Só mais um ano... ou não escrita por Alexandra Watson


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Maratona "Torrando estoque da fic"
4/6
*Divirtam-se*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571170/chapter/18

Enfiei uma bolacha na boca dele antes dele terminar.

– Ei!

– Desculpa, mas você não calava a boca.

– Você podia ter feito isso com uma coisa mais legal, tipo um beijo, mas tudo bem.

– Desculpe. Eu sei que podia, mas se sua irmã aparecesse na porta da cozinha e visse a cena a gente estaria frito.

– Mas ela não falou nada da última vez.

– Mas dá última vez ela ainda tinha a língua meio enrolada, lembra? Depois que ela começou a ir na fonoaudióloga.

– Você tem razão.

– Eu sempre tenho, não? Agora vai levar o leite pra sua irmã enquanto eu faço pipoca pra gente – disse já pegando a panela e o milho.

– Pergunta 1: por que não faz no micro-ondas? E 2: pra que pipoca?

– 1, porque a pipoca de micro-ondas não é tão boa quanto a de panela e 2, para a gente comer, ora.

– Mas a gente não ia ... Você sabe ... “namorar sem estar namorando”?

– E a gente vai, mas vamos pôr um filme pra disfarçar. E nós nunca vemos filme sem pipoca, Percy. Francamente, não repara em detalhes?

– Não. Você sabe que não.

– É, eu sei. Vai logo.

Ele foi e não sei por que ele demorou tanto que, quando voltou, eu já havia colocado a pipoca na bacia.

– Por que demorou tanto?

– Ela começou a me fazer um monte de perguntas. Sobre você, aliás.

Começamos a subir a escada em direção a sala de TV.

– O que ela perguntou sobre mim?

– Bom, você sabe que ela não é muito de sutilezas, então perguntou se nós estávamos namorando de novo.

– Sério? E o que você respondeu?

– Que não, é claro.

– E ela não perguntou mais nada?

– Não, ela voltou a assistir desenho como se nada tivesse acontecido.

– Ás vezes penso que sua irmã é mais esperta do que você, Percy.

– Engraçadinha.

Chegamos na sala de TV. Decidimos colocar um filme que eu adorava e que era da época da minha mãe, quando ela tinhas uns dezesseis anos. Nome: As Vantagens de Ser Invisível. É um dos meus filmes favoritos e da minha mãe também, além do fato de que o livro também é simplesmente lindo.

Me sentei no sofá enquanto Percy punha o filme. Ele se sentou ao meu lado e pegou a bacia de pipoca de meu colo e pôs no seu. Olhei para ele interrogativamente e ele só deu de ombros e começou a comer pipoca. Deitei em seu braço e ele passou o mesmo por meus ombros. Aos primeiros vinte minutos de filme, comecei a chorar. Silenciosamente, mas com a certeza de que Percy sabia e só ignorava. Quando chegou na cena em que eles brigam, Percy se pronunciou pela primeira vez.

– Acabou a pipoca.

– Você quer que eu faça mais?

– Não, obrigado.

Peguei o pote e coloquei em cima da mesa de centro. Quando voltei, me deitei em seu peito e ele me abraçou.

– Annie?

– Sim?

– Por que a gente ainda tá enrolando com isso?

– Enrolando com isso o que, Percy?

– Com a gente. Nós podíamos ter voltado quando nos reencontramos, no começo das aulas, mas optamos por tentar começar de novo. Por que?

– Não sei, Percy. Parecia um bom plano.

– É, mas já ficou claro que não tá dando certo.

– Sim, eu sei. Mas a gente não pode namorar agora, Percy.

– Por que não?

– Porque tem todo aquele lance com a Isabella gostar de você. Se ela descobrir que a gente tá namorando, a gente não vai ter paz nunca mais.

– Mas ela não precisa saber. Na verdade, ninguém precisa saber. Nem mesmo Hermione e Tris.

– Mas elas vão acabar descobrindo. Da última vez elas descobriram.

