– Dude, o que acontece que você e a K estão distantes hoje? – Duca perguntou quando estávamos longe dos outros.

– Eu pedi um beijo pra ela, man. Um beijo na boca, ela ficou furiosa.

– Você fez o quê? – Ele deu um gritinho, parecendo uma mulher.

– Ai meu ouvido, porra!

– Desculpe. Mas e depois?

– Depois nada, o Cobra chegou lá no quarto e ela saiu. Ela tá com raiva, nem me olha. Preciso pedir desculpas.

– Você devia dizer o que sente. Eu sei que você gosta dela, man.

– Ficou maluco? – Eu ri – Somos amigos e nada mais.

– Por que pediu um beijo pra ela então?

– Porque... porque sim.

– Porque você está gostando dela. Pode falar, Pedro.

É, talvez eu devesse dizer pra alguém a verdade. Eu estava sentindo algo por K, mas ainda não sabia realmente o que era. Era confuso.

– Eu não sei, Duca. Eu me sinto bem quando estou com ela, eu gosto do jeito como ela sorri, o jeito como ela fica quando está com vergonha, o jeitinho de criança que ela tem. Ela é tão fofa, tão menininha e ao mesmo tempo tão mulher, tão hot... Eu não sei definir o que eu sinto.

– Você está gamadinho na K, meu amigo. –Duca deu um tapinha em minhas costas e bebeu um pouco de sua cerveja.

– Não posso... Mas ela me atrai de um jeito, creio eu.

– Você está gostando dela, fala pra ela. Ela precisa saber.

– Depois de hoje, Duca? Ela negou o beijo, o que significa que só está interessada em ser minha amiga.

– Talvez ela tenha pensado que você estava brincando.

– Acho que não, acho que, apesar de tudo, ela ainda ama o tal Victor.

– Mas você, meu caro, pode fazer ela esquecê-lo de uma vez por todas.

– Você tá esquecendo de uma pessoa.

– Quem?

– Cobra. – Olhei em direção a Cobra, que abraçava K. Eles riam juntos – Ele gosta dela.

– O Cobra tá de palhaçada. Ele curte a K, mas não é nada sério. Já o seu caso... É amor.

– Desde quando você virou analista sentimental? – Eu ri.

– Só estou querendo te ajudar. Por isso digo para que fale com ela sobre seus sentimentos.

– Não sei.

– Posso dizer uma coisa? Minha humilde opinião.

– Diz.

– Eu acho que ela tem uma quedinha por você

– Tá maluco? – Eu ri - Ela não me vê com outros olhos.

– Você que pensa. Chega junto, Ramos, mas não com essa palhaçada de me dá um beijo.

– Quer que eu faça o quê então?!

– Beije-a! Vá à luta, dude.

– Hã?

– Tu é burro, hein man! Conquista a garota, chama ela pra sair, como quem não quer nada. Ah, você sabe fazer isso, né Pedro.

– Acha que vai dar certo?

– Certeza.

– E o Cobra?

– Fala com ele depois. Não vão brigar por uma garota, né. Vocês são amigos, explica a situação pra ele.

– Vou fazer isso mais tarde.

– Por que vocês estão aí de segredinhos, hein? – Bi chegou perto de nós e abraçou Duca.

– Papo de homem. – Eu disse, e saí pra pegar um cerveja.

Pedrol’s POV off

– Sai Cobra, você é tão chato. – Eu ria enquanto Cobra me fazia cócegas.

– Sou chato, é? – Ele me fazia mais cócegas, sem parar.

– Tá, tá, você é... Super... Legal... E eu te... Amo. Agora para... Por favor. – Falei, entre muitas risadas. Minha barriga doía já.

– Tudo bem, eu paro. Você foi uma boa menina agora. – Ele riu, depois me pegou no colo e pulou na piscina comigo.

– COBRA! – Eu gritei. Sorte que já estava de biquíni.

– Tá calor. – Ele riu, e eu comecei a dar soquinhos nele, de brincadeira.

– Hoje vocês estão, hein... Animação a mil. – Bi passou perto da piscina, rindo para nós.

– Só estamos aproveitando a vida.

– Eu estou com fome, e não consigo aproveitar nada com fome. – João reclamou.

– Já vão servir o almoço, João, tenha calma. Mande suas lombrigas esperarem – Pedro disse para o amigo.

– Ei, eu não tenho lombrigas.

– Acho que tem sim, hein. – Bi riu.

Poucos minutos depois estávamos almoçando à beira da piscina. O almoço estava ótimo, nós falamos muita besteira, falamos sobre várias coisas e, como sempre, foi divertido estar ali com eles.

– Gente, eu acho que vai chover. – Bi comentou, olhando para o céu, e logo depois escutamos um trovão.

– Ah! – Eu gritei - Tenho medo.

– Uma mulher desse tamanho com medo de trovões? Que vergonha, hein K.

– Não liga pra ele, K. Mês passado o Duca quase mijou nas calças por causa de um trovão de nada.

– João, você disse que não ia contar pra ninguém.

– Desculpe, dude.

– Vocês vão ficar aqui? Eu vou trocar de roupa, antes que a chuva venha pra cá e molhe todos nós, e assuste uns e outros. – Bi olhou para mim e para Duca.

– Tá vendo, manchou minha reputação de macho com a Bi.

– Uma hora ela ia descobri, meu bem. – João falou de um jeito engraçado e fazendo gestos.

– Vamos todos pra dentro de casa, ninguém vai querer ficar na chuva, né. – Disse Cobra.

– Só o maluco do Pedro que gosta de tomar banho de piscina na chuva. Mas, como eu disse, ele é maluco.

– É gostoso tomar banho de piscina na chuva, ok Duca?

