Ainda existem flores escrita por Detoni


Capítulo 4
Humilhção


Notas iniciais do capítulo

:X.... :D



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"Todos deveriam sofrer uma humilhação uma vez na vida para que a arrogância desse passagem à maturescência humana."- LEE- MEDDI, Jeocaz.

Uma das coisas que meu pai sempre reclamou a meu respeito é o meu orgulho. E nesse momento, encarando esse papel vermelho pregado no meu escaninho,  sinto essa minha qualidade/defeito querendo se manifestar ainda mais.

Atrás de mim as pessoas estão comemorando, mais uma vítima fora escolhida pelo impiedoso Castiel Sworis. Seguro o cartão e forço uma risada nervosa, como se aquilo fosse algo hilário. Mal me dou conta de que agora já estou sem plateia para me ver segurar a postura.

Amasso o cartão e percebo que cada ponto da minha pele que em que ele tocava ficava vermelho. O jogo no lixo mais próximo, contendo a irritação das marcas e caminho para o banheiro. Esfrego meu braço várias vezes até finalmente conseguir reduzir o vermelho para um tom rosado e quando pego meu caminho para a sala sinto falta das pessoas. Os corredores estão desertos e ainda faltam 15 minutos para a aula começar.

 Se me lembro bem, levar um F4 não implica em ser excluído socialmente, mas sim em se tornar um alvo. Claramente então a escola está se reunindo para agir contra mim e apostaria tudo que o próprio Castiel estava assistindo tudo de camarote em algum lugar. E é com esse pensamento que mostro o dedo médio para a câmera de segurança mais próxima.

Nesse momento, meu celular vibra com uma notificação do blog da patricinha. "Teresa Chase, a incrível mulher maravilha está prestes a cair. Então querida, pronta para o F4?". Claramente uma estratégia para avisar à todos os desavisados da escola que eu estava sob um F4. Minha conversa com Nathaniel no primeiro dia me faz torcer para que a Rosa e o Alexy estejam bem longe e seguros do que forem fazer comigo.

Quando finalmente alcanço a sala de aula, finalmente encontro algumas pessoas. Mas ainda assim, não são muitas. Onde diabo está o resto da escola?

Caminho para minha mesa e me dou conta de que ela não está ali. De fato, no lugar onde minha mesa costumava ficar agora só tem um caderno meu, solitário, que de alguma forma fora parar ali.

— Acho que está faltando uma mesa, não está, transferida?- Ambre pergunta se destacando do pequeno grupo. A encaro com ódio e me aproximo do meu caderno, me abaixando para pegá-lo. Assim que faço menção de segurá-lo ele se afasta de mim. Maravilha, eles fizeram meu caderno andar com as bruxarias deles.

Sei que é uma armadilha, mas ainda assim resolvo segui-lo. Irei ter que encarar isso em algum momento, e meus instintos me dizem que é melhor eu ser abordada agora que estou com a defesa levantada do que ser surpreendida.

Meu caderno andante finalmente para no meio do refeitório, ao lado da minha mesa. O refeitório é um ambiente circular, com um segundo andar fazendo apenas o contorno do circulo e deixando o meio vago, dando espaço para enxergarmos o teto maravilhosamente esculpido com o brasão da escola. No segundo andar em geral ficam as mesas do terceiro ano, que é o último, e a mesa da F4, ainda mais separada das demais.

Aproximo-me um pouco dos meus pertences e consigo distinguir palavras rabiscadas em minha mesa. As mais comuns eram: "Fora, transferida!"; "Idiota!"; "Não te queremos aqui!"; "Volte para o seu papaizinho!". Suspiro. Esperava mais do bullyng da Sweet Amoris do que palavras ofensivas e objetos andantes.

Porém, assim que ergo minha cabeça, noto que estou cercada pelos meus "companheiros", que estão espalhados pelo segundo andar inteiro. Eu não queria saber onde estava o resto da escola? Bom, encontrada.

Escuto um barulho extremamente alto perto de mim, o que faz com que minha cabeça comece a doer. E nesse momento, todos os alunos que estavam ali começaram a arremessar ovos em mim. Consigo distinguir o que é pela dor de algo duro se partindo em mim. Eles não estão medindo forças para me acertarem com a maior intensidade possível e eu absorvo todos os impactos em silêncio. Sento-me no chão abraçada em meus joelhos na esperança de evitar que meu rosto e meus seios sejam atingidos demais pelo impacto, sendo estas minhas partes mais vulneráveis. Fico assim até que os ovos parem de colidir contra mim pelo intervalo de pelo menos 30 segundos. Só então crio coragem para erguer minha cabeça.

— Isso é tudo?- pergunto enquanto uma mistura de claras e gemas escorre pelo meu cabelo, caindo nos meus olhos. - façam mais. Façam mais!- digo com raiva. Eu estou acabada. Mas eu não irei deixar que eles percebessem isso. Ser atingido por ovos nessa distância dói, dói de verdade. Uma dor que eu não sentia há tempos, desde algumas aulas de calejamento nas artes marciais.

Em resposta, sinto um tufão me atingir e antes de me encolher novamente vejo armas de brinquedo sendo carregadas aos montes com farinha. Meu corpo sente o impacto do que acabei de ver logo em seguida. Dor, eu estou sentindo muita dor. Agora essa dor já transcendeu qualquer uma que eu tenha sentido, cada parte do meu corpo está implorando por um descanso que não virá.

