–A Minnie só vai voltar daqui há oito dias – eu sorrio.

Danna também sorri ao perceber o meu plano.

–Esse plano é idiota, imprudente, irresponsável e metido à lá Teddy Lupin – ela comenta sorrindo.

Jack aceita muito feliz assim que descobre que envolve o que ele mais gosta. Festa.

–Vocês dois convençam o Ryan.

–E você? – Jack pergunta.

–Eu vou achar o Luke.

Os dois saem me deixando sozinho.

...

–Droga. Onde você tá, Luke? – murmuro.

Eu passei em todos os lugares possíveis de Hogwarts e olha que eu conheço todo esse castelo.

Vejo Heather passando pelo corredor.

–Heather! Você viu o Luke?

Ela balança a cabeça, o que faz seus cachos caramelo balançarem.

–Não. Não desde que brigamos.

Brigar? Heather e Luke conhecem o significado dessa palavra? É por isso que ele sumiu?

–Vocês brigaram?

Ela passa a mão pelo rosto tirando um cacho de frente dos seus olhos.

–Sim. Todo mundo briga.

Assinto e me afasto.

Eu procuraria o ponto dele no Mapa do Maroto mas é o seguinte: ele está com o mapa.

Então penso na minha segunda alternativa. Sinto que não vai dar certo mas ligo os meus sentidos. É vergonhoso dizer mas eu farejo o seu cheiro.

...

Pego a minha vassoura e vou até o telhado da Torre de Astronomia.

Luke está sentado, de pernas dobradas, a cabeça entre os joelhos, olhando para o céu pensativo.

Pouso ao seu lado.

–Luke?

Ele não me responde.

Caminho até ele e me sento ao seu lado, mesmo assim ele não tira os olhos do céu.

–O que foi?

Ele me olha sem o seu brilho no olhar e isso me deixa assustado. Primeiro Ricky, depois do Jack, agora Luke. O que será que está acontecendo com todo mundo? Tudo bem que com Jack era só uma crise existencial mas e esses dois Abbott?

–Luke, o que houve?

–É possível a existência de uma amizade entre homem e mulher?

–O que houve entre você e Heather?

Ele volta a encarar o céu pensativo.

–Luke, eu sou o seu melhor amigo.

–Teddy, como você e Danna conseguem uma amizade sem segundas intenções?

Ah não! Seja qual for, Luke ou Heather, um está afim do outro e o outro não corresponde. Será que é Heather que trata essa briga como se não fosse nada ou Luke que decidiu fugir para o telhado da torre mais alta desse castelo?

–Quer falar sobre isso?

Ele nega com a cabeça.

–Por que estava me procurando?

–Pretendo dar uma festa na sala da diretora.

–Você é impossível – Luke comenta sorrindo.

Seja o que for que aconteceu entre ele e Heather ele está tentando deixar para lá.

...

–Lista de convidados – Danna fala enquanto escreve na sua prancheta.

Eu e ela estamos cuidado da lista de convidados. Ryan, Luke e Jack estão cuidando da comida e bebida.

Danna decidiu que o jardim seria um bom lugar para arrumar a lista, não que eu discorde mas é que eu não quero ficar parado em baixo de uma árvore.

–Teddy – ela chama.

–Estou ouvindo – respondo.

Ela se encosta no tronco da árvore e olha para cima. Eu estou em cima da árvore, passando pelos galhos com facilidade. Eu sorrio para ela e ela balança a cabeça sorrindo de volta.

–Desça daí.

–Só mais um pouco, mamãe.

–Você pode cair dai, quebrar a coluna e o pescoço...

É claro que Danna está me provocando, para eu me distrair e cair. Aí ela poder dar aquele sorriso lindo e arrogante e disser "Eu avisei".

Acho um galho forte o suficiente e me encosto no tronco, firmando os dois pés no galho.

–Ok. Depois não diga que eu avisei. Convidar a Backer?

–Não.

–Nenhuma das duas?

–Não convidar o povo da Corvinal pois são certinhos demais. E não convidar a Gray.

–Ok.

–E as garotas da Grifinória?

–Acho que não. Seria só a Evelyn de quem não é quieto.

–E a Heather Volkmar?

–Ela e Luke brigaram. Não quero minha festa com clima de briga.

–Ok. Não convidá-las então?

–É. Jack vai odiar por não ter convidado a Evelyn mas não convidar.

–Minha casa.

–Eu não quero o Dolohov lá.

