Lei de Ação e Reação escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 4
Débitos do Passado: Roma Antiga – Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Capitulo dedicado à Laura Moreira. Muito obrigada pela recomendação gatona! Muito amor você



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“Mas a encarnação, para todos os Espíritos,
é apenas um estado transitório.
É uma tarefa que Deus lhes impõe, no princípio da existência,
como primeira prova do uso que farão do seu livre arbítrio.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo).



Roma Antiga, 68 D.C.

Adriano (Edward) caminhava apressado pelos corredores da Casa Dourada¹. Ele estava sendo esperado há dois dias pelo Imperador Nero Augusto e estava desgostoso por não ter sido pontual. Não que fosse culpa sua, pelo contrário, galopou incessantemente sempre que o mal tempo e os saqueadores de estradas deixavam. No entanto os imprevistos acabaram por atrasá-lo, parecia até mesmo que alguma força não queria deixa-lo chegar ao monte Palatino².

Não sabia por que estava ali, afinal a Casa Dourada era um local que servia apenas para as festas e orgias do Imperador. No local não havia sequer algum quarto, apenas salas e salões de festa. A mensagem do Imperador ainda exigia que ele fosse “discreto” e não usasse suas vestimentas de general. Adriano não gostava nada disso. Sempre pensou que Nero fosse um louco, e desde que os boatos sobre o grande incêndio ocorrido em Roma ter sido sua culpa pareciam ter um fundo de verdade, passou a detestar cumprir as ordens do soberano romano.

Imagine só! Ele, um grande e renomado general romano a serviço de um Imperador louco o bastante para atear fogo na grande Roma. Não fosse pelo apreço de ter sua cabeça grudada em seu pescoço ele não estaria ali.

Adriano finalmente chegou ao grande salão, parou na entrada e pediu para um criado avisar a Nero que ele havia chegado. O servo o olhou desconfiado, afinal o general escondia o seu rosto com um capuz.

– E que nome devo fornecer ao Imperador?

– Apenas diga que sou o enviado que ele estava esperando.

O rapaz franzino lhe deu um olhar torto, mas assentiu. Entrou no salão e foi em direção a um grande trono decorado com ouro onde Nero estava sentado, completamente bêbado e seminu.

– Finalmente! – Nero falou alto assim que seu servo lhe sussurrou que o enviado estava ali. – Por favor, não parem por mim, que a festa continue. – ele disse aos senadores, pretores, centuriões e prostitutas que pararam de fornicar, beber e comer assim que viram o soberano se levantar.

​No entanto, ao dar o seu primeiro passo, Nero Augusto cambaleou e foi amparado por um senador que estava próximo a ele. Adriano fez uma careta de desgosto quando viu a cena. Tanto pela condição deplorável do soberano, quanto por reconhecer quem era o homem que o amparava. Era Gaius (Carlisle), seu pai.

​Gaius sussurrou algo no ouvido do Imperador, que sorriu e acenou afirmativamente. Enquanto ele tirava os cachos dourados que estavam grudados em seu rosto redondo e brilhante de suor, Nero olhou para as pessoas que estavam ali e sorriu com satisfação. Por fim, ele fez um gesto para Gaius em direção à porta e depois retornou para o seu trono.

– Você está aí! Nero o espera há dias. É melhor ter uma boa explicação para seu atraso, caso contrário é capaz dele o jogar para os leões. – Gaius falou se aproximando de Adriano e olhando-o de forma debochada. – Vamos, fale Adriano, não tenho o dia inteiro.

– Peço perdão, oh, grande senador Gaius – Adriano falou em um tom carregado de sarcasmo –, mas tive que lidar com algumas tempestades e saqueadores durante minha viagem.

– Cuidado, fale assim comigo novamente e terá seu pescoço cortado no final do dia. – o senador falou ameaçadoramente e Adriano ficou nervoso, pois sabia que seu pai não fazia ameaças em vão.

– Vamos direto ao assunto, sim? – o general falou impaciente. – Por que me chamaram?

– Nero irá explicar pela manhã, no momento, como pode ver, ele está ocupado. – Gaius falou apontando para o salão.

Adriano aproveitou o momento para observar melhor o salão e sentiu náuseas com o que viu. O grande e magnífico salão dourado estava servindo de palco para uma grande orgia. Ele detestava esse tipo de festa, achava nojento trepar com uma prostituta cheia de fluídos de outros homens.

