O enterro acontece próximo da cerejeira, acompanhado de uma música de violinistas. Os músicos dão uma pausa quando avisados que os discursos iniciarão. O dia radiante não é apreciável ao grupo de pessoas o qual escuta o discurso de Kizashi Haruno, um homem otimista cujo instante despenca-se em lágrimas, no entanto, um sorriso gruda-se ao narrar suas lembranças mais preciosas de Sakura:

— Quando minha filha deu os primeiros passos, fiquei feliz por registrar em vídeo cassete. Quando começou a comer sozinha, se sujando toda... o primeiro banho de chuva e seu banho de lama, com ajuda do galo de estimação. - Aperta os lábios, prossegue:

— ela foi diagnosticada com seis anos, desde então começou minha luta, ao lado da mulher que amo. - O sofrimento em sua voz evidencia seu esforço em falar sobre tais recordações:

— Sakura, muito esperta, entendeu que possuía algo de ruim dentro de si, ela mesma começou a fazer as tarefas de casa, cuidava bem do quarto e dizia: “Papai, não quero brinquedos ou bolo de aniversário, isso é pra comemorar festa de criança chata”, hoje sei que ela apenas não queria gastar nosso dinheiro... - Respira profundamente para ter condições de continuar:

— vou comemorar o aniversário dela, mesmo se deixá-la com raiva, onde quer que esteja! Sakura! - o homem não pode entregar sorrisos à filha, não naquele momento. Sussurra colocando a mão no peito:

— Papai te ama, vou ler sua carta todas as noites, enquanto viver.

Sasuke deve ser o único a querer ouvir mais de Kizashi, no entanto, o senhor Haruno sabe do quanto de tempo está tomando e ninguém se postará a interrompê-lo. Além da família Uchiha e da família Hyuuga, o público se restringe a conhecidos de Konoha e poucos familiares. Ao todo não passa de trinta e duas presenças, fora as crianças. Mebuki sobe no pequeno palanque de madeira construído, e tem sua mão segurada pelo marido. 

— Meu amor não pode ser descrito. - Começa a senhora Haruno, séria:

— se tenho um arrependimento, foi ter sido tão severa com Sakura. Uma parte minha acreditava que mantendo-a perto de mim, ela chegaria até os trinta anos. A cada começo de ano eu pedia: Só mais um ano. - Aperta mais forte a mão do marido:

— ela foi um passarinho de asa quebrada, cujo sonho era voar. Fugiu da gaiola, voou por pouco tempo, mas foi feliz.

Mebuki quis dizer mais, porém pensando por uma segunda vez, decide encerrar ali. Com seu marido deixa o pequeno palanque. A família Uchiha senta na primeira fileira. Mikoto Uchiha usa grandes óculos escuros e um chapéu de aba longa cujo véu preso desce até os ombros. Seu corpo esguio e formoso esconde-se sob um vestido negro de tecido bem fino. Entrelaça seu braço ao do marido, Fugaku, que assim como os outros homens, está roupa social preta. O casal Uchiha compartilha a dor do filho mais novo. Itachi ao lado dos pais, espia o irmão pelo canto dos olhos, nota o lugar vazio ao lado de Sasuke, indaga-se onde estará Naruto.

*****#####*****

Sasuke senta debaixo da cerejeira. Observando os galhos. Tentando lembrar onde exatamente Sakura subiu no dia que lhe atirou pedras. Repousa as costas no tronco e estende suas pernas na grama. Uma pétala da árvore pousa sobre sua testa. Segura-a levando até em frente das narinas. Suga o cheiro, de uma forma a parecer que o sugará todo. Seus dois amigos se aproximam. Naruto vestido todo de laranja e Hinata com um vestido preto.

— Vai ficar aqui até quando? Sasuke? — sobe o olhar para a árvore. E fecha os olhos. Apreciando o cheiro da cerejeira.

— É o perfume da Sakura-chan. — Hinata sorrir ao sentir.

— É uma cerejeira. Foi onde eu a conheci. — Sasuke revela para a Hyuuga. 

— Sakura-chan deixou o nariz dele acabado. — Naruto gargalha. 