Estou em clara desvantagem aqui e meu corpo não aguentará muito mais sem desligar. Eu preciso fugir antes de desmaiar na frente dessas pessoas. Eu preciso correr.

Com muita dificuldade consigo me erguer e dou alguns passos, minhas pernas doloridas demais para aguentar muito, assim como minhas costas. Logo eu caio de joelhos e as pessoas estão rindo de mim. O som da risada delas entra em mim e sei que estou a um ponto de chorar. Eu preciso continuar correndo, preciso mesmo.

A visão de me ver humilhada deve ser o que o Castiel tanto quer, por que ca estou eu, finalmente conseguindo escapar da mira de todos e ninguém desceu para me impedir de sair do refeitório. Assim que consigo passar pela porta, sinto uma mão agarrar meu pulso e uso todas as minhas forças para me colocar na minha postura de combate e encarar meu oponente: um garoto franzino que acredito que ainda esteja no fundamental. Ele me encara  vejo medo passar nos seus olhos, mas sua voz é firme quando fala comigo.

— Castiel disse que está sendo misericordioso com você. Se você ir pedir desculpas para ele, ele irá retirar seu F4.- o garoto diz com calma, cometendo o erro de soltar meu pulso.

Assim que me vejo em liberdade lhe dou uma chave de braço, me colocando atrás dele, mesmo que este movimento faça meu corpo inteiro urrar de dor. O garoto paralisa sob meu toque e sei que estou no controle total no momento em que puxo seu braço mais um pouco e ele geme.

— Avise o Castiel que talvez eu peça desculpas no dia que ele tiver dignidade. E não se esqueça de mencionar o talvez. - digo lhe desferindo uma joelhada em suas costas e o largando gemendo no chão.

Sigo meu caminho me sentindo completamente perdida, sei que não devo voltar para o dormitório agora. Logo, acabo automaticamente na escada de serviço do prédio de ciências de novo. Encaro a vista antes de finalmente permitir que as lágrimas comecem a cair e não faço esforços para impedi-las.

— Cara, você realmente é barulhenta. - diz uma voz surgindo de alguns degraus abaixo de mim.

Lysandre aparece caminhando na minha direção com passos lentos. Nossos olhares se cruzam e começo a me odiar por não ter tido cuidado suficiente para que ele ou qualquer um me visse chorando. Mas agora que comecei, eu simplesmente não consigo parar.

— Desculpe. Eu não queria te acordar. - digo. Lysandre claramente está reparando nas minhas lágrimas desesperadas e no meu tom de voz tremido, mas ele não fala nada sobre isso, nem me olha com piedade. Ele não demonstra surpresa pelo meu estado e parece mais avaliar que tipo de entretecimento eu teria para ele hoje.

— Parou de julgar a primeira vista?- ele pergunta com tédio.

— Acho que sim. - digo. Minha voz sai completamente vacilante. Lysandre solta um suspiro que parece de derrota e se inclina na minha direção com lenço que ele havia retirado de seu bolso.

— Fique quieta. - ele pede enquanto passa o lenço em meu rosto e na gola da minha blusa. Quando processo que ele está agindo com compaixão, ao contrário do olhar de tédio que ele esboça, dou um tapa forte em sua mão.

— Eu não preciso da sua ajuda.- digo rispidamente. Para minha surpresa, Lysandre ri.

— Claramente, mas acho que você não está em condições de reclamar. Em troca... você por um acaso sabe fazer torta de limão? - ele pergunta. Fico tão surpresa pela sua pergunta que não protesto quando ele de fato recomeça a tentar me limpar com o pano.

Preciso me controlar com sua proximidade e com seu cheiro. De verdade, ele com certeza deve fazer um feitiço nas pessoas, esse torpor que tenho todas as vezes que estamos próximos não é normal. É injusto que ele seja tão atraente. E eu estou tão concentrada nisso que até paro de chorar. E só me lembro que ele me fez uma pergunta bastante aleatória quando ele para e me encara por alguns segundos.

— Torta de... limão?- pergunto totalmente sem jeito. Lysandre me encara com divertimento e agora começa o processo de limpar meus braços. Céus, é normal meu corpo estar quente assim? Eu devo estar com febre, por que não tem explicação.

— Isso. -ele diz segurando o riso.

— Ah... tem uma receita bem fácil, é só colocar creme de leite, leite condensado e suco de limão no liquidificador.- digo. Lysandre para de me limpar e fica pensativo.

— Bem fácil. Certo, acho que vou tentar. - ele diz e finalmente se afasta. Imediatamente sinto meu corpo sair um pouco do transe que parecia ter entrado. Apenas um pouco

Ele coloca seu lenço em minha mão antes de espreguiçar e se virar. Ele começa a fazer menção de ir embora, mas dou uma tossida e ele se vira de novo.

— Eu te devolvo da próxima vez. - digo me referindo ao lenço. Ele parece horrorizado com a ideia.

— Você é louca? Eu não vou vir mais aqui. Esse lugar é barulhento demais para dormir. – ele diz. Antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa ele já tinha se afasto mais, me deixando apenas com seu lenço.

