Alone escrita por Lukealgumacoisa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Piloto


Notas iniciais do capítulo

I DARE YOU, MOTHERFUCKER



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572183/chapter/1

ANTES

Luke nunca dormiu tão bem antes. Com certeza aquele havia sido seu melhor sono desde que tudo aquilo havia começado. Aqueles malditos andarilhos não paravam nunca... Sempre andando, sempre mordendo e, sempre matando.

Pelo menos agora Luke finalmente havia achado um local relativamente seguro, que por outro lado não duraria muito tempo. Infelizmente o portão daquele estacionamento já estava para ceder. Mais uma onda de andarilhos colocando seu peso lá, e a grande entrada de metal cairia sobre o amontoado de pedaços de madeira localizados no chão, colocados ali para tapar um buraco causado por só deus sabe o quê.

O garoto dormia em um banco da parte de trás de uma van Mazda Bongo branca. Sonhava com o mundo antes de tudo acontecer. Pessoas trabalhando cerca de 10 horas por dia, famílias indo ao cinema juntas, crimes brutais, músicas animadoras, seriados de TV que o entretiam em grande parte de sua vida, fanáticos religiosos, tecnologia avançada, governos corruptos, comunismo, golpes de estado, mentiras, etc.

E então ele acordou e ficou olhando para o teto da van, refletindo por um instante. Percebeu que a maior parte das coisas ruins do passado continuou a existir. Também percebeu que, de todas as coisas boas do velho-mundo, a única que sobrou é a música, pois o som só é parado pelo vácuo. No fim ele pensou por um momento que, se este apocalipse em que ele se encontrava, havia trazido alguma grande diferença para o mundo.

Apesar do “pesadelo”, Luke ainda conseguiu dormir bem naquela noite. Ele se sentia revigorado e pronto para matar mais alguns daqueles seres malditos.

Ele se sentou no banco acolchoado e descansou sua cabeça neste. Após respirar fundo, ele se levantou e empurrou as portas da parte de trás da van para fora. Saiu do carro com um pulo, aterrissando com um leve dobrar de pernas.

Olhou ao redor por alguns segundos, analisando a situação. Apenas três andarilhos se encontravam no portão de entrada, sendo que dois destes estavam andando em círculos e gemendo na frente do lugar.

Luke olhou ao redor, porém... nenhum sinal daqueles dois desgraçados.

– Bobby? Sabs?

Nada...

– Desgraçados! Eu sabia! Argh, caralho!

Ele chutou o pneu da van em sinal de raiva, porém a única coisa que aconteceu foi ele machucar seu pé. Doía pra caramba, é claro, mas ele fingiu que não sentia nada.

Luke rapidamente sentiu a falta do Mustang SS laranja e preto que estava estacionado do lado da van... Pelo menos, que era pra estar lá. No porta-malas deste que se encontravam: a água, a comida, as meras quatro armas que haviam achado até agora e a munição para estas.

Para ele, seu túmulo já estava cavado.

DEPOIS

Eduardo pensou mais um pouco nas palavras de Marea. Aquele pequeno grupo de quatro pessoas não sobreviveria a uma horda inteira de andarilhos.

Apesar de bem armados, eles eram poucos, e a rua em que se encontravam no momento era grande, o que facilitaria com que fossem cercados.

– Obrigado Maria! – Ele gritou em resposta à garota que se movia por cima dos prédios. – Vá até a escada de emergência! Vamos nos reunir aí em cima para esperar a horda passar!

– Ok!

Wade se aproximou do líder. O garoto aparentava ter uns 15 anos, mas não se lembrava de sua idade real devido à um acidente algumas horas antes do apocalipse começar. Seus olhos eram verdes e seu cabelo era escuro e razoavelmente grande. Parecia um emo com anemia no primeiro olhar.

– Ei, Dudu. Por acaso você já tem algum plano para aonde vamos nos estabelecer? Não podemos viver como nômades para sempre, cara.

– Eu... Acho que todos nós deveríamos decidir juntos. Democracia sempre funcionou pra mim...

– Se você diz... Podemos pensar nisso esta noite, quando as coisas se acalmarem.

– Ei, vocês não vem, não?! – Gritou Buzz já no topo do prédio.

Wade e Eduardo trocaram olhares. O mais novo foi na frente e o mais velho logo atrás. Wade ficou com medo de botar muito peso na escada, já que esta estava enferrujada demais e não parava de ranger. Quando Dudu começou a subir, ambos começaram a compartilhar o mesmo medo.

