O outro lado do clichê escrita por Apiolho


Capítulo 1
1 - Não sou nem de longe como Audrey Hepburn


Notas iniciais do capítulo

Bom dia queridos leitores maravilhosos!

Eu de férias e notando que tinha acabado a minha original. Porque a tansa aqui marcou como terminada, mas ainda tinha o prólogo, então terei de deixar como encerrada mesmo a "Idiot Guy" no Nyah.

Espero que gostem galera, pois faço para vocês. Tomara que tenhamos um bom relacionamento leitor-autor e que possa vê-los muito no decorrer dos capítulos. Também que gostem o tanto quanto eu adorei escrever e criar esses personagens.



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Capítulo um

Não sou nem de longe como Audrey Hepburn

 

“Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.”

(Ferreira Gullar)

— Como é linda. — disse um deles.

— Maravilhosa. Daria tudo para namorar alguém assim. — revidou o outro.

— Deve ser popular não é?

— Qual será a maquiagem que usa? — quis saber a garota.

Não, essa definitivamente não sou eu. Se fosse seria como a poderosa atriz que contém o meu nome. Apenas é o que tenho igual a ela. Enquanto andava pelo corredor ninguém me notava. Eu era a menina que ficava espremida no armário no momento em que uma pessoa popular passava.

A franja castanha cobria os meus olhos de uma maneira que eu não precisava encarar alguém. Usava o uniforme costumeiro e nem ousava sequer mudar algo nele como a maioria fazia.

Achava isso uma afronta.

— Aposto que usa silicone. — sussurrou uma perto de mim.

Já chega!

Simplesmente dei as costas e com dificuldade consegui chegar na minha sala. Era primeiro dia de aula do último ano do ensino médio. O plano que tinha de ir para uma faculdade fora do país e levar minha mãe junto estava cada vez mais perto.

Sentei-me no local que não era nem no fundo e nem na frente, porém o mais próximo da janela, e posicionei minha mochila atrás da cadeira.

— Aquele idiota estava novamente beijando uma garota!

Lá se vai a minha paz de alguns minutos.

— Não esquenta Catherine, ele faz isso sempre. — rebateu a outra.

Estudava com ela desde da primeira série, então sabia que estava falando justamente do Evan. Isso ocorre quase todo o dia, até porque os dois se implicam direto. O que segundo leio nos livros isso significa que eles se amam.

— Um dia conseguirei dedurá-lo. — resmungou.

— É só contar ao diretor.

— Assim não tem graça, tem de ser descoberto da melhor forma.

Tentei sair dali o mais rápido possível, porém quando fui me levantar mais alunos passaram pela porta. O que eu não queria agora era ser notada. Apesar de que eu já sou invisível para a maioria, exceto quando querem tirar sarro de alguém. Nesse momento eu sou um dos alvos preferidos.

— Essa mulher das cavernas está a cada ano mais esquisita. — comentou um garoto.

Não disse?

— Daria dez reais para saber o que ela tem por baixo daquela franja.

— É fácil: espinhas! — exclamou uma loira ao gargalhar.

Isso nem é verdade, só aparece uma de vez em quando.

O que eles têm contra adolescente cheio de hormônios afinal? Não é minha culpa.

— E a cor dos olhos?

— Deve ser de um castanho bem sem graça, que nem ela. — respondeu.

Errado, é um castanho esverdeado.

— Era bem fofa e bonitinha quando criança. — defendeu-me a minha colega do primário.

— Tua opinião não vale. Tudo que não for o Evan você acha lindo.

— Isso nem é... — foi cortada.

— É a verdade amiga. — contrariou a guria que sentava perto dela.

Já eu me resguardava o direito de ficar calada.

— Só sei que a Audrey me dá medo. — começou.

— Sim, um dia eu estava me olhando no espelho do banheiro quando do nada ela estava atrás de mim. Com a cabeça baixa e andando que nem um zumbi. Se não soubesse quem era com certeza teria corrido. — o tom assustado.

Com o tempo eu não ligava mais para esses comentários em relação a minha pessoa. Percebi que não adiantava ficar chorando por algo que iam falar de qualquer jeito. Uma coisa que dificilmente mudaria.

— Da próxima vez eu te protejo gata. — vi por entre o cabelo que tocou nela.

Garotos assim me dão nojo.

— Sai daqui.

Ouvi som de cadeira se arrastando e passos rápidos. Possivelmente estava a perseguindo, só que neste instante eu preferia era colocar a cabeça na carteira e tirar um cochilo do que prestar atenção neles.

Deixaria o livro para o intervalo.

— Vamos começar a aula monstrinhos. — começou.

Levantei o rosto no mesmo instante, apesar de saber que estaria com aspecto de amassado e notei que tinha iniciado o conteúdo. Dessa vez seria aula de química.

— Não vai nem ler o manual da escola? — quis saber um.