Observo o objeto delicado em minha mão: azul claro e com as iniciais L.C.P gravadas em uma das pontas. Olho o caminho que Lysandre acabou de desaparecer e não consigo evitar o pensamento de que ele é gentil apesar da situação. O problema é só o efeito que ele tem sob mim... eu nunca teria deixado nem mesmo Viktor me limpar ou me consolar nesse momento em que eu estou com meu orgulho tão fragilizado.

Após alguns minutos tentando me recompor do que seja lá que tenha acontecido, cogito que já está seguro o suficiente para eu retornar ao meu dormitório. Forço meu corpo, apesar das dores, a fazer essa caminhada, tentando ao máximo me manter nas sombras e evitar os lugares movimentados.

Finalmente entro em meu quarto me sentindo acabada. Eu não vou para a aula hoje. Sem chance, eu preciso urgentemente de um banho de banheira e qualquer outra coisa que não sejam meus colegas agressores. Eu tenho orgulho, mas também tenho consciência.

Entro dentro da banheira e começo a me limpar com o chuveiro. O banheiro do dormitório é bastante espaçoso e até luxuoso, se tratando de um banheiro de internato. Tem essa banheira típica americana, que é a banheira junto com o chuveiro. Uma pia grande e moderna, um sanitário e dois armários, um em cada lado da pia. O da direita é meu e Rosa, que antes ocupava os dois, ficou (após várias reclamações) com o da esquerda.

Depois que estou satisfeita com minha limpeza, permito que a banheira se encha com água quente e pego alguns óleos de banheira de Rosa, antes de entrar e permitir que meu corpo finalmente relaxe. Só então pego meu celular e percebo que possuo várias ligações perdias, da Rosa, Alexy e até mesmo Viktor. Decido ligar para Rosa primeiro, já que tenho certeza de que Alexy estará com ela.

— Ei, Rosa. – digo ao telefone.

— Tessa! Pelo amor de todos os deuses, onde você está? Como você está? – ela pergunta desesperada ao telefone. – posso colocar no viva voz? Estou com o Alexy.

— Claro. Estou no nosso dormitório, acho que não irei para a aula hoje. Estou tomando um banho de banheira para ver se as dores aliviam um pouco. – digo tentando transmitir confiança, apesar de estar me sentindo o oposto de confiante.

— Realmente, acho melhor você não ir na aula hoje. Te encontramos no almoço? Eu e Alexy levaremos comida no quarto. – ela diz. Sorrio aliviada. Pensar em sair do quarto e encontrar a escola no almoço...

— Eu agradeceria muito se vocês puderem fazer isso, de verdade. – digo grata.

— Até daqui a pouco então! Aproveite seu descanso, no almoço conversamos. – Rosa diz e Alexy manda um beijinho no telefone.

Ok, Rosa e Alexy resolvido. Ligo para Viktor imaginando o que poderia estar acontecendo.

— Teresa Mikaela Chase, por que não atendeu meus telefonemas? Tem noção do quanto eu estava preocupado? – ele diz assim que atende.

— O que aconteceu, Viktor? – pergunto em tom de alarde. Ele poderia saber sobre o F4?

— Eu acompanho essa rede social da sua escola, a patricinha... o que aconteceu, Tessa? – ele pergunta. Sinto meus olhos se enxerem de água. Até de longe Viktor continuava tomando conta de mim.

— Ah, Viktor, essas pessoas são loucas! – digo e começo a chorar. Viktor era a única pessoa no universo que eu não me incomodava que me visse ou soubesse que eu estive chorando. Entre soluços narro para o Viktor o episódio com Castiel e a Debrah e o que tinha acontecido mais cedo.

— Ah, Teresa, o que posso fazer? Essas pessoas são malucas, nós devemos processá-las! – ele diz com raiva. Soluço mais algumas vezes antes de me recompor e Viktor fica tentando me consolar à distância e eu nunca desejei tanto que meu melhor amigo estivesse aqui.

— Eu vou ficar bem. Eu vou passar por isso, Viktor, eu só não sabia o que esperar hoje. Mas nem todos os quatro são tão ruins, na realidade acho que o problema é o Castiel...

— Eles são tão culpados quanto o Castiel por deixarem que ele faça isso. E a escola é totalmente estúpida por viver por esse idiota! – ele diz e consigo sentir sua raiva mesmo estando em outro país.

— Eu sei... Viktor, eu vou ver como lidar com isso, ok? As vezes eu consigo reverter essa situação.

Fico com Viktor por mais alguns minutos no telefone para assegurá-lo que já estou melhor e não preciso mais chorar. Quando desligamos, estou realmente me sentindo um pouco mais forte, existem pessoas que estarão ao meu lado enquanto eu tento buscar uma solução, como Rosa, Alexy e o Viktor da forma que ele puder.

Saio da banheira com os dedos já enrugados e avalio meu corpo molhado no espelho: estou completamente vermelha. Vários hematomas irão se formar, isso é certo. Quando escuto o barulho da porta se abrindo, visto minha roupa íntima as pressas e me cubro com um roupão antes de sair do banheiro.

— Tessa, vem aqui. – Alexy diz imediatamente me puxando com uma delicadeza surpreendente e me abraçando. Quase sinto as lágrimas voltarem, mas consigo manter a compostura. Rosa está ajeitando nosso almoço na mesa central de nosso dormitório e aceito com prazer o carinho de Alexy, sem notar o quanto estava precisando disso.