O senador riu com a reação do filho. Ele sabia o que o general pensava sobre esse tipo de diversão e achava engraçado que eles tivessem o mesmo sangue e ainda assim fossem tão diferentes. Gaius era um senador de quase oitenta anos, mas por causa de sua boa forma e expressivos olhos azuis ele aparentava ter 15 anos a menos. Era respeitado em seu meio e conselheiro de Nero nas horas vagas. Ele também era um amante dos prazeres da orgia, mesmo antes de sua esposa falecer, e não entendia porque seu filho mais velho se negava a ter tal prazer.

– Nero ordenou que você repousasse, para que se recupere de toda a viagem; irão conversar sobre a missão amanhã pela manhã. Peça para alguma serva te levar a algum lugar onde possa repousar em paz, e se quiser pode fodê-la, vai te relaxar. – dito isso o senador retornou ao salão e sentou ao lado de uma prostituta que começou a acariciá-lo a fim de seduzi-lo.

Adriano bufou de indignação. Como tal homem poderia ser seu pai? Era nojento vê-lo com uma prostituta, e mais nojento ainda lembrar que ele fazia isso mesmo quando estava casado com sua mãe. Olhou em volta e viu uma mulher loira e seminua no corredor olhando-o com curiosidade. Pensando ser uma serva, ele se aproximou dela.

– Você, arranje-me um lugar para repousar. – disse com autoridade.

– Hum, por que deveria? – a loira disse com um brilho de desejo no olhar.

– Não seja insolente, escrava. Estou lhe dando uma ordem, é melhor cumpri-la. – Adriano recebeu uma gargalhada da loira como resposta, o que o deixou com muita raiva.

– Não sou nenhuma escrava, caro senhor. Sou apenas uma pobre viúva de um senador que está tentando ter um pouco de diversão. – ela falou de forma provocante, aproximando-se de Adriano. – Mas ficarei feliz em lhe proporcionar um local de descanso. Venha comigo. – ela falou antes de dar meia volta e seguir pelo corredor.

​Adriano a seguiu e percebeu que o balançar de seu quadril nu começava a excitá-lo. Viúva de um senador ela disse... Bem, com certeza era mais limpa que uma prostituta.

– O que acha deste local? Está de seu agrado? – ela perguntou assim que entraram em um aposento luxuoso, decorado com objetos em vermelho e dourado. Não havia uma cama ali, apenas alguns divãs, uma mesa e um grande tapete cheio de almofadas de todos os tamanhos.

– Sim, vai servir. – ele respondeu e começou a tirar sua roupa de viagem.

​Ele precisava de um banho. Ficara dias na estrada e estava cansado, mas a luxúria que brilhava no olhar daquela mulher loira seminua o havia excitado. Ela era vulgar, ele a considerava apenas um pouco melhor que uma prostituta, foderia ela do jeito que estava e depois tomaria um banho.

​Tirou toda a roupa, depois foi até um divã vermelho e se acomodou de forma que sua ereção ficasse bem visível para a mulher.

– Venha, monte em mim.

​Ela não pensou duas vezes, nem mesmo questionou sua ordem, apenas se aproximou e fez o que ambos queriam.

​Fizeram sexo como animais, de forma descontrolada e selvagem. Para ele era uma diversão, um passa tempo para relaxar, já para ela era o início de uma paixão. Ele era como ela, se perdia na luxúria. A loira ficou em êxtase com essa descoberta. Viu-se maravilhada com o corpo másculo, o cabelo preto sedoso e os olhos azuis tão frios como gelo. Em sua imaginação, ela os via morando juntos em sua casa em Roma, ele seria seu amante para sempre, ela tinha certeza.

– Isso foi incrível. – ela falou sem fôlego após mais uma rodada de sexo.

– Hum. – foi o que Adriano conseguiu responder. – Preciso descansar, amanhã tenho um encontro importante com o Imperador. Saia. – ele terminou de forma cortante.

​Os olhos azuis da bela loira se encheram de lágrimas, mas ela inspirou fundo e conteve o choro.

– Você me tem e depois me descarta, sem nem ao menos perguntar o meu nome. – Adriano riu com desdém se levantando do chão.

