End of the World escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Então, TWD finalmente voltou. O que estão achando até agora? Nós estamos gostando dessa pegada nova da série, mais sombria e com os personagens "cansados".
Como tínhamos avisado antes, já postamos curiosidades no Tumblr e pretendemos continuar, talvez hoje mesmo.
Boa leitura!



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A porta da Igreja St. Sarah se fechou com um estrondo, provocando uma movimentação de ar que fez as chamas das velas tremerem, poucos segundos após a entrada das duas mulheres. Rick não perdera tempo em providenciar aquilo, por conta dos errantes que se aproximavam do lado de fora. A construção, por mais segura que parecesse do lado de dentro, era extremamente vulnerável por fora, e o Padre nunca tinha se preocupado em aprimorá-la, era apenas um local espaçoso protegido por simples madeiras que poderiam ser facilmente destruídas por uma horda, o que tornava sua sobrevivência até aquele momento um verdadeiro milagre.

Sarah e Johanna ficaram paradas onde estavam, esperando que alguém daquele grupo se manifestasse. Os dois lados apenas se encaravam, um analisando o outro. A médica passou a mão esquerda pela alça de sua bolsa de maneira compulsiva, pressionando o tecido com força para tentar espantar seu nervosismo evidente. O que deveria ser feito? Ela não fazia a mínima ideia. Seu plano inicial era muito simples e só incluía uma etapa: encontrar Frederick. Todavia, como costumava acontecer, as coisas não saíram do jeito que Morris esperava, e naquele momento ela não tinha a menor noção do que fazer. Estava perdida devido a uma série de acontecimentos imprevisíveis que haviam acontecido em sua vida de uma hora para outra.

Muito antes do dia em que deixara seu apartamento, Sarah havia calculado de maneira quase precisa o tempo que levaria para percorrer o caminho de Jackson a Dalton. Deveria ter sido tempo suficiente para chegar à cidade com algum tempo de sobra, e antes do inverno. As coisas haviam começado a desandar quando a mulher percebera que não tinha coragem para contar aquilo ao marido, adiando a conversa por dois dias até que tivesse destemor suficiente para revelar suas pretensões a James. Com a discussão, mais tempo havia se perdido, até que Sarah finalmente saíra de casa, supondo que chegaria no dia final do prazo.

Os problemas da viagem tinham sido absolutamente comuns, escassez de recursos, hordas e empecilhos envolvendo os carros. O fator definitivo para seu atraso fora a obra inacabada encontrada no meio da rodovia, algo completamente inesperado que gerara um retorno demorado que lhe custara mais de dois quilômetros, algo que, em tempos normais, poderia não ser significativo, entretanto, no apocalipse, custava luz do Sol, combustível, um carro e, em suma, quase um dia de viagem. Todo aquele esforço, as frustrações, os sacrifícios, tudo aquilo para nada.

A mulher de cabelos castanhos se sentia como alguém que viajara o mundo inteiro atrás do final do arco-íris e, ao chegar, tivesse encontrado um pote vazio. A desmotivação havia tomado seu corpo quando chegara ao apartamento de seu irmão, algo que poderia fazê-la desistir de seu propósito, até o momento em que uma pequena faísca reascendera sua esperança novamente. A simples possibilidade de Fred estar vivo já seria um grande motivo para se arriscar. Sua esperança, a partir daquele momento, se tornara algo tão pequeno e frágil que Sarah havia aprendido a cultivar com cuidado para que não tornasse a se apagar.

Ao passar os olhos pelas pessoas presentes no corredor da Igreja, tentou manter-se firme, por mais que, internamente, estivesse com vontade de desmoronar. No entanto, depois de ter passado por tanta coisa, aquilo não poderia mais pará-la. A sensação de desolamento encarada no apartamento de seu irmão fora tão ruim que, naquele momento, era o que a mantinha firme, a médica não queria ter que passar por aquilo novamente. Na melhor das hipóteses, Fred ainda estava vivo, e era isso que importava. Seguindo os pensamentos de Johanna, aquilo deveria estar nos planos de Deus, a parada naquela Igreja seria apenas uma pausa para a sua busca, um momento para recarregar as energias, rever os planos e enfim voltar a agir, voltar a procurar seu irmão desaparecido.