— Nos perdoe por não ter te ajudado mais cedo. Até tentamos convencer o pessoal a não fazer, mas haviam ordens escritas do Castiel de como deveria ser o primeiro ataque. Nós não participamos, mas intervir não iria funcionar também. – Rosa se desculpa e eu sorrio contra o peito de Alexy antes de afastá-lo.

— Está tudo bem. Em parte eu procurei isso, exagerei um pouco ao brincar com o Castiel, certo? E não quero que vocês se envolvam, não quero vocês machucados. – digo. Rosa se aproxima e me puxa para um abraço também. Acho que nunca fui tão grata por um contato na minha vida.

***

Depois do almoço, Rosa e Alexy retornam para a sala de aula e eu fico encarando o teto do dormitório. Combinamos de sair pela pequena cidade onde fica o internato após a aula hoje, já que é sexta feira e eu não tive a oportunidade de conhecê-la.

Quando o relógio marca que já estaria no segundo horário de aula resolvo sair um pouco pelo campus para esfriar a cabeça e ver os espaços onde poderei me esconder futuramente. Preciso ter alguma ideia para acabar com F4 e pedir perdão para o Castiel não é uma opção.

Acabo minha caminhada no campo de paintball da escola e resolvo que atirar parece algo extremamente calmante. Escolho uma arma pego algumas bolinhas azuis no refil, antes de me posicionar em uma das áreas de alvo.

Quando eu era pré adolescente vários policiais eram postos para me vigiar. Eles me escoltavam o tempo todo, esse foi um grande motivo pelos quais sempre tive dificuldade de ter amigos, todos tinham medo. Claro, com exceção do Viktor. Mas foram com essas escoltas e essas “babás” que convenci alguns a me darem aula de tiro.

Me posiciono com a postura perfeita que eles haviam me ensinado, mesmo estando completamente enferrujada nisso. Afasto meus pés o suficiente para me sustentarem bem e seguro a arma com as duas mãos antes de atirar.

Pego binóculo e encaro o alvo: acertei o quarto circulo dos cinco. Foi bom para um primeiro tiro depois de tanto tempo. E claramente não sou a única a pensar assim, pois logo ouço um assovio ao meu lado.

— Uau. Então quer dizer que além de lutar ela atira?- Kentin pergunta baixando o próprio binóculo. Sério, o problema é comigo que não presto atenção em nada e não vejo as pessoas ou elas que chegam tão sorrateiras? Ou isso é um super poder da F4? Por que, de verdade, só eles conseguem escapar dos meus sentidos.

Me viro assustada para Kentin e ele sorri alegremente para mim. Ele está com suas habituais calças do exército, mas está usando apenas uma camiseta preta, deixando a mostra o contorno de todos os seus musculos. Ele me encara e percebo que o verde dos seus olhos é reconfortante por se assemelhar com o de Viktor. Mas ali também tem uma malicia que meu melhor amigo não tem, e esses olhos na minha frente estão e divertindo comigo. Será que a F4 inteira me vê como algo engraçado?

— Não tem nenhum ovo para jogar em mim? – pergunto reunindo toda coragem que ainda resta em mim. Para minha surpresa, minha voz sai mais firme do que eu imaginava, já que por dentro estou me sentindo entrar no mesmo torpor que Lysandre me coloca. Será por que ele é incrivelmente lindo? Céus, eu não era superficial e banal assim antes de vir para esse internato. Ou é por que eu nunca havia visto uma beleza igual a desses quatro?

— Não gosto dessas brincadeiras infantis do Castiel. Se seu problema fosse comigo, transferida, ai sim te garanto que você estaria sofrendo. - ele diz casualmente. Sinto meu corpo ficar anestesiado enquanto ele se aproxima demais de mim. Será por sua beleza ou pelo medo? Ele parece um caçador e, nesse momento, eu sou a presa. — mas como não é... que tal melhorarmos essa mira? – ele pergunta e sinto um tom de voz sedutor em sua voz.

Fico paralisada enquanto Kentin se coloca atrás de mim. Ele apoia sua mão direita contra minha cintura e sua mão esquerda faz com que as minhas levantem a arma. Ele me coloca novamente de frente para o alvo.

— Vamos inspirar, certo? Faça uma pressão aqui enquanto trabalha a respiração. – ele diz. Eu estou tão entorpecida que só me lembro de respirar quando ele manda, pressionando minha cintura um pouco. Tenho certeza que ele está rindo de mim e da minha respiração nervosa. – mais uma vez, Teresa. – ele diz. Eu me forço a respirar e ouço sua risada em meu ouvido. Ele se inclina um pouco, fazendo com que eu me apoie sobre a arma e seus lábios agora estão bem próximos dos meus ouvidos. – agora atire. – ele diz, mas eu não consigo me mover. Ele ri novamente. – puxe o gatilho, Tessa. – ele diz meu nome com suavidade. Sua mão aperta a minha e eu puxo o gatilho.

— Eu... – começo a tentar dizer quando ele se afasta. Mas a diversão agora sumiu de seus olhos e está sério, completamente sério.