– Se não percebeu, pouco me importa.

– Pois deveria. Como lhe disse, sou viúva de um senador, sou uma mulher bastante influente na sociedade.

– Influente na cama dos homens da sociedade, você quer dizer. – ela ficou vermelha de raiva com essa declaração, ainda mais porque era a verdade.

– Pois guarde bem o meu nome! Sou Lúcia, uma cidadã romana nobre que não aceita ser descartada. Você vai ouvir falar de mim novamente e se arrependerá de sua atitude.


​Lúcia (Tânia) saiu furiosa dos aposentos. Não sabia o nome daquele homem, mas não importava; afinal ela conhecia seu rosto, e visto que ele não se importava com a posição que ela ocupava, ele deveria ser alguém importante. Isso facilitaria a ela descobrir quem ele era e, quando descobrisse, o transformaria em seu amante. “Custe o que custar”, ela pensou.
​Enquanto isso, Adriano havia solicitado a um escravo que levasse ao aposento uma tina e água quente para ele se lavar. Ele não queria fazer isso na sala de banho, com certeza ela estaria cheia de homens e mulheres enlouquecidos em alguma orgia nojenta. Quando ele terminou, resolveu descansar e acabou adormecendo profundamente no tapete.
​No dia seguinte, Adriano foi despertado antes do amanhecer por uma serva. Ele era esperado no salão principal.

– Sente-se, filho. – Gaius falou assim que percebeu a presença do general no salão – Ninguém se levantou ainda, poderemos conversar sem sermos interrompidos.

– Onde está o imperador?

– Infelizmente ele está indisposto devido aos excessos de ontem, mas me autorizou a lhe dizer o que ele quer de você. – Gaius falou colocando um pedaço de tâmara na boca. – Bem, vamos direto ao assunto. Como você bem sabe, os cristãos estão sendo um problema para manter a paz no Império de nosso soberano. Aqueles malditos, além de terem ateado fogo em Roma, estão conspirando para tirá-lo do poder. – o general fechou o semblante. Os cristãos, apesar de não ser sua espécie preferida de ser humano, eram pacíficos e só tinham conflitos entre si. Como boa parte da população, ele também achava que o grande incêndio não havia sido culpa deles como Nero e seus fiéis súditos gostavam de afirmar.

– Quem lhe deu essa informação? – falou começando a comer um cacho de uvas.

– De um dos meus espiões, é claro. – Gaius falou como se a pergunta fosse estúpida. – Mas, como eu dizia, eles estão se tornando uma dor de cabeça cada vez maior. Nero já mandou executar alguns cristãos como forma de punição por seu atentado, no entanto, ele precisa que o mal seja cortado pela raiz, e é aí que você entra. – Adriano sentiu um embrulho no estômago e largou as uvas em cima da mesa. Seja o que fosse que o Imperador queria, ele tinha a impressão que não iria gostar nada.

– O que o soberano precisa?

– Ele quer que reúna dois de seus homens de confiança, para que realizem uma operação que deve permanecer em sigilo, afinal ele não quer que nenhuma espécie de rebelião se inicie. Vocês devem descobrir quem são os líderes de cada grupo cristão e acabar com cada um deles. O serviço deve ser limpo, rápido e silencioso. Consegue fazer isso, general?

– Sempre cumpri as ordens que me foram dadas com eficiência. – o general falou soando ofendido.

– Por isso você foi escolhido. – Gaius falou rindo. – Você e os homens que escolher serão bem recompensados por esse serviço. Agora vá, Adriano, saia do Palácio antes que todos acordem; ninguém deve saber que esteve aqui.

– Como desejar.

Adriano assentiu, se levantou e saiu rapidamente do salão. Em poucos minutos, ele já estava galopando a caminho de Roma.

Enquanto isso, Lúcia caminhava em direção à mesa do grande salão com um sorriso grande nos lábios. Adriano, esse era o seu nome, e aparentemente era um general de confiança do Imperador e filho de um senador. Foi mais fácil do que ela esperava, o destino facilitara tudo. Ela acordara mais cedo do que de costume, e ficou nervosa com o fato, mas se não fosse por isso ela não teria escutado a conversa do velho senador com seu futuro marido. Sim, futuro marido. Ela sabia o suficiente para persuadi-lo a se casar com ela.

