Teddy & Andromeda escrita por Jack


Capítulo 5
Lição


Notas iniciais do capítulo

HEY!

FELIZ ANO NOVO ANTECIPADO para quem estiver lendo!!

Obrigada a todos que comentaram, não foram muitos mas tudo bem!!

Boa leitura!!



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Andrômeda se sentou no parapeito de uma das janelas do primeiro andar e suspirou.

Nas últimas quatro semanas ela tinha se afastado dos seus amigos Grifinórios, por medo da irmã. Parecia estupidez trocar amizades por isso, mas Andy praticamente estremecia ao pensar no que sua irmã e seu pai poderiam fazer se resolvessem “intervir” na sua amizade. Por mais medrosa que fosse ela não suportaria se algo acontecesse com aqueles três por sua causa.

Não foi fácil no começo. Teddy e Molly estavam sempre tentando encurralar a menina no corredor durante as semanas ou puxar assunto nas aulas, mas Andrômeda conseguiu fugir achando alguns caminhos diferentes e os ignorando nas aulas. Arthur, porém conseguiu encontrá-la uma vez na biblioteca e Andrômeda afirmou estar extremamente focada nos exames e que por isso não tinha mais tempo para nada. Nem sequer comer ela comia no salão para fugir nos encontros.

Ela tinha uma explicação para fugir, sabia que eles perguntariam o porquê dela se afastar e a menina não conseguia pensar em uma resposta que não ferisse os sentimentos deles. E ela não queria isso. Teddy, Molly e Arthur foram os primeiros de sua idade a tratarem realmente bem, com carinho, e Andrômeda era imensamente grata por eles por cada momento que passaram junto, por cada risada que tinham a feito soltar...

Mas agora, ali sentada olhando o por do sol e balançando as perninhas de canelas finas Andrômeda pensava no que ia fazer agora. Os exames haviam acabado hoje e esse era o motivo do gramado de Hogwarts estar cheio de alunos aproveitando o fim da tarde ao ar livre. Apavorava-se ao pensar no que diria se encontrasse com Teddy no corredor agora, ou com Molly no salão... Não tinha mais desculpas, não tinha mais nada do que a pura verdade.

_ Santa Morgana, mas que animação! – uma voz tediosa chama a atenção da menina morena. Bellatriz se aproximava pelo gramado de frente a janela e olhou para cima, encarando a irmã. – O que foi? Seu gatinho morreu?

_ Eu não tenho nenhum gato. – Andrômeda resmunga rebatendo o tom zombeiro da irmã. – Mamãe nunca deixou você sabe...

_ Mas isso nunca te impediu de ter um gato imaginário. – Bella diz revirando os olhos. – Como eu queria ter uma varinha imaginária para matar aquele bicho idiota...

_ O que você quer Bella? – Andrômeda geme abaixando os ombros em um movimento cansado.

_ Quero saber se está fazendo o certo. – a mais velha responde entortando os lábios em um sorriso cínico que assustava por não combinar com a pouca idade. – Se esse afastamento dos vermes é duradouro. Você sabe o que vai acontecer se não for.

_ Já falei para sossegar Bella... Não vou mais falar com eles.

*

*

Contrariando as expectativas pessimistas de Andy ela conseguiu fugir de seus antigos amigos pelo resto do ano, passando mais tempo com a irmã e seu grupo de “amigos” que poderiam ser mais descritos como cobras, o que combinava com a casa de onde todos eram.

Na hora de escolher a cabine do trem porém, Andrômeda se esgueirou do vagão da Sonserina e procurou novamente por uma cabine vazia. A maioria dos alunos estava mais agitada do que nunca nas suas cabines aproveitando os últimos momentos com os amigos antes das férias de verão, o som dos rocks trouxas e bruxos se misturava saindo pelas portas abertas.

Andrômeda só foi achar uma cabine vazia no começinho do trem, perto da sala do maquinário. Ali o som do trem era mais alto e incomodo mas ela não se importou, se sentou olhando para a janela e pensando em tudo que houve no seu primeiro ano na escola. Em como tudo que ela aprendeu durante anos ficou confuso e duvidoso, em como o ambiente onde a irmã dela vivia era chato, em como se divertiu realmente pela primeira vez na vida...

Por um momento Andrômeda teve o infantil desejo de poder mudar de família. Não ser uma importante Black com todas as tradições e sim uma bruxa comum... A Andy. Apenas Andy.

