Eu não acredito que estou voltando para este lugar.

Tudo bem, Starling City costumava ser minha cidade favorita, mas sabe aquela coisa chamada lembranças?! Então o cérebro humano é maravilhoso, ele tem o poder de guardar tantas coisas, de conectar memórias a lugares em um piscar de olhos.

É exatamente isso que eu estou odiando agora mesmo.

Todo o momento em que olho pela pequena janela do avião, uma lembrança retorna para minha mente.

Eu sou inteligente. Certo? Deveria simplesmente esquecer e seguir a minha vida. Só que eu segui minha vida e agora parece que tudo aquilo que eu construí nesses seis anos que fiquei fora está sendo esmagado.

"Felicity, está tudo bem?"

Ray perguntou segurando minha mão e me olhando com seus olhos verdes.

"Tudo perfeito, mais do que bom. Para mim o céu está jorrando arco-íris e eles tem rostos, que estão sorrindo para mim. Eu estou ótima."

"Ok, eu não entendi se isso tudo foi ironia ou você realmente pirou."

Ele sorriu.

"Ambos. Eu não estou preparada Ray."

Encostei minha cabeça em seu ombro.

"Você está sim. Só tem que confiar um pouco mais em si mesma."

Levantei minha cabeça e sorri para ele.

Ray e eu não temos nada além de amizade, inclusive sua namorada Laurel está ao ao seu lado dormindo.

O conheci assim que cheguei em Central City, minha mãe me esperava no aeroporto com seu curtíssimo vestido preto. Pelo menos ela havia escolhido a cor certa.

Eu não estava de bom humor. Então quando Ray tropeçou em mim, me fazendo derrubar minhas malas e cair naquele chão gelado eu tive um ataque. O coitado ficou tão assustado que me ajudou com minhas coisas até o táxi, que ele fez questão de pagar.

Depois disso nos encontramos no banco, conversamos por horas e em um certo tempo éramos melhores amigos. A propósito, eu o ajudei a conquistar o coração de Laurel.

Sinto um pequeno peso saindo de minhas pernas.

"Nós já chegamos mamãe?"

Sorrio para meu pequeno anjinho que está coçando seus olhos devido ao tempo que dormiu.

Faço um carinho em sua bochecha e beijo sua bochecha.

"Falta apenas alguns minutos, meu amor."

Ele volta a encostar sua cabeça em minha perna, desta vez ele fica acordado. Enquanto eu faço carinho em seus lindos cabelos loiros.

Assim que descobri que estava gravida, fiquei tão confusa. Não me considerava uma boa pessoa para ser mãe, mas eu já amava aquele pequeno ser dentro de mim.

Minha mãe queria que eu contasse para Oliver, Ray foi o único que me apoiou na decisão de não contar.

Na verdade eu iria contar, quando estava prestes a embarcar para Starling vi o noticiário. Oliver estava saindo com várias garotas, as revistas anunciavam sua volta as boates. Sempre acreditei que ele seria um bom pai, porém eu sou muito egoísta e orgulhosa, sei que privo meu filho de muitas coisas devido ao meu medo e minha falta de confiança. Mas com todas as noticias da época, me deixei levar pela opinião alheia.

Ele disse que aquela criança seria tão amada, que nem daria falta de um pai.

Eu sabia que isso não era inteiramente verdade, mas em nenhuma hipótese eu iria dizer a Oliver sobre esta criança, não depois de tudo.

Então eu criei meu pequeno Theodore com a ajuda de meus amigos e minha mãe, que se mostrou uma incrível avó.

E agora aqui estou eu. Voltando para onde fui tão feliz e tão imensamente quebrada.

Tudo para poder estar no casamento de minha amiga Caitlin, no começo ninguém achava que seu relacionamento com Ronnie iria durar. Ela tinha o conhecido em uma viagem a Starling City, e depois disso o relacionamento se intensificou, e eles decidiram morar juntos em Central City, mas Ronnie tinha que ficar com sua família. Seu pai estava com câncer e ele não queria abandona-lo, então ele a pediu em casamento.

Senhores passageiros, apertem seus cintos. E sejam bem-vindos a Starling City.

"Está na hora Fel."

Dessa vez quem segurou minha mão foi Laurel, ela sorriu para mim e eu devolvi. Todos se levantaram, nosso assento era um dos últimos então esperamos grande parte das pessoas saírem.

Peguei a pequena mochila de Theo e coloquei em minhas costas. Segurei em sua mão já que ele disse que queria ir andando.

Assim que coloquei meu pé direito naquela escada ao sair do avião, e vi o aeroporto que não via há uns seis anos. Naquele momento eu soube que tudo iria mudar.

Bom, pelo menos que comecei com o pé direito...