— Cuidado com o Castiel, transferida. Meu amigo está pegando leve com você. – ele diz e simplesmente vai embora. Meu transe passa e pego o binóculo para ver onde eu atingi do alvo.

Eu acertei o centro perfeito.  

***

Quando retorno para o dormitório, após vários tiros, mas nenhum perfeito como o que dei com Kentin, estou completamente em choque. Kentin e Lysandre não parecem ter problema comigo, mas aparentemente me veem como uma diversão. E eu nãosei bem o que é isso, já que sou bastante inexperiente, mas acho que o Kentin estava tentando me seduzir. Será? Só sei que os dois perto de mim conseguem me fazer agir como idiota e isso não é algo muito bom. Na verdade, isso é péssimo. Preciso tomar cuidado com eles.

Já está de noite quando Alexy aparece no meu dormitório para me buscar com Rosa. Estou bastante animada para tentar esquecer a loucura que foi meu dia e conhecer a cidade parece algo bastante divertido.

— Eu dirijo! – Rosa cantarola assim que vamos para o estacionamento.

— Mas da ultima vez que você dirigiu, você quase bateu o carro.- Alexy protestou.

— O importante é que eles não cortaram minha carteira. Anda.- Rosa diz pegando meu braço.

Saímos do internato sem nenhum problema. Por ser fim de semana, grande parte dos alunos vai para suas casas ou saem para jantar. Então, decidimos ir para um restaurante de comida italiana já que Alexy estava com vontade de comer maças. Resolvo que é a hora perfeita para tirar uma duvida que já estava martelando a um tempo na minha cabeça.

— Gente, a Debrah tem alguma ligação com o Castiel?- pergunto. Rosa e Alexy se entreolham como se esse fosse um assunto muito perigoso.

— Esse é um dos motivos pelos quais a odiamos. Ela já foi a namorada do Castiel. - Alexy diz. Ele diz com causalidade. Causalidade. Isso. Como se isso fosse normal. O Castiel é capaz de amar? E a forma como ele tratou ela...

— O que?- pergunto meio sufocada com a comida. Rosa consente séria.

— Mas essa é uma das piores histórias. Ela seguia o Castiel para todos os lugares, tipo, todos mesmo. Era a maior stalker do mundo. Um dia ele sentiu piedade dela e resolveu dar uma chance para o "amor incondicional" que ela sentia por ele. Os dois começaram a namorar e a Debrah começou a ganhar muito status e até virou meio amiga dos outros membros da F4.— Rosa conta. – estava tudo indo bem até... bom, a Debrah traiu o Castiel.

—  O que? A Debrah traiu o Castiel?- perguntei chocada.

— Exatamente. Ela o traiu e quando ele foi contestar com ela, ela esnobou ele na frente de toda escola. Todos achavam que ela levaria um F4, óbvio, mas eu nunca vi o Castiel tão bravo, tão desolado. Então ao invés de colocar a escola contra ela, ele se colocou contra ela. Deve ser a única pessoa que a F4 realmente despreza com todas as forças. - Alexy completou.

— E ao que parece vocês também. - digo.

— A Debrah... eu vi o estado do Castiel. Traído. Humilhado. Tinha sido a primeira vez que ele tinha aberto seu coração. Ele realmente gostava dela, ele se tornou vulnerável para ela. Mas acho que foi a última vez que ele fez isso para qualquer um na vida. Depois disso o nível dos F4 se agravou bastante. – Alexy conta.

— Exato. E o nível da Debrah é baixíssimo. Ela é mais uma piranha, uma vadia do que qualquer outra coisa. - Rosa diz.

— Por isso o olhar de desprezo dos meninos quando ela caiu no chão. – digo refletindo. Agora a expressão deles realmente fazia mais sentido.

— Mas você ainda é amiga dela. - Rosa diz. Brinco meio sem graça com o anel no meu dedo e a encaro.

— Eu não sei como ela era, mas ela não é uma má pessoa. – digo sem ter muita certeza agora. Mas Debrah nunca me deu razões para desconfiar dela.

— Tem razão. É uma pessoa terrível. - Alexy diz e percebo que o clima na mesa ficou extremamente tenso.

— Desculpem falar desse assunto. O que vocês querem fazer agora?- pergunto tentando reanimar a conversa.

Alexy começa a falar, mas a porta do restaurante é aberta brutalmente e pelo menos 10 das pessoas da escola entram. Eles examinam o lugar e começam a andar em nossa direção. O F4 me veio me perseguir até aqui na cidade. Claro, eu não estive presente durante o dia para eles me sabotarem, então agora irei pagar o preço.

— Rosa, Alexy. Saiam daqui. - digo com calma.

— O que?- eles perguntam, mas os dois seguem me olhar e compreendem imediatamente.

— Por favor, eu vou ficar bem. Onde eu encontro vocês?- pergunto.

— Eu vou para casa e a Rosa vai te esperar no internato. Certeza que não quer nossa ajuda...- Alexy começa a perguntar, mas o interrompo.

— VÃO!- digo.

Alexy e Rosa me olham com piedade antes jogarem  uma nota de $20 na mesa e irem embora. Observo-os partir enquanto o grupo de estudantes se aproxima sendo liderado por Ambre. Eles param em frente a minha mesa e me encaram de cima abaixo.

— Você consegue sentir esse cheiro, Charlie?- Ambre pergunta a sua amiga.

