mesma Academia. – Miguel continuou.

– Chega. – Hiram o repreendeu irritado. – Acabou esse assunto.

– Infelizmente querido temos que falar sobre o assunto. – O tratamento carinhoso foi carregado de ironias vindo de Shelby.

– Hiram. – Quinn interrompeu o clima pesado. – Posso levar a Rachel para passear?

– É claro. – Sorriu forçadamente.

Olhou para a morena que parecia mais uma vez tensa.

– Se importa de caminhar um pouco? – Se levantou estendendo a mão.

*

Andavam relativamente afastadas, Quinn a conduziu até um riacho próximo. A morena se sentou sobre algumas pedras grandes.

– Como você está? – Quinn começou pela pergunta mais fácil.

– Bem. – A resposta simples, olhou pelo rio.

Quinn suspirou se sentando ao lado dela, cruzou os dedos sobre a frente do corpo.

– Rachel, tem algo te incomodando? – Manteve o rosto voltado para o chão.

– Não. – Retrucou soltando a respiração.

Manteve-se calada esperando qualquer reação da morena, observou a mulher abaixar o rosto mordendo o lábio inferior.

– Ela me culpa. – Sua voz era baixa quase um sussurro medroso. – Ela não gosta de mim, nunca gostou. E agora ela insiste para que papai me entregue de uma vez a aquele homem.

– Eu não vou permitir. – Hesitou antes de lhe segurar a mão. – Eu te prometo Rachel, eu vou te proteger.

Mordeu o lábio inferior com um pouco mais de força.

– Quinn eu não sei. – Puxou a sua mão com extrema delicadeza.

– Do que você não sabe? – Inclinou a cabeça loira para o lado.

– Se eu quero me casar com você. – Sua voz baixou mais um pouco.

Quinn se endireitou antes de levantar, caminhou até o riacho mantendo as costas voltadas para Rachel.

– Por quê?

– Éramos crianças. – Suspirou cobrindo os olhos castanhos. – Eu tenho um carinho enorme por você, mas não sei se quero me casar com você.

– Podemos adiar. – Se virou mantendo a postura calma. – Concordo que passamos tempo de mais separadas e já não nos conhecemos.

– Quinn… - Se levantou mantendo uma distância segura. – Eu me apaixonei.


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Notas finais do capítulo

@just_someone13 e ask.fm/PSomeone



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