A menina não sabia dizer quando dormiu, mas acordou com o trem freando na plataforma. Andrômeda se espreguiçou, coçou os olhos e gemeu pela dor no pescoço por dormir torta. Puxou o pesado malão do bagageiro e ajeitou seu vestidinho azul escuro e o chapéu delicado da mesma cor.

O corredor estava cheio de alunos correndo para fora do trem loucos pelas férias, e o corpo pequeno de Andrômeda se esgueirava por ali até praticamente tropeçar para fora do trem. Seus olhos buscaram por alguém de sua família na plataforma, mas seu campo de visão foi tampado por olhos castanhos claros.

_ Sabe Andy, se eu não te conhecesse bem diria que esteve fugindo de mim nos últimos dias. – Teddy diz balançando o corpo de maneira despreocupada, mas Andrômeda notou a perspicácia nos olhos dele. – Mas eu sei que não foi isso... E por isso te esperei agora, aqui. E então? Como vai?

_ Desculpe Teddy, mas eu preciso ir. – a menina responde tentando passar por ele mas Teddy a intercepta.

_ Não até me explicar o que aconteceu. – ele diz cruzando os braços. Teddy estava usando novamente aquela boina velha e um casaco números acima do dele, também surrado. – Foi algo que eu disse? Ou fiz? Eu juro que nunca quis te deixar triste ou com raiva. – ele acrescenta murchando os ombros e Andrômeda engole em seco de pena. Ela queria poder dizer que não tinha nada com ele, e explicar tudo direito, mas a menina só conseguiu arregalar os olhos ao ver quem estava ali perto deles, os observando. – Arthur me disse que vocÊ estava estudando para os exames, mas depois eu pensei que ia nos procurar... Sentimos sua falta e...

_ T-Teddy, eu tenho que ir. – Andrômeda o corta com os olhos fixos na família ali perto. O homem alto de barba preta olhava para ela com dureza e frieza, coisas que assustavam muito a menina. A mulher mantinha a boca entreaberta como se não acreditasse na ousadia da filha, já a mais velha, Bella, sorria maldosa para tudo enquanto Narcisa olhava tudo um tanto temerosa e confusa.

_ Eu posso te escrever? – Teddy diz assim que Andrômeda dá um passo e ele segura seu braço. – Nós ainda somos amigos certo?

_ N-Não... Não Teddy... – Andrômeda gagueja tremula.

_ Você está bem? – Teddy indaga franzindo a testa preocupado com a amiga pálida a sua frente. – Parece que vai vomitar!

_ Teddy, eu preciso ir. AGORA. – Andrômeda exclama em desespero e o menino a solta um tanto assustado com a reação da menina. Andy então corre até os pais e as irmãs que estava assistindo tudo, sentindo seu coração martelar no peito de medo.

Porém, assim que a menina para perto da família os pais se viram de costas e começam a andar para fora da plataforma. Nem uma palavra, ou sequer um “bem vinda”... mas Andy não esperava por isso mesmo. A menina de cabelos escuros viu a irmã mais nova andar ao seu lado com um sorriso satisfeito e estremeceu.

Quando já estavam próximos na passagem Andrômeda olhou por sobre o ombro e se surpreendeu por ainda ver o corpo magrelo de Teddy perto do trem, com as mãos no bolso e a encarando com uma expressão confusa. Mas então a mão fria do Sr. Black puxou o braço da menina e em instantes estavam aparatando na sua casa.

Por um minuto Andrômeda ainda teve esperanças. O pai, assim que chegaram, se sentou na poltrona da sala e pegou um charuto na mesinha ao lado, tragando lentamente. A mãe andou pelo cômodo até ficar de frente a lareira e dedilhou o mármore negro dali. Narcisa continuou onde estava quando aparataram, assim como Andy, mas Bellatriz apenas soltou o ar e se sentou no sofá.

_ Andrômeda. – o pai chama com sua voz grossa, soltando um elo de fumaça. – Quem era aquele moleque que estava conversando com você agora a pouco?

Seu tom era tranquilo e frio, e isso dava ainda mais medo da menina. Ela queria demonstrar alguma coragem na frente do pai mas era impossível. Então tentou mentir...

_ N-Não o conheço. – Andrômeda responde torcendo as mãos escondidas nas costas. – Q-quer... dizer... ele é do meu ano mas... nunca nos falamos até.... hoje...

