Wings escrita por Virginia Salles


Capítulo 8
Capítulo 7 - Emoções conflitantes


Notas iniciais do capítulo

Novamente, mil perdões pela demora. Tem mais de uma semana que eu não posto. Esse início de ano tá sendo difícil para mim, e para ajudar me deu um lapso de criatividade ultimamente, que eu não sei como andar com a história. Se ficar ruim, por favor me avisem que eu me esforçarei para melhorar. Ele ficou extremamente lento, mas no próximo a história vai ter uma reviravolta gigante.
De sua triste escritora,
Eu. :)



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Quando eu era pequena, minha mãe me disse que eu ficaria mais bela ao passar dos anos e chamaria a atenção de vários rapazes. "Essas madeixas ruivas, minha filha, vão atrair olhares por onde você passar." Era o que ela dizia. Ela dizia também que um dia eu encontraria alguém que faria meu coração bater mais rápido, me deixaria sem reação, e tudo que eu fazia era rir.

"Igual você e o papai, mamãe? " Eu perguntava. E ela ficava séria e dizia olhando nos meus olhos: "Não amor, você vai encontrar alguém que realmente vale a pena, e a mamãe vai morrer de ciúmes porque ele vai querer te levar para longe. E onde ele for é onde você vai querer estar."

Sabe, vou te contar uma coisa. À medida que eu crescia, eu li vários livros. E tem aquela fase na vida, eu que eu lia romances bobos e clichês. Eu nunca fui muito ligada achando que amor à primeira vista existia, mas eu ainda esperava o "rapaz" que minha mãe falava. Eu achava que ele viria, me conheceria por completa. Não seria um príncipe no cavalo branco (Pff !), mas um sapo que me faria rir, e que cuidaria de mim, seria tão imperfeito como eu, e me aceitaria. Idiota pra caramba né ?

Aí você me pergunta: " E daí Julieta?" E eu digo que enrolei tudo isso só pra dizer que quando Gustavo me beijou, eu senti tudo isso que eu esperava de um cara. Eu imaginei nele o rapaz que minha mãe falou anos atrás. Mas como eu não seria eu sem ser esquisita, na hora que ele separou nossas bocas para ver o porquê da minha falta de reação, eu surtei. Arregalei o olho e saí correndo.

Entrei no quarto derrapando e me tranquei lá dentro sem nem mesmo olhar na cara de Gustavo. Ele tampouco veio bater na minha porta, o que só me ajudava a manter minha decisão de fugir. Eu estava criando um tipo de sentimento ininteligível para mim, e bom, eu não iria ficar sozinha com esse tipo de sentimento. Ele só estava "afim" de mim, certo?

Desculpa, mas eu surtei mesmo. Fiquei trancada no quarto lidando com essas avalanches emocionais que tentavam me afogar. Fiquei horas pensando sobre mim, minha mãe e meu pai, Gustavo, a liberdade que eu estava tendo. Fiquei pensando sobre minha vida no geral.

No dia seguinte eu desci para tomar café na ponta dos pés, mas Gustavo não estava em casa. Era um alívio mas devo dizer que estava um pouco decepcionada também. Ele ficou o dia todo fora. E eu fiquei o dia todo remoendo tudo o que aconteceu.

De noite, eu ouvi um barulho no andar de baixo como se o sofá tivesse sido empurrado. Pulei na cama com as asas coçando.

Na hora eu não pensei que se fosse um ladrão, eu seria uma mulher fraca e desarmada, vestindo um pijama curto. Nem que toda a situação-não-mencionada que aconteceu no sitio anos atrás podia acontecer novamente. Tudo que eu pensei ao sair da cama descalça era que alguém estava invadindo a casa do Gusta. Podiam roubar a preciosa guitarra que ele tanto amava, ou o XBOX dele que ele tinha tanto orgulho em ter.

Desci a escada na pona dos pés, e fui em direção à cozinha que era de onde estava vindo o barulho. Ouvia alguns resmungos e xingamentos baixos demais para eu identificar a voz.

No meio do caminho peguei um guarda-chuva, que era a unica coisa no meio do caminho. O som ficava cada vez mais alto, a medida que eu chegava perto, mas nada me preparou para o susto que eu levei quando a pessoa veio marchando em direção a onde eu estava.