— E o evento de abertura? — comentou outro.

— Primeiramente vocês são bem grandes para ver os deveres e direitos de vocês sozinhos e segundo... o auditório está em reformas, por isso foi adiado para sexta-feira. — declarou.

Fizeram uma vaia e alguns começaram a murmurar palavras feias.

— O carbono faz quatro...

— Cheguei professor. Sentiram minha falta? — declarou um em voz alta.

Esse era o famoso Evan. Como sempre atrasado.

— Senta lá antes que eu te mande para a diretoria. — o tom amargurado.

Ele era definitivamente o terror dos educadores.

Mal se posicionou no fundo quando uma pessoa se levantou com pressa. Seus passos eram pesados e rápidos, como se sentisse raiva pelo que ocorreu.

— Isso é injusto. Esse garoto sempre chega depois do sinal e nunca se dá mal? Temos de fazer alguma coisa. — chegou a bater a mão na mesa em protesto.

Ah! Catherine.

— Quer um beijo já a essa hora da manhã? — provocou.

— Isso nunca! — rebateu enquanto virava o rosto para o lado.

— Vem cá vem. Sei que isso é vontade de ter meu corpo ou talvez inveja das outras garotas por terem ficado comigo. Você, Cat, não me engana. — convidou.

Passos. Um estralo. Gemido de dor.

— Por que bateu em mim sua vadia? — berrou.

— Isso é para aprender que eu não sou que nem as suas escravas sexuais. — brigou.

— Já para a sala do diretor vocês dois! — exclamou o homem.

— O quê? Mas você viu o que ele fez. — parecia indignada.

— Se não tivesse interrompido minha aula para dar chilique isso não ocorreria. — revidou.

Então lá foi o casal para fora da sala.

— Eles não aprendem nunca. — balançou a cabeça em negativa.

— E ai? Quem acha que eles ficarão juntos até o final do ano levanta a mão. — berrou um moreno.

Notei pelo pequeno campo de visão que muita gente o fez.

Como não ter ninguém e eu nessa sala é a mesma coisa nem sequer resolvi participar. Acho isso muito desnecessário e infantil. Algo que eu só faria se me sentisse parte dessa turma, o que não chega nem perto de ser a realidade.

Queria mais era sair desse colégio logo.

E foi por esse motivo mesmo que eu dei graças quando o sinal de saída bateu, anunciando que eu poderia ir embora e comer o hamburguer da lanchonete que tinha perto de casa. Nunca se pode desprezar ou rejeitar uma beleza daquelas.

— Tenho de limpar a piscina e o Evan a sala de laboratório, mas tinha de ser hoje? Justo quando vou ter dentista? — reclamou a Catherine.

— Com aquele que esperou por três meses? — quis saber a amiga.

— Esse mesmo.

Não acredito que estou com pena.

— É... se quiser eu posso fazer para você. — sussurrei.

O que eu menos queria era alguém correndo.

— Faria isso por mim Audrey?

Os olhos pareciam brilhar nesse momento.

— Sim. — confirmei.

— Vou ficar te devendo. Só que esse será nosso segredo tá? não conte nada ao professor ou outra pessoa.

— Fechado. — finalizei.

Apertou minha mão com cuidado, ainda mais após perceber que fiquei surpresa.

Depois de pegar os produtos de limpeza eu já tinha me arrependido de ter falado que ia ajuda-la, porém seria péssimo se tivesse que perder a consulta. Principalmente se for para algo urgente.

“Ficarei um pouco mais na aula.” — Audrey.

Suspirei enquanto esperava a mensagem e passava pano no chão do local.

“Estudo em grupo com as amigas?” — Mãe.

Minhas mãos tremiam enquanto a respondia.

“Sim, a matéria de hoje foi bem difícil.”— Audrey.

Eu sou uma vagabunda mentirosa, e daí?

Seria pior se eu a deixasse preocupada com meus problemas sociais quando ela fica horas trabalhando no hospital como enfermeira. Pouco a via e por isso não percebia a verdade, que eu sou uma solitária que todos consideram estranha demais.

— Esfrega essa sujeira imunda que não quer sair. — tentei cantarolar.

Daqui a pouco o pano ia se rasgar e nada ia ficar limpo de tanto que eu apertava o cabo. Só que nem assim adiantava.

Preparava-me para limpar a borda quando alguém me pegou pelo braço e me virou, para depois em questão de segundos encostar com força seu lábio no meu.

Estão me beijando? Como assim?


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam gente? Espero que não tenha decepcionado.

A imagem não é minha. Desculpem-me se tiver erros de português.

Quem quer me mandar review com a sua opinião? Muito deixaria essa autora ansiosa para saber o que acharam feliz! É cedo para recomendações? Sim, demais, mas não basta colocar por aqui. *-*

Beijos, agradeço a beça e até a próxima.