Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 1
Belo Começo Natalino


Notas iniciais do capítulo

Do Capitulo 1 até o 22, o Especial de Natal inteiro em si será narrado pelo personagem Rafael Capoci.



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- Rafa? Rafa me responde! Rafa consegue me ouvir agora? – a voz de Rael do outro lado da linha fere meus ouvidos. – Rafa?!

- Ei, ei, relaxa – eu respondo enquanto pressiono o celular contra minha orelha. – O sinal por aqui é uma bosta mesmo, mas não precisa descontar nos meus ouvidos.

Consigo ouvir um breve suspiro do outro lado da linha e não me contenho em revirar os olhos. Rael é sempre o mais aflito da nossa relação. Rael não... Meu namorado. Nossa como é difícil me acostumar com a palavra. Nem sequer parece que faz dois meses que ele se assumiu para os pais e me pediu em namoro em seguida. Dois meses. Uau. Um ano se passaria e eu não teria notado nem se fosse uma cobra.

Deve ser porque começamos tudo tão rápido...

Risadas interrompem meus pensamentos e me viro na calçada em frente à cafeteria onde me encontro. Uma roda de garotas conversa alto e estridente (da mesma forma como todas as garotas conversam) perto da porta. Estou prestes a ignora-las quando a mais alta, uma de cabelo cacheado, olha pra mim e ri mais alto.

Franzo o cenho. Essa vadia tá rindo de mim?, penso. Inevitavelmente, desço os olhos para olhar minha bermuda cargo e minha camiseta preta arregata. Estou supernormal, por que elas estão rindo de mim? Será que tem algo escrito nas minhas costas?

Não deve ser isso, porque quando as encaro de novo, de frente, elas riem ainda mais e vejo uma das garotas, uma loira falsa, sussurrar algo no ouvido de outra loira falsa. A única morena entre elas é quem mais me intimida, não desviando o olhar penetrante.

- RAFA! – ele guincha do outro lado da linha e eu pulo.

- Desculpa, Rael – passo a mão na minha testa para afastar uma gota de suor. – Tem um bando de garotas falando aqui e me distrai. Onde estávamos?

- Que bando de garotas? – ele não espera minha resposta. – Elas estão rindo de você?

Reviro os olhos novamente. Tinha me esquecido totalmente que os namorados ciumentos desenvolvem superpoderes.

- Não é nada – tento abafar minha voz nervosa. – Podemos, por favor, falar do que estávamos falando antes?

- Claro – seu tom de voz muda e nem preciso de olhos para saber que ele está fechando a cara. – E não, você não vai!

Mordo o lado de dentro da minha bochecha enquanto cruzo os braços. Lá vamos nós de novo, penso, não quero brigar com Rael, mas parece que não tenho escolha.

- Não é algo que exatamente você possa decidir – eu o lembro em um tom educado. – Você não manda em mim, Rael.

- Eu sei que não mando – ele diz, mas seu tom é vago. Deve pensar por dentro que manda sim. – Mas, Rafa, você não...

- Nada de mas - interrompo. – Quantas vezes eu tenho que te pedir? Deixa esse ciúme de lado porque isso é coisa de babacas. Se lembra do que eu disse sobre babacas?

- Lembro – ele diz. – Disse que só babacas ficam com ciúmes de seus namorados fiéis.

- Exatamente – esboço um sorriso. – Agora, por que você não age como o bom namorado e não babaca?

- Por que não dá – ele quase grita, quase. – Rafa, por que você tem que ir ajudar o Henrique quando ele tem uma porção de amigos do time de futebol?

Um arrepio percorre minha espinha. Henrique frequenta a Vallywood High School, a mesma escola que a nossa. Ele é do time de futebol titular e tem aulas de inglês comigo. É também um dos garotos mais populares da escola, pelo que ouvi falar.

Nunca fui de reparar nos “populares”, sou muito antissocial e faço o que posso para não encarar ninguém nos olhos dentro dos corredores. E por isso não devia saber nada sobre os populares. Porém, meus amigos Lucas Henrique e Vick Melo nunca me deixam por fora de nada.

É só eu sair da sala que Lucas corre ao meu lado e diz “Fulano de tal tirou uma foto pelada e mandou pra fulana” com os olhos bem arregalados acrescenta “Cara, todo mundo tá sabendo!”. E mesmo a doce Vick não consegue se conter no intervalo enquanto picota alguns pedaços do sanduiche com os dedos “Ficaram sabendo da fulana?” ela nos olha bem atentamente, mas nunca me deixa responder, “Ela fez isso e isso e isso, depois mais aquilo, dá pra acreditar nisso? Quem é que faz isso hoje em dia?”.

E eu fico amuado com minha soda-limonada no canto da mesa, olhando de relance para Rael com seu grupo de amigos, totalmente alheio a conversa, mas totalmente alheio ao mundo da lua. Fofocar é tão porre.

