He-llo escrita por Roxanne LT


Capítulo 2
Cho-co-tto!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571705/chapter/2

Cho-co-tto!
“Mas um amor que só é doce,
É diferente do que estou procurando”
Vanilla salt – Ending Toradora!

Ela deu uma generosa mordida no suculento pedaço de bolo a sua frente, enchendo a boca completamente e deixando inclusive alguns restos no canto dos lábios. Sorriu consigo mesma enquanto abria os braços e rodava em torna de si mesma. Rapunzel estava abaixo do carvalho mais velho de seu “quintal” e conforme o gosto inexplicavelmente bom do chocolate explodia em sua língua, ela se sentia completa.

–Sabe, você devia parar de fazer essas coisas Zel... –Hiccup murmurou enquanto se auto servia de outro pedaço de bolo, tanto suas bochechas quanto queixo estavam lambuzados da cobertura cremosa de chocolate. –É estranho.
A loirinha engoliu o que antes lhe dava tanta felicidade e cruzou os braços. O que aquele menino fazia ali, afinal? Era o seu quintal, o seu bolo e sua felicidade; nada daquilo era dele.

–Se não gosta, vai embora. –Ela deu de ombros. Rapunzel não era exatamente o tipo de pessoa respondona e egoísta, acontece que Hiccup conseguia tirá-la do sério. De acordo com o menino era divertido ver a cara dela quando estava irritada, era fofa.
Claro que esse tipo de comentário só deixava a pequenina ainda mais irritada –além de vermelha-, mas ele não parecia se importar com isso, afinal, era divertido demais ter alguém para irritar.

Stoick havia comprado uma bela casa não muito longe da excêntrica casa de Gothel, e agora para a (in)felicidade de Rapunzel, enquanto o pai do garoto trabalhava, ele ficava aos cuidados de sua mãe. E eram nesses momentos nos quais ele a irritava que se perguntava; porque logo ela que buscava uma amizade sincera, havia arrumado uma praga?

–Tia, me dá outro pedaço? – Ele pediu, as bochechas e o queixo sujos de chocolate. Gothel cortou cerca de quatro pedaços grandes e os deixou em uma bandeja de tamanho considerável para eles. Arrumando qualquer desculpa esfarrapada sobre afazeres, deixou as crianças sozinhas no quintal.
Rapunzel resolvera ignorar completamente a presença do menino; não queria estragar seu aniversário. Ela estendeu o cavalete próximo à mesa e preparou seus materiais com cuidado. Colocou o pequeno dragãozinho próximo aos pedaços de bolo e preparou as tintas na palheta.

–E... Assim, perfeito! – Ela conversava sozinha, Hiccup já havia constatado isso alguns dias atrás quando a vira pintando um conjunto de flores estranhas. Rapunzel as chamara de peônias. De qualquer forma, a menina teimara sobre o fundo e qual cor ficaria melhor nele. Hiccup até tentou dizer que verde seria a melhor opção, mas ela ficou tão frustrada discutindo consigo mesma que abandonara a pintura.

O garoto passou a se entreter com um livro sobre mitologia nórdica - coisa que ele adorava. Ambos estavam distraídos; ela com sua pintura e ele com sua leitura, isso até Rapunzel surtar sem um motivo aparente.
–Pare ai mesmo! –Ela gritou apontando seu pincel sujo na direção do menino -, Quem disse que você podia mexer no Banguela?

–Eu não mexi nele. – Fez uma careta – Peguei um pedaço de bolo, é diferente.
–Menos ainda! Devolve! – O fuzilava com os olhos, uma fúria infantil quase palpável.
–Eu não. Se não percebeu, já estou comendo. –Hiccup mordeu generosamente o bolo fazendo Punzie emitir um som indescritível de pura raiva. –Ah qual é, você tem o jardim inteiro pra pintar... Vai terminar suas petônias.

–Peônias, o nome é peônias. E agora estou pintando meus presentes, devolva esse pedaço de bolo. – Ela botou as mãos na cintura e esperou que ele assim o fizesse. Hiccup a fitou, os olhinhos verdes já lacrimejando. Isso era tudo que Punzie precisava agora; ele iria chorar.
–Desculpe... – Ele murmurou cabisbaixo, colocou o bolo –já mordido- de volta na bandeja e fechou seu livro. Tinha a cabeça baixa e uma feição triste quando depositou um pequeno embrulho cor de rosa na mesa e se levantou – Feliz aniversário.

Ele correu como se nada mais importasse, tão rápido quanto quando se conheceram, ela jamais poderia alcançá-lo daquela forma. Por que ficara tão triste? Ela não conseguia entender. Agora sua disposição para pintar ou fazer qualquer coisa, havia se extinguido. Não queria magoá-lo, é só que em sua infância solitária ela já estava acostumada a ter tudo somente para si. Sozinha desde sempre.

