Já havia passado semanas que Elizabeth tinha fugido de casa, ela estava exausta, confusa, cansada, com fome e sede. Ela já não sabia se oque fez era o certo ou o errado, mas sabia que tinha que ser feito ou se não ela teria que viver a eternidade se fantasiando com um pai que jamais mudaria e cada vez mais ficaria pior. Dormindo nas ruas e pedindo esmola agora era a realidade e sua rotina diária que não poderia ser mudada. Seus únicos amigos agora, era seu coberto e o porta-retrato de sua mãe. Em sua mão estava meras moedas que as pessoas que passavam por ai lhe davam, mas não era suficiente nem para comprar um chocolate. Elizabeth teve vislumbres de seu pai lhe batendo, pode parecer estranho mas ela sentia falta dele, não da violência que ele exercia com ela, mas das palavras que muitas das vezes confortava-la. Nem sempre Robert foi tão agressivo com Elizabeth, teve um tempo que todas as noites ele ia em seu quarto para lhe dar um beijo. A única solução que Elizabeth encontrou para deixar de escutar os roncos de sua barriga foi tentar dormir, mas ela foi interrompida em seguida por um rapaz que se aproximou devagar dela.

– Ei menina acorda!

Ao abrir os olhos Elizabeth ficou assustada, pois nunca havia visto aquele rapaz na vida.

– Oque você quer? - Respondeu ela com indignação.

O rapaz olhou para ela e deu risos.

Tirando um canivete do bolso ele disse:

– Vai me dar as suas coisas por bem ou por mal?

– Ma..maas eu só tenho esse cobertor e um porta-retrato. - Falou ela gaguejando.

– Você não entendeu né sua estupida! Você tá nas minhas áreas, quem manda aqui sou eu. Você quer morrer por a caso?

Ele não esperou que ela respondesse e se ajoelhou até ela, em seguida puxou seus cabelos para trás e colocou o canivete em seu pescoço. Ela não teve outa escolha ao não ser entregar tudo oque tinha. Os sonhos de Elizabeth estavam cada vez mas distantes da realidade, ela estava com frio, chorando e suja da cabeça aos pés. Ela se levantou do chão e olhou em direção ao outro lado da rua, sua visão encontrou um super-mercado grande, porém ela não tinha dinheiro algum para comprar comida. Elizabeth foi em direção ao mercado, ao entrar todos os olhares dos clientes que ali se encontravam voltaram-se para ela. A moça do caixa olhou Elizabeth de cima abaixo e virou o rosto com maior desprezo do mundo. Ela não era burra para não perceber dois seguranças vindo em sua direção.

Um dos seguranças perguntou:

– Oque você quer aqui ?

– Poderia me dar algo para comer? Por favor! Eu estou com muita fome, há dias não como nada.

– Você é boba garota?

Os dois seguranças seguraram os braços de Elizabeth e pediram que ela se direcionasse a saída.

Aquela foi outra tentativa frustrada de conseguir comida. Lizzie( apelido da Elizabeth ) novamente não sabia oque fazer e pior não tinha nenhuma ideia de para onde ir. Vagando pelas ruas ela encontrou um grupo de moradores de ruas que estavam dormindo em um beco que ficava atrás do super-mercado. Sem ao menos optar a pergunta se poderia sentar com elas, ela desabou no chão, ela preferia dormir exposta violência urbana do que ficar com seu pai. Elizabeth estava em uma fase que teria que se adaptar com a condições na qual vivia. Era triste para ela ver o drama daquelas pessoas, vivendo em situações precárias. Lizz agora se encontrava dormindo no chão frio.