Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 11
Rainha Não Tão Má




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Na manhã seguinte na escola, estou andando eufórico por todos os corredores, olhando de armário em armário, procurando uma visão de um cabelo cacheado.

Não vi a bicicleta dele no estacionamento, mas continuo procurando mesmo assim. Eu preciso ver Rael, ou senão vou me arrepender para sempre. Ele não ligou uma vez, nem mandou mensagem. E olha que ele faz isso toda vez que está chateado.

Algo na minha mente grita que talvez ele não esteja, mas eu mando logo se calar. Ficamos tão bem ontem, nos reconciliamos e foi tudo muito lindo, ele não pode sumir assim do nada, pode?

Desisto depois de cruzar outro corredor e me recosto de forma abrupta em um armário aleatório. A garota ao lado dele faz careta para mim e eu mostro o dedo do meio para ela. Ela sai dali resmungando alguma palavra incompreensível.

– Ele não veio hoje, para de procurar.

Olho para o lado e Rodolfo está de braços cruzados para mim, com um olhar entediante no rosto. Como se estivesse assistindo um programa de TV chato.

– Como sabe disso? – questiono.

Ele dá de ombros.

– Porque eu sei – ele me entrega um panfleto e sai andando.

Vejo-o sumir pelo corredor e depois olho para a folha que me entregou. É uma lista dos concorrentes para Rei e Rainha do Baile de Natal.

No topo da lista, Henrique e Taffara tem seus nomes escritos em letra cursiva.

Faço uma bolota com o panfleto e o atiro na lixeira mais próxima. Na noite passada, eu e Henrique conseguimos mesmo terminar de organizar a surpresa de Taffara. Ele ficou muito feliz ao ouvir minha ideia de alugar um jatinho e fazê-lo voar pelo céu soltando as seguintes palavras: “EU TE AMO, TAFFARA KAUANE”.

Tudo muito fofo.

Mas o tema não durou tanto quanto eu esperava que durasse e a maior parte da noite ficamos até tarde conversando sobre coisas aleatórias e bobas. O mais impressionante é que eu fiquei tão naturalmente confortável conversando com ele. Nem parecia ser eu mesmo.

Nem parecia que eu tinha dado o bolo em meu namorado.

– Ei, Rafa – ouço uma voz me chamar e me viro para o outro lado. – Finalmente te achei!

Henrique esta todo sorrisos convergindo até mim, e gostaria de poder sorrir também, porém, logo atrás dele, Taffara esta de braços cruzados e parecendo ser forçada a fazer algo.

Olho de um para o outro, as expressões controversas, enquanto vou tentando entender o que esta acontecendo aqui.

– Me achou? – questiono cruzando os braços cautelosamente. – Estava me procurando?

Estávamos – Taffara corrige em uma voz ácida.

– Sim, isso mesmo – Henrique ainda sorri. – Eu queria te dizer que Taffara me perdoou.

Aceno com a cabeça, entendendo tudo e ao mesmo tempo nada. Por que ele esta me dizendo isso tudo se ela esta bem atrás dele?

– Ela gostou tanto, tanto da nossa ideia de surpreender ela, que me perdoou – ele continua.

Eu franzo a testa por um momento.

– Como assim? – arfo. – Você contou a ela sobre a surpresa?

– Contei – ele franze a testa de volta.

Taffara tem os olhos atentos ao meu rosto.

– Não contei, baby? – ele se vira e entrelaça o braço com a cintura dela.

– Contou sim – ela da um sorriso fraco. – Gostei muito da sua ideia, Rafa – ela diz, mas não parece gostar da minha ideia nada.

– Mesmo, é? – ergo uma sobrancelha.

Henrique ri e segura meu ombro. Estremeço com o toque e quase sinto vontade de recuar, mas não faço isso.

– Estávamos pensando se você quer ir com a gente ao Pizza Hut, mais tarde – ele sugere.

– Valeu, mas acho que vou passar – finjo uma expressão encabulada. – Tenho um monte de coisa pra fazer.

– Que isso, Rafa, deixa isso pra depois – Taffara me interrompe com um tom delicado demais. – Tenho certeza que seja o que for, você pode deixar para depois, certo?

Reteso meu corpo na hora e a encaro de modo suspeito. Delicadeza, vindo dela? Não a conheço nem um dia direito e já não confio nela.

– Não sei bem – respondo.

Henrique esta me olhando, esperando que eu saiba o que dizer e então Taffara toca o braço dele e ele a olha imediatamente.

– Eu estou com sede – ela desabafa. – Pode ir me buscar uma coca diet na maquina? - ele tenta dizer algo, mas ela o interrompe. - Obrigado! Você é um fofo, baby!

Sem escolhas e um pouco confuso, Henrique anda até a maquina, deixando eu e ela a sós.

– Escuta aqui – Taffara se aproxima mais de mim. – Agora eu sei exatamente o que vem acontecendo.

– Ponto pra você – sussurro de volta. – O que vai fazer agora que sabe? Me ameaçar de morte por ajudar a preparar uma surpresa para você?

– Tecnicamente – ela sorri maliciosamente. – Não pode ser considerada uma surpresa quando alguém já sabe.

Reviro os olhos.

– Mas isso desfaz o que estávamos fazendo por você – digo.

– Eu sei – ela fuzila os olhos para mim. – Eu sei.

Fico esperando por uma ameaça, mas então ela muda o peso do pé.

– Olha, me desculpa por ontem. Eu não quis dizer aquelas coisas de verdade. É só que... Eu estava com ciúme, só isso. E não é só pela sua fama gay – ela para e me olha. – Sem ofensas.

– Não ofendeu em nada – murmuro surpreso.

– Consegue entender meu lado? – ela pergunta, mas continua falando. – Eu realmente gostei da sua ideia e aprecio muito o que vocês estavam fazendo pelas minhas costas.

– Pelas costas, sim – concordo. – Mas foi nas melhores intenções.

– Eu sei, eu sei – ela cruza os braços. – Desculpa mesmo por tudo.

– Sem problema – suspiro. – Acho que entendo você perfeitamente.

Ela me lança um olhar interrogativo.

– Você é assim com seu namorado?

Balanço a cabeça.

– Ele que é assim comigo.

Ela assenti, compreensiva por um momento.

– Deve ser uma barra – ela comenta.

Dou uma risada sem graça.

– Considerando o fato de que dei um bolo nele só para poder ajudar a preparar uma surpresa para você.

Surpresa passa pelo seu rosto.

– Oh, meu Deus, sinto muito – ela leva a mão ao peito. – Você esta bem?

– Nem vem com essa. Você me odiava a dez segundos atrás.

– Na verdade, desde que o Henrique me contou que você estava ajudando ele – ela dá de ombros. – Mas quem esta contando?

Faço uma cara de desdém e ela ri.

– Sinceramente, eu te odeio – ela confessa enquanto olha por sobre o ombro para ver se Henrique esta vindo. – Mas você parece um cara legal.

– Valeu – cutuco-a de brincadeira. – Você também não me parece tão vadia.

Rimos juntos e Henrique volta com duas cocas na mão.

– Pelo visto vocês se entenderam – ele ergue as duas sobrancelhas escuras lindas.

– Sim – Taffara finge um tom azedo, mas pisca para mim. – Nos entendemos perfeitamente.


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