Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 53
Jaime


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O ranger da cela e o clarão que veio em seguida da tocha manejada por um homem fez com que Jaime despertasse de seu sono.

– Regicida, a Rainha exige sua presença.

– O que? - Jaime, sonolento, por um momento não havia entendido direito. O homem não esperou que o mesmo se levantasse sozinho, e puxou seu braço direito com ignorância. - Irei com você. Mas me conte sobre Brienne. Ela está bem? - O homem o olhou carrancudo e continuou a puxá-lo pelo braço, mas Jaime fez resistência. - Me fale sobre ela. Por favor. Quero notícias. - Implorou Jaime, impotente, mas tudo que recebeu foi um soco na barriga. - Obrigado. - Respondeu ironico, arfando.

Ao ser arrastado até a Sala do Trono, avistou Daenerys Targaryen sentada em seu lugar, com Tyrion na cadeira que é ocupada pela mão da Rainha; uma menina morena com o rosto achatado e arredondado com grandes olhos amarelos ocupava uma cadeira comum ao lado de Daenerys. Jaime reconheceu Sor Barristan Selmy em alguns degraus à frente, junto com alguns Imaculados.

– Jaime Lannister, você está na presença de Daenerys nascida da Tormenta, da Casa Targaryen, a Primeira de seu Nome, Rainha dos Andalos e dos Primeiros Homens, Mãe de Dragões, Khaleesi dos Dothraki e Quebradora de Correntes. - Anunciou um dos Imaculados.

O guarda que o segurava pelos braços o soltou com um empurrão.

– Onde está Brienne? - Perguntou Jaime, sem cortesias.

– Isso não é maneira de falar com a Rainha, seu verme. - Disse o guarda atrás dele. - Ela exigiu falar com você, não ao contrário.

– Deve ter exigido minha cabeça também, portanto antes gostaria de saber onde diabos está a minha mulher. - Retrucou Jaime, furioso. - Ela está bem? - Perguntou, fitando os olhos de Daenerys. - Vossa Graça. - Concluiu.

– Você foi chamado a um julgamento. - Disse a Rainha de Prata.

– E quem irá me julgar? Meu querido irmão? - Perguntou, dando um sorriso amargo e olhando em direção ao Tyrion, que permanecia calado e inexpressivo.

– Eu irei te julgar. - Respondeu Daenerys, com desdém.

– Quero saber onde Brienne está. Por favor... Vossa Graça.

– Saberá assim que me contar o que aconteceu na noite em que matou meu pai, Aerys Targaryen. Está aqui para ser julgado, não para fazer perguntas. Suas palavras podem custar a sua vida. - Ela alertou. - Então comece. Conte-me tudo, exatamente como foi. O que pensou.

Jaime, então, percebeu que não haveria escapatória. Cedeu ao que lhe foi imposto.

– A Senhora já ouviu falar em fogo vivo, imagino? - Perguntou Jaime Lannister.

– Sim. - Respondeu a Rainha.

– Quando os Targaryens não conseguiram mais ter dragões, começaram a substituí-los por fogo vivo.

– Eu sei disso. - Interrompeu a mulher.