— Nossa... que fedor.- Charlotte cobre o nariz com a mão.

— Esse cheiro até que me é familiar. Parece...- Ambre fica calada.

— Não é o cheiro de um trapo?- Lin pergunta. Fico calada à medida que dois garotos seguram o meu braço com força e começam a me levantar para fora do restaurante, pela porta de serviço.

— Me deixe em paz, Ambre.- digo.- andem, me larguem.- digo. Tento me libertar, mas estou completamente imobilizada pela força deles que gerará mais um hematoma em minha pele.

Fora do restaurante, eles me arremessam contra as latas de lixo apoiadas ali e absorvo o impacto em silêncio. Eles me avaliam de cima abaixo, fazendo uma barreira para que eu não pudesse sair.;

— É exatamente esse cheiro podre, Lin. Sabe por quê? Nós temos um trapo bem aqui. É exatamente isso que você é, mulher maravilha. Você é um lixo, um trapo. Uma transferida que deve ir embora. - Ambre diz.

Antes que eu pudesse processar o que iria acontecer, sinto um jato de água contra minha cara. E juntamente com o jato, sinto vários panos serem arremessados contra mim. O cheiro tanto dos panos quanto da água é tão forte que começo a lacrimejar com o fedor, e em um último desespero tento cobrir meu rosto e as partes vulneráveis, assim como fiz mais cedo. Mas  a pressão dos jatos é forte demais e não consigo ficar parada nem segurar os gemidos de dor.

Será que esse é o forte do Castiel que o Kentin havia comentado? Só sei que mal consigo sentir meu corpo de tanta dor, mas eu não irei dar a satisfação de me verem cair.

— Isso é tudo?- pergunto meio rouca, forçando ao máximo para impedir que percebam que a água no meu rosto não veio apenas dos jatos.

Eles começam a rir mais alto e sinto jatos de água ainda mais fortes contra mim. Quando finalmente solto um grito de dor eles param. Ainda rindo eles se afastam e me deixam ali, completamente derrubada e dolorida.

Fico no chão durante um tempo, incapaz de me mover. Droga, a conta. Eu não paguei a conta toda do restaurante ainda. Com esforço me coloco de pé e encaro meu reflexo molhado na tampa da caçamba ao meu lado. Esqueça Teresa, você é melhor que isso. Você não é um trapo e não deixará que eles a façam pensar que é. Sentir dor é humano, não se sinta mal por ter gritado por isso. Você consegue, vamos lá.

Entro cambaleante dentro do restaurante jogo em cima da mesa uma nota de $100, ao lado da nota de Rosa e Alexy. O garçom começa a vir na minha direção, mas faço um sinal para que ele pare.

—Apenas fique com o troco.- digo. Minha voz sai tremida.

Enquanto ando pela rua as pessoas me observam como se eu fosse um louca. Outras me desprezam como se eu fosse um mendigo. Eu sei que esse não é o máximo de Castiel, que na verdade é apenas o inicio e odeio admitir que eu realmente estou com medo do que virá a seguir.

Ainda estou andando cambaleante, quando avisto uma figura conhecida. Lysandre está parado em frente a um outdoor da modelo Nina Lanna. Nina é incrivelmente linda, com cabelos loiros e algumas mechas lilás. Ela sempre foi uma pessoa que eu admirei por ser inteligente e linda ao mesmo tempo. Ela era tão bonita quanto poderia te destruir no tribunal. Com certeza, uma espécie de ídolo para mim.

Fico observando Lysandre enquanto ele toca o outdoor com cuidado. Ele se aproxima ainda mais e quando me toco ele está abraçando o outdoor. Calma, que?

— Você parece gostar mesmo dela. - digo me aproximando. Lysandre da um pulo surpreso antes de se virar para mim. Fico feliz por dessa vez não ser a F4 me surpreendendo e sim o contrário. Ele não parece muito surpreso pelo meu estado, mas me encara em silêncio.- eu a admiro muito. – digo. Droga, minha voz já estava tremida, mas o transe que ele me causa só piorou tudo.

— Verdade?- ele pergunta parecendo interessado.

— Ela é diferente. É a prova de que pessoas bonitas podem ser inteligentes. Às vezes me imagino dessa forma, mas estou longe disso. - digo me aproximando o outdoor. Certo, pasei de menina gaguejante para falante quando estou perto dele.

— Não está tão longe assim. - Lysandre diz sorrindo de lado. Sinto meu rosto ficar vermelho enquanto desvio o olhar e ele solta uma risada sonora.

— As pessoas às vezes subestimam a capacidade dela. – continuo tentando me controlar para não ficar sem graça. - eu acho que ela ainda será alguém muito melhor do que as pessoas pensam. Será muito mais do que o status de modelo que ela tem ou o status promovido pelos pais. - digo. Os pais de Nina eram conhecidos nacionalmente pelo escritório enorme deles. Sei disso, pois eles têm várias filiais no próprio Canadá.

— Ela é apenas uma modelo. - Lysandre diz neutro voltando a encarar o outdoor.

— Mas ela é capaz de mais. - digo sorrindo. - aposto que vai se casar com alguém super famoso. Um presidente ou talvez o herdeiro de uma monarquia. – digo e Lysandre suspira.

