A casa de tarde é estranhamente tranquila, ao sair do quarto um ar gélido bateu em meu rosto, o que me fez voltar e pegar um casaco antes que me arrependesse. Quando saí estava apenas de casaco e um short justo que peguei no armário, mesmo sabendo que as roupas não eram minhas não resisti a usar pelo menos algumas peças.

O corredor era grande e intenso. E de frente para o meu quarto é, supostamente, o quarto de Sebastian. A porta de seu quarto estava aberta, o que me deu uma bela visão de um quarto de cor bege com decoração moderna exceto pela espada ao lado de sua cama, que eu acho que serve como um tipo de decoração. Ao pé da cama tinha um baú onde me sentei por um momento, e observei o quarto por um tempo em minha frente tinha uns discos de vinil, e revistas no chão e guardados no armário, na verdade, a maioria das coisas dele estavam no chão, aquele quarto estava uma bagunça.

O barulho do chuveiro parou e um Sebastian com cabelo molhado, só de toalha, e com o maior sorriso maroto do mundo. Meu coração começou a pulsar com mais força e velocidade, eu estava um pouco ofegante e sem palavras. Então apenas o encarei com olhos arregalados.

Estou vendo que está se sentindo muito à vontade.- ele disse ao mesmo tempo que se virava para o armário a procura de roupas.

Desculpa...- falei quase sussurrando.

Você ficou definitivamente bem com essa roupa.- ele afirmou chegando mais perto de mim, a uma distância suficiente ele pegou meu rosto para dar uma olhada melhor na marca que deixou hoje mais cedo.

Nossa, está muito roxo.- ele riu.

Qual é a graça? - perguntei empinando o nariz.- Nada demais.

Acho melhor você se virar.

Por que?

Talvez... porque eu queira trocar de roupa, mas uma garotinha abusada está no meu quarto e não deixa.

Dei graças a Deus por minha pele ser morena e não ficar corada. Saí do quarto o mais rápido o possível, fui para o fim do corredor e desci as escadas correndo, quando cheguei no térreo fiquei boquiaberta, a casa era imensa e construída de vidro e madeira, as paredes de vidro davam uma bela vista do lado de fora, parecia que estávamos em algum lugar bem distante da cidade, pois estávamos em algum tipo de bosque ou algo assim, provavelmente uma floresta com muitos pinheiros e a casa com um quintal vários arbustos e flores de todos os tipos.

Sentei-me em um banco de frente ao balcão da cozinha e comecei a cantarolar até ouvir passos descendo as escadas.

Está com fome?

Sim, um pouco.- sorri, mas não foi reciproco. Ele começou a fazer um sanduiche com muito capricho fiquei até com mais fome. Sebastian se vira para mim e dá uma mordida no sanduíche. E eu fiquei apenas o encarando por alguns segundos.

Que foi? Achou que eu iria preparar um sanduíche para você? - Ele diz sorrindo ironicamente em minha direção.

Apenas revirei os olhos em resposta. Dei uma olhada rápida pelo armário, peguei alguns ingredientes, e tive uma brilhante ideia de fazer alguns cookies. Agora, se o Sebastian vir pedir alguns eu não vou dar, até porque não sou obrigada.

Passados uns 20 minutos os cookies já estavam prontos, e agora, era só esperar esfriar para comê-los. Então aproveitei e fiz um suco de maracujá para me acalmar um pouco. Fiz isso tudo com um garoto problemático e gostoso me encarando por um longo tempo. Eu comi, bebi, lavei a louça e ele apenas me fitava com aqueles grandes olhos negros.

Algum problema?!- perguntei irritada.

Vou tomar uma ducha.- disse calmo e entediado.

- Espera...Erhm, bom... Eu tenho algumas perguntas para fazer a você.- Eu falei olhando para baixo, porém eu pude perceber seus passos se aproximando de mim, e em alguns segundos ele estava sentado ao meu lado da bancada. Assim, tão próxima dele percebi que seus cabelos não eram pintados, mas naturais só que eram de uma cor de um loiro muito claro quase brancos, o que dava uma impressão de serem artificiais. Além disso, seu perfil era perfeito, e isso me dava uma louca vontade de pegar meu caderno e começar a desenhar, seus ombros eram largos e seu corpo estava em boa forma...

Vai ficar me analisando ou irá fazer logo as perguntas?!

Perdão... Primeiro, foi você quem matou aquelas pessoas que estavam do lado de fora da boate e minha irmã? Segundo, por que causou aquele tumulto na festa? E terceiro, qual é dessas cicatrizes? - A última pergunta fiz apontando para um dos desenhos que estava em seu braço.

Primeiro, matei apenas a licantropo que provavelmente mataria você se eu não a matasse, e em relação a sua irmã não fui eu quem a matou....

Foi o Sean, não foi?

Não faço ideia...- mentiu.

E segundo lugar você não tem nada a ver com isso. E finalmente o terceiro, essas marcas ou runas, chame do jeito que preferir, são postas na pele dos caçadores de sombras e nos dão alguns poderes e efeitos. Cada marca tem seu efeito. Entendeu?

Entendi.

Agora, eu posso tomar meu banho?

Só mais uma pergunta.... Por que não me matou ou não me deixou lá para morrer? Ele apenas deu de ombros, seguiu para porta da cozinha, virou e disse...

Não sei direito, talvez, eu goste um pouco de você...- ele sorriu um pouco abobalhado com o que disse, e eu retribui, lógico, porém o sorriso dele começou a ficar um pouco maligno e diferente.-... Se eu fosse você não ficaria muito feliz, provavelmente, eu enjoe e te mate no final.

Ele riu que nem um bruxo maligno senti minhas pernas bambas por sentir tanto medo de um garoto que parecia ser bipolar.

Depois do ocorrido na cozinha eu fui para o meu quarto, pois estava um pouco cansada e mesmo sendo 18:00 horas não conseguia resistir a deitar na cama. Creio que dormi por 6 longas horas e fui acordada por vários barulhos vindos do quarto de Sebastian, barulhos de coisas caindo, e quebrando, corri desesperada, não me importando que estava apenas de calcinha e uma blusinha, para o quarto dele. Bati a porta uma vez, duas vezes, três vezes... os barulhos aumentaram, bati mais uma vez e os barulhos cessaram.

Seebastian...?!- chamei com a voz falhada.