Os Meninos do Orfanato escrita por Beatriz Azevedo, Joh Mettler


Capítulo 11
O Início


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!! Eu fiz um desenho para este capítulo, mas o Nyah não parece estar funcionando então aqui está o Link direto para a imagem. Obrigada e desculpa (ajeito esta inconviniência assim que der {os que me conheçem sabe que vai ficar assim mesmo}):
http://fav.me/d8fa1wy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572148/chapter/11

Passei o dia pensando em Hope, será que ela iria me perdoar por ter falhado em protege-la? Será que ela ainda iria me querer por perto, caso eu conseguisse a encontrar? Ou pior, será que ela ainda estava viva? A dúvida fez minha garganta queimar e meus olhos formarem lágrimas, mas apenas afastei o pensamento e sem querer acabei indo parar no pedido que Charlotte me fez mais cedo, as palavras ecoavam na minha cabeça me deixando confuso, o quê era exatamente o baile de outono? Foi então que Mathew me veio em mente, "Quem melhor do que ele pode saber o que é esse tal baile?", me perguntei.

°°°

Alguém bateu na porta.

Mathew abriu os olhos com um salto e se abraçou. "Droga, droga, droga." Seus dedos já agarraram o relógio em automático e ele observou o ponteiro se mover esquisitamente, melhor do que nada, de qualquer forma. Ele olhou para a luz pálida da lua atravessando seu quarto pela brecha da cortina e se levantou para a fechar. O coordenador havia separado um quarto só para ele. O maior quarto do orfanato, que não possuia nenhum móvel além da cama, o criado mudo, o armário. a mesa do outro canto, uma estante com vários livros de diferentes tamanhos e cores e um tapete no meio -ao qual Mathew era agrecido já que quando caia da cama o tapete era macio o suficiente para que ele só se encolhesse novamente e fechasse os olhos- Tudo no quarto tinha que ser limpo a cada dois dias já que quase qualquer coisa causava alegria no menino. Ele coçou os arranhões de seus braços e fechou a cortina se virando ao ouvir o bater da porta novamente

"Luke? que você está fazendo aqui?". O menino ergeu uma sombrancelha e cruzou os braços.

"Ham, desculpe pelo horário, é que eu não conseguia dormir e aí apareceu uma dúvida na minha cabeça, achei que você não se importaria em me ajudar" Luke sorriu sem graça.

"A essa hora da manhã?! Como você sabe onde é meu quar- Ajuda?" Ele examinou os olhos azuis com pura suspeita, como se procurasse algum segredo que pudesse ser revelado. "Que ajuda?"

"Eu poderia pelo menos entrar? Não quero que o coordenador saiba que não estou dormindo" Mathew olhou para o chão incerto, mas concordou de leve.

"Entendo." Mathew saiu da frente da entrada.

"Obrigada,", Luke entrou e se sentou no chão, abraçando os joelhos, "Eu preciso que você me explique uma coisa, mas pode parecer muito estranho, entende?"

"Mais estranho do que você aqui às cinco da manhã?" Mathew respondeu. Seus joelhos estavam cansados, mas ele preferiu ficar em pé.

"Bem mais estranho que isso...", Luke suspirou, "Ham... A Charlotte me pediu pra ir ao baile de Outono com ela e-"

"Baile de Outono?" Mat riu e se sentou no chão finalmente. Ele ergeu uma sombrancelha. "Suponho que você espera que eu te explique o que é um baile de outono?" Os olhos azuis concordaram e o menino riu "Você acha que eu sei de qualquer festival daqui?" Ele brincou com os dedos. "O máximo que sei é que o baile é em Outono e que as pessoas performam o que é chamado dança."

"Ah, eu esperava que você sobesse um pouco mais que isso... como as pessoas se vestem pra essas ocasiões?"

"Ninguém nunca me chamou para o baile de Outono... ninguém nunca me chamou para nada..." O menino de olhos verdes sussurrou para si mesmo e depois levantou a cabeça para prestar atenção na pergunta de.ruivoe Luke. "certamente não com um súeater azul e calças remendas." Ele inclinou a cabeça para o lado Luke aproveitou para olhar para o próprio súeter e concordou. "Você deve ser da minha altura. Pode pegar uma das minhas roupas emprestadas. Eu normalmente as uso nos dias de premiação... acredito que um baile é tão formal quanto uma premiação?"

"Você me emprestaria Mathew?", Luke perguntou ignorando a última pergunta para sorrir encantado com a possibilidade do menino a sua frente o ajudar.

"Isso depende." Mathew sorriu com seu sorriso usual que deixava bem claro o oposto. "Porque você vai com a Charlotte para o baile?" Ele brincou com os dedos. "Sem mótivo não poderia ser..."

''Bom... Isso pode soar meio aproveitador, mas eu juro que é por uma boa causa", Luke pausou e olhou para as mãos "Ela disse que me ajudaria a entrar em uma das salas da secretaria siriamosse fossemos ao baile."