_ Sua tentativa de mentir é patética garota! – ele exclama levantando o charuto, mas uma vez a boca. Bellatriz ao ouvir o pai soltou uma risadinha desdenhosa que logo foi abafada por uma tosse falsa. Druella Balck, a mãe, suspirou parecendo entediada com aquilo e se sentou em outra poltrona, chamando Narcisa para sentar-se no seu colo. A loirinha sempre foi a favorita de sua mãe, assim como Bella era a favorita do pai.

_ N-não estou mentindo P-pai...

_ Claro que não. – Cygnus diz sarcástico. – Mas tudo bem, Andrômeda, se não quiser falar. Tudo bem. – A menina estranhou a resposta calma do pai e em sua total inocência suspirou aliviada, pensando que ele ia encerrar o assunto. – Eu pergunto a sua irmã. Bella com certeza me dará respostas. Certo Bella?

_ Claro papai. – a menina de 12 anos responde se endireitando animada no sofá como se tivesse ganhado um premio. Andrômeda arregalou os olhos apavorada e olhou para a irmã tentando inutilmente suplicar por seu silencio. – Aquele garoto que Andrômeda estava conversando se chama Teddy Tonks. Um sangue-ruim, grifinório... Eu não daria a mínima para alguém como ele, mas já que minha irmãzinha resolveu virar amiguinha dele eu decidi pesquisar um pouco.

_ Então... “amiguinha” de um sangue-ruim. – O pai comenta passando a unha do mindinho do estofado da poltrona. A mão direita de Cygnus Black era uma das coisas que mais assustava sua filha e muitos outros. Seus dedos longos, magros e brancos eram cheios de anéis, sempre de pedras escuras, e a unha do mindinho era sempre conservada comprida e pontuda.

_ E-eu não sou amiga dele, eu só...

_ CALADA! – o homem grita fazendo todas as filhas pularem. Druella por outro lado já estava acostumada e continuou transando o cabelo claro da sua caçula. – Você vai falar apenas quando lhe der permissão Andrômeda. – manda apontando o dedo para ela. – O que mais pode me contar Bella?

_ Andrômeda sempre ficou se engraçando pro lado desse menino. Os encontrei conversando ainda no primeiro dia, no trem. Mas desde o Natal eu vejo eles andando juntos pelos corredores, rindo, brincando... Minha irmã não tem sequer vergonha meu pai! Anda com o sangue-ruim como se fosse algo comum! E não é só ele... ela ainda ficou amiga de dois pobretões, todos da Grifinória. – Bella contou parecendo se deliciar com aquilo e Andrômeda pensou que ia cair pelo tanto que suas penas tremiam.

_ E você não fez nada a respeito Bellatriz? – o homem pergunta frio para a mais velha que finalmente apaga o sorriso do rosto.

_ Claro que sim meu pai! – exclama cruzando os braços de maneira emburrada. – Eu a ameacei! Disse que era para parar de andar com aquela ralé senão eu tomaria providencias, contaria a você... E então ela se afastou deles.

_ Não foi isso que eu vi hoje.- ele retruca se levantando. – Da próxima vez Bellatriz, não peca tempo com ameaças! Tome uma providencia e me conte imediatamente. – acrescenta nervoso e surpreendentemente Bellatriz se encolhe ao concordar com a cabeça. – Mas vamos nos garantir de que não terá próxima vez, certo Andrômeda?

_ S-Sim... papai... Eu não falarei mais com ele. Juro! – Andrômeda responde desesperada para aquilo acabar e ela ir pro quarto.

_ Muito bem. – o pai diz suspirando e se vira indo até a mesa de bebidas. Seus movimentos ainda eram observados pelas filhas e pela mulher, até que Druella se levantou e sem sequer olhar para as filhas mais velhas subiu com Narcisa para o segundo andar. – Vão ficar aí o dia todo? – Cygnus pergunta ainda de costas para as filhas e as duas se mexem para fora da sala.

Andrômeda só conseguiu respirar aliviada quando saiu da sala e chegou ao corredor, mas mesmo ainda tremula ela se virou para a irmã mais velha com raiva.

_ Porque me entregou daquele jeito Bella?- pergunta cruzando os braços, mas a mais velha apenas revira os olhos e vai em direção as escadas.

