Só mais um ano... ou não escrita por Alexandra Watson


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

#MFDF: 2/4
*Divirtam-se*



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Antes das férias de julho acabarem, uma ocorrência no mínimo curiosa aconteceu.

Foi engraçada? Foi.

Foi constrangedora? Também.

Os envolvidos passaram a sofrer um bulling gigantesco depois dela? Com toda certeza.

Esse “envolvidos” foram o senhor Perseu e a minha pessoa. Nós estávamos na biblioteca nesse dia, com Tris e Hermione. Nós três queríamos ler um mesmo livro e, por as aulas já estarem voltando e não daria tempo de encomendar, decidimos procurá-lo lá. Percy foi conosco a pedido de sua mãe, que precisava de um livro em especial.

– Annie, Tris, eu achei – escutei a voz de Hermione no corredor ao lado e fui até lá. Ela estava com três livros nas mãos e entregou um para cada uma de nós duas. – Podemos ir?

– Percy, achou o livro de sua mãe? – disse um pouco mais alto e recebi um olhar reprovador da bibliotecária. O que foi bem desnecessário porque, fora nós quatro, haviam mais três pessoas ali.

– Não, ainda não. Podem ir, se vocês quiserem – olhei para as meninas e acho que elas entenderam.

– Eu vejo vocês mais tarde – elas se despediram e foram embora. Fui até onde Percy estava e o vi observando os livros. – Já perguntou para a bibliotecária se ela sabe onde está?

– Ela disse que tem quase certeza de que está numa dessas duas estantes.

– Ok, eu te ajudo então – fiquei em frente a estante oposta a dele e procurei pelo título. A biblioteca era enorme, mas não tinha nenhuma janela ou conexão com o meio exterior a não ser pela porta da frente, óbvio. As prateleiras em que estávamos procurando não nos permitiam ver a tal porta ou a mesa da secretária, já que ficavam nos fundo.

Depois de algum tempo procurando, Percy achou o título e me chamou.

– Só preciso ir ao banheiro antes. Você vem?

– Claro – fomos cada um ao seu respectivo banheiro (eu sei o que você pensaram, seus mente poluída) e saímos de lá prontos para marcar o livro e ir embora. Para nossa surpresa, o local estava escuro, a secretária não estava mais à vista e a porta estava fechada. Olhei assustada para Percy e nós corremos até a porta. Ele tentou inutilmente abri-la e eu acendi as luzes.

Quando o encarei, ele parecia bem mais assustado do que eu.

– Ok, Annie, plano B.

– Plano B? Acha que eu tenho um plano B pra sair de uma biblioteca?

– Não, mas deveria ter pro caso de ficar preso em uma – ele arfava e eu comecei a me preocupar seriamente.

– Percy, você tá bem? – ele andou até chegar num dos sofás e sentar nele.

– Annie, nós estamos presos, é claro que eu não tô bem.

– Mas você está ficando branco igual papel – me ajoelhei ao seu lado. – O que foi?

– Claustrofobia, Annie – ele apoiou a cabeça no encosto do sofá.

– Percy, não estamos em um lugar fechado, fica calmo.

– Mas nós estamos presos! E se não vierem nos buscar?

– Percy, tá falando sério? É terça feira, amanhã é dia útil na biblioteca, o máximo que pode acontecer é nós passarmos a noite aqui.

– Jura? – sua voz era realmente desesperada e eu tentei usar meu tom mais sério pra falar com ele.

– É claro que sim, Percy – peguei sua mão e me sentei ao seu lado. – Olha, tem bastante espaço e ar pra você aqui. Nós acabamos de comer, então não iremos morrer de fome e nossos pais vão dar falta da gente, então acho que em pouco tempo aquela porta vai estar aberta pra nós. Sem contar que podemos ligar pra eles – acabara de ter aquela ideia. – Cadê seu celular?

– Esqueci em casa. E o seu?

– Ficou carregando – ele me olhou suplicante e eu me aproximei, abraçando-o. – Calma, Percy, vai dar tudo certo. Em poucas horas nossos pais vão pensar “ué, onde está meu filho-filha?” e vão ligar pra casa das meninas e elas vão dizer que ficamos aqui. Como não atenderemos o celular, eles vão correr aqui ou na polícia. Na pior das hipóteses, nós vamos ter que dar algumas informações aos polícias do porquê estarmos aqui.

– Entendi. Acho que consigo esperar – ele respirou fundo e olhou ao redor. – O que quer fazer?

– Dormir. Procurar livros dá trabalho – puxei algumas almofadas e me deitei sobre elas. – Vai ficar bem se eu cochilar só um pouquinho?

– Acho que vou seguir seu exemplo – ele se enfiou entre eu e o encosto do sofá, quase me fazendo cair, mas me segurando junto a si. – Posso ter uma crise se ficar acordado.

– Pra quem estava tendo uma crise de pânico até agora, você tá muito bem – deitei-me em cima de seu peito e me ajeitei ali.

Não sei muito bem quanto tempo se passou, mas quando saímos de lá já estava escuro. Nossos pais, como suspeitei, ao verem que não estávamos em casa e que não havíamos levado celulares, ligaram para as meninas e depois foram atrás da bibliotecária, evitando a polícia. Por sorte, a porta da biblioteca fazia um barulho ao ser destrancada e, antes que eles pudessem abrir a porta, Percy e eu estávamos devidamente sentados e fingindo dormir daquele jeito.

Hermione e Tris quase nos mataram por isso ter acontecido, estavam mais preocupadas do que nossos pais, quase.

– Como assim ficaram presos? E seus celulares? Por que não atendiam?

– O meu ficou em casa e o de Percy estava sem bateria, mãe. Desculpa.

– Por que não usaram o telefone da biblioteca?

– O que? – Percy, que até aquele momento estava falando com tia Zoe, veio até nós.

– Vocês sabiam que tinha um telefone fixo aqui, não sabiam?

– Sabíamos, é claro, só queríamos matar vocês do coração um pouquinho – eu disse quase brava. Se eu soubesse que ali tinha um telefone, teria usado, obviamente.

Nós fomos embora, agradecendo a bibliotecária – o que foi injusto porque ela era a razão de todos estarmos ali – e voltamos pra casa. Passada a primeira noite do incidente, logo depois do almoço do dia seguinte quando eu tive a oportunidade de ver meus amigos queridos – perceba a ironia – foi que a zoação começou. Desde nós sermos burros o suficiente para simplesmente dormir e esperar socorro até nós termos feito de propósito para passarmos a noite sozinhos – digamos que nesse meu irmão ficou um pouco emburrado e lançou um olhar mortal para Tris. As últimas semanas de férias foram passando e a zoação perdurou até elas acabarem.


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Notas finais do capítulo

Boatos de que esse pequeno capítulo é baseado na vida de uma amiga minha ~aquela carinha~
Beijinhos.
— A



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