Rapunzel pôs os pinceis apoiados na palheta sob a mesa e desembrulhou o pequeno pacotinho cor de rosa: Lá dentro havia uma caixinha delicada, a parte debaixo era vermelha, cheia de bolinhas brancas e a de cima era um amarelo claro, extremamente delicado onde várias rosas estavam espalhadas.
Era linda.

Dentro da bela caixinha estava um broche dourado no formato de uma flor e um cartão feito de folha de caderno, completamente dobrado, dizendo “Obrigado por tudo, feliz aniversário. H.”. Ela não pôde conter as lágrimas que vieram aos seus olhos; aquele era o primeiro aniversário que passava com um amigo... E ela o havia afugentado.

Sem pensar duas vezes a respeito ela pegou o dragãozinho e correu em direção à casa do menino. Os pés descalços pareceram reclamar por correr sob o asfalto quente, mas mesmo assim prosseguiu. O vestido lilás era fresco e leve e o cabelo preso em um coque frouxo logo se soltou devido sua pressa.
Três minutos depoislá estava ela, ofegante, suada e cansada diante a casa do menino.

–Hiccup! – Gritou, sem obteruma resposta. –Hiccup! –Lhe faltava o ar depois de tamanha força, mas depois de chamá-lo algumas vezes o rosto do menino apareceu no portão. Estava vermelho e tinha os olhos inchados; estava chorando.
–Não precisava vir até aqui só pra brigar mais comigo, eu não vou mais na sua casa. Já sou grande, posso me virar sozinho até meu pai chegar. – Ele fungava, engolindo as lágrimas, não queria que ela as visse.

–Não! Não é isso! – Ela murmurou ainda tomando fôlego – Eu vim te pedir desculpas! É uma oferta de paz, aceite isso, por favor! – ela abriu os braços e estendeu o dragãozinho negro, escondendo o rosto tamanha vergonha.
O portão rangeu conforme Hiccup o empurrou, dando espaço para a menina entrar. Ela, contudo, não se moveu.

–Desculpa! Eu nunca tive um amigo antes, não queria te magoar, desculpa mesmo, mesmo. Eu prometo que não vou mais brigar com você por mexer nas minhas coisas, ou por sempre me fazer cócegas... – Rapunzel levantou o rosto, grossas lágrimas escorriam por suas bochechas - eu juro que não vou mais ser bruta com você, mas não deixe de ser meu amigo, Hiccup, por favor...
–Aceito sua proposta de paz, soldado! – Ele pegou o brinquedo das mãos da menina e lhe deu um sorriso gentil – Então... É meu, mesmo?

Aquela era uma das qualidades de Soluço que ela mais apreciava; ele sabia perdoar tão facilmente que até lhe chegava doer o peito, sempre a fazia sorrir e dizia algo engraçado, até soava idiota algumas vezes, mas fazia tudo para vê-la feliz. Ele era um verdadeiro amigo.

Seus olhos sempre gentis e brincalhões lhe abriam horizontes de aventuras e sabores, ele estava ali com ela, por ela. E esquecendo-se de todas as coisas materiais que havia conquistado, Punzie percebeu que aquele ano havia conseguido algo mais importante do que um dragão de pelúcia; um raro e especial amigo.
E então, foi a vez dela sorrir. O rosto ainda úmido pelas lágrimas e com os lábios mais rubros do que de costume, ela sorriu como nunca antes. Tão livre quanto jamais esteve.
Aquele era seu primeiro amigo, a primeira pessoa que, além de sua mãe, se importava consigo.

Hiccup corou ao vê-la daquela forma por sua causa, tão... Feliz. E assim apertou Banguela contra o corpo, tentando se esconder no brinquedo.
–Vem, vamos comer bolo. – Ela pediu, estendendo a mão para ele sem jeito. – Que tal você me ajudar a pintar?
Ele assentiu. Por fim, ela acabou usando-o como modelo para a obra; um pequeno menino de grandes olhos verdes e cabelos castanhos claros, desgrenhados, corado. Segurando um pequeno dragãozinho negro.

E daquele dia adiante, Hiccup teve seu Banguela consigo - como quis desde o inicio-, e Rapunzel descobriu com o menino o valor da amizade, como era divertido caçar vaga-lumes e brincar de escolinha, aprendeu a pular corda e a jogar bola, teve belas quedas e crises de risos gigantescas além de claro, experimentar o sabor do primeiro amor.
Porque afinal, um amor que só é doce não é o que eles queriam desde o inicio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Srta. Pinguim sensual me convenceu a fazer isso, é. Eu não pretendia fazer continuação MAS, estamos ai.
De qualquer forma... QUEM DISSE QUE NÃO FAÇO NADA FOFINHO? TAPA NA CARA DA SOCIEDADE, MATEI A PIRULITADAS, RÁ! –q
O próximo se chamará Ki-ssu!, preparem-se! :3
Feito PARA e betado POR Bubs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "He-llo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.