A primeira impressão que tivera do lugar e, principalmente, das pessoas não era das melhores. Depois de perceber que, pela maior parte do tempo, o grupo havia preferido deixá-las lá para morrer, não tinha como sua opinião ser diferente. Tentando ser otimista, Sarah pensou na possibilidade de haver um motivo para aquilo, aquelas pessoas deveriam ter passado por coisas terríveis para serem tão desconfiadas, tentando pensar na melhor das hipóteses assim como a ruiva ao seu lado deveria estar fazendo, ver o bom antes do ruim. A mulher poderia não ter gostado do lugar, porém tinha um motivo forte para querer estar lá. Ela devia aquilo à sua companheira, depois de ter feito Johanna ir até lá, o mínimo que poderia fazer era oferecer um abrigo.

Abrigo que, por sinal, não era dela.

Para todos os casos, aquilo não era uma fortaleza. Não poderia ser o lugar seguro que Fred mencionara, ele não sairia de seu apartamento, correndo o risco de nunca mais ver Sarah, por uma pequena construção extremamente vulnerável no meio da floresta. A Igreja Episcopal deveria ser apenas um lugar para passar a noite, ou um ponto de encontro. Não era o fim da linha. E a médica estava determinada a descobrir onde era.

Surpreendendo a todos, a freira tomou a frente e se dirigiu ao Padre, ignorando os olhares que recebeu no ato. Seus olhos brilhavam, como de costume, dando a entender que, a todo o momento, uma coisa incrível acontecia. Foi com um enorme sorriso que ela parou diante do homem, feliz por revê-lo depois de aproximadamente quatro anos. Também alegre por saber que Gabriel ainda estava vivo. Johanna sempre soubera que ele não era muito corajoso, como havia dito anteriormente. O Padre nunca fora de tomar grandes decisões e tivera o costume de recuar diante de qualquer perigo. A mulher imaginou como Stokes deveria ficar congelado diante de um mordedor, pensamento que a fez rir um pouco, sem um pingo de maldade, e sim porque já vira a cara de apavorado dele antes.

– Sua benção, Padre – ela disse antes de beijar sua mão, num ato explícito de respeito. – Se lembra de mim?

– Eu deveria? – Gabriel indagou tentando fugir daquilo ao notar que o grupo de Rick lhe lançara um olhar questionador. A mulher tinha características marcantes, ele recordaria se tivesse visto ela antes.

– Foi naquele Natal onde várias congregações e padres da Georgia se reuniram aqui para ajudar os mais necessitados... Eu era aquela freira que preparou parte da ceia. Você até elogiou a minha comida... Eu até toquei violão para as crianças!

– Claro que eu me lembro! As freiras de Chatsworth! Vocês vieram junto com a congregação do Padre Ethan! Como eles estão?

– Infelizmente, todos se foram... – ela baixou o olhar, se lembrando do dia em que perdera Ethan.

– Lembre-se da lição de Elifás a Jó: “Não desprezes a correção do Senhor; Ele fere e cura.” Deus sabe o que faz – Gabriel falou tocando o ombro da mulher de maneira reconfortante.

– Sei disso... Ele guarda algo para todos nós, e só o tempo pode dizer o que é. Se não for muito incômodo, eu gostaria de pedir um favor. Aqui é a casa do Senhor, mas também é o seu lar, você viveu muitos anos aqui. Eu gostaria de pedir abrigo, precisamos da sua permissão para ficar aqui.

– Só precisamos de um lugar para passar a noite, não podemos ficar lá fora – Sarah entrou na conversa tentando jogar o mesmo jogo que Johanna. Ela sabia dos riscos de passar a noite sem um abrigo, por isso tinha consciência de que as duas precisavam daquele lugar. – Se o senhor permitir...

– O Senhor está no céu – Stokes interrompeu num tom amigável.

– Então, se você, Padre, nos der seu consentimento...

– Claro que não – Rick se intrometeu, cansado daquela conversa, ele não iria aceitar a decisão do Padre se ela incluísse colocar as duas desconhecidas sob o mesmo teto que eles, principalmente pelo fato de que a opinião de seu pessoal não fora considerada.

– Por que não? Então por que você abriu a porta? Não seria mais fácil ter nos deixado lá fora? – a médica contestou virando seu olhar e mudando o tom quando se dirigiu a Rick Grimes.

– Eu abri a porta porque estavam cercadas por errantes! Eles já devem ter ido embora, e as duas podem seguir seu caminho em segurança.