— Ela te deixou com o olho roxo. — Sasuke revida. 

— Não estou com vontade de discutir qual é pior. - Naruto senta sobre a grama. Hinata continua de pé. Ele a abraça pela cintura:

— e aí teme? Vai ficar aqui até de noite? — Naruto ainda quer saber quando o amigo sairá dali. 

— Depois que todos os convidados partirem eu vou. — Sasuke responde.

Os três se silenciam. Hinata começa a fazer carinho nos cabelos loiros. O Uzumaki quer sentá-la, mas ela se recusa.

— Droga. - Sasuke se ergue de repente. Cerrando os punhos. Expressa fúria:

— o que essa mulher faz aqui?!!

Naruto também se levanta quando avista mais alguém vindo em direção da cerejeira. Expressa tanta fúria quanto o amigo Uchiha.

— Q-quem é?

Hinata pergunta se apoiando atrás do Uzumaki. Tsunade Senju está devidamente vestida no padrão para um enterro. Toda de preto. Ela para a três passos do trio de amigos.

— Ora, ora e ora. No funeral só tem chá e café. Se quer álcool pode ir ao bar no fim da rua. Mas ele só abre às seis em ponto.

Tsunade está de óculos escuros. Quando ela os retira exibe suas olheiras profundas. Ignora a provocação do Uzumaki e compartilha com as crianças:

— Shizune me deixou depois daquele dia, quando me procuraram em Suna. Ela desistiu de mim e recordei os anos que passamos juntas. Quando éramos uma dupla. Com o tempo eu fui o centro das atenções- e- e ela não passou de simples ajudante. Eu achava que ela voltaria. Tem períodos que ela cansa de mim e vai embora. Mas normalmente não passam de três dias. E agora- já- já tem muitos dias. Dessa vez estou com medo de ela ter desistido de verdade. Está sendo torturante sem ela.

— A Sra. Iriyan não está aqui. — Sasuke cortante avisa. Agoniado com a presença da loira:

— foi ela quem conseguiu falar com os especialistas sobre o caso de Sakura. Depois disso não tivemos mais contato com ela.

— Se escutaram as informações dos especialistas, sabem agora que eu não poderia salvar a Haruno. Perdi meu irmão quando ele tinha a idade de vocês. Era minha única família além de Shizune. Vocês foram as únicas crianças mais persistentes que conheci, depois dele. Me lembraram ele tão vivamente. Fiquei com raiva por não salva-lo. Fui conhecida por fazer "milagres", mas todo meu talento não me permitiu salvar meu irmão.

— Acha que vou ter pena? – Sasuke crispa os lábios em seguida. Perde a paciência em continuar falando com a mulher:

— saia daqui! Não tem o direito de estar aqui!

— Você não acredita em mim?

— Nós acreditamos. - Naruto responde pelo Uchiha quem não possui mais condições de olhar pra médica:

— mas você não sabe o desgosto que nos causou naquele dia. PODERIA TER TENTADO!!! ISSO FARIA NOSSA AMIGA FELIZ! SAKURA-CHAN ADMIRAVA VOCÊ!!! PODERIA TER AO MENOS SE APRESENTADO PRA ELA!!!

O olhar quase morto da Senju ganha vida por um segundo. Vendo que das crianças, o Uzumaki é o que mais se parece com seu irmão.

— Sra. Senju. Não importa que não salvasse Sakura-chan. — Timidamente Hinata diz:

— se o que se conhecia sobre a senhora era mentira, poderia dizer a verdade de um modo mais educado. Poderia também fazer o seu melhor. Apenas por tentar já seria suficiente para agradar a Sakura-chan. Mas o que vimos naquele dia, de sua pessoa, destruiria o coração da nossa amiga. 

— E ainda sim, ela morreu, acreditando que você era uma boa pessoa. — Sasuke revela transtornado:

— mas a minha vontade era de revelá-la a verdade: Tsunade Senju é alguém sem coração. É um fracasso de ser humano. E agora descubro que é ainda pior. Transfere todos os seus problemas emocionais para ações e palavras hostis. E está aqui apenas porque está a procura da Sra. Iriyan. A única pessoa que teve paciência de santa para suportá-la. Mas até ela cansou de você, não?