— Eu já te disse para não julgar as pessoas antes de conhecê-las. - ele diz parecendo estressado.

— Eu... certo. Acho que vou voltar para o internato agora. – digo ficando completamente sem graça. Por que eu falei demais? Odeio esse efeito da F4 sob mim.

— Você é louca? Eles estão esperando você voltar para lá para continuarem. Você não tem nenhum amigo pela cidade? - ele pergunta.

— Fora você? Acho que... você pode me levar para a casa do Armin?- peço. Lysandre quase engasga com o ar.

— Armin?- pergunta surpreso. - Eu não sabia que vocês eram amigos. - ele diz voltando com a postura.

— Na verdade eu nunca conversei com ele. Mas sou amiga do irmão dele. Então pode me levar lá? - peço. Lysandre fica um pouco pensativo, mas concorda com a cabeça.

— Vamos. - ele diz.

Sigo Lysandre em silêncio enquanto vamos para a rua onde tem uma moto estacionada. Nunca entendi muito de motos, mas ela é bem bonita. Lysandre costuma usar cores como branco, cinza ou preto, por isso não me surpreendo pela moto ser branca. Ele me estende um capacete enquanto coloca outro e não consigo deixar de pensar se ele havia planejado isso já que estava com dois capacetes. Pare, Tessa, sua idiota iludida.

— Segure firme. - ele diz enquanto sobe na moto e eu subo logo atrás. Passo a mão pelas suas costas e seguro em seu abdome quando ele acelera. Rezo para todos os deuses para que eu não fique tão entorpecida com o efeito dele sob mim e acabe caindo.

Eu nunca imaginei que Lysandre andaria de moto, mas não o conheço o suficiente para isso. Na realidade acho que não o conheço nada. Apesar de eu ainda estar meio fraca devido ao ataque que sofri e estar fedendo, Lysandre parece não se importar e os deuses parecem ter ouvido minhas preces, pois eu não cai.

Ele finalmente para em frente a uma mansão enorme. É tão grande que deve ser pelo menos dois terços da escola. Lysandre desce da moto com naturalidade e espera um pouco para que eu o siga.

— Alexy está em casa?- ele pergunta.

— Ele me disse que viria para cá. - digo. Lysandre caminha até o portão e toca a campainha.

— Rodrigo? É o Lysandre. - ele diz para a campainha. - Alexy também está?- ele espera mais um pouco. - sim, vou entrar. Obrigada. - ele diz.

— E ai?- pergunto enquanto ele vem na minha direção.

— Eu vou entrar com você, Armin também está em casa. - Lysandre diz. Sinto um nervosismo. Uma coisa era eu encontrar o Alexy, outra muito diferente era estar na presença de dois garotos da F4 sendo que recebi um F4 hoje. Já basta meu contato bizarro com Kentin mais cedo.

— Realmente?- pergunto.

— Eu preciso trocar de roupa. As minhas estão fedendo por causa de um pequeno incidente. - Lysandre diz erguendo a sobrancelha para mim. Sinto meu corpo inteiro ficar quente e abaixo a cabeça, coisa que eu jamais me imaginei fazendo para qualquer um da F4. Bom, pelo menos para o Castiel eu realmente nunca farei.

— Desculpa. - peço.

— Não precisa se desculpar. É apenas que tenho que sair hoje, se não eu não reclamaria. Agora vamos. - ele diz fazendo sinal para que eu vá na sua frente.

Caminho pelo vasto jardim da mansão de Alexy...  é tão estranho pensar assim. Mansão do Armin faz mais sentido. Quando chegamos à porta da casa, Armin aparece com um sorriso enorme, me encarando como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

— Mulher maravilha, creio que veio ver meu irmão.- ele diz.

— Onde ele está?- pergunto. Não quero que Armin chegue perto demais para exercer alguma influência anormal de garoto bonito sobre mim.

— Que cheiro é esse? Não me diga que foi obra do Castiel.- ele diz e percebo que é tarde demais para evitar. Seus olhos azuis estão ali me fixando. Sinto minhas pernas ficarem bambas e percebo que quero que Armin nunca mais desvie o olhar. E a intensidade que ele transmite no momento me faz pensar que ele mesmo nunca mais quer desviar.

— Não conhece as artimanhas do seu próprio amigo? – me forço a dizer por cima do transe. Isso parece deixar Armin ainda mais interessado e ele ri, ainda sem desviar o contato visual de mim.

— Tem razão. Só é engraçado ver você falando. Mas agora, não me diga que te atacaram também, Lysandre?- Armin diz finalmente e infelizmente acabando com nosso contato visual.

— Eu dei uma carona para ela. Desculpe não ter ligado antes. - ele diz.

— Sem problemas, entrem. - Armin diz me encarando mais uma vez antes de se virar e começar a andar. Lysandre passa na minha frente e segue o amigo. Eu vou logo atrás.

O hall de entrada é tão espetacular quanto o exterior que eu nem cheguei a explorar. Com uma escada que leva para o segundo andar de mármore e alguns sofás espalhados pelo longo cômodo, um tapete que parece persa, tudo é simplesmente luxuoso e perfeito.

— Tessa?- Alexy chama no topo da escada. - bem que eu achei estranho o Lysandre ter perguntado por mim. Meu Deus!- ele disse se aproximando. - o que aconteceu com você?