– E isso te faz se sentir uma pessoa melhor? Abrir a porta para nós por alguns instantes e depois nos mandar para o lado de fora de novo? Ajudar alguém em situação de perigo e depois largar essa pessoa à própria sorte? Isso faz com que se sinta mais humano que os outros? Você não passa de uma pessoa sem coração! – apesar de não ter tido o intuito de dizer aquilo, a médica não se arrependeu. Sarah poderia jurar que ainda haviam pessoas boas no mundo, e, olhando para aquele grupo, tudo o que pôde sentir foi revolta.

– Você não me conhece – o xerife falou num tom mais sombrio.

– Parem com isso! – Johanna interveio entrando no meio entre os dois, se sentindo intimidada pelos olhares que ambos trocavam. – Vocês estão na casa de Deus, por favor!

– Não, são apenas quatro paredes e um teto – Daryl contestou. A reação da freira não seria diferente se ela tivesse levado um tapa, sua face exprimia o choque ao ouvir tais palavras.

– Basta! Johanna está certa, isso é uma casa de Deus, e ela sempre estará aberta – Gabriel acabou com a discussão, deixando a todos perplexos. Ele não saiba de onde havia tirado coragem para dizer aquilo, talvez fosse a ideia de ter uma conhecida ali, alguém que o conhecia antes de Deus abrir as portas do Inferno, alguém que não conhecia seu pecado, alguém que poderia afirmar que ele não era uma pessoa ruim, ele queria provar isso para encontrar a salvação no final. Se voltando para as mulheres, ele completou. – Vocês podem ficar o tempo que desejarem. Se acharem melhor, podem ficar no meu escritório.

– Vamos – a ruiva chamou Sarah segurando seu braço, ao notar que ela ainda encarava Rick. Contrariada, a médica saiu do lugar depois de alguns segundos, mordendo levemente o interior da bochecha e fitando o xerife mais uma vez antes de seguir Gabriel.

Após a saída das mulheres, o líder continuou na mesma posição, ainda pensando no ocorrido. A igreja era o primeiro lugar fechado que seu grupo encontrava depois do Terminus, um lugar que, mesmo não sendo o melhor do mundo, servia para que se fixassem. A perda da prisão fora um lembrete de como o lado de fora poderia ser perigoso. Não eram apenas os mortos, também havia pessoas ruins, falta de recursos e outras coisas que poderiam ser mortais. Além disso, a estrada não era um lugar para Carl crescer, muito menos para criar um bebê.

Principalmente naquele momento.

Havia se passado quase um dia e meio que o restante do grupo, após consertar o antigo ônibus da igreja, partira rumo a Washington. Abraham e seus companheiros saíram levando Tyreese, Sasha, Bob, Glenn e Maggie na missão ambiciosa pela cura do vírus que aterrorizava o mundo. A separação do grupo não tinha sido planejada, e não agradava muito a nenhum deles, a intenção inicial era que todos tivessem ido. Os planos mudaram quando a pequena Judith apresentara os primeiros sinais de febre, cansaço e irritação, sintomas que não haviam se amenizado depois. Naquelas condições, ela não poderia realizar aquela viagem longa, não seria bom para ela e nem para o grupo do lado de fora, já que um bebê doente era completamente inviável para longa jornada até a capital do país, de forma que seu pai decidira ficar na igreja, junto com Carl, Michonne, Carol e Daryl.

Por isso, possuir aquele local era muito importante, e Rick não estava disposto a dividir com ninguém. Desde o Terminus, talvez antes disso, o xerife havia decidido sempre ficar com um pé atrás, as pessoas não eram mais confiáveis. Ele estava cansado de viver em alerta, e começava a entrar em um estado instintivo, onde qualquer sinal de ameaça deveria ser eliminado, tudo para a proteção de Carl e Judith. Dali em diante, tudo o que importava eram seus filhos e, se fossem necessários sacrifícios, eles seriam feitos, mesmo que isso custasse a sua vida ou a de seus amigos.

Para Rick, só existiam três tipos de pessoas no apocalipse: as que haviam enlouquecido, como Gareth e o Governador; as pessoas que aceitaram aquilo, como ele e seu grupo, que entendiam que às vezes era necessário atravessar o limite para sobreviver; e aquelas que ainda não entendiam o que estava acontecendo, ou se recusavam a entender e se adaptar, e era nesse grupo que ele incluía a freira e a mulher de cabelos castanhos. Pessoas assim, que acreditavam na bondade, parecidas com Dale, T-Dog e Hershel, eram as que morriam. Esse tipo confiava no bem da humanidade até o último segundo de vida. O xerife sabia que essas pessoas teriam o mesmo fim que seus amigos, e não queria que elas lhe trouxessem problemas.

