TRL escrita por Lykka


Capítulo 34
Garota Misteriosa




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O Lago Negro de Hogwarts mede o tamanho de dois campos de quadribol, onde abriga a lula gigante, uma tribo de sereianos, algas mágicas e entre outras coisas.

No fundo do lago, diz-se que existem ruínas de uma parte do castelo destruída por Salazar Slytherin antes de se ausentar de Hogwarts.

Estou deitado na grama verde e macia como uma cama e um travesseiro, eu poderia dormir aqui nessa grama que dormiria em paz.

Escuto passos mas não abro os olhos, nem ao menos quando a pessoa se senta do meu lado.

"Tudo... Tudo... Conforme o planejado" escutei a voz suave como pluma de Ryan chegar até mim.

"Então por que hesitou tanto?"

Silêncio.

Abro um dos olhos e o fito. Ele está quieto, abraçando os joelhos, com uma carta nas mãos. Já disse que odeio cartas?

"Jasmi-"

"Ela foi demitida, não se preocupe" ele garante.

Suspiro.

"Então o que houve?"

"Nada"

"Que linda cara de nada você tem"

Ele suspira e abraca as pernas com mais força, se balançando pra frente e para trás.

"Não é nada sobre o plano ou-"

"Tem algo o abalando"

Ele suspira e assente.

Me sento e o fito.

"Talvez possamos-"

"Não podemos" ele me cortou, de modo gélido, sem nem me dar a chance de falar.

Me balanço para frente e para trás abraçando minhas pernas.

"Odeio isso" declaro.

Sinto seus olhos cinzentos pousarem em mim.

"Isso o que?"

"Ver que está algo mal e dizerem que não posso fazer nada"

"Porque você não pode"

Suspiro.

"Disseram que eu não podia também com Jasmi-"

"Você não pode resolver coisas do divórcio dos meus pais" explicou Ryan pacientemente se levantando.

Prontamente me levantei junto, como um bom amigo, mas eu não sabia o que fazer.

Olhei nos seus olhos mas eles faiscavam sem demonstrar absolutamente nada. Apenas uma imensidão cinza que você poderia mergulhar e se afogar. Sua irmã tem os olhos do mesmo tom. Imagino que seja algo dos Lorentz. Deve ser uma bonita família de cabelos escuros e olhos cinzentos. Uma família que está se rompendo... É por isso que sinto o cinza como uma pedra nos olhos dele, estão duros e frios, apesar de sua voz estar suave e paciente.

Não sei o que dizer, nem o que fazer, então apenas tento o distrair convidando-o para visitar Hagrid. Ele aceita e nós nos distraimos por um par de horas. Acabamos ajudando Hagrid em algumas tarefas antes de termos que voltar pro castelo para termos aulas.

Faremos um passeio pro Hogsmead esse final de semana. Um ótimo passeio antes do Natal. Passarei aqui. Porém as garotas, Jack, Danna e Victorie não. Vão viajar. Eu, Luke e Ryan teremos a Torre da Grifinória só para nós, pelo que eu sei. Será divertido.

Ando pelos corredores ao lado de Ryan esperando encontrar Jack e Luke em Hogsmead, até receber um empurrão que me faz cair. Rosno, no automático.

"Olá sangue-ruim" fala Dolohov, olhando Ryan, consigo ver seu sorris idiota antes de seu pé sobre mim me forçar a deitar. "Fica quietinho aberração"

Pego minha varinha e tento apontar na direção de Dolohov mas não consigo vê-lo, então aponto pra um dos seus amigos que não sei o nome.

"Não faça nada com o Ryan que esse aqui vai-"

"Expelliarmus!"

Minha varinha voa para longe da minha mão e eu gemo baixo. Perdi minha chance. Deveria ter atacado, não ameaçado. Agora pagarei o preço.

Sou levantado e sinto um braço forte segurar meu pescoço. Não ouso me mover, se não poderia ser enforcado. Respiro com cuidado enquanto procuro Ryan. Assim que o acho, grito por ele. Ele está no chão, recebendo chutes e socos. Ao tentar se apoiar nos braços, eles tremem e ao receber mais um chute ele cai cuspindo sangue.

