Please don't ever go away. escrita por Fangirl


Capítulo 4
Please Leave.


Notas iniciais do capítulo

DAE
R é o POV do Ryan e J o da Jess okay?



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Dez anos depois.

R.

Acordei com o avião aterrissando, péssima sensação.

Continuei sentado na poltrona até boa parte das pessoas saírem porque eles parecem peixes em cardumes tentando passar por um pequeno espaço,ninguém pensa em fazer algo organizado tipo deixar cada fileira sair primeiro.

Estou passando muito tempo com minha mãe,pensei saindo do avião.

Geralmente haveria alguém me esperando no desembargue, mas não hoje em que eu estava de volta a minha cidade natal desde os dezessete anos. Passei por um centro de informações a caminho da saída,voltei alguns passos. Sorri para a funcionaria.

– Bom dia,Clarisse.- disse me apoiando no balcão. Ela era loira,um e setenta, cabelo preso em um rabo de cavalo com um amarrador preto, olhos verdes com pouca maquiagem.

– Bom dia senhor.- ela tinha dentes brilhantes e bonitos.

– Seguinte,sou meio novo nessa coisa toda de viagem. Pode me ajudar?- perguntei apontando para a plaquinha azul e amarela escrita EM QUE POSSO AJUDAR? Ela riu e mexeu na orelha. Nervosa. Solteira.

– Claro.

– Tem um hotel por aqui que você goste?

– Como assim?

– Sei lá pode não ser um hotel,posso ir pra sua casa direto. Eu me arrumo lá.

– Tenha um bom dia senhor.- respondeu ainda sorrindo. Levantei os ombros,peguei minha pasta do chão e voltei a andar.

Não pera,pensei. Ela não disse não.

Voltei com um sotaque perfeito para usar junto com um olhar meigo. Mas não era Clarisse.

Era... a Jessica.

Ela me olhou com seus olhos pintados de preto, sobrancelha elevada, cílios grandes emoldurando seus olhos castanhos, então sua expressão se suavizou e ela sorriu.
Não um sorriso Oh! Olá velho amigo distante que bom te ver novamente! E sim um sorriso genérico de atendente.

– Você…- babulciei.

– Trabalho aqui, no que posso te ajudar?

Tive vontade de sair correndo.

– Sou,an,Ryan. Ryan Clanton.

Seu rosto pareceu clarear. Passou do tédio para confusão daí pra entendimento e finalmente um sorriso.

– Ae! O sorriso Aiden que eu tava esperando!- exclamei rindo.

– Uau! Você mudou Ryan,mas ainda usa listras e esse sapato estranho. Você nunca muda.

– Eles são estilosos.- rodei no lugar fazendo pose. Ela riu. Tinha esquecido como adorava fazê-la rir.

Silencio.

– Desde quando você trabalha aqui?- perguntei.

– Faz uns cinco anos...- um passageiro chegou no balcão de informações. Jessica pediu um momento e voltou pra mim.- Me desculpa mas eu tenho que cuidar disso, falo com você depois pode ser?

– Claro. Pera você nem tem meu numero. - ela olhou pra mim com deboche.

– Esqueceu o tamanho dessa cidade cidadão?- piscou e voltou para o passageiro.

Finalmente sai do aeroporto e peguei um taxi.

– Caramba,Jess.- disse a mim mesmo.

Nunca notei o quanto senti sua falta em todos esses anos,ela era a pessoa mais próxima de mim nessa cidade. E agora nem nos conhecemos direito.

*

J.

Eu tinha superado ele, serio.

Tinha esquecido da sua existência. Costurado a ferida que deixou no meu coração e apaguei seu rastro de destruição. Arranquei a estrada de tijolos amarelos que me levaram a ti.
Tranquei meu castelo a sete chaves e as escondi como horcruxes, e não deixei mais ninguém bater a porta.
Então ele voltou.
Passou pelos guardas como se nem existissem,trouxe uma chave que abria todas as trancas, passou pelos corredores de fogo da raiva, nadou contra o rio de lagrimas e enfrentou o dragão do rancor,para chegar a mim.
Me senti como quando te conhecia.
Eu não quis sentir sua falta, mas senti.
Agora me sinto fraca, ridícula, feliz e triste, animada e explodindo quando penso nele.
Quando eu te vi entrar pela porta tudo me veio a tona.

– Flertando com alguém,típico.- exclamei andando pela cozinha.- Afinal não tem ninguém que ficou aqui depois que ele foi embora,que ficou chorando por dias e passava semanas considerando ligar mas nunca o fez...- comecei o chorar.

Por que estava chorando? Aquilo era ridículo.

Comecei a sufocar os soluços mas isso só faziam as lagrimas caírem mais e eu soluçar mais. Fui como pude até a sala e cai no sofá ainda chorando.

– O que esta acontecendo?- questionei em voz alta. Ninguém respondeu. Porque eu moro sozinha. Sempre estou sozinha. Sempre vou estar.

Então a campainha tocou,era o entregador de pizza. Abri uma fresta na porta.

– Uma media de pepperonni?

– Aham.