_ Tem sorte de eu ter falado apenas aquilo. – Bella responde em um tom entediado. – E tem sorte de ter sofrido apenas isso...

_ Mas você...

_ Ora Andrômeda! Cale a boca! – Bella exclama e sobe o restante das escadas, se trancando no quarto.

*

O sono de Andrômeda não foi dos mais tranquilos. Parecia ter desacostumado da sua cama e demorou a pegar no sono, e ainda teve pesadelos. Para completar choveu aquela noite, com direito a raios e trovões.

Quando acordou no outro dia, a menina passou um tempo pensando na conversa com seu pai no dia anterior, e teve a estranha sensação de que o assunto não tinha terminado. E com esse pensamento ela escorregou da grande cama de mogno e seguiu para o banheiro do seu quarto.

Andrômeda parecia uma menina fantasma de manhã. Cabelos pretos bagunçados caindo no rosto, pele branca e camisola branca até os pés. Ela se vestiu com um vestido bege e colocou suas meias e sapatos. Estranhou o fato de um dos elfos não ter vindo até o quarto arrumar a sua cama ou lhe ajudar a se vestir, mas deu de ombros para esse fato já que estava extremamente desanimada.

A menina deu um último suspiro e foi para a porta, parando com a mão na maçaneta. A porta não abria, e a chave havia sumido. Andrômeda forçou a porta mas não era muito forte, então não teve sucesso.

_ Olá! Tem alguém aí? – perguntou alto batendo na porta com força. – Mamãe? Papai? Bella? Ciça? Alguém! Eu estou presa aqui!

_ É claro que está. – Andrômeda não segura um gritinho agudo de susto que solta ao ouvir a voz do pai bem atrás dela. Seu pai estava parado perto da janela, com as mãos nas costas e um olhar frio.

_ O que houve? Minha porta emperrou? – Andrômeda indaga apesar de engolir em seco.

_ Andrômeda, você sabe o quão antiga nossa família é? – Cygnus pergunta ignorando a menina. – Nosso ancestral já duelou ao lado do próprio Salazar Sonserina. – continua em seguida. – Nós somos importantes, ricos, antigos e com tradições. E é extremamente difícil hoje em dia ser tudo isso, porque nossa sociedade foi corrompida, por vermes e aberrações. Mestiços, sangues-ruins...

Andrômeda prendeu o ar já entendendo o porque da conversa, e se estremeceu ao pensar que estava sozinho com o pai em um quarto trancado.

_ Ter o sangue puro é algo inestimável Andrômeda. É nosso maior tesouro. – ele continuou sem mover um músculo e fuzilando a menina com o olhar. – E é por isso que devemos manter nossa pureza... intacta.

_ E-eu sei de tudo isso papai. – Andrômeda responde surpreendendo-se por ter voz e audácia para tal ato. – Mas eu só c-conversei com Teddy...

_ Já avisei para falar apenas quando eu permitir. – murmura e Andrômeda percebe uma veia na testa do pai latejar. – E conversar, sorrir, tocar, olhar, e até mesmo compartilhar do mesmo local com um sangue-ruim já compromete nossa linhagem menina! Se eu pudesse eu tiraria você e sua irmã daquela escola vulgar, mas infelizmente não posso fazer tal coisa. Mas então, enquanto estiver lá você vai honrar seu nome e seu sangue! Vai se socializar apenas com puros. ENTENDEU?

_ Sim senhor. – Andrômeda murmura encolhida a porta do quarto.

_ Muito bem. – o pai diz passando a mão lentamente sobre a testa. - Você vai ficar trancada no seu quarto por todas as suas férias, para aprender.

_ O que? – Andrômeda indaga esganiçada.

_ Não reclame! – ele exclama fazendo a filha voltar a se encolher. – Precisa aprender que toda ação estúpida tem consequências Andrômeda! Vai ficar nesse quarto por todo esse tempo, sem falar com ninguém, sem ver ou escrever a ninguém! Os elfos lhe trarão comida e é só.

Antes que a menina abrisse a boca para tentar protestar seu pai aparatou do quarto deixando-a sozinha. Andrômeda se virou para a porta e bateu chamando por alguém, gritando para que não a deixassem presa, mas foi inútil.

E já era quase noite quando se deu por derrotada e deitou-se na cama, chorando.


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Notas finais do capítulo

:'(



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