Tsunade coloca os óculos de volta à face. As palavras no tom ácido do menino Uchiha lhe atingem ao ponto de até dificultar sua respiração. Decide deixar as crianças em paz e refaz seu caminho, enquanto suas lágrimas saem.

*****#####****

Os convidados foram embora da casa dos Harunos faz-se uma hora. A família de Hinata a espera para levá-la à mansão Hyuuga. Neji Hyuuga, um rapaz do mesmo porte de Itachi, espera a prima, segurando o volante. Nos assentos posteriores encontram-se Hanabi e Hiashi Hyuuga, respectivamente, irmã de seis anos e pai de Hinata. Naruto pousa o olhar sobre o imenso carro lustroso, pensando que trabalhará muito para ter um igual. 

— Naruto-kun, não quer vir comigo? - Hinata convida enquanto anda de mãos dadas com o loiro, a caminho do carro Hyuuga:

— posso convencer Neji-kun para você passar uma noite em casa.

— Não. Ainda não me dou bem com sua família e não aguentaria sua irmã pegando no meu pé, poxa, ela nem deixa a gente ficar junto um minuto sequer. – Naruto se refere à vez que foi conhecer os Hyuugas. Hanabi foi um grude.

— Ela só estava muito empolgada. Naruto-kun. Ela sabe que você me faz muito feliz, então ela já o adora muito.

— Vou tentar adorá-la também. Mas tá difícil.

Hinata rir.

— Os Uchihas querem me adotar. Mas eu ainda tenho esperança de achar alguém da minha família biológica. 

— Por causa de Sasuke-kun e do Sr. Itachi, a família Uchiha está sendo muito generosa com você. Naruto-kun. Tenho certeza que não se incomodarão se você não aceitar o sobrenome deles.

Naruto sente-se confortado. Depois, com Hinata dentro do carro, ele acena de modo geral à família Hyuuga no interior do veículo, antes de o primeiro dar a partida. Como esperado, Hiashi Hyuuga não corresponde. Já Hanabi acena bastante. Após o carro ir embora, o menino loiro se volta para a casa dos Harunos, onde Itachi junto aos pais de Sakura, esperam Sasuke retornar da cerejeira. Mesmo com os convidados já tendo ido, o menino Uchiha decidiu permanecer mais tempo sozinho. Naruto se livra do terno laranja e da gravata vermelha. Desabotoa a camisa branca. Calor infernal. Deixa a vestimenta pendurada num cabide atrás da porta.

— Obrigado por me arranjar essas roupas. Senhor Kizashi. – Agradece entrando na cozinha:

— laranja é minha cor preferida.

— Você chegou atrasado na cerimônia e ainda vestido desse jeito. – Itachi fita o senhor Haruno:

— por que permitiu?

— Esse menino é de ouro, vamos, ele quis ficar deslumbrante para Sakura. Ela ia gostar. – Kizashi bagunça os cabelos loiros:

— venha aqui sempre quando quiser garoto.

— Obrigadão! – Naruto voltando-se para Mebuki quem termina de preparar alguns bolinhos, pede-a:

— posso pegar a bicicleta no depósito?

— Ah sim, você consertou a corrente não foi? - Mebuki se junta à mesa:

— Sakura não costumava andar muito nela. Achava-a grande demais.

— Sem problemas. Pra mim é perfeita.

Diz Naruto, fazendo menção em pegar um dos bolinhos, o que foi consentido pela senhora Haruno, depois disso se despediu com um tchau e saiu rapidamente. Dando a volta na casa, entrou no depósito, retirando de lá, uma bicicleta vermelha. Realmente, grande, porém não viu dificuldade em se colocar sobre ela. Por Konoha pedalou ao tempo que consome seu bolinho. Alcançando a estrada, ele avista Zaku e Dosu, eles conversam e ao lhe verem, acenam. Sorrir, retribuiu o gesto rapidamente. Os dois não são mais inimigos. Quer chegar até o lago onde conheceu Sakura. Após um tempão, freia. De longe vê o caminho bloqueado por algumas viaturas. Um acidente de caminhão. Antes que um policial o veja, decide ir para o caminho da floresta. 