– Sim, mas agora que elas já sabem que a gente fica, elas não vão achar que nós estamos namorando.

– Pode ser. Mas então vai ser como se nós ainda estivéssemos só ficando?

– Exatamente, mas com a pequena diferença de que estamos namorando.

– É, faz sentido.

Então um silêncio caiu sobre a sala. Não fosse a televisão, poderia ter sido mais vergonhoso.

– Você não tem nada para me perguntar, Cabeça de Alga?

– Já que insiste – ele ficou ereto, sentado ainda, e pegou minha mão. – Você, Annabeth Levesque, me daria a honra de namorar comigo de novo?

– Vou pensar no seu caso, Perseu.

– Você não está facilitando as coisas.

Sorri.

– Eu nunca, nunca vou facilitar as coisas pra você, Cabeça de Alga. Acostume-se.

E então eu o beijei, como estava escrito no “script”. Depois, nos deitamos de novo para voltar a ver o filme e só nos separamos quando escutamos um carro estacionando.

– Acho que já vou indo pra casa.

– Tudo bem, eu te levo.

– Percy, são dez passos de distância.

– Não custa nada ser um cavaleiro de vez em quando.

Nos levantamos e descemos. No caminho me despedi de tia Zoe e Dany e de tio Eric, pai de Percy.

Chegando na porta de casa, bati nela e meu irmão abriu. Ele e Percy se cumprimentaram e ele voltou para dentro. Me virei para Percy.

– Bom, obrigada por me trazer até aqui, Cabeça de Alga.

– O prazer foi meu, senhorita.

Dei um beijo em sua bochecha e ele se foi. Lembrando-me da última vez em que vi essa cena, pensei, não, um beijo na bochecha, nessas circunstancias, não é amigável.

Depois do jantar, fiquei na sala com minha mãe vendo um programa de comédia e ela começou a me fazer perguntas do tipo como foi o trabalho, sobre o que era, qual era o objetivo e se eu e Percy estávamos juntos de novo. Sutil.

– Mãe, eu e Percy não estamos juntos de novo, ok? Estamos só como amigos.

– Sério? Que pena. Vocês formavam um casal tão bonito.

– Obrigada, eu acho.

Depois fui ler um pouco e colocar o pijama para dormir. Só de pensar que teria que ir pra escola amanhã já ficava depressiva. Quando fui guardar meu livro na estante, percebi que ao lado dela ainda tinha uma caixa fechada. Estranho, pois eu já havia colocado todos os meus livros na estante. Peguei a caixa e me sentei na minha cama.

Quando a abri a caixa tive uma pequena surpresa. Por que pequena? Porque eu já havia visto aquelas coisas antes, mas há muito tempo. Dentro da caixa estavam algumas coisas de quando eu era criança. Lá dentro tinha uma adaga de plástico, que eu costumava usar com Percy quando descobrimos o porquê de nossos nomes. Também tinha uma varinha com uma fita adesiva no meio, que eu quebrei e meu irmão tentou consertar pra mim. Tinha várias figurinhas num pacote e, mais recentemente, tinha uma caixinha de veludo.

Eu me lembrava daquela caixa. Quando Percy e eu começamos a namorar, ele me deu aquela caixa.

*Flashback*

Eu estava na minha antiga casa, brincando com Arya. Na verdade, estávamos tomando chá e eu meio que poderia perder os prazeres da mesada se não comparecesse. Até que ouvi alguma coisa batendo na janela. Quando fui ver, era Percy jogando pedras na minha janela.

– Isso, Cabeça de Alga. Ai você quebra a janela e vai ser lindo.

– Para de ser chata e vamos tomar sorvete.

– Não posso. Minha mãe não vai deixar porque ela quer que eu brinque com Arya.

– Espera um pouco. Já volto.

E ele saiu em direção a porta de minha casa. Fechei a janela e abri um pouco a porta para ouvir lá embaixo. Escutei minha mãe conversando com Percy e, logo depois, passos na escada. Voltei para o lado de Arya, como se nada tivesse acontecido. Era minha mãe na porta.