Dois minutos depois, todos já estavam no topo do prédio. Buzz, um menino de 15 anos, um pouco gordinho e com pele cor de azeite, estava sentado em cima de uma saída de ar condicionado, tentando destrancar um cadeado usando dois grampos.

Já Marea, uma garota de 16 anos (que aparentava ter 12 de tão baixa) e com cabelos negros, presos em uma média trança que caía por seu ombro, observava a rua ser tomada por zumbis, enquanto usava a mira de sua Sniper para realizar o ato.

Eduardo se aproximou de Marea para que pudessem ter uma conversa a sós. Enquanto isso Wade foi até Buzz.

– Cara, você não vai conseguir abrir isso. – Disse Wade.

– Vou sim... Uma hora eu consigo.

– Você sabe pelo menos como uma tranca funciona?

– Mais ou menos. Sei que esse cadeado tem cinco pinos e é só encaixar todos eles pra cima para que abra.

– Hm.

Wade olhou para Marea e Dudu. Eles conversavam com certa timidez. Parecia que um clima estranho flutuava por ali. Wade imaginou se eles já haviam namorado antes.

E então o tédio tomou conta dele. Sentou-se no chão, encostou as costas e cabeça em outra saída de ar condicionado e dormiu por algumas horas. Aparentemente, eles passariam a noite ali mesmo.

ANTES

O garoto se esgueirava pelas calçadas, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Na rua se encontravam cinco andarilhos, uma quantia não tão grande, porém, perigosa para alguém que tinha só seus frágeis punhos como armas.
Após alguns minutos se esgueirando pelos cantos das ruas, Luke finalmente conseguiu alcançar a entrada de uma grande loja de brinquedos.

Ele empurrou as portas duplas, mas estas estavam trancadas. Ele não podia arromba-las, pois quebraria o vidro e sua hospedagem dentro da loja seria inútil.

Olhou ao redor à procura de algo que pudesse quebrar a tranca, porém não achou nada útil.

O jovem encostou o rosto no vidro sujo para ver se ele teria algum esconderijo após quebrar a tranca. Conseguiu avistar algo melhor do que o esperado: um pé de cabra, jogado do lado da caixa registradora.

Luke já tinha um plano formulado, um plano infalível.
Agora ele só precisava de dois objetos pesados e sorte... Muita sorte.

DEPOIS

Wade sonhou que era o novo ditador da Coreia do Norte, Kime Chiao Tsung. O apocalipse havia acabado de chegar ao país e ele estava mais seguro do que nunca, em plenos 80 metros acima do chão. Dali Wade, ou Kime, podia ver todo o período de caos se estabelecendo.

O garoto sempre levou um pensamento com ele, que no fim do mundo existem três etapas: o pré-caos, ou o mundo normal; o caos, onde pessoas se matam no meio dos supermercados, assalto às joalherias, roubos de casas e coisas do tipo acontecem; e o pós-caos, que no caso é o cenário apocalíptico que todos conhecem por meios de seriados de TV ou filmes desse tipo.

Após de um tempo dormindo, Wade acordou com uma luz de fogueira iluminando sua face.

– Bom dia, Cinderela. – disse Marea provocando o garoto recém acordado.

– Sup – falou Dudu.

– Que? – Wade, Marea e Buzz disseram em uníssono.

– É... É tipo “eaí”... Gente, vocês não entendem gírias americanas não?

– Hmm... Não sei se você não sabe, mas estamos no Brasil, não nos Estados Unidos.

Wade levantou-se e se alongou por um tempo, depois se aproximou da borda do prédio e se sentou, com as pernas pendendo sobre o ar.

– Os andarilhos... Todos já se foram?

– A maioria – disse Dudu.

– Ótimo. Então já podemos sair amanhã de manhã e começar a traçar nosso rumo para...

– Estávamos esperando você acordar para que decidíssemos todos juntos. – Disse Buzz enquanto comia uma barra de Snickers.

Wade começou a balançar as pernas, uma pra frente e outra para trás. Uma pra frente e outra para trás. Uma pra frente e outra para trás.

– Bem, eu já estou acordado, não é? Vamos decidir agora ou o que?

– Vamos começar então.
E assim Dudu deu início à primeira Reunião dos Quatro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

I DOUBLE DARE YOU



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Alone" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.