"Sua vez vai chegar, aberração. Não precisa ter pressa"

Rosno e fito Dolohov.

"Qual é o seu problema? Deixa a gente em paz"

Ele sorri, seu estúpido e retardado sorriso.

"Não tenho tanta certeza disso" ele mostra o que tem nas mãos, minha varinha, e a coloca em posição para quebrar. "Você me ameaçou."

Fecho os olhos com força, não quero ver se ele quebrar a minha varinha.

"Vocês não irão hoje pra Hogsmead. Vão estar" solta um riso. "se divertindo"

Somos levados para uma das partes abandonadas do castelo, tento lutar mas eles são mais fortes. Eles abrem uma tábua do chão e me prendem dentro dele, resisto, tento escapar mas não consigo. Escuto eles prenderem as tábuas de novo e tento não ser dominado pelo medo.

Ache o medo. Sinta o medo. Domine o medo. Vença o medo.

Estou em uma parte abandonada de Hogwarts. No chão. Com uma tábua em cima de mim me prendendo. E escuto eles arrastarem um armário pra cima da minha tábua.

Está tudo escuro. Essa posição que estou é cansativa e desconfortável. Não sei o que estão fazendo com Ryan ou o que fizeram. Estou sem minha varinha. E estou cansado demais para fazer um feitiço sem varinha. Nem ao menos me transformar consigo.

Apuro meus sentidos, escuto sussurros, de Dolohov e seus capangas/amigos. Eles tão discutindo sobre honrar seus pais. Desgraçados. Devem ser filhos de Comensais da Morte. De praticantes de magia das trevas. E agora eles tem uma "aberração" e um "sangue-ruim" para poder "orgulhar" os pais com o que fizerem com a gente.

Escuto a respiração acelerada de Ryan, ele está como eu, preso dentro do chão. Pelo menos não foi morto. Ainda.

"Vamos curtir Hogsmead" escuto Dolohov se dirigir a mim e Ryan. "Voltamos em algumas horas. Fiquem vivos, sangue-ruim e aberração"

Fecho meus olhos com força e bato na tábua assim que eles se vão, ela não se solta por mais que eu tente. Sinto minha respiração acelerada e começo a entrar em desespero, o desespero que cresce no meu peito fazem lágrimas começarem a escorrer.

Eu não quero morrer, por favor. Eu não quero morrer.

"Ryan, eu quero ir embora" confesso, sentindo as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto, depois de horas preso.

"Tente descansar, fará bem a você" sua voz calma e suave chega a mim.

"Como consegue continuar calmo?" pergunto, soluçando.

"Não estou calmo, só tenho que estar"

Não entendo. Ele está calmo ou não? Não me importo também, só quero sair daqui.

Escuto passos e tento ficar calmo. Tenho medo do que irá acontecer comigo agora. Não quero que nada aconteça comigo. Por Merlin, por favor...

A claridade aparece quando a tábua é retirada. Um rosto desconhecido e feminino entra no meu campo de visão. Uma garota, tem olhos dourados e pele escuta como o cabelo cacheado, é uma garota negra e linda. Sua beleza não é como princesinha da Disney (um canal de televisão que descobri na casa do meu padrinho), é sexy. Porém seus olhos mostram atenção e selvageria, enquanto me analisa antes de ir soltar Ryan. Deve estar no quinto ano, usa roupas da Grifinória.

Após soltar a mim e Ryan, ela se vira para nós.

"O que houve?" sua voz é intensa, como se percorresse todo o meu corpo.

Começo a explicar, mas me atrapalho com as palavras e recebo um olhar de incompreensão por parte da menina. Ryan coloca a mão no ombro e corado se dirige a garota, com a voz baixa porém calma.

Ela assente e olha ao redor, até nos ajuda a achar nossas varinhas, antes de puxar eu e Ryan para a saída.

Ela questiona nosso nome. Ryan Lorentz e Ted Lupin. Lupin. Ela para um instante ao escutar meu nome. Com uma expressão indecifrável. Mas também... A jornalista lá fez meu pai ser conhecido e ferrando a vida dele. Poucos contratam um lobisomem, quase ninguém. Tão mudando isso atualmente, minha família. Mas... De qualquer modo... Meu pai ainda é um lobisomem. E humanos são cheios dos seus preconceitos.