- Porque ele pediu a minha ajuda – exclamo. – E não é como se alguém daquele time fosse especialista no que eu vou fazer para ele.

- E o que seria isso? – Rael questiona.

Mordo minha própria língua com uma força exagerada. Na aula de inglês da segunda passada Henrique tinha finalmente tocado em assunto na aula de inglês. Começou me perguntando se eu entendia algo sobre surpresas e com uma ideia de fogos de artifícios. Ao que parece ele quer dar o melhor presente de Natal para sua namorada. Que fofo. Não sei quem ela é, mas é sortuda. Henrique não é como qualquer jogador de futebol que eu conheço, ele é educado e não fica me chamando pra bater uma “pelada” a cada dois segundos. Ele não é idiota como os outros estereótipos.

- Ele me pediu pra guardar segredo – respondi no tom mais inocente possível.

- Pediu é? Nem ligo – ele disse gelidamente. – Vai sair com um cara que seu namorado não gosta e ainda não vai me dizer o que vocês dois vão fazer?

Suprimo a vontade de socar a tela do celular, mas me contenho. Como ele pode ser tão ridículo em pensar que eu trairia ele? Quer dizer, Henrique é um gato e tem um corpo gostoso (falo mesmo) mas eu não faria isso, faria?

- Não é nada disso que você está pensando – digo. – E como assim você não gosta dele?

Houve um breve silencio do outro lado da linha antes de ele continuar.

- Ele esta me impedindo de ver meu namorado em uma semana antes do natal – ele sibilou. – Não gosto dele de verdade.

Reviro os olhos.

- Rael, quer parar de drama? – levo minha mão livre até a cintura. – Eu ainda vou te ver muito essa semana.

- Quem garante?

Estou prestes a responder, mas o grupo de garotas ri de novo e me viro para elas. A morena dessa vez esta imitando minha pose com a mão na cintura.

Engulo em seco.

- Rafa? Rafa, você tá ai?

Não respondo e encaro a garota que me imitou. Ela me olha de volta, erguendo uma sobrancelha em desafio. Fico gélido na calçada, sem saber o que dizer ou fazer. Não sou muito de brigar, nunca senti necessidade de levantar a mão pra alguém. Mas com certeza estou com muita vontade agora.

- Rafa, são aquelas garotas, não é?

Não respondo e faço o máximo para fingir que não estou dando bola. Porém, escuto a morena alta dizer:

- Aposto que esse Rael é tão mais gay que ele.

Meus olhos fervem e não me contenho.

- Não existe essa de mais gay ou menos gay – ergo a cabeça. – Eu e ele somos apenas gays, só isso.

As duas loiras me encaram surpresas, mas a morena aumenta o sorrisinho malicioso. Onde foi que eu vi aquele sorriso irritante antes?

- Ah, é – ela estufa o peito e fica de frente para mim. – E você diz isso com bastante orgulho, pelo que eu posso ver.

Finco o pé na calçada quando escuto a ameaça no tom dela.

- Acho que você deveria achar um problema se eu não dissesse isso com orgulho, não?

- Achei que os gays fossem mais elegantes – seu tom é carregado de ironia.

- Geralmente são, quando a outra pessoa não esta sendo totalmente uma vadia.

As duas loiras arregalam os olhos para ela e sinto meu rosto queimar um pouco. Onde foi que eu criei coragem pra dizer isso?

- Taff, ele te chamou de vadia! – cochicha alto uma das loiras.

- Eu ouvi, Bethany – ela fecha a cara para ela, depois sorri para mim. – Se eu fosse você eu tomava bastante cuidado com as suas palavras – ela dá um passo na minha direção. – Alguém pode realmente se machucar.

Avalio enquanto Taff avança. É totalmente uma folgada, pelo que já pude avaliar. O salto dela faz um barulho de tac-tac enquanto ela anda e isso me deixa nervoso. O que ela pensa que vai fazer? Não pode estar achando que pode vir me bater, acha?

Antes que Taff possa dar mais um passo ou eu possa soltar mais algum comentário ousado, as portas da cafeteria abrem de modo abrupto. Eu e Taff paramos para olhar.

- Olha o que temos aqui, pelo visto já se conhecem, hein?

Henrique esta sorrindo de orelha a orelha para nós dois. O cabelo preto e arrepiado esta bagunçado-sexy e ele segura uma sacola com muffins com uma das mãos. Mas fico confuso quanto às palavras dele.

- Baby? – Taff franze a testa para ele. – O que quis dizer com já nos conhecemos?

Henrique dá de ombros inocentemente e olha de mim para ela mais uma vez.

- Ué, amor, esse é o Rafa – ele gesticula para mim e sorri. – O meu amigo que eu disse que ia me encontrar hoje.


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