*****#####****

Um ano depois.

— Hinata! - Sasuke chama parado no fim da escada de corda, segurando um guarda-chuva fechado. Analisa o céu. Confirmando uma tempestade prestes a cair sobre Konoha:

— vamos embora! Vai chover!

— Só um minuto Sasuke-kun! - a voz de Hinata sai de dentro da casa na árvore. Não demora em descer pela corda. E quando para de pé na frente do Uchiha, ela o avisa:

— eu limpei tudo certinho. Tinha muita folha seca e pedaços de galho.

Sasuke afasta um fio de cabelo da boca da amiga. E depois segura uma mão dela. 

— Seus cabelos estão compridos demais. Não está te atrapalhando?

— Me disseram que fico mais moça de cabelo comprido. Quero que Naruto-kun me veja assim.

Sasuke abre o guarda-chuva quando sente os primeiros chuviscos.

— Você acredita que ele voltará antes de você tirar sua venda? Hinata?

Ela leva os dedos até a venda de seus olhos. 

— Minha esperança está baixa agora. Mas voltando antes ou depois de eu tirar a faixa, eu sei que ele voltará. E quero ver qual será a reação quando ele soube que foi a Dra. Senju que me ajudou.

— Não sei como pode aceitar a ajuda dela. — O menino Uchiha ainda tem antipatia pela médica. 

— Vamos Sasuke-kun. Não fique assim. A Sra. Iriyan retornou a atuar com a Dra. Senju. A Dra. Senju está se esforçando para ser alguém melhor. Sakura-chan ficaria feliz com isso.

Pode ser verdade. Sasuke considera. Mas prefere não tocar mais no nome da Senju. Naruto atualmente está sumido. Desde que ele foi ao lago de Sakura, não retornou. Em primeiro lugar, os amigos dele pensaram que ele foi se aventurar por aí, para matar as saudades da amiga Haruno. Entretanto, o tempo foi passando e passando e até o momento não retornou. Porém, os dois amigos mantém a fé de que o loiro regressará. 

*****#####******

Seis anos depois. Tóquio. 13: 30h

— Sasuke-kun.

Hinata abraçando alguns materiais contra o peito se posta na frente de Sasuke. Sorrindo-o. Seus orbes continuam da mesma cor clara, duas pérolas, no entanto, agora é capaz de acompanhar a movimentação das pessoas. No pátio do colégio, os dois aguardam pela limosine Uchina. 

— Você estava traduzindo de novo os livros pro braile?- Questiona Sasuke pegando um item dos materiais da Hyuuga. Esfolheia vendo os símbolos estranhos. Devolve à ela:

— parece difícil.

— Para mim é tão fácil como aprender qualquer matéria nova.

Com um leve sorriso, Sasuke passa a contemplá-la. 

— O que foi? — ela percebe. 

— É tão lindo que possa ver. Os dois fariam uma grande festa. Quando a visse assim.

A perolada assente. Com um brilho emocionado em seus olhos. Aos poucos, ela perde esse brilho, ficando constrangida. Sasuke ergue uma sobrancelha, mas depois encontra o problema. As garotas ao longe, observando aos dois. Vários dos olhares era apáticos para a Hyuuga.

— Não ligue para elas. Hinata. Se elas tocarem em você, me avise.

— Não, elas não me fazem nada. Sasuke-kun, não se incomoda de os outros pensarem que somos um casal?

— Não. É até melhor. Assim nem todas as garotas dão em cima de mim. 

A azulada avista uma loira de olhos azuis que ao verem-nos muda de direção. 

— E sua relação com a Sra. Yamanaka?

— Terminamos de novo.

— Por minha causa?

— Não. Por causa dela mesma. Ela sempre me desafia com "É ela ou eu". Não vou abrir mão da nossa amizade por namorada nenhuma. E é até melhor. Agora posso segurar sua mão de novo.

— Sasuke-kun. — Hinata sorrir. Achando aquilo fofo.

Mesmo com ela enxergando, o Uchiha gosta de guiá-la. 