–Relaxa. Não quero o Gary lá também.

–Elimina os preconceituosos, ok?

–Já percebi.

Me inclino para poder ver o seu rosto mas ele está virado para a prancheta enquanto ela escreve.

–Já percebeu o que?

–Que só vou poder convidar o Justin e o Victor.

–Problemas com isso?

–Não. Lufa-Lufa?

–Não tenho problema com ninguém de lá. Pode convidar.

–Então serão catorze pessoas na sua festa. Bom, convidadas.

–Está bom assim. Não pode ter muita gente no escritório da diretora.

...

Danna entra no escritório e analisa o seu território.

–Ainda acho isso uma péssima ideia – Ryan murmura. – E se formos pegos?

Danna se vira para ele.

–Não se preocupe, lindinho. Nós não seremos pegos.

–Como tem tanta certeza?

–Tendo. Você e Jack vão arranjar os materiais que preciso dentro deste castelo. Tem certeza de bebida alcoólica, Luke?

–Bom, serviremos outras bebidas mas eu realmente quero provar bebida alcoólica. Existe hora melhor?

–Tudo bem. Você e Teddy irão atrás da bebida alcoólica.

–Danna, não seria melhor se usarmos simplesmente a sala precisa para arranjarmos esses materiais?

Viramos nossas cabeças para Luke. Eu sei que a sala precisa existe, será o local onde darei minhas festas no futuro mas no escritório da diretora será ótima para um espírito de rebeldia.

...

Depois de descobrir da sala precisa Danna se torna uma organizadora de eventos enquanto os Flamas da Glória se tornam seus empregados. Eu e Luke tínhamos acabado de instalar o seu lustre para a pista de dança quando Jack e Ryan chegaram com a comida.

–Deixem ali – Danna comenta apontando para uma mesa.

Jack e Ryan deixam a comida onde Danna indicou.

Ela se vira para a gente. Veste uma jeans rasgada, coturnos, uma camisa com o emblema de uma banda e seus cabelos caem perfeitamente sob seus ombros.

–Vão se arrumar.

...

Eu saio do banheiro. Sou o último à me aprontar.

Luke, vestido com um jeans, jaqueta de couro de dragão e All Star está deitado na sua cama deixando com um pomo. Ele deixa o pomo escapar um pouco para o capturar. Não importa o que o pomo faça, ele sempre acaba entre os dedos de Luke.

Jack, vestido com um conjunto todo preto que lhe faz gótico, está sentado na cama de Ryan conversando com este último que veste jeans, tênis e uma camisa vermelha.

Eu caminho até Luke.

–Você está bem?

Ele olha para mim e força um sorriso para mim.

–Vamos dar uma festa. Por que eu não estaria bem?

–Porque eu te conheço e sei que você não está bem.

Ele desvia o olhar do meu rosto e captura o pomo mais uma vez.

–Só queria que você admitisse por si só.

...

Todos os convidados se apresentam na festa.

Danna nos apresenta Justin Lestrange e Victor Yaxley.

Nos divertimos e rimos. Victor e Justin não são tão péssimos assim quanto eu achava que seriam.

Os lufanos ficam em um canto sem interagir com a gente mas não nos importamos.

Vejo Justin observando ao longe os passos de Danna, ele está inclinado sob a bancada das bebidas e ela passa de um lado para o outro da sua festa.

–Você gosta dela, não gosta?

Ele se vira bruscamente. Vejo a varinha na sua mão mas ele a abaixa.

–Você me assustou.

–Eu só vim provar a bebida.

–Bebida alcoólica pela primeira vez? Bebe Firewhisky. É ótimo.

Aceito a sua dica. Apesar de Firewhisky ser a bebida alcoólica mais forte eu pego uma garrafa e bebo. O líquido escorre pela minha garganta quente e delicioso.

–Então, você gosta da Danna ou não gosta?

–Tá mais que óbvio que eu gosto – ele comenta amargurado.

–Então por que está assim? Danna não é idiota para ainda estar gostando do Dolohov.

–Não. Ela não gosta mais do Gareth.

Sorrio confiante para ele mas ele balança a cabeça.

–Isso não significa que ela goste de mim.

–Significa que você tem chance.

–Ela gosta de outro cara, não é o Gareth muito menos eu. Eu fui conhecer esse cara e pensei "Ah! Vai ser fácil não nos darmos bem!" mas ele é gente boa.

–Sei como é que é.

–Como sabe?