O novo mundo não tinha mais lugar para aquilo, aniquilava qualquer pingo de bondade ou felicidade que encontrava. Rick não se importava que aquela mulher enxergasse nele uma pessoa fria e sem coração, aquilo não fazia a diferença para ele. Sentimentos não colocavam comida na mesa e não manteriam suas crianças a salvo. Além disso, se ele não tinha um coração, porque fazia tudo aquilo pensando em Carl e Judith?

– Que merda é essa? – Daryl indagou assim que a porta do escritório se fechou. – Quem aquele padre pensa que é? Foi só ver a freirinha que ele se lembrou que tinha que pregar a bondade!

– Ele acha que é o dono do lugar – Rick disse irritado.

– Elas não parecem ser pessoas ruins – Carol comentou, todavia ninguém pareceu dar muita importância. Aos olhos de Rick, Daryl e Michonne, e até mesmo para Carl, as aparências não deveriam ser levadas em conta. O Terminus era a prova disso. As pessoas acolhedoras e a comunidade próspera, semelhantes à antiga prisão, haviam se mostrado, na realidade, canibais sanguinários que trancavam pessoas para depois abatê-las como porcos e devorá-las friamente.

– O que você acha? – o xerife perguntou para a espadachim.

– Acho que devemos manter os olhos abertos. Não é isso que sempre fazemos? – a mulher respondeu sem dar muita importância, e isso pareceu encerrar o assunto, por mais que Carl desejasse se manifestar sobre o tema.

– Vou deixar vocês sozinhas aqui – Padre Gabriel disse antes de sair, tentando ser o mais cordial possível, por mais que aquilo não fosse o seu ponto forte.

– Você vai ficar bem com eles? Essas pessoas não parecem ser muito... amistosas. Podem não ter gostado quando você nos deixou ficar – Johanna comentou.

– Não precisa se preocupar, sei lidar com eles. Eu não fiz nada de errado. Eles, por outro lado, parecem estar escondendo algo...

– Acredita mesmo nisso? – a freira se assustou um pouco com aquilo.

– É só uma suspeita, mas espero muito que eu esteja errado – o homem deixou o cômodo, e a acusação ficou no ar.

O escritório de Gabriel estava bastante desorganizado, isso era inegável. Havia livros e sacolas com latas abertas e fechadas espalhados por todos os cantos, o que aumentava a sensação de confinamento. O local era abafado e repleto de poeira, indicando descuido por parte do Padre. Perto da porta, havia uma mesa longa, que quase desaparecia devido aos diversos objetos jogados sobre ela. Mais adiante, outra mesa, menor que a outra, era acompanhada por uma poltrona de couro giratória. Do outro lado, um sofá comprido era usado como cama, porém não aparentava ser muito confortável, devido ao desgaste do tempo passado. Para completar, uma estante que quase alcançava o teto era preenchida por mais livros e alguns quadros de sermões, vasos com flores murchas e figuras sagradas, além de um suporte com a Bíblia aberta.

– Obrigada pelo suéter, pelo menos essa noite não vou passar frio – Sarah quebrou o silêncio comentando sobre a peça de roupa que a ruiva havia emprestado a ela de manhã.

– Não foi nada. Eu tenho um monte deles. Ou tinha, já que a maioria ficou lá na igreja. Minha mãe costurava muito bem, o que eu estou usando foi feito por ela, e os outros são cópias que eu fiz. Modéstia à parte, acho que ficaram muito parecidos, fora que nos mantém muito bem aquecidas! – Johanna parou de falar ao olhar para a médica que, apesar de tentar prestar atenção, estava com o olhar perdido em outro lugar. – Estou falando de mais, não é? O que você tem?

– Nada.

– Tem certeza? – depois disso, a mulher sentiu necessidade de dar uma resposta menos vaga para acabar com a insistência da freira.

– Só estou cansada.

– Cansada e estressada – a ruiva completou, recebendo um olhar contrariado. – Você está uma pilha de nervos! Precisava mesmo ter dito aquilo para ele? As pessoas têm sentimentos, sabia?