*****#####*****

— Ainda bem que chegaram! - Mikoto em alerta recebe o filho e a amiga dele: 

— temos visitas importantes. Liguei para Fugaku, ele virá o mais rápido que puder!

— Mãe agora não. Preciso me arrumar para ir ao meu estágio na empresa. Itachi não poderá me levar hoje, ele está em Konoha com Ayame.

— De novo? — Mikoto se preocupa:

— acham que é um caso sério? Ou a moça de Konoha é só uma ficante?

— E isso importa? Mãe?

Mikoto receia em responder. Não quer embravecer o filho. Afinal, Sakura também era de Konoha. E se ela estivesse viva já seria namorada de Sasuke.

— Quem são os visitantes? — Hinata muda a conversa para quebrar o constrangimento de Mikoto.

— Parentes do amigo de vocês. De Naruto Uzumaki. Estão na sala de es-

Ela nem precisa terminar de falar. Sasuke e Hinata desesperados correm até lá. A Hyuuga larga seus materiais pelo caminho. Quando os dois chegam na sala, eles se deparam com um casal. Um homem loiro com um conjunto social preto e uma ruiva a usar um longo vestido vermelho.

— Essa é Hinata Hyuuga. – A mulher fala ao bater seus olhos na perolada:

— é o motivo de meu filho sonhar com você. 

— Filho? O que está acontecendo? Onde está Naruto-kun?! — Hinata sente que terá um ataque. Sua mão é apertada com força, pela mão do amigo Uchiha. 

— Está em nossa casa em Hokkaido. Sou Minato Namikaze. 

— Namikaze. - Sasuke reconhece:

— é um nome famoso no mundo empresarial. É dono de muitas ações. 

Minato assente.

— Kushina Namikaze. - A ruiva se apresenta e revela:

— meu sobrenome antes de casada era Uzumaki.

— Uzumaki. — Hinata sussurra.

— Eu tenho problemas de memória. Não são tão graves quanto antigamente. Estou recebendo um tratamento adequado. Esse problema foi o motivo de eu abandonar meu filho. Não lembro o dia que ele nasceu. E mal lembro dos meus dias de gravidez. — A dor está presente nos azuis olhos de Kushina. Enquanto ela relata.

— Por favor, sentem-se. — Sasuke pede. 

O casal de mãos unidas se sentam.

— Nós tivemos um caso de uma noite. Reencontrei Kushina quase dois anos depois. Ela trabalhava como garçonete. Tivemos um caso novamente e dessa vez quis algo sério. Mas não demorou para eu perceber que ela tinha... alguns problemas. Mas jamais suspeitei que ela tivesse parido um filho nosso. 

— Como acham que Naruto-kun sabia do sobrenome dele? — Hinata se interessa. 

— Uma pessoa entrou em contato com a gente. Era de um orfanato. Ela viu em um jornal a nossa foto e uma matéria sobre a esposa do empresário famoso estar passando por exames de memória. Em uma das entrevistas compartilhei que eu desconfiava que meu antigo sobrenome era Uzumaki. A pessoa que fez uma ligação anônima me contou que no orfanato abrigou uma criança por vários anos. Ela tinha uma pulseira de ouro com o nome Naruto Uzumaki. E era loira de olhos azuis. Parecia muito com a gente.

Minato continua:

— Não tivemos como ignorar. Kushina havia "sonhado" que teve um bebê. Era um sonho frequente. Começamos a suspeitar que fossem lembranças, e não sonhos. Há sete anos então soubemos de um acidente que ocorreu em uma estrada. Foi um acidente envolvendo o caminhão. O motorista fugiu pela floresta e encontrou uma criança pedalando uma grande bicicleta.

O coração de Hinata e Sasuke aceleram ao mesmo tempo. Os batimentos desferem a mesma intensidade.

— A criança tentou resistir ao roubo, mas o fugitivo empurrou-a com toda força, fazendo-a bater a cabeça em uma pedra e desmaiar. O homem fugiu na bicicleta, mas foi detido no mesmo dia. Naruto naquele dia perdeu a memória e foi encontrado por uma família que ia para Tóquio. Ele vagava sozinho pela estrada. Ele foi deixado em um hospital e nós encontramos a notícia de um garoto sem identidade a estar internado. As características da criança batiam com a nossa, então fomos verificar. Naruto não estava com a pulseira, mas sabíamos que era ele. Nós sentimos. 