– Pode abrir mais a porta? Assim a caixa não passa.- fechei a porta ainda fungando,tirei a tranca e abri novamente.

Oh nem vem,pensei.

– Aqui esta... oi.

– Oi de novo Ryan.

– É mesmo uma cidade pequena.

– Cada vez menor.- murmurei.- Então,o que esta fazendo entregando pizza?

– Meu tio precisava de ajuda e eu to aqui,então porque não.

– Claro.

– Sua pizza dos deuses.- disse entregando a caixa.

– Seu dinheiro verde.

– Valeu.

– Até mais.

– É,até.

E deveria ter fechado porta. Nunca deveria ter falado nada. Não deveria nem ter aberto a porta de qualquer maneira.

Em consequência disso eu o chamei pra entrar e comer pizza.

– Como nos velhos tempos!- ele sorriu.

Eu gostava tanto dele sorrindo.

Odiava ele ter voltado ao mesmo tempo em que eu odiava ele ter partido em primeiro lugar.

Queria abraçar ele até não poder mais e então chutar a bunda dele pra onde ele saiu.

Ele sugeriu para irmos ao telhado. Fui descalça pelas escadas com ele atrás de mim levando a pizza.
Meu estômago estava virando de nervosismo, minhas mãos estavam suando. Eu estava entrando em combustão quando chegamos no telhado.

O ar frio da noite me acalmou um pouco.

– É lindo aqui. - disse Ryan atrás de mim, perto o suficiente pra eu voltar a queimar.

– É.

Sentamos nas cadeiras de praia que alguém esqueceu ali, abrimos um refrigerante e comemos na mão mesmo.

– E aí por que voltou pra essa casinha de boneca?

– Cansei da vida real um pouco. E você, já saiu daqui?

– Uma vez.

– Você esta diferente. - disse ele.

– Você também.

– Não sério. - ele sentou na cadeira de modo que ficasse mais perto de mim.- É como se você fosse outra Jess.

Seus olhos azuis me deram vontade de beija-lo e de bater nele. Precisava escolher um.

– Você que estava todo engomado de barba e cabelo bem cortado, você está cheirando como o seu pai Clanton. - ele riu nervoso.

– Eu? Você está parecendo mais velha que eu com esse cabelo. Parece uma empresária poderosa,ou uma juíza, achei que ia me mandar pra cadeia.

Dei risada, ele continuava idiota.

A pizza tinha acabado, menos as bordas odiávamos as bordas, estamos tomando o refrigerante pela garrafa já que esquecemos os copos.

– Parece com o nosso baile de formatura. - comentou.

Cara, ele nunca parava de falar.

– Tirando a parte de que não fugimos dos nossos pares e nossos pais não estão gritando na rua procurando por nós.

– É, éramos muito idiotas.

– Éramos.

– Bons tempos.

– É.

Levantei da cadeira

– O que foi? Aonde vai?

– Pegar um vinho.

Má ideia.

Acordei me sentindo uma adolescente, quando passava mais de cinco horas na mesma posição no computador em seguida dormia por onze horas e acordava com preguiça de ir pegar comida , era um ciclo vicioso. Rolei pra fora da cama, engoli em seco precisava de água. Assim que sai do quarto notei o quanto o dia estava quente e abafado.

Fui até a cozinha praticamente de olhos fechados. Quando os abri Ryan estava na minha cozinha. Passando manteiga numa torrada apoiado no fogão esperando algo ferver no fogo.

Ele usava uma regata branca e samba calção xadrez.

Ele não estava assim ontem.

Ontem...

Pizza. Estrelas. Risadas. Vinho.

Oh não.

– Bom dia.

– O que... Mas o que? O que aconteceu? Por que esta aqui? E cadê as suas calças?

– An,qual pergunta você quer respondida primeiro?- sacodi a cabeça tentando organizar meus pensamentos.

– O que aconteceu ontem?

– Eu vim aqui nós comemos e tomamos aquele vinho...

– E...

– Você gostou demais dele daí te carreguei aqui pra baixo,e você me mandou ficar caso precisasse vomitar em alguém.

Meus ombros relaxaram. Suspirei.

– Daí você dormiu no sofá.

– Não dormi não.

– O que?- perguntei exaltada.

– Peguei o colchão extra e pus no chão,já viu o tamanho do seu sofá? – virei para onde apontou,era verdade. Era um sofá pequeno,quer dizer era bom pra mim a pessoa de um e sessenta e oito que quase nunca usa ele. Quando voltei ao homem ele estava perto de mim,perto demais.

– Quer suco?- me afastei dele com um pulo,como um gato assustado.

– Não faz isso garoto!

– Eu não sou um a um tempo Aiden.

– Tanto faz.- fui até o fogão,ouvi seus passos atrás de mim.- O que esta fazendo?

– Chá, você ainda toma de manhã?

– Sim.- oh não ele estava fazendo de novo. Todo o negocio de nostalgia e lembrar dos velhos tempos quando... argh.

Não,era passado. Quando não tínhamos essa barreira entre nós.

(Que ele também nem fez questão de questionar,mas o.k.)

