Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 13
Jaime




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Mesmo embaixo das cobertas, o frio estava fazendo Jaime tremer feito uma garotinha assustada. Até meus ossos doem, percebeu, enquanto tentava se levantar da cama.

Com muito esforço, colocou sua cota de malha e desceu para fazer seu desjejum.

– Olhe, o Regicida. - Ouviu sussurros dos homens de negro. Jaime já não ligava mais para esses apelidos. Pelo menos os selvagens não encherão minha paciência, pensou amargamente.

Pegou algumas costelas de porco, um vinho quente e sentou em uma das mesas. Um dos homens se virou, com um sorriso zombeteiro no rosto, e disse:

– Regicida, veio tomar o negro? - Jaime se virou para olhá-lo. Era um moleque loiro de olhos verdes que aparentava não ter medo de nada. Até parece o Joffrey, pensou, rindo internamente.

– Não. - Respondeu, sem calor na voz, enquanto comia uma costela.

– Agora que sua irmã morreu, parece que não tem mais a quem foder. -Imediatamente, Jaime levou sua mão esquerda até a garganta do rapaz, apertando-a. O mesmo arregalou seus olhos verdes, fazendo um esforço inútil para respirar.

– Não preciso da minha mão direita para te matar, menino. Vire-se e matenha-se calado. Caso contrário, terá o mesmo destino do Rei Louco. Não sou um homem de honra, lembra-se? Tome cuidado comigo.

Dito isso, largou a garganta do garoto. O mesmo respirou fundo, a cor voltando devagar para as suas bochechas. Virou-se sem dizer nenhuma palavra.

Todos os covardes que estavam com sorrisinhos zombeteiros viraram para seus pratos, fingindo que não viram nada. Melhor assim.

xxx

– Vamos! - Gritou o Lannister, enquanto batia com a espada de madeira e sem gume no ombro do menino selvagem, chamado Klaus. - Me acerte!

O garoto estava com um brilho feroz no olhar. Desviou do próximo golpe do leão e, quando Jaime ia atacá-lo, Klaus viu uma chance e golpeou-o na barriga. O Lannister ficou impressionado.

– Muito bom, garoto. - Disse, e Klaus apenas assentiu.

– Preciso ficar mais do que bom para defender meu povo dos Outros. - Respondeu, sério. Jaime não pôde deixar de dar um sorriso.

Achou interessante treinar os meninos selvagens, e Jon ficou feliz em deixá-lo. Assim, Jaime treinava com a sua mão esquerda ao mesmo tempo que os menos experientes também treinavam com ele.

– Regicida, - Um Patrulheiro o chamou. Jaime revirou os olhos e limpou o suor gelado da testa, virando-se para o homem. - o Lorde Snow quer falar com você.

– Estou indo. - Respondeu Jaime, deixando a espada de madeira de lado e pegando a Luminífera que estava encostada no canto do pátio.

Subiu os degraus até a Torre do Rei e, ao chegar na porta de Jon Snow, dois guardas o pararam.

– Sem espadas. - Respondeu um deles.

Quando Jaime começou a tirar a espada de seu cinto, a porta atrás deles se abriu, revelando o bastardo Snow.

– Sor Jaime, entre com a espada, por favor.

O leão se sentiu satisfeito. Não gostava de deixar a Luminífera em qualquer lugar por muito tempo. Era uma espada muito valiosa para fazer isso. Deu um sorriso zombeteiro para os guardas e entrou.

O cômodo, como sempre, estava quente. A lareira ficava acesa dia e noite.

– Sente-se. - Pediu Jon, enquanto ele fazia o mesmo. Jaime obedeceu e se sentou na cadeira de mármore, de frente para a mesa e o Comandante. - A guerra está chegando. Posso senti-la em meus ossos. A cada dia está mais frio. É quando os Outros chegarão.

– Então vamos lutar. - Respondeu Jaime, sem saber ao certo o que deveria dizer.

Jon olhou nos olhos dele.

– Mostre-me sua espada novamente.

Jaime se levantou e desembainhou a mesma. Novamente, o quarto pareceu ficar mais quente e mais iluminado com as chamas que saiam da espada.