— Agora eu lembro. — Sasuke menciona:

— lembro de uma notícia, de o casal Namikaze ter se tornado recluso desde que encontrou o filho. Mas eu nunca pesquisei sobre os detalhes! — levanta-se revoltado:

— por que diabos eu não enfiei a cara nos jornais? Na internet? Na rádio? Na tv?

— Sasuke-kun. São muitas notícias. E a gente passa muito tempo em Konoha na esperança de Naruto-kun retornar para lá. Ficamos... desligados da mídia. A culpa também foi minha de não procurar me informar sempre.

— Agora já foi. — Kushina fala:

— não se mergulhem em culpa. Meu filho sonha muito com os nomes de vocês. Jogamos os nomes na internet e apareceram as famílias Uchiha e Hyuuga. Agora temos certeza que são vocês.

— Podemos ver o Naruto-kun?

— Claro. — Minato se levanta:

— é pra isso que estamos aqui. Nosso filho precisa de vocês, mesmo ele não sabendo disso.

— Co-como ele está? — Hinata pergunta receosa.

— Bem, só que ele não se recorda da vida dele, antes do ataque daquele fugitivo.

Sasuke segura a mão da Hyuuga:

— Vamos lá, Hinata.

— Sim, Sasuke-kun. 

******######******

Naruto exercita-se na sala reservada aos equipamentos de musculação. Faz levantamento de peso. Ensopado de suor. A camisa branca sem mangas se gruda na pele marcando os músculos nada exagerados. Sua pele brilha sob as lâmpadas incandescentes. Quando escuta a porta ser aberta, pensou que fosse algum empregado, vindo lhe avisar de algo. Mas são seus pais acompanhados de duas pessoas. O coração da Hyuuga quis sair pela garganta. O Uchiha solta um meio sorriso admirado pela figura mais velha de Naruto.

— Naruto-kun! - Hinata grita correndo até o loiro. Ele desce o peso e quando fica reto de novo, ele recebe um abraço, em torno do pescoço.

A Hyuuga não se importa de ele estar todo suado.

— É você mesmo! Naruto-kun! — ela chora de felicidade.

— Uau. — Ele rodeia a cintura dela. Ela tem um cheiro bom. Quando ela se desgruda um pouco do abraço, ele observa melhor o rosto dela:

— incrível. Você e- 

Ele olha para o Uchiha, e continua:

— e aquele ali se parecem com as crianças dos meus sonhos. Falta só uma moça de cabelo rosado.

— É a Sakura-chan! — Hinata fala feliz:

— não são sonhos. São lembranças, Naruto-kun! Somos amigos. Você me salvou de um homem que tentou me machucar. Desde então dizia que eu era sua. Me protegia sempre. — Corada. Hinata coloca as mãos sobre o peito.

— Eu era um menino valente então. — Naruto sorrir ao saber disso:

— sinto muito por não lembrar de vocês. E uma pena que você não apareceu antes — ele fala para a Hyuuga:

— mas agora eu sei porque estou querendo namorar a Shion. Ela se parece com você. 

Hinata sente uma dor. Ao saber que ele se interessa por outra pessoa. Sasuke crispa os lábios e se aproxima.

— Onde está a tal Sakura? — Naruto quer conhecê-la:

— me esperam tomar banho? Podemos nos reunir em um lugar melhor e conversarmos. Eu adoraria saber sobre minha vida antes do-

— Sakura morreu! — Sasuke revela e agarra o loiro pelos ombros. Sacudindo-o:

— esforce-se e tente se lembrar da gente! Tente se lembrar dela. Sakura merece ser mais lembrada do que a gente. Você foi o melhor amigo dela! 

— Sasuke-kun. Pare de sacudi-lo. Não podemos forçar a lembrar da Sakura-chan. — Lagrimando, Hianta abraça o Uchiha por trás, pela cintura.