— N-não é nada, Alexy.- digo. Eu não vou vacilar na frente de Armin e de Lysandre.

— Anda, vamos para o meu quarto. - ele diz.- Obrigada por trazê-la, Lysandre.- Alexy diz de uma maneira muito cordial.

— Não foi nada. Ao que parece você é o único amigo que ela tem na cidade, além de... mim.- ele diz segurando o riso. Como sempre, sou sua piada particular. Talvez nem tão particular já que a F4 parece achar graça de mim.

— Ah, certo. Vamos, Tessa.- Alexy diz me puxando escada acima.

Entramos em uma das primeiras portas do longo corredor com pressa, enquanto Alexy me examina de cima abaixo com pena. Ele corre para seu guarda roupa e me joga algumas roupas enquanto observo o quarto decorado com uma mobília simples. Deve ser um quarto de hospedes da casa.

— Vai ficar meio grande em você, mas voltar no internato hoje vai ser suicídio. Anda, vai tomar um banho enquanto eu ligo para a Rosa. - Alexy diz pegando o celular e saindo do quarto.

Pego o que Alexy jogou na cama: uma toalha de banho, uma camiseta verde e um short de ginástica masculino azul. Deve ser uma das poucas camisetas lisas do Alexy. Ligo o chuveiro e fico um tempo esperando a água esquentar, enquanto observo minhas roupas no chão, como um trapo. "Você é um lixo, um trapo."

Eu sei que não sou nada disso, sou algo muito superior a Ambre e suas amigas, do que a escola inteira, mas ainda assim duvido que alguém goste de ser tratado dessa maneira. Mas ainda assim, seja forte, Teresa. Você consegue. Você tem apoio, está com o Alexy agora. Até mesmo o Lysandre, o Armin e o Kentin parecem te ajudar um pouco.

Depois de um banho demorado, visto as roupas e a camiseta fica enorme em mim. Visto o short de ginástica que fica folgado e batendo um palmo abaixo do meu joelho. Saio do banheiro e não encontro Alexy no quarto. Tiro a toalha de meu cabelo e pego uma escova, o desembaraçando enquanto desço as escadas.

— Senhorita? O senhor Alexy está naquele cômodo. - um mordomo diz me dando um susto.

— Obrigada. - digo.

Sigo para o cômodo que me foi mostrado, e abro aporta que revela o melhor salão de informática do mundo. A sala inteira é quase coberta por televisões, computadores e os mais diversos aparelhos eletrônicos. Olho admirada os vários aparelhos que eu nem sabia que já haviam sido colocados no mercado,mas minha atenção é voltada para a voz que me chama.

— Tessa? Saiu do banho? Eu estou aqui. - Alexy me chama em um canto da sala. Armin está jogado em uma poltrona com um controle de Xbox na mão em frente a maior tela de toda a sala. Ele se vira para mim quando passo por ele indo em direção a Alexy e acabo o observando por reflexo. Ele está sem camisa, esbanjando um corpo perfeito, usando apenas um short de moletom. Deveria ser crime deixarem pessoas bonitas assim à mostra. Nossos olhares se encontram e como mais cedo, sinto muita dificuldade de desvia-lo, mesmo havendo outras partes bastante interessantes de seu exposta.

— O Lysandrejá foi embora, mas pediu para eu ver se você estava bem. Devo avisar a ele que você não é nada sexy com um short masculino?- Armin pergunta devolvendo meu olhar com a mesma intensidade. Sinto meu corpo ficar quente novamente e quase gaguejo para responder.

— Acho que isso não é necessário. – digo.

— Mas a blusa gigante? Muito maneira. Você devia adotar como seu uniforme de combate. - ele sorri de lado. Sinto-me ainda mais sem graça. Nossos olhares ainda não se desviaram e o silêncio me lembra que agora é minha vez de falar alguma coisa.

— Vou pensar na sua sugestão. – digo. Ele ri e faço força para interromper nosso contato visual e ir para Alexy, me sentindo completamente bamba por seja lá o que isso tiver sido. Os membros da F4 realmente estão parecendo um perigo para mim.

— Acho melhor você ler isso, Tessa.- Alexy diz encarnado seu celular enquanto me aproximo.

“ Queridos leitores e estudantes do internato Sweet Amoris. Hoje foi feita uma descoberta fantástica. Após um incidente essa noite, encontrei com uma estudante de minha escola saindo de uma clinica de maternidade. Com minhas duvidas, investiguei e confirmei minhas suspeitas. Vamos chamar nossa companheira de estudante M&M, certo? Nossa querida companheira M&M está grávida. Volto amanhã com maiores informações sobre quem ela é."

— Estudante M&M está grávida?- pergunto confusa. - M&M tipo o chocolate?- pergunto ainda sem entender o que isso tem haver comigo.

— Acho que não- Armin diz, agora vidrado no jogo.- Não seja tão lerda, Teresa. Sei que você é melhor que isso. – ele diz ainda sem me encarar. Será que eu sobreviveria a outra encarada do Armin? E por que eu arrepiei quando ele disse meu nome? Acho que eu simplesmente não estou acostumada com a presença de meninos bonitos.

— M&M quer dizer mulher maravilha, Tessa.- Alexy diz.- eles estão falando de você.


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Notas finais do capítulo

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—Detoni