– Então fica aí e pega um resfriado. Eu vou correr, já está chuviscando. – Bi saiu, saltitando igual a uma perereca com medo da chuva. Duca foi atrás dela e logo depois João.

– Eu quero ficar aqui sentindo cheiro de chuva, é tão bom. – Falei, olhando para Cobra. Pedro estava distante de nós – Fica aqui comigo?

– Claro, K.

– COBRA. – Duca gritou. - Vem aqui.

– O que foi?

– Vem aqui urgente, o João grampeou o dedo de novo.

– Agora?

– É, vem aqui logo.

– K, eu já volto pra ficar com você, espera. – Cobra deu um beijo em meu rosto e saiu correndo. Eu comecei a rir pensando em João com o dedo grampeado. Que tipo de pessoa faz isso?

– Ele sempre faz isso. – Ouvi uma voz perto de mim. Era Pedro, claro.

– Sai Pedro, estou chateada com você ainda. Sua brincadeirinha não teve graça.

– K, desculpe. Não foi minha intenção.

– A gente não pode brincar com isso de sentimento.

– Mas eu só pedi um beijo.

– Aí é que tá. Pra você, um beijo é só um beijo. Pra mim, tem sentimentos envolvidos.

A chuva começou a cair fortemente e os trovões agora eram constantes. Cobra não havia voltado.

– Pra mim também tem sentimentos envolvidos. Mas me desculpe, não quero que fique chateada comigo.

– Eu gosto muito de você, Pedro, somos amigos e...

– Eu também gosto muito de você, K, muito mesmo. Você é a minha princesinha e sabe disso. Sei também que somos amigos.

– Somos melhores amigos.

– Então, não fica com raiva de mim.

De repente, ouvi um trovão. O barulho foi tão alto que me fez abraçar Pedro, em um ato totalmente espontâneo.

– Ta com medo, é? – Ele riu baixinho e me abraçou – Ainda tá com raiva de mim?

– Não, Pedro. – Ouvi outro trovão mais forte ainda – Tô com medo.

– São só trovões, K. Eu estou aqui. Você não queria sentir o cheiro de chuva? Vamos pra chuva.

Saímos da parte coberta onde estávamos e ficamos na chuva. Os pingos eram grossos e muito gelados, e eu ainda estava abraçada a Pedro.

– Tá gelado demais. Vou ficar resfriada. – Pedro fazia carinho na minha cintura.

– Não vai nada, isso faz bem pra saúde.

– Não sei disso não, hein.

– K...

– Oi?

– Você já beijou alguém na chuva?

– Não, e você?

– Eu já. Quer saber como foi?

Fiquei em silêncio.

– Quer?

– Quero, como foi?

– Bom. Mas sabe, não havia sentimento de verdade. Teria sido melhor se fosse com...

– Com quem?

– Com você.

Eu o olhei sem entender, seus olhos penetrantes me encararam e era como se tudo pudesse ficar bem só de olhar para aqueles lindos olhos. Uow, o que é isso? Eu fiquei quieta, e então Pedro resolveu passar seus lábios pelos meus, mas eu continuei quieta.

– Me dá um beijo, K? – E então, pela segunda vez no dia, eu beijei sua testa.

– Não na testa.

– Onde então? – Me atrevi a perguntar. Parecia que a cena do quarto ia se repetir, só que dessa vez algo diferente iria acontecer.

– Você sabe.

– Fala então, pra eu ter certeza.

– Depois de todo esse tempo você ainda não tem certeza de que eu quero os teus lábios nos meus?

Coloquei meus braços ao redor do pescoço de Pedro, ele aproximou seu rosto do meu, nossos narizes roçaram um no outro e ele sorriu. Eu fiz o mesmo. Ele puxou meu lábio de leve e aconteceu o que talvez devesse ter acontecido mais cedo em seu quarto: nós nos beijamos. Pedro colou nossos corpos, eu fechei os olhos, apenas sentia a chuva caindo sobre nós e uma onda de calor em meu corpo me dominava. Era estranho, era bom, era o efeito de Pedro sobre mim, e eu sinceramente estava gostando disso. O beijo conseguia reunir vários sentimentos, várias emoções. Eu não sabia ao certo o que estava sentindo...

Pedro parou o beijo e eu soltei um gemido em reprovação. Eu queria continuar, então selei nossos lábios mais uma vez e ele pareceu surpreso por um instante, mas logo depois retribuiu ao beijo com vontade. Eu não sei o que deu em mim, só sei que o beijo dele era bom e eu queria mais.

– Não... – Falei baixinho quando ele separou nossos lábios pela segunda vez.

– Eu estou sem ar, K. – Ele riu.

– Você não queria beijo? Então! – Eu dei um selinho demorado nele.

– Foi melhor do que eu esperava. – Ele sorria, todo perfeito.

Ainda chovia, estávamos encharcados, mas eu não ligava.

– Acho melhor entrarmos. – Pedro me olhou.

– O que vamos fazer agora?

– Eu estou com fome, e você?

– Não Pedro, digo... Em relação a nós dois.

– K, eu estou gostando de você. De verdade, e realmente queria que você sentisse o mesmo. Só quero ficar com você, ao teu lado. Eu te amo. – Ele sussurrou a última parte.

– Pedro... Eu estou confusa. Esse beijo... E nós... É...

– Não fala nada, não precisa. Você pode pensar o quanto quiser, só não quero que as coisas mudem entre nós. Não suportaria ficar longe de você.

– Own, coisa linda. – Eu sorri feito uma boba. Será que eu gostava de Pedro do mesmo modo que ele gostava de mim? Estaria eu pronta pra um novo relacionamento e esquecer de vez Victor? Talvez eu devesse dar uma chance a mim mesma, uma chance a Pedro.