– Aerys Targaryen era viciado em tais fogos. Julgava a melhor maneira, e a mais divertida, de matar alguém. - Disse, analisando o rosto da Rainha. Um brilho diferente apareceu em seus olhos, mas Jaime não pôde dizer ao certo o que era. - Aerys o usava para queimar os traidores. Logo ele começou a enxergar traidores em todos os lugares. Então... - Fez uma pausa. Falar sobre aquilo era dolorido demais. Apenas havia se aberto dessa maneira uma vez, quando estava delirando, na banheira com Brienne. - Então Aerys Targaryen comandou que seu piromante colocasse esconderijos de fogo vivo pela cidade. Na Baixada das Pulgas, nas casas, estábulos... Até na própria Fortaleza Vermelha. - Jaime olhou para o lado e viu que Sor Barristan estava extremamente desconfortável com tais lembranças compartilhadas. - Finalmente, o dia do acerto de contas chegou. Robert Baratheon estava ganhando todas as suas lutas e começou a marchar para Porto Real. Mas meu pai chegou antes, prometendo à Aerys Targaryen que defenderia a cidade contra os rebeldes. - Concluiu, olhando nos olhos de Daenerys. - Mas eu conhecia meu pai melhor que isso. Ele nunca foi um homem que escolheria o lado perdedor. Disse isso ao Rei... Mas ele não me deu ouvidos. Não ouviu Varys quando o alertou. Mas ouviu Grande Meistre Pycelle. - Disse o nome do homem quase cuspindo, com desdém. - Aquele velho estúpido e enrugado. - Ao contar a história, parecia estar revivendo tudo aquilo. Se sentia quente, como se estivesse delirando, como se essa confissão não passasse de um sonho. - "Você pode confiar nos Lannisters", ele disse. "Os Lannisters sempre foram verdadeiros amigos da Coroa". Então abrimos os portões e meu pai saqueou a cidade. Mais uma vez, eu fui até o Rei, implorando que se rendesse. Ele... - Sua garganta entalou, e Jaime fechou os olhos. Uma lágrima teimou em escorrer pelo seus olhos. Abriu novamente, e Daenerys estava com o semblante sério e triste. - Ele virou-se para seu piromante e disse: "Queime todos." - Imediatamente, lembrou das palavras febris de Cersei, poucos minutos antes de matá-la também. "Queime todos! Quero vê-los queimando, gritando, implorando por suas vidas!", sua irmã ordenava. - "Queime-os em suas casas, em suas camas." E então ele se virou para mim e disse: "traga-me a cabeça de seu pai". - Jaime olhou para Tyrion e, por um momento, o anão deixou-se abalar, abrindo levemente a boca.

– E foi quando você quebrou seus votos. - Disse Daenerys, sua voz estava rouca. - Está arrependido?

Jaime deu um sorriso sarcástico.

– São tantos votos, Vossa Graça. Eles te obrigam a jurar e a jurar. - Continuou Jaime, com o mesmo sorriso nos lábios. - Obedeça ao Rei, obedeça ao seu pai, defenda os inocentes, proteja os fracos. E se o seu pai odiasse o Rei? E se o Rei massacrasse os inocentes? É demais. Não importa o que você fizer, estará quebrando um voto ou outro. - Agora seu sorriso se fechou. - Diga-me, Vossa Graça. Se ponha em meu lugar. Aerys Targaryen estava ordenando que eu matasse meu próprio pai enquanto assistia milhares de mulheres, homens e crianças inocentes sendo queimados vivos. Eu deveria estar arrependido?! - Gritou a pergunta. Quando não ouve resposta, Jaime olhou para o chão, com mais algumas lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e continuou. - Primeiro eu matei o piromante. E quando Aerys se virou para fugir, eu... Enfiei minha espada em suas costas. "Queime todos", ele continuava a dizer. - Lembrou-se do olhar louco do homem, tão parecido com o de Cersei. - Eu acho que ele não esperava morrer. Ele esperava queimar com o resto de nós e renascer. - Fez uma pausa e olhou para Daenerys. Sentia sua pele febril, e a mulher franzia a testa ao ouvir seu depoimento. - Renascer como um dragão para transformar seus inimigos em cinza. Eu... - A voz de Jaime não passava de um sussurro. - Eu cortei sua garganta para garantir que isso nunca acontecesse.

Jaime analisou cada rosto. Os Imaculados estavam sem expressão, como sempre. A menina de olhos amarelos estava chocada, assim como Sor Barristan. O homem me julgava tanto, imagino que agora não mais, pensou, por um momento se divertindo. Tyrion Lannister também estava chocado, e não parecia se importar em não esconder isso. Apenas Daenerys que já havia se recomposto, exceto por uma ruga de preocupação aparente no meio de suas sobrancelhas. Jaime pôde perceber que a mulher segurava os braços do Trono de Ferro com tanta força que suas mãos estavam sangrando.

Após longos instantes, Daenerys abriu a boca para começar a falar. Então é isso, pensou. Ela pediu sinceridade, e eu obedeci. Agora me resta saber se vou sobreviver.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentem, por favor! ♥~



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