Catarina e Petruchio escrita por Cristina Fontes


Capítulo 2
Capítulo 2




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…Entretanto lá em cima…

Catarina entra no quarto de Bianca, fecha a porta e se encosta a ela por um momento, pensando nas emoções que tinha acabado de viver.

Se dirige a uma cômoda, abre uma gaveta, pega uma chave, abre um armário com essa mesma chave e guarda as apólices dentro, volta a tranca-lo, e coloca a chave no lugar.

Depois se aproxima da janela observando a lua que resplandecia e iluminava o quarto. E pensa sorrindo a acariciando sua barriga:

“As apólices já estão connosco meu filho, agora só falta o papai!”

De repente ela ouve alguém abrindo a porta do quarto com firmeza e logo em seguida a fecha. Ela se assusta, mas sabia!

Só podia ser ele! Seu coração acelera, fica nervosa, sem reação…

Petruchio vê Catarina de costas, parada, apenas escutava sua respiração.

“Agente precisa conversa Catarina.” – Diz com firmeza e determinação.

Catarina fecha os olhos e sorri sutilmente, podia sentir a vibração de seu timbre em seus ouvidos, estava com saudades de sua voz bruta, mas ao mesmo tempo tão encantadora.

Volta a si, engole um seco.

“É agente precisa conversar”- Ela diz calma e lentamente passando a mão por sua barriga.

O silêncio toma o quarto, Catarina estava cada vez mais nervosa.

Sem mais demoras Petruchio diz:

“Catarina… você olha pra mim, olha…! Eu to morrendo de saudade de olhar teu rosto”

Ela treme.

O simples ato de se virar pra ele revelou-se uma missão, nem ela mesma sabia o que se passava com ela, estava imóvel, sem reação perante tanta emoção. Seus olhos ficam húmidos, cheios de lágrimas querendo escorrer por seu rosto, aperta os lábios tentando fazer com que não caíssem.

Petruchio se aproxima dela agarra seu braço com força, ela se arrepia, revira os olhos, quase perde as forças, sente o corpo bambo prestes a cair após sentir seu toque.

Ele fala bem perto de seu rosto:

“Memo que você nunca mais olhe na minha cara, deixa eu te ver de perto nem que seje a ultima vez… meu favo de mel.”- Disse com aquela voz doce que só ele tem.

Ao sentir sua voz ainda mais perto suas mãos começam a soar, seu coração já acelerado aumenta de velocidade. Sentia sua respiração bem perto do seu rosto, seu bafo quente em seu ouvido, sua barba quase tocando sua pele...

Fecha os olhos novamente e apercebe-se de que ele havia lhe chamado favo de mel como antes! Seu coração se enche de amor, suas emoções falam mais alto, as lágrimas caiem involuntariamente.

Naquele preciso momento Catarina sentia que tinha realizado um sonho…o maior sonho de toda a sua vida…

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…Todas as noites podia ouvir sua voz lhe chamando “favo de mel”.

Todas as noites podia sentir seu coração batendo tão rápido quanto o dele quando adormecia sobre seu peito.

Todas as noites assim que fechava os olhos sentia seus cabelos sendo afagados por ele.

E todas as noites sonhava com ele e com o filho que havia de nascer, sonhava que ele os protegia de tudo, que ele cuidava deles… que eles eram uma família muito unida… depois acordava chorava em silêncio com o coração apertado, chorava por ver que estava só e abandonada com um filho… um filho que já amava antes mesmo de poder senti-lo, antes mesmo de notar sua barriga crescendo.

Se sentia sozinha e com medo de não conseguir cuidar de seu filho como ele merecia, tinha medo que ele fosse apontado na rua como uma criança sem pai, não queria que seu bebê sofresse, mesmo sabendo que naquela situação o sofrimento era impossível de evitar.

Por mais que ela tentasse se fazer de forte, por mais que ela tentasse ser fria e insensível, não conseguia, estava muito magoada e a cada dia se sentia mais vulnerável e com suas emoções gritando dentro de si. Toda a vez que se olhava no espelho, mesmo com o rosto cheio de lágrimas, ela sorria e imaginava que ele certamente ficaria muito orgulhoso dela e de seu primeiro filho, mas logo cortava aqueles pensamentos, retocava a maquiagem e seguia em frente.

Porém era mais forte do que ela, mesmo não querendo tudo estava preso em seu coração e surgia em seus pensamentos sem que ela conseguisse evitar. Mesmo que ela eliminasse todos os vestígios da relação de ambos, no simples gesto de se olhar no espelho… no simples gesto de sentir SEU CORPO apercebia-se de que algo se formava e vivia dentro de si e… consequentemente relembrava a dor, o amor, a saudade e o ódio que sentia.

Por ele ela havia se tornado numa pessoa que nem mesmo ela reconhecia.

Haviam dias em que ele ficava observando a casa de longe, escondido, e logo avistava Catarina, umas vezes dando de comer pra Carijó, outras sentada com o olhar perdido ou lendo um livro. Houve uma vez que a viu saindo de carro com o rosto sério era evidente a tristeza em seus olhos, ao ver que sua barriga havia crescido pensou “Ela fica ainda mais linda grávida, como que é possível?!”- E ficou ali vendo-a sair de casa. E quando podia ficava até ela regressar pra vê-la uma ultima vez e para se certificar que ela chegava bem a casa e que nada de mal lhe acontecia.

Petruchio sentia que desde que Catarina havia saído de sua vida tudo parecia mais triste sem graça. Chegava em casa e logo se lembrava dela sentada na sala reclamando que ele havia demorado muito, olhava para cada canto e lembrava dela, do jeito dela e sorria com saudade. Entrava no quarto deles e logo lembrava dos vestidos, dos lenços, dos sapatos que antigamente estavam sempre espalhados por cada canto do quarto, lembrava dela atarefada escolhendo uma roupa pra colocar “Se bem que ela fica linda de qualquer jeito” pensava… Lembrava dela dormindo na cama deles, do perfume dela que costumava tomar todo o quarto, lembrava ainda da primeira noite deles do corpo dela colado no dele, lembrava seu corpo perfeito, elegante, frágil… e que onde agora havia uma vida gerada pelos dois.

Houveram dias que ambos pensavam que iam morrer de saudade, que não aguentavam mais estar longe um do outro. Outros em que Catarina não queria ouvir falar em sentimentos e mal se tocava no assunto “Petruchio” ela virava uma fera, quebrava tudo, chorava ao mesmo tempo, ninguém a conseguia agarrar, só Petruchio a conseguia acalmar naquelas situações em ela própria perdia o controle de si mesma.

Existiam ainda outros dias em que Petruchio queria dizer a Catarina o quanto a amava e que nunca, jamais a trocaria por ninguém ... E foi num desses dias de desespero que Petruchio (depois de sair do hotel Royal pois havia ido conversar com a megera da Marcela procurando pistas sobre as apólices) decidiu ir a casa de Batista procurar Catarina…


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!