O Lannister poderia desembainhá-la quantas vezes quisesse, mas nunca ficaria de outro jeito se não estupefato com a visão da Luminífera. Forjada com o sangue da mulher que eu amo, pensou Jaime, voltando para a noite que havia matado Brienne. Sua garganta se apertou, ele guardou a espada e sentou na cadeira novamente.

– Sor Jaime, por que você realmente quis se juntar a nós nessa guerra? - Perguntou Jon, olhando em seus olhos. - Você realmente quer se sacrificar para salvar os Sete Reinos?

– Ainda nem lutamos e você presume que eu vou morrer, Lorde Snow. - Respondeu Jaime, dando um sorriso sarcástico. Jon apenas ficou fitando-o, sério. O sorriso do leão desapareceu lentamente. Não é a primeira vez que salvo mulheres, homens e crianças inocentes das quais não conheço, quis dizer. Salvou a população de Porto Real do Rei Louco, embora ninguém visse dessa forma. Regicida, conseguia ouvir as vozes das mulheres, homens e crianças que ele salvou o chamando assim. Quebrador de Promessas. Um homem sem honra.– Eu sou Azor Ahai, esqueceu? - Respondeu, por fim. O sorriso voltou para seu rosto. - Parece que esse é meu destino.

– Estou falando sério. - Disse Jon Snow, rispidamente. - Qual seu verdadeiro motivo, Regicida?

Novamente Jaime abriu a boca para tentar dizer que queria salvar a população que habitava Westeros, que não era a primeira vez que se sacrificava por pessoas inocentes. Mas, antes que pudesse abrir a boca, uma voz pareceu sussurrar em seus ouvidos. Uma voz conhecida, uma voz que ele aprendera a amar. Seus crimes são impossíveis de perdoar, Regicida. Socorro! O Regicida!

E então, apenas a visão da enorme mulher de armadura de cabelos curtos e loiros, sardas no largo rosto e olhos de safiras apareceu em sua mente.

– Quer saber a verdade, bastardo? - Perguntou Jaime, sério. - Eu estou fazendo isso para salvar Brienne. Não ligo para o resto do mundo, apenas que Brienne viva em um lugar seguro e possa ser feliz. É por isso. - Parou alguns instantes para analisar o rosto de Jon. O mesmo ainda o olhava sério, mas parecia surpreendido com a resposta. - Eu sei que você a conheceu. Você a salvou de ser morta. - Engoliu em seco antes de continuar. - Obrigado por isso. Estava em dívida com você. E... Os Lannisters sempre pagam suas dívidas. - Concluiu.

Jon Snow não fez menção de responder, então Jaime fez uma reverência e saiu da sala.

Já havia escurecido quando Jaime saiu da Torre do Rei. O tempo parecia passar mais rápido quando se dedicava a treinar os garotos inexperientes. O frio estava aumentando. O bastardo está certo, percebeu o leão. A guerra está chegando. O inverno já chegou. Os Outros estão vindo.

Desde quando eu acredito nisso?, se perguntou. Jaime nunca havia se importado com a Patrulha da Noite, mas algo em seu sangue fazia com que ele tivesse que ao menos tentar ajudá-los. Era Azor Ahai, e agora era um homem com responsabilidades.

Chegou em seus aposentos e logo acendeu a lareira e se deitou nas cobertas. Estava congelando.

Fechou os olhos e permitiu que algumas lágrimas fossem derramadas. Derramadas por sua esposa, que estava tão infeliz da última vez que eles se viram. Derramadas também pelo seu filho que não nasceu, o filho que ele finalmente poderia ter pego no colo. Uma mão gelada pareceu envolver seu coração e fazê-lo doer.

Eu não me despedi de Brienne, se lembrou. De repente, um desespero tomou o seu corpo. E se eu nunca mais voltar dessa guerra?, pensou. E se eu nunca mais poder beijar minha esposa? Eu realmente fui tolo o suficiente para ir embora sem me despedir?

Pensou em como Brienne deveria estar infeliz nesse momento, o que fez com que ele chorasse mais ainda. Nessa noite, não conseguiu dormir. Foi a partir desse momento que começou a ter insônia.


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