– O que você está dizendo? Assassinar cristãos?


– Fale baixo, Cláudio.


– Isso é errado! – Cláudio (Jasper) falou escandalizado.


– Quem se importa? – Marcus (Emmett) falou indiferente.


– Eu me importo! São pessoas inocentes, não fazem nada a ninguém!


– Já matamos pessoas inocentes antes, qual a diferença de fazer isso agora? – Adriano falou perdendo a paciência com Cláudio, um dos seus melhores soldados.


– Isso foi há muito tempo. – Cláudio falou com a voz distante, as lembranças de seus erros do passado ameaçando lhe atormentar novamente.


– Pare de frescura, a ordem é do Imperador. É só cumpri-la e pronto. – Marcus disse tomando um pouco mais de vinho.


– Não é tão simples assim. – Cláudio resmungou.


– Chega de discussão. Vocês irão me ajudar ou não?


– Por mim tudo bem, não vou rejeitar um punhado de moedas de ouro. – Marcus falou decidido.


– Sinto muito Adriano, mas não posso te ajudar dessa vez meu amigo. – Cláudio disse colocando seu cálice de prata em cima da mesa e se levantando.


– Não posso acreditar nisso. – Adriano falou surpreso. – Você nunca recusou uma missão, muito menos uma vinda do Imperador.


– Dessa vez é diferente, Adriano. Não são inimigos, são pessoas inocentes que não fazem nada a não ser seguir o seu Deus. Além do mais, há algum tempo eu decidi seguir minha consciência, e neste momento ela me diz que essa missão é um erro. – o soldado falou cabisbaixo e logo após foi embora da casa de Adriano, deixando-o perplexo, assim como Marcus.


– Ele nunca recusou uma missão, por mais errada que parecesse. – Marcus falou surpreso, passando a mão esquerda em seu cabelo liso e castanho.


– Sim, mas ele é jovem, com o tempo verá que uma vida idealista não leva a lugar algum.


– Sorte a dele que você o considera como amigo, do contrário poderia tê-lo executado pela insubordinação.


– Cláudio é um soldado valioso demais, Marcus. Ele será um grande general um dia. Preciso dele vivo. – Adriano falou indiferente, tentando não demonstrar ao centurião³ o quanto lhe perturbava a ideia de perder Cláudio, um dos poucos que lhe mostrou o que era a amizade.


– Acha que conseguiremos cumprir sozinhos a ordem do Imperador? Talvez seja o caso de contratarmos alguns bárbaros.


– Não será necessário; os cristãos são minoria em todo o Império, não devem ter muitos líderes religiosos. Além do mais, Nero quer que tudo ocorra em extremo sigilo.


– Tudo bem. Quando começamos?


– O mais rápido possível. Tenho alguns informantes infiltrados nos grupos cristãos, eles saberão me informar quem são os líderes e onde podemos encontrá-los. – Marcus sorriu com a notícia e em seguida se despediu de Adriano. Estava animado com a ideia de ganhar uma fortuna apenas por cortar alguns pescoços.

Marcus já estava com 38 anos, quatro a menos que seu general. Era um centurião bastante respeitado por sua inteligência e astúcia, no entanto estava falido. Gastara quase toda sua herança com apostas no coliseu, o que acabou com suas chances de conseguir um bom matrimônio.


​Infelizmente, Marcus não era o que podia se chamar de bonito. Cicatrizes marcavam todo o seu corpo, e seu rosto continha uma expressão bruta que não atraia as mulheres. Se não dava para conseguir uma esposa com sua aparência, teria que ser com uma boa posição social que só pode ser mantida com moedas de ouro. Na sua atual situação, ele era um persona non grata nos círculos sociais, mas se o Imperador lhe desse o que havia prometido isso não seria mais um problema.


​No entanto, algo nesse quadro não lhe agradava. Formaria uma família e perpetuaria sua linhagem, é claro, mas teria que deixar Augusto (Rosalie). Augusto foi o homem que lhe mostrou o que era o amor, foi o seu companheiro e sua fortaleza em todos os momentos que precisou, mas também era o motivo de sua vergonha. Se quisesse voltar a ter respeito na sociedade e uma família, teria que deixar Augusto e garantir que ninguém nunca soubesse da relação entre os dois.