– Annie?

– Sim, mãe?

– O Percy tá te chamando pra tomar sorvete. Ele tá lá embaixo te esperando.

– Ué, mas seu não tinha que brincar com a minha irmã ou talvez não tivesse mesada?

– Não abusa da sorte. Te quero em casa antes de ficar escuro.

– Sim, senhora.

Desci e olhei incredulamente para Percy.

– Como conseguiu?

– Eu só pedi.

– E ela deixou assim de boa?

– É. Acho que ela não ia recusar isso pra mim, ela me ama muito pra me deixar triste.

– Ah, e pra própria filha, dane-se seus sentimentos. Ok.

Fomos até a sorveteria e fizemos o pedido. Percy estava estranho. A toda hora ficava batucando nas coisas e olhando pro nada. Claro, quando pequeno ele teve um pequeno grau de hiperatividade e ás vezes tinha recaídas, mas era só em situações que ele não esperava. Um encontro não era uma dessas situações.

– Percy, tá tudo bem?

– Claro, por que não estaria?

– Sei lá, você não para quieto.

– É só a minha hiperatividade atacando de novo. Daqui a pouco passa.

– Não sei. Parece que ...

Mas quando ia falar a garçonete chegou com nossos pedidos e esquecemos esse assunto.

Depois de tomar sorvete fomos até a praça dar uma volta antes de escurecer. Estávamos caminhando e conversando até que Percy voltou a ficar olhando pro nada e fingindo prestar atenção. Eu estava cansada daquilo, então parei no meu lugar, soltei de sua mão e cruzei os braços. Ele parou, dois passos na minha frente e se virou, me encarando.

– O que foi?

– Você.

– Eu o que?

– Tá estranho comigo a tarde toda, Percy.

– Não, eu não estou.

– Sim, você está – dei um passo para a frente e fiquei perto dele. – Você para de prestar atenção em mim e fica observando o nada. Não que isso não acontecesse antes, mas era só quando eu falava sobre coisas da escola e afins.

– Ok, se você quer mesmo saber.

– Eu gostaria muito.

Ele suspirou e tirou uma caixinha azul de veludo do bolso.

– Pra você.

– O que é isso? – perguntei descruzando os braços e pegando a caixa.

– Só um lembrete.

Abri a caixinha. Dentro havia uma pequena pedrinha azul de pingente em uma delicada corrente prata.

– Percy, não é meu aniversário.

– Eu sei, Sabidinha. De início pensei em te dar uma corrente igual à do acampamento, mas não era muito discreta e eu decidi te dar essa. Você gostou?

– Você não devia ter gastado todo esse dinheiro em um colar pra mim, Percy.

– Mas nem foi tão caro assim.

– Percy, você esqueceu de tirar a etiqueta e essa loja é super cara. Por que não comprou alguma coisa mais simples, Cabeça de Alga?

Eu estava irritada e comovida ao mesmo tempo. Não sabia se ele estava me entendendo, mas pela sua expressão parecia que não.

– Então você não gostou?

– É claro que eu gostei, Percy. É lindo. Só não gosto do fato de você gastar tanto dinheiro assim comigo.

– Olhe pelo lado positivo.

– E qual é o lado positivo?

– Agora você vai poder andar por ai com um colar bonito que seu namorado lindo te deu – ele me deu um selinho.

– Ok, ok. Mas promete que não vai fazer isso de novo, ok? De agora em diante, só livros bons e coisas simples.

– Prometo. Até porque esse colar me faliu – ele olhou minha cara de culpada – mas foi por uma boa causa. Agora você tem uma “aliança”. E o melhor de tudo é que ninguém vai desconfiar.

– Esse seria um ponto positivo, Percy – beijei-o na bochecha. – Obrigada.

Estendi o colar pra ele colocar em mim. Ele era muito bonito e, descobri depois, combinava com todas as minhas roupas. E mesmo com as que não combinava, eu o usava.

*Fim do flashback*


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijinhos.
— A



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Só mais um ano... ou não" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.