Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 2
Ajudando A Víbora




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– Ah – Taff olha de mim para Henrique com um ar surpreso. – Ele é o tal do Rafa Capoci?

Vou um pouco para trás quando ela diz meu nome. Algo nela me diz que não é bom ela saber mais de mim do que eu dela.

– Sim, sim – Henrique ainda esta todo sorrisos. – Temos aula de inglês juntos, não é Rafa?

– Aham – pigarreio para controlar meu tom e olho apenas para ele, ignorando Taff.

– Que bom amor – ela pega a mão dele e sorri falsamente. Mas eu sei muito bem que ela não acha nada disso bom.

Ela parece apertar a mão dela, mas então dá um olhar meio esperançoso para ela.

– Então, nos vemos mais tarde? – ele pergunta e aponta para mim. – Eu e o Capoci aqui temos que terminar o trabalho que combinamos, não é Capoci?

Apenas faço que sim com a cabeça, entendendo tudo. Então essa é a tal da namorada dele. Taff. Começo a medir ela com o olhar e me pergunto se é cansativo para ela fazer papel de boa namorada para ele. Deve ser difícil ser algo que não é.

– Ah, sim, claro – os olhos dela escurecem. – Acho que até mais tarde então – ela solta a mão dele e faz um beicinho.

Não demora muito pra que Henrique dê a ela um sorriso de deboche e a puxe para dar um beijo. Que coisa mais melosa. Quando Rael faz essa cara pra mim eu só pergunto se ele quer ir ao banheiro ou algo assim.

Ele a beija lentamente e suavemente antes de soltar seu rosto e ficar ao meu lado na calçada.

– Até mais, baby – ele pisca e sorri.

– Até mais – ela sopra um beijo e se vira para suas amigas.

Henrique se vira para me olhar satisfeito, mas continuo olhando Taff sumindo ao virar a rua. Como programado, ela se vira uma vez e me encara feio.

– Então, Rafa – Henrique me chama. – Vai me ajudar mesmo com tudo isso?

Engulo em seco ao me virar para ele, mas trato logo de colocar um sorriso simpático.

– Mas é claro, combinamos que eu ia te ajudar, não combinamos?

Ele assentiu, me olhando com atenção.

– É verdade. Olha, obrigado mesmo por aceitar. Não sei quem poderia me ajudar a fazer uma surpresa de Natal para minha namorada.

– Eu entendo – a confirmação do termo ‘namorada’ a alguém como Taffara me dá náuseas.

– E bem, você o único amigo que eu tenho que é... – ele para no meio da frase.

– Gay? – ergo as sobrancelhas. – Pode dizer, Henrique. Ainda não é considerado palavrão.

Ele sorri encabulado.

– Não é isso. É que eu não gosto de rotular as coisas.

Olho para ele por um momento ao ver que seu tom é sincero.

– Eu também – respondo um pouco surpreso.

Ficamos nos olhando por um bom tempo, até que eu chacoalho a cabeça. No que estou pensando?

– Então – cruzo os braços. – No que quer que eu te ajude, Henrique? Você disse que queria fazer uma surpresa a ela. O que tem em mente?

– Então – ele imita meu gesto. – Eu meio que tenho um plano.

– Tudo bem – espero. – Qual é?

Ele então descruza os braços e suspira encabulado.

– Ok, eu confesso, Rafa – ele me olha de um jeito urgente. – Eu não planejei nada.

Paro um segundo, absorvendo isso.

– Quer dizer – ele tenta se emendar. – Eu comprei um colar para ela, esse é o presente principal. Mas queria dar algo mais.

– Então foi por isso que me chamou? – questiono. – Pra que eu usasse meu cérebro gay pra pensar em algo para sua namorada? – Namorada vadia, alias, quis dizer.

– Não, não foi nada disso – ele segura meu braço. – Eu só queria sua ajuda.

Fico em silêncio enquanto ele vai afastando a mão de mim.

– Mas eu entendo se não quiser ajudar – ele dá de ombros. – Fui um idiota, eu sei.

– Não, tudo bem – respiro fundo. – Eu já estou aqui, posso te ajudar sim.

Ele volta a sorrir e eu me contorço por dentro. Não posso ficar olhando bastante tempo para o seu rosto, mas não consigo desviar o olhar.

– Obrigado Rafa – seu tom é solene. – Você é um cara muito legal.

– Você também é – me forço para desviar o olhar. – Ei, que tal nos focarmos? Que tipo de surpresa sua namorada ia gostar?

Ele se recosta na porta da cafeteria, meio pensativo por alguns segundos. Olho a rua e as pessoas, um pouco distraído enquanto espero ele responder.

– Olha, cara eu não sei o que ela iria gostar – ele solta de repente. – Realmente não sei.

– Como não? – questiono. – Ela não é a sua namorada? Vocês não se amam?

Ele fica em silêncio por um segundo.

– Henrique – pisco. – Você gosta dela, não é?

Ele me olha antes de responder, de um jeito cauteloso.

– Claro que sim – ele assenti. – Gosto dela – diz mais alto. – Tanto até que namoramos há seis meses.

– Então – encorajo ele. – Tem algo que ela sempre quis que você fizesse?

Penso que ele vai responder, mas então ele apenas desvia o olhar do meu e coça o pescoço meio irritado.

– Quer saber, acho melhor conversarmos sobre isso depois – ele sugere.

Fico um pouco surpreso ao ver ele meio desconfortável. Será que eu disse algo que ele não gostou?

– Tudo bem – faço que sim com a cabeça. – Quando quer me-

– Aqui no Dropcoff – ele fica mais extasiado. – Me encontra aqui mais tarde? Podemos tomar um pouco de café e discutir sobre isso melhor, se quiser.

– Claro – digo, mas me pergunto por que não pode ser agora mesmo? – Eu te encontro aqui.

– Não, posso passar na sua casa?

Fico ainda mais confuso, mas faço sim com a cabeça novamente como um robô. O que deu no Henrique? Por que toda essa insistência comigo?

Mas não tenho tempo para responder quando ele sorri para mim e aperta minha mão.

– Até mais, Capoci.

E então eu travo, olhando suas costas se afastarem. Por que ele parecia tão distante ou confuso quando perguntei sobre ele gostar da Taff?

Antes que eu possa tirar conclusões, vejo algo pelo canto do olho e me viro. Um capuz verde berrante vira a rua, exatamente por onde Taff tinha virado. Não sei quem era, mas sei de uma coisa.

Estava parado me observando.


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