Um anjo sem asas - Jonathan Morgenstern escrita por Lalaland


Capítulo 1
Acaso do destino


Notas iniciais do capítulo

''O acaso... é um Deus e um diabo ao mesmo tempo.''- Machado de Assis



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Caminhando pelas ruas de New York com uma Coca-Cola na mão esquerda, e um caderno de desenhos na mão direita, que continha todas as aventuras que viveu desde o aeroporto do Rio de Janeiro até os dias de hoje em Nova York. Valentina tentava caminhar o mais rápido possível para conseguir chegar a tempo na escola, uma tentativa em vão já que tinha acordado 30 minutos atrasada e, consequentemente, perdeu o ônibus, e tentar pedir carona a família americana não dava, pois os filhos mais novos tinham de ir à escola mais cedo e os pais chegar ao trabalho a tempo. Em compensação Valentina perdeu o metrô, e resolveu esperar por um outro ônibus se ela corresse talvez conseguisse chegar a tempo na escola e pouparia uma sexta carta a família Black da diretoria sobre seus atrasos frequentes.

Depois de passar correndo por uma sorveteria, e de quase derrubar uma velinha e suas compras, conseguiu chegar a escola, porém não chegou a tempo. Teve de ouvir as reclamações das ''tiazinhas'' da secretaria, e subir a longa escadaria para chegar a sala da diretora que falava até mais do que as ''tias''.

– Desculpe, mas vou ter que enviar outra carta a seus pais a respeito disso- falou a diretora sem demoras.

– Mas... Prometo ser só dessa vez. – disse Valentina com uma voz chorosa.

– Bom, você prometeu ser '' só dessa vez'' três vezes essa semana. – disse a diretora com as mãos no teclado do notebook. Valentina suspeitou por um momento que fosse para enviar a carta logo a seus pais.

– É que...

– Sinto muito, mas três atrasos em uma semana mais os cinco atrasos do início do mês vou ter que te dar uma suspensão de três dias. – disse a diretora sem mais nem menos.

– QUÊ? Como assim? – Valentina ficou estupefata só por causa de alguns atrasos vai ser suspensa?

– Diminui o tom de voz mocinha. – disse com rispidez

– Mas, e a minha prova de matemática?

– Você é uma boa aluna, porém o que te atrapalha são os atrasos vou ter que ser um pouco rigorosa contigo, pois não posso pegar leve com ninguém. E em relação a prova vou deixar você fazer uma segunda chamada, porém mais difícil. – disse a diretora ao mesmo tempo dispensando Valentina.

***

Decidi parar em um parque de diversões e comi um pouco de algodão doce, pipoca, hambúrgueres, refrigerantes, de tudo e qualquer porcaria que tinha naquele lugar para poder esquecer da desgraça que foi aquele dia ''Ah, eu faço tudo errado''.

Olhei em volta vi crianças brincando, casais sorrindo, famílias felizes e eu no meio disso tudo... Quem diria a nerd da sala foi suspensa? O que eu vou dizer ao ''Mr. and Mrs. Black’’? E aos meus pais que estão no Brasil? Pensar naquilo me deixaria mais nervosa, então comecei a observar detalhes que nunca tinha percebido, um moço vendendo pipoca para um casal feliz, uma garotinha pulando corda, uma criança chorando porque a mãe não comprou o brinquedo que queria. Preferi me levantar e andar mais um pouco...

–Olha pra onde anda garota. – disse um garoto alto e musculoso e com o quadro um pouco magro. Ele tinha um rosto pálido, as maçãs do rosto eram salientes, e longos cílios. Um belo par de olhos negros. Demorei um pouco para responder porque fiquei fitando-os por um longo tempo. O garoto era bonito parecia que tinha saído de uma capa de revista. Usava uma jaqueta preta, que estava aberta, e por dentro via-se uma blusa de cor branca, e também vestia calças e botas pretas. Um príncipe encantado em tamanho real.

– Erm... Desculpas- disse um pouco envergonhada, pois agora ele olhava diretamente nos meus olhos.

– Esquece. Você se machucou? – perguntou frio olhando para os lados para ver se alguém estava o seguindo.

– Não... Está procurando alguém? – perguntei meio nervosa.

O garoto não me respondeu apenas me olhou de cima para baixo soltou um sorrisinho debochado, um tanto meigo.

– Qual é o seu nome? – perguntou

– Meu nome é Valentina - respondi olhando para baixo

– Valentina - repetiu com um pouco de nojo se virou e foi embora

Fiquei ali parada por um momento me perguntando se tinha falado algo errado, mas procurei e vasculhei em todos os cantos das minhas lembranças só que não achei.

Corri atrás do garoto não sei o porquê.

– Hey, garoto volta aqui!- gritei o mais alto que pude para todos ouvirem.

Ele me ignorou e continuou andando. Corri o mais rápido possível o gritei mais uma vez e outra. Até que perdi a paciencia, e peguei meu caderno de desenhos, e taquei nele. Ele me lançou um daqueles olhares furiosos que dá vontade de sair correndo, e não olhar pra trás.

– Agora era só o que me faltava uma mundana se encantou por mim- disse sarcástico

– Olha aqui não se ache o a ultima coca-cola do deserto porque você não é o único garoto deste mundo- falei empinando o nariz

– Aham- soltou ao mesmo tempo que revirava os olhos

– Qual é o seu problema?

– Neste momento é você, que está no meu caminho

– HAHA muito engraçado.

Por um momento ele se abaixou e gemeu de dor bem baixinho pra ninguém ouvir, mas eu ouvi.

– Você está bem?- admito que fiquei um pouco preocupada

– Saí do meu caminho não tem nada aqui que é do seu interesse.

– Se não fosse não estaria perguntando.

– Você sabe ser inconveniente, hein?

Obriguei- o a sentar no chão por um momento ele tentou lutar, mas depois cedeu. A blusa que era branca, agora; está manchada de sangue me desesperei por um momento não sabia o que fazer.

– Calma... Vai dar tudo certo tem uma farmácia aqui perto e...- disse a palavra ''calma'' mais pra mim do que pra ele.

O garoto de cabelos brancos pegou uma ''varinha'' da jaqueta e onde sangrava fez uma tattoo ou coisa do tipo. Em instantes no lugar da grande ferida não restava mais nada, realmente, fiquei um pouco chocada.

– Mas... NANI?!

– Não diga coisas sem sentido o que diabos é ''nani''?

– Quem diabos é você?

– Nossa como fui mal educado esqueci de dizer meu nome...- podia jurar que ele foi um pouco irônico.

– Me chamo Sebastian Morgenstern.


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Notas finais do capítulo

''O acaso é o maior romancista do mundo; para se ser fecundo, basta estudá-lo.''- Balzac