– Você veio! – Augusto falou recebendo Marcus com um enorme sorriso. – Entre, estou tão feliz que veio! – Augusto segurou a mão de Marcus e o puxou para dentro de sua casa.


– Eu disse que viria, não disse? – Marcus falou devolvendo o sorriso ao homem loiro de trinta anos à sua frente.


– Sim, mas eu não sabia se conseguiria. Adriano costuma tomar muito do seu tempo. – Augusto falou e dispensou todos os seus criados para que pudesse ter uma conversa mais íntima com Marcus. – O que ele queria dessa vez?


– Nada de mais, apenas me deixar a par das últimas loucuras de Nero.


– Espero que ele não esteja pensando em atear fogo novamente na cidade e culpar os pobres cristãos.


– Acha mesmo que a culpa foi do Imperador, e não dos cristãos?


– Eu tenho certeza! – Augusto disse com firmeza. – Agora, deixemos esse assunto de lado. Eu estava com saudade. – Augusto falou se aproximando de Marcus, assim que percebeu que ele pretendia questionar mais ainda.



​Marcus e Augusto se beijaram com paixão e saudade. Não se viam há pouco mais de uma semana e mais parecia que já fazia meses. Amaram-se durante toda a noite, e ao amanhecer Marcus foi embora, sem se despedir de Augusto.



​Não longe dali, Flávia (Isabella) caminhava tranquilamente rumo à casa de sua irmã na companhia de Cláudio pelas ruas de Roma. Quem observasse de longe, pensaria que estavam tendo uma conversa descontraída entre amigos. No entanto, ambos estavam bastante preocupados.



– O que faremos?


– Não sei, Flávia. Precisamos avisar a todos, mas temos que ser cautelosos. Adriano possui informantes e eu desconheço seus nomes e rostos. Se não agirmos com cuidado, poderemos entrar para a lista e sermos executados.


– Isso é muito sério! Nero enlouqueceu de vez.


– Ele sabe que nosso grupo tem crescido consideravelmente e tem medo que comecemos a influenciar toda a sociedade. Se isso ocorrer, pessoas começarão a discutir sobre o seu direito de ser o nosso Imperador, afinal como ele pode ser o escolhido dos Deuses se há apenas um Deus?


– Como se quiséssemos nos infiltrar na política...


– Nós não queremos, mas conheço um ou dois cristãos que adorariam ter essa influência. – Flávia assentiu desgostosa. Infelizmente, muitos irmãos ainda se guiavam pela ambição.


– Ah não! – Flávia exclamou surpresa.


– O que foi? – Cláudio perguntou confuso.


– Lúcia! – falou a jovem loira apontando para algo mais a frente.

​Cláudio olhou para a direção em que Flávia apontava e avistou uma elegante mulher loira, alta e de quase trinta anos, entrando na casa de Flávia.

– O que tem sua irmã?

– Não era para ela voltar do monte Palatino até mês que vem. – Flávia falou fazendo uma careta.


– Monte Palatino? O que ela fazia lá?


– Desde que ficou viúva ela resolveu participar das orgias que Nero promove.


– Entendo. – Cláudio falou desgostoso. Não compactuava com esse tipo de diversão, apesar de ter participado de algumas “festas particulares” há alguns anos.

– Mas qual o problema dela voltar mais cedo?


– Não estamos nos dando bem nos últimos meses. – Flávia falou chateada.



​Desde a morte de sua mãe, Lúcia cuidava de Flávia com zelo e amor, tentava ao máximo garantir que a irmã mais nova não sentisse falta da mãe. As duas eram melhores amigas e confidentes; quando Lúcia se casou resolveu que Flávia iria morar com ela, foi difícil convencer seu pai, mas uma vez que ele já estava começando uma nova família com uma nova esposa, ele acabou cedendo. Flávia ficou radiante ao saber que poderia morar com a irmã, assim como Lúcia.