– Certo, eu estou muito nervosa, mas ele mereceu aquilo. Eu não discuti com ele porque estava estressada.

– Então disse por que estava com raiva.

– Sim, eu estou com raiva dele. Você escutou o que ele disse? Todo aquele grupo, eles não se importam com ninguém além deles mesmos!

– Eles não são tão ruins assim... Tem aquele garoto e a mulher de cabelos grisalhos. Claro, a outra mulher é muito intimidadora, isso sem contar com aquele caipira rude... Jesus! As pessoas precisam de um pouco mais de fé! Tudo bem, mas ainda não os conhecemos de verdade. Deve haver uma razão para isso.

– Você acabou de dizer que eles não são confiáveis, até o Padre disse isso, mas fica tentando justificar as ações deles?

– As pessoas cometem erros e pecam, mas é preciso perdoar. Até eu já pequei.

– Johanna, o que você poderia fazer? – uma risada escapou dos lábios da médica, o que uma mulher pura e inofensiva como Johanna poderia ter feito na vida?

– É pessoal. Só confesso diante do Senhor – ela respondeu um pouco embaraçada desviando o olhar e desejando que o assunto fosse encerrado o mais rápido possível.

– Tenho certeza que não foi nada de mais. Aquela pessoas são diferentes, têm um olhar assassino, algo muito misterioso. Não é o tipo de coisa que se deve perdoar – a freira ficou sem saber o que dizer diante daquilo. Derrotada, ela se sentou no sofá e deixou que o silêncio tomasse conta do ambiente. – Johanna, me desculpe por isso. Você tem razão, eu estou uma pilha de nervos, não leve a sério tudo o que eu digo.

– Está tudo bem, nós somos amigas. Isso pode ser só TPM, não queira me ver nessa época. Eu falo tanto que as pessoas parecem estar pensando em me jogar pela janela! – Sarah não conseguiu deixar de rir. Johanna parecia achar aquilo terrível, mas, para a médica, sua mania de falar muito não incomodava mais. – Por quanto tempo você pretende ficar aqui?

A mulher de cabelos castanhos não respondeu de imediato. Havia tantas opções que aceitar uma das hipóteses era difícil. Fred poderia nunca ter chegado à igreja, mas Sarah preferiu apagar aquela ideia. A médica pensou que talvez fosse melhor conversar com o Padre Gabriel mais tarde, ele poderia ter alguma pista daquilo.

– Eu ainda tenho que rever os meus planos. Essa igreja era a única coisa que eu tinha, a única pista. Talvez possamos ficar alguns dias antes de decidirmos o caminho a seguir. Claro, se você não se importar, e se você quiser continuar comigo.

– É claro que não! Vai ser ótimo passar um tempo com Gabriel, ele é uma ótima pessoa. E é óbvio que vou continuar com você, tenho uma missão para terminar, tenho que reunir você e seu irmão mais novo.

– Obrigada. Eu também gostaria de falar com o Padre sobre o meu irmão, talvez ele tenha alguma informação.

– Nós vamos encontrá-lo – a ruiva concluiu com um sorriso contagiante. – E começaremos amanhã, com a ajuda do Padre Gabriel. Se alguém passou por aqui, ele deve saber.

O assunto pareceu se encerrar com aquela mensagem otimista, e Johanna começou a preparar o sofá para dormir. Sarah não se incomodava de passar a noite na poltrona, já dormira de maneira mais desconfortável no segundo carro que utilizara. Além disso, qualquer sacrifício valia por Frederick West, ela sabia que iria encontrá-lo, a possibilidade de ele estar morto simplesmente não existia.

A médica abriu sua bolsa e retirou de lá o álbum de fotografias de seu irmão. Então ela dormiu abraçada ao livro, tentando deixar as preocupações e frustrações de lado para que pudesse dormir tranquilamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do primeiro encontro entre Sarah e Rick? Deixem a sua opinião!
Lembram que mencionamos sobre as aulas de música da Avery? Ainda não decidimos o instrumento que ela irá tocar! Sim, estamos em dúvida entre o tradicional violino e um violoncelo (alguns devem saber por que), por isso gostaríamos da opinião de vocês. Não garantimos que o instrumento com mais votos será escolhido, pois ainda estamos indecisas mas queremos que nos ajudem com isso.
Até o próximo (que deve vir dia 19)!