"Secretaria?!" Os olhos de Mathew ficaram arregalados e sua boca abriu em surpesa. "Espera. Que causa é boa o suficiente para ser pego na secretaria?"

"Olha... Eu não sei se deveria te contar, mas se você me prometer manter em segredo..."

Mathew cruzou os braços. "Só para você ter ideia você foi a primeira pessoa a falar comigo por mais de dois minutos sobre qualquer coisa que não involva inteligência." O menino pausou para sorrir com o pequeno insulto. "Eu não tenho ninguém para contar -não que se eu tivesse eu contaria."

"Tudo bem" Luke riu e inclinou a cabeça para o lado. "Me convenceu" O ruivo esperou o outro estar completamente concentrado para que ele não precisasse repetir "Eu... eu estou planejando uma fuga."

Os olhos de Mathew se arregalaram mais e ele se afastou do menino. "Acredito que a fuga não é tão inocente como fugir da detenção?" Mathew coçou a cabeça e olhou para o lado. "Fugir... todos sabem muito bem o que aconteceu com quem sequer pensou nisso..." Mathew se lembrou do que Luke falou ao pular o muro. "O coordenador já deve estar atento em você depois do incidente da bola."

"Mas não esta atento em Charlotte, ele nunca imaginaria que tal ato partiria dela" Luke falou se mexendo e mostrando o quão ansioso estava.

"Você... você vai usar a Charlotte?" Mathew fez que não com a cabeça. "Não acho aconcelhável us-"

"Eu não diria usar... Afinal, eu... eu meio que quero que ela venha comigo... Eu acho...", Luke fez uma careta e sorriu "Você também pode vir"

"Oh. Obrigado, mas mesmo que eu deteste este lugar eu prefiro ficar seguro do que partir para o cimitério." O menino passou os dedos pelas mechas escuras de seu cabelo e pareceu pensar muito antes de falar novamente. "Este lugar é ruim." Saiu quase num sussurro.

"Como você tem tanta certeza de que as pessoas só saem mortas?" Luke perguntou sem esconder seu tom de curiosidade.

"Não é como se elas só saíssem mortas." O menino transferiu o peso de uma perna a outra. "As únicas pessoas que sem problemas são as mais velhas... que já tem idade para seguir a carreira de detetive, mas como você pode imaginar elas passaram tanto tempo aqui que elas acham isso normal e por isso não saem." Mathew franziu a testa. "Mas há rumores que nem todos saem e que depende totalmente de como você via o orfanato e se você seria útil e de boa reputação ao sair. Acredito que o orfanato meio que muda seus pensamentos e você vira mais um fantoche " Mat encarou Luke sério. "Se quiser sair daqui quando ficar mais velho devia prestar mais atenção nas coisas que faz e fala."

"Você não respondeu minha pergunta." O ruivo sorriu torto. "Você é sempre objetivo e nunca tentou me aconcelhar em coisa alguma. O que você está escondendo?"

Mat olhou para o chão e seu cabelo escondeu seu rosto. "Ninguém comenta, mas a maioria já viu e eu juro que eles trazem os corpos para dentro de propósito"

"Mat... você já viu?" O menino insistiu e Mathew o encarou com o olhar fuzilante.

"Um deles foi minha culpa." Ele sussurrou e olhou para o outro lado

Luke arregalou os olhos. "Sua culpa?"

"Eu não sabia!" O menino falou elevando a voz, agora não havia mais escapatória, Ele se encolheu e continuou a olhar fixo para o Luke sem esperar que o mesmo pedisse para ele elaborar na frase. "A menina tinha falado para todos sobre o plano dela e o coordenador suspeitou. Ele me chamou um dia e perguntou sobre a conspiração."

"Mathew... Você não faria isso conosco... faria?" Luke fez cara de pavor e Mathew cruzou os braços.

"O coordenador manipulou meus pensamentos. Eu não sabia quem ele era!" Os olhos verdes pareciam prontos para chorar. "Ele disse que ela morreria. Ele disse que eu colocaria todos em risco se ela fugisse! 'O mundo lá fora tomaria vantagem de um orfanato cheio de crianças super dotadas e imagine os inimigos do nosso país! Eles não hesitariam em matar uma ameaça futura.'" Mat falou a frase exatamente como a que o coordenador havia falado. "Eu fiz o que achava certo e tudo que sabia sobre as pessoas que fugiam e voltavam mortas eram rumores dos mais velhos que eu julguei queriam asusstar-nos."

"Tudo bem Mat... Você não sabia, só se acalme..." Luke conseguiu controlar sua voz e ela chegou a assumir um tom suave.

Mathew suspirou e seus olhos voltaram para Luke "Ai um dia ela fugiu." Ele pausou. "E eles a trouxeram de volta com os outros quatro" ele mordeu o lábio "Cinco sacos entrando na escola e um sorriso do coordenador."