Senti sua respiração atrás de mim, seu braço roçou o meu quando esticou para apagar o fogo. Ele ainda era quentinho. Eu queria ficar ali,queria mesmo. Me virar pra ele e abraça-lo dizendo o quanto senti sua falta andar até o sofá e ficar lá só observando ele. Meu Ryan de volta. Mas me esquivei passando pelo o outro lado.

– Você esta bem Jess?

– Para com isso.

– Com o que?

– De me chamar assim!

– Pensei que gostasse.- Ryan me olhou com seus olhos brilhantes de cachorrinho.

– Pare de me olhar assim também.

– Aquele vinho não te fez bem,senta ai vou te fazer alguma coisa.

– Principalmente pare de falar como se me conhecesse!

– Eu te conheço!

– Não você conhece a Jess de dez anos atrás,eu sou Jessica agora você não me conhece.

Ele suspirou e se aproximou mais um pouco.

– Então me deixe conhecer ela.- disse baixo.

Daí pronto,eu queria cair no chão.

– Você é tão teimoso.- murmurei esfregando meu rosto.

– Nunca aprendo.- sorriu.

– Olha Ryan,é melhor você ir embora.

– Por que?

– Ai meu Deus garoto pare de questionar tudo!- me joguei no braço do sofá. Ele assentiu e foi em direção ao seu casaco,voltou e ficou de frente pra mim. Estiquei o pescoço para vê-lo.

– Sai comigo Jess.

– Vai embora.

– Por favor.- ele se pos de joelhos para ficar da minha altura.

– Vai.

– Eu quero te conhecer de novo. Jessica.- sussurrou meu nome,senti um calafrio.

– E- eu não posso Clanton.

– Por que não? Ta saindo com alguém? Vi que você não é casada ainda.

Ainda.

– Não não é isso.

– O que foi então.

– Eu só não posso ta legal?- respondi sentindo o choro vindo.

– Inacreditável.- ele ficou de pé novamente.

– O que foi agora?- droga,voz de choro.

– Eu vim aqui ver,minha amiga de infância,uma das pessoas mais importantes da minha vida,quem é você?

Levantei.

– Eu não sei mas Jess com certeza não é importante na sua vida.

– E por que diz isso?

– Porque ela ficou te esperando por meses,e você nunca voltou.- completei engasgando.

Eu não queria chorar na frente dele,mas já estava e não consegui parar. Ele ficou lá em silencio,meus soluços ecoando pelo apartamento.

Eu não estava sozinha,mas me sentia assim.Eu estava soluçando.

– E-E-Eu esperei por você todo esse tempo. V - Você não me mandou uma mísera carta ou qualquer sinal de que estava vivo Ryan! Você saiu no seu avião chique e me deixou aqui esperando por você, todo esse tempo. - sentei no braço do sofá pois minhas pernas cederam,enfiei a cabeça entre as mãos.
Lagrimas quentes escorriam por todo o meu rosto e braços, meu corpo tremia a cada soluço que ficavam mais altos.

Eu queria um abraço. De qualquer um. Ao mesmo tempo dele.

Queria que ele me abraçasse e dissesse alguma coisa engraçada como sempre fazia. Queria que dissesse qualquer coisa.

– Vai embora.

– O que?

– Eu disse vai embora.

E o idiota foi mesmo. Assisti ele colocar as calças se vestir e sair sem dizer nada.

Não sei por quanto tempo continuei chorando.

*

Não tive mais notícias dele desde então.
Tentei evitar ligar para a pizzaria temendo ( e ao mesmo tempo querendo ) que ele estivesse lá. Mas era a única pizzaria daquele lugar , ele não veio entregar. Joe veio entregar como sempre.
As próximas duas semanas foram normais. Iguais todas as semanas desde que o vi pela última vez.
Por isso chamávamos nossa cidade de Casa de Boneca, tudo era sempre igual.
Todos os dias a padaria abre as cinco da manhã e o dono se señor Pedro paga café de graça para os senhores Dalvin e Custard. Ambos donos da livraria a D.C Books. Eles pegam alguma coisa para suas mulheres e vão para casa,somente as vezes cuidam da loja.

Tudo normal,menos eu chorando de pé perto da janela segurando uma caneca de café,esperando ver ele na rua vindo até mim.

E agora ali estava eu refletindo sobre o amor enquanto ele foge dele.
E eu sabia que nunca iríamos cruzar nossos caminhos mas ainda sim esperava, lá no fundo ansiosamente, para que isso mudasse.

Olhei para a mesa perto da porta e notei o envelope azul escuro. Era um convite.


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Notas finais do capítulo

PARTE DOIS SEMANA QUE VEM O/
E eu não sei se vai ser tipo o ultimo da fic,mas acho que não vai que eu tenho mais ideias por ai né?
BTW eu tenho umas outras fics por ai se quiser vai lá ver no perfil,que é muito legal, MAS eu postei uma Scorose nova chamada In love,que por enquanto só tem um capitulo e eu to vendo se vai ter o resto dela EM BREVE : http://fanfiction.com.br/historia/573490/In_love/



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