Perguntamos quem ela é. Ela diz que não é necessário dizer seu nome. Eu insisto. Ela sorri e diz para eu chama-la de "Minha linda e preciosa salvadora", digo que não vou fazê-lo de modo algum e ela me empurra de leve.

Encontramos um grupo de sonserinos no caminho. Devem ser do sétimo ano. Mas mesmo assim, aparentemente sem ter nada com Dolohov, eles erguem as varinhas. Erguemos também.

A garota sorri enquanto batalha, ela parece ter reflexos apurados e se divertir em lutar. Alguns gostam disso, não é? Ela luta, boa em se esquivar e em atacar, mas não boa em escudos. Ryan é excelente em escudos e dá pro gasto em ataques. Eu... Não sei o que sou. Ataco com ferocidade porém, fazendo meus inimigos ficarem impossibilitados de atacar de volta.

Mas então eu sinto, do nada, dois ganchos perfurando meu corpo. Pelo menos sinto como se fosse. Me inclino e apoio na parede, outro feitiço voa na minha direção, sem eu conseguir me mexer. Mas Ryan me puxa e nos esquivamos. Escuto um riso e um grito "Pelo Lord das Trevas!".
Gente... O que diabos?

"Vão pra a enfermaria!" grita a garota.

Abro a boca pra expressar minha opinião sobre a deixar sozinha mas não encontro forças para falar absolutamente nada.

"Eu dou conta!"

Ryan me força a ir para a enfermaria. Onde sou cuidado e tratado. Artes das Trevas. Eu senti o efeito do que matou meus pais no meu corpo.

Minha avó e meu padrinho são chamados. Eles ficam preocupados mas meu padrinho escala aurores para descobrir que organização pretende relembrar os velhos tempos e sal- Quer dizer, isso é antes deles irem combates dementadores em Hogwarts. Isso que dá fazê-los sair de Azkaban sem lugar pra ir.

Mas tudo é esquecido enquanto apreciamos a ceia de Natal. Toda a comida maravilhosa que eu poderia simplesmente me casar com ela e... Gente, eu amo essa comida. Amo tudo isso. Simplesmente... Jack ama mais. Muito mais. É quase obsessão. Se a comida fosse uma mulher e- Recuo. Agora estou pensando em coisas inapropriadas.

Visito meus pais. Conto para eles os acontecimentos recentes. Afirmo que não há razão alguma para que se preocupem, que estou bem e continuarei assim. Conto da garota misteriosa. E por fim, suspiro e olho pro céu, buscando saber se há algum vestígio da lua. Mas ainda é cedo, então apenas desejo que onde quer que papai esteja não haja lua cheia.

Me divirto com Luke, Ryan e Lizzie. Bolas e mais bolas de neve. Fazemos anjos de neve também. E bonecos. E fortes. Acabamos fazendo uma guerra. Em que no final eu venço! Ou não. Na verdade, foi Lizzie. Como ser inteligente e estratégica pode ajudar...

"Melhor que ser imprudente e estupidamente corajoso, é ser inteligente e estratégico" ela afirmou, jogando o cabelo, com um sorriso.

Está feliz. É mais fácil dela ficar do que Ryan. Ele é mais sério que ela. E tem tido insônia, tenho percebido. Não deve ser fácil os pais se divorciarem. Eu não sei, eu não senti, nem ao menos sentir o que é ter exatamente pais. Não estou me lamentando, estou apenas explicando como não posso entender expressivamente o que Ryan sente ou pensa, mas apenas ter uma vaga noção.

Natal. Época de sonhos, esperanças renovadas e mensagens trocadas com carinho e amizade. Foi exatamente isso que recebi.

Sonhos. Sonhei. Com meus pais. Com minha família. Com meus amigos. Com lobos... Pessoas como eu, filhos de lobisomens, que não são lobisomens mas tem um lado lupino... Vi a garota misteriosa entre eles. Como se ela fosse como eu. Mas não há ninguém como eu.

Busco iguais entre animais (Zekrom, Arquimedes e Pressler por exemplo) e humanos (meus amigos e minha família como exemplo), porém meus iguais não foram encontrados, pelo menos não ainda.


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