–Eu gosto da minha ex. Ela tem um namorado, ele joga comigo no time da Grifinória e é gente boa.

Balanço a cabeça espantando o pensamento. Eu tenho que ajudar o Justin com a Danna, não pensar em minha própria vida.

–Sabe de uma coisa? Tente ficar com ela antes que outro cara chegue e a tome. É melhor arriscar e não rolar nada e pensar no que poderia ter sido.

–Ok. Se não der certo vou culpar a bebida.

Ergo os braços em gesto de "nada contra".

Ele se levanta e caminha na direção de Danna.

...

Os lufanos não se misturam, só ficam excluídos em um canto.

Vejo Justin e Danna dançando juntos. Acho que deu certo o que disse para ele. Seja lá quem for o outro cara não tem chance agora.

Eu estou com uma nova garrafa de Firewhisky nas mãos. É a primeira vez que bebo e ainda não passei mal, isso é um bom sinal.

–Sabe, vocês devem achar que nós sonserinos passamos a perna em quem chamamos de amigo sem hesitar, não é? – Victor pergunta.

–É – concordo.

–Mas eu e Justin não somos assim. Éramos um trio desde pequeno mas desde que Gareth avançou para a Danna mesmo sabendo que Justin era apaixonado desde sempre por ela a amizade rompeu com o Gareth. Agora somos só eu e Justin. Quer dizer, todos nós da Sonserina andamos juntos, como uma alcateia faz pra sobreviver. O que eu quero dizer é que eu e Justin só podemos contar um com o outro.

Nesse instante todo o clima alegre da festa se rompe quando Minnie, que só deveria depois de amanhã, entra no seu escritório. Ela olha pra todos antes de pousar os seus olhos em mim. Sua expressão muda de surpresa para irritada e ela fala para todos.

–Trezentos pontos à menos para a Lufa-Lufa. Trezentos pontos à menos para a Sonserina. Trezentos pontos à menos para a Grifinória. Saem todos que foram convidados, não que organizaram a festa.

Olho para a Danna e para Ryan. Tenho um acordo com eles. Se fôssemos pegos era para fingirem que foram apenas convidados, deixar eu levar a culpa sozinho e tirar Jack e Luke daqui. Pedi aos dois pois a racionalidade deles não interfere nos sentimentos, pelo menos na lealdade que faz terem o impulso de ficarem do meu lado enquanto levo a bronca.

Danna sussurra algo para Justin que coloco o braço envolta dos ombros de Luke e o tira da sala, Ryan faz a mesma coisa com Jack.

Minnie anda até a mesa de bebidas e pega o Firewhisky. Ela se serve e bebe um pouco. Ou ela não sabia o que era e agora descobriu que eu trouxe bebida alcoólica ou ela está tão tensa que decidiu beber. Não sei qual opção é mais reconfortante.

–Sr. Lupin, te dar detenção e tirar ponto da sua casa não adianta mais.

–Então por que tirou trezentos pontos da Grifinória?

Ela me lança um olhar que me faz calar.

–O time da Grifinória terá que arranjar outro batedor durante esse ano.

–Não – respondo balançando a cabeça incrédulo.

Não pode estar acontecendo isso. Não pode.

–Não questione ou vou te tirar o direito absoluto de jogar Quadribol.

Me calo encarando os meus pés.

–Volte imediatamente para o seu dormitório, Sr. Lupin.

Não protesto, apenas a obedeço em silêncio. Por que eu tive que dar essa festa?

...

Quando chego no Salão Comunal da Grifinória só tem Luke jogado em um sofá na frente da lareira.

–Eu não quero falar sobre a Heather, ok? Só quero deixar no fundo da minha cabeça e torcer para esquecer.

–Tudo bem – respondo enquanto me sento ao seu lado – Quer falar sobre outra coisa?

Luke suspira e assente com a cabeça.

–Ricky recebeu uma carta nas férias e ficou para baixo. Eu tentei descobrir o que era mas Emm me pegou no flagra. Foi a primeira vez que um dos meus irmãos brigou comigo.

–Você acha que o Emmett sabe porque o Ricky tá pra baixo?

–É claro que sabe. Os dois sempre sabem coisas um sobre o outro. Não escondem nada um do outro, só escondem de mim. Eles poderiam ver que estou crescendo.

–Foi com certeza o que tinha na carta que deixou Ricky mal. Você sabe quem mandou essa carta para ele?

–Sei.

–Quem mandou?

–Jasmine Clark.