— Não chore. Detesto ver mulher chorando. — Naruto pede. Ela tem uma voz tão doce. Que causa um aperto no peito ao ouvir aquele som fragilizado:

— eu sinto muito por não lembrar de tudo. Se quiserem tentar me mostrar algumas coisas das quais eu possa lembrar, talvez me ajude. 

— É uma boa ideia. — Hinata concorda e solta Sasuke ao vê-lo mais calmo. 

— Escuta aí mocinha. Se eu não der certo com Shion, você será minha segunda opção. — Naruto fala corado.

A perolada tenta sorrir. Sua boca fica de lábios trêmulos e não consegue desenhar um sorriso perfeito. Apenas assente. Tentando fingir que está tudo bem. 

Soco.

A seguir o loiro recebe um soco do Uchiha.

— BAKA!!! COMO PODE SER BAKA ASSIM?!!! SE NÃO SE LEMBRA DE NADA, TENTE AO MENOS SER RESPEITOSO!!! — Sasuke está ofegante. 

Kushina tenta ir até o filho, mas Minato a abraça pelo ombro, impedindo-a. Ele decide retirá-la dali, dizendo que aquele é um momento apenas dos três.

— Nosso filho ficará bem. Os dois ainda o amam muito. Dá pra perceber.

— Tem razão. — Kushina se convence:

— não farão nada de grave contra ele.

Naruto chegou a cair no chão. E Hinata segura o Uchiha que quer encher o loiro de porrada. Enquanto isso, o loiro se levanta aos poucos pensando na palavra "baka". Baka. baka. baka. Fadinha. Teme. Outras palavras estão chegando. E quando o loiro fica completamente de pé, exibe um olhar transtornado. Sasuke se aquieta fitando o loiro. Hinata também repara na expressão perturbada de Naruto.

— Nós andamos sobre flores amareladas. — O Uzumaki revela:

— quando crianças.

— As rosas do sol! — Hinata diz alegre:

— está se lembrando de mais coisas. 

— Tinha até um cão enorme e um galo- galo- Elvis!!! — espantado, Naruto recebe várias informações ao mesmo tempo. E quando encara a perolada, seu coração dói de emoção:

— FADINHA! VOCÊ PODE VER!

— Naruto-kun? — mais lágrimas saem da Hyuuga.

Ele não se segura e abraça-a. Ele a enche de beijos. Eles se dão um beijo verdadeiro. Um beijo adulto. Sasuke não está desconfortável. Está feliz. 

— Agradeço por não desistirem de mim! — Naruto fala após interromper o beijo e abraçá-la com mais força. Rodeia a Hyuuga no ar, fazendo-a rir. Quando a coloca no chão, não a solta e olha para o amigo Uchiha:

— valeu Teme. Por me trazer de volta à real. 

— Sempre estarei disposto para socá-lo. Baka. 

— Não fique aí parado. Sasuke-kun. Venha para o abraço. — Hinata estende o braço.

— Venha teme! — Naruto também convida. 

— Não mesmo, você está suado e fedendo. Hinata aguenta sua catinga porque te ama. — Ele começa a recuar. 

— Atrás dele Naruto-kun! — ela e o Uzumaki correm até conseguirem encurralar o Uchiha. Os três passam um longo tempo fazendo planos futuros. Pensam em retornar para Konoha em breve para visitar os Harunos. Sabem de uma coisa: Nunca mais vão se separar. 

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No ano seguinte, Hinata traduziu para o braile um livro que ela mesma publicou. O título dele era "A aventura dos sonhos". A história de uma pequena fada que não tinha o poder de realizar desejos. Mesmo sem mágica conseguiu realizar desejos dos seus amigos, ao mesmo tempo eles realizaram os seus. Um cavaleiro andante que mais tarde veio descobrir-se ser um príncipe perdido de um reino distante. Um menino muito fechado que acabou caindo em um mundo mágico e aprendeu a conviver com aqueles personagens diferentes. E uma anjinha tinha um tempo determinado a passar naquele mundo mágico e mesmo assim, ela encontrou a felicidade antes de retornar ao céu onde esperaria um dia para rever as pessoas que amava.

S2 FIM S2