​O marido de Lúcia não se importou e tratou Flávia como uma filha. Quando o senador faleceu, uma enxugou as lágrimas da outra, afinal o senhor de cinquenta anos sempre fora bom para elas. Mas nos últimos tempos algo havia mudado. Ambas eram loiras, esguias e de beleza única. Lúcia possuía gélidos olhos azuis, e Flávia quentes olhos verdes. Lúcia sempre fora a mais bela e sempre fora cortejada pelos homens, e isso alimentou bastante o seu ego, mas ultimamente era Flávia quem recebia a atenção que sempre fora dela. Lúcia não entendia o que estava acontecendo, em sua cabeça Flávia ainda era uma criança, não deveria chamar mais atenção do que ela. Foi então que um de seus amantes lhe mostrou algo que ela se recusava a ver.


​Em uma noite excessivamente quente, Lúcia acordou de madrugada a fim de verificar se a janela estava aberta. Percebeu que seu amante não estava adormecido ao seu lado e não se encontrava em local algum do quarto. Ela resolveu procurar por ele e o encontrou no quarto da irmã, se masturbando enquanto observava a jovem adormecida. Lúcia o expulsou do quarto de Flávia, e por sorte o sono de sua irmã era tão pesado que ela não percebeu a comoção. No auge da briga seu amante falou algo que a feriu profundamente: ela estava ficando velha, uma velha vulgar e já gasta, e sua irmã era nova e virgem.


​Desde esse dia as coisas nunca mais foram a mesma entre as duas. Lúcia passou a criticar a irmã mais nova quase que constantemente e a cada dia que passava o clima entre as duas piorava.


​Flávia se despediu de Cláudio e foi em direção à sua casa. Encontrou Lúcia em seu quarto, gritando com uma serva sobre vestidos de festas e joias.



– Lúcia! Que bom que está em casa. – Flávia mentiu e forçou um sorriso.


– Olá, Flávia. Comportou-se na minha ausência? – indagou a mais velha inspecionando-a de cima à baixo. – Como sempre, não está apresentável. Você tem que sempre andar impecável, já lhe falei isso.



​O sorriso que Flávia tentava segurar desapareceu. Ela tinha se vestido com um dos seus melhores vestidos de passeio e feito um belíssimo penteado, adornando-o com fios de ouro para que eles mesclassem em seu cabelo e refletissem o seu brilho dourado na luz. Ela havia tentado ficar impecável, como Lúcia sempre estava, mas aparentemente havia falhado.



– Oh, sim, sinto muito minha irmã, tentarei melhorar. – ela falou desanimada.


– Eu sei que sim. Agora venha, me ajude escolher um vestido para esta noite.


– O que há esta noite?


– Uma festa para a alta sociedade. Uma festa muito importante. – algo perigoso e malicioso brilhou nos olhos de Lúcia e Flávia sentiu um frio na espinha que a fez se sentir mal.



​Ela sabia que Lúcia planejava algo, e tinha certeza que não iria gostar nada do que estava por vir.


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Notas finais do capítulo

1. Casa Dourada: foi um grande palácio romano, criado no coração da Roma Antiga pelo Imperador Romano Nero, depois do Grande Incêndio que devastou Roma em 64 ter varrido as habitações aristocráticas das encostas do monte Esquilino.
2. Monte Palatino: é uma das sete colinas de Roma.
3. Centurião: na hierarquia militar romana era o sexto na cadeia de comando numa legião. Seria o equivalente ao posto de capitão, na hierarquia militar no exército de qualquer país.


Pessoal, desculpa a demora. Eu tive que rescrever o capitulo por que eu escrevo no pc do trabalho e formataram ele sem me avisar, aí perdi tudo. Acabou que nao rescrevi tudo, minha vida ta meio bagunçada, mas resolvi postar o que fiz porque é melhor do que vocês ficarem mais um mês sem. Ja comecei a fazer a segunda parte, agora é ficar na torcida pra sair logo rsrs. No mas é isso meninas, e reforço o pedido para que vocês sempre dêem uma lida nas notas porque sempre tem uma informação ali válida para fic. Ah, e sim gente, eu tenho uma beta que me ajuda pra caramba e ainda tenho duas amigas que lêem os capítulos pra mim (cada uma de uma religião) pra garantir que todo mundo que leia consiga entender. No entanto, se nao lerem as notas realmente muita coisa vai ficar confusa, entao LEIAM AS NOTAS POR FAVOR. Acho que a formatação nao esta 100% porque estou postando pelo celular, mas depois arrumo isso e respondo os reviews, agora estou indo viajar hehe boa semana santa a todas. Beijos até o próximo capitulo



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