"Mat..."

"Eu não quero morrer." Mat sussurrou, mas sua voz era tão seca que não parecia que Mat realmente se importava com tal evento. "Este quarto fica logo abaixo do quarto do coordenador, a janela ali" ele apontou para as cortinas verdes que tomavam boa parte da parede. "Possue o mesmo campo de visão do coordenador." Mat se levantou e andou até a estante. "ele vê toda a movimentação do pátio."

Luke deu uma risada fraca tentando digerir tudo que foi falado. "O que importa é que eu não vou desistir... Tem gente precisando de mim, fora daqui"

Isso fez Mathew olhar para o menino novamente. E voltar com uma pilha de livros para o meio da sala. Ele se sentou no chão novamente e inclinou a cabeça para o lado. "Alguma ligação fora do orfanato? Isso é raro." Ele começou a enfileirar os livros de pé. "Não me entenda mal, eu não tenho medo de morrer. Planos para fugir? Aquela gaveta é cheia," Ele apontou para a mesa."Alguns tem até 80% de chançe de funcionar, mas eu não morreria em paz sabendo que não seria enterrado com minha família... do lado de minha mãe... sabendo que joguei a vida que ela se sacrificou para proteger fora..." O menino acabou de enfileirar os livros e olhou para os olhos atentos a sua frente.

Luke engoliu em seco, abriu a boca, a fechou, abriu-a novamente e finalmente falou "Mathew, eu não posso te prometer que vai sobreviver..." ele pausou. "Mas posso prometer me esforçar o maximo."

"Eu posso te ajudar, mas eu não vou sair daqui." Mathew falou sem prestar atenção no menino, mas na sua fileira de 1 metro entre ele e Luke.

"Mas, Mathew..."

"Não, isso é ruim..." Mathew o interrompeu e coçou a cabeça. "Eu seria cúmplice e eles acabariam descobrindo... acabaria mal... eu teria que ir... não ajudar não é mais uma opção..." Mathew sussurrou baixo e sorriu esticando o dedo para que ele tocasse de leve nos livros e eles caíssem como domiós e parassem na frente de Luke. "Você sabia que eu não teria escolha." O menino semi cerrou os olhos. "Ok. Eu vou."

Luke pegou o livro à sua frente 'Great Expectations' de Charles Dickens.

"Abra-o." Mat sussurrou e Luke franziu a testa abrindo o livro e se surpresndendo ao encontrar desenhos em vez da história.

"O que é-"

"Eu mapiei todas as saídas do orfanato, a rótina de troca dos vigías, a altura dos muros e os eventos no qual o portão principal se abre. a cada 45 dias, aproximadamente, o orfanato recebe visitas e a chegada de crianças novas é de um interválo de 50 dias." Luke olhou maravilhado para as anotações e viu 'Luke Becker - 6 of September' "São 6 anos de observação e se for realmente necessário pode levar alguns dos meus planos daquela gaveta." Mathew suspirou. "Eu iria queimar tudo mesmo." Mat parecia estar pensativo sobre algo quando Luke estendeu a mão com um sorriso de orelha a orelha.

"Então estamos combinados" Luke se esticou o máximo possível para que sua mão estivesse na frente de Mat. "Temos reuniões todos os dias ás 15 horas, no esconderijo, o plano ainda está em andamento"

"Não vamos agir até eu analizar o plano." Mathew falou sério e olhou para a mão esperando que o outro concordasse.

"Claro." Luke falou ainda na esperança das mãos pálidas brincando uma com a outra se decidissem e apertassem a sua. Mathew hesutou e finalmente apertou a mão de Luke. Luke sorriu e ouviu o relógio de bolso fazer seu tic tac.

"Ah, droga, eu vou me atrasar!" Luke falou se levantando de repente.

"Para o quê?" Mathew se levantou. "Espera! Você vai entrar na secretaria agora?"

"Isso! Charlotte pediu para eu a procurar no corredor ás seis em ponto"

"5:58" Mathew falou olhando para o relógio. "Você vai mesmo? Neste momento?"

"Eu tenho que ir."

Mathew mordeu o lábio. Ele queria ajudar. "Eu posso- eu- tenha um bom dia." Ele acompanhou o menino com os olhos até a porta.

"Obrigada, até daqui a pouco se tudo correr bem", Luke fez um sinal de continência e saiu .

Mathew concordou e fechou a porta. Ele pensou em ajeitar seus livros em fileiras novamente ou ver qual era a quantidade máxima de caixas de remédios que ele conseguiria emplihar, mas ele acabou preferindo se sentar na cama e fechar os olhos. "Droga." Ele não conseguiria dormir. Ele rapidamente arrumou os travisseiros embaixo do lençol e seguiu Luke silenciosamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Meninos do Orfanato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.