– AH! - Berrei com toda a força dos meus pulmões e girei o guarda chuva em direção a pessoa.

– AI ! - Um grito definitivamente masculino veio da pessoa encolhida com as mãos na cabeça à minha frente.

– Gustavo? - Parei o guarda-chuva no meio do caminho para o segundo golpe.

– Tá ficando doida é? Porra, isso doeu. Acho que amanhã vou ter uma segunda cabeça aqui. AI! Não toca. É pior.

E foi assim que 5 minutos depois a gente parou no sofá. Gustavo reclamando sem parar e eu segurando um pano com gelo contra o galo que estava se formando na cabeça dele.

– O que você estava pensando? - Era a constante pergunta que ele fazia.

– O que você estava pensando Gustavo? Você! Eu achava que era algum ladrão ou algo do tipo. Sinto muito.

– Isso não tira o galo na minha cabeça, tira?

Ele me olhava com o que parecia dor nos olhos. Parece que a pancada foi mais forte do que eu tinha pensado.

– Onde você esteve o dia todo?

– Não te interessa.

– Mas você é um ingrato mesmo né? Eu pensava que era um ladrão e eu queria impedir ele de roubar suas coisas. Como a sua guitarra preciosa que eu sei que você ama muito, eu sei que sim, e o seu Xbox que você tem tanto orgulho de ter comprado e que nós jogamos naquele dia e também...

Parei de falar quando ouvi a risada dele. Aí foi só dar uma pancada no galo dele para ele se encolher e parar.

– Tá rindo de quê idiota?

Ele colocou a mão no meu rosto e logo depois pensando melhor tirou, mas sem parar de olhar nos meus olhos.

– Ô Anjo. Eu fico feliz que você tenha se preocupado com minhas coisas porque isso mostra que você se preocupa comigo. Mas e a sua segurança? Você enfrentaria um homem maior que você com um guarda-chuva? Imagina o que eu passaria se chegasse em casa com minha guitarra e o xbox aqui, mas sem você?

Ele fechou os olhos e estremeceu. Soltei o gelo em cima da mesinha e o abracei. Ficamos assim durante um bom tempo, até eu me lembrar do beijo da noite anterior e decidir falar para ele o que eu estava remoendo.

Pigarreei e ele me deu um pouco de espaço sem me soltar, e levantou uma sobrancelha.

– Gustavo, sobre ontem eu..

– Não Ju, eu não devia ter feito aquilo sem te pedir, nem ter surtado e nem agido daquele jeito ciumento e louco. Sinto muito.

– Não Gusta, eu fui um pouco boba. - dei uma risada fraca e abaixei a cabeça - Tá, fui muito boba. Sabe, eu nunca tive esse tipo de experiência, e eu não soube como agir. Mas Gusta, eu realmente gosto de você sabe? E isso me assusta muito. Fiquei muito preocupada com seu sumiço hoje. Eu não espero que você entenda, mas eu gostaria muito que você tentasse.

Ele colocou um dedo debaixo do meu queixo e levantou minha cabeça, e ficou olhando pro meu rosto durante muito tempo, até finalmente perguntar:

– Você disse que gosta de mim, Julieta?

Pensei em abaixar a cabeça e dizer que era piada. Em fugir novamente. Mas eu lembrei da minha mãe, sabe? Ela sempre foi forte por mim. Para conseguir as coisas que eu sempre quis, e então eu decidi ser forte, mesmo em um assunto tão besta como gostar de alguém. Por mim. Por ela.

Levantei o queixo e olhando nos olhos dele eu disse:

– Sim Gustavo. Eu gosto de você.

E eu lembro desse momento até hoje. Ele olhou pra cima, deu uma risada e disse:

– Bom, isso é tudo que eu precisava ouvir.

E então ele me beijou, e dessa vez eu não recuei. No início foi meio desajeitado, porque eu não sabia o que fazer, mas ele foi guiando o beijo, me fazendo querer mais. Mas acontece que a gente precisa respirar né? Paramos ofegantes, e tudo que ele fazia era rir. Para resumir, a gente ficou um bom tempo ali se beijando sentados no sofá. Ele me respeitou, como um bom cavalheiro, não forçando nada. Depois desse tempo, estávamos deitados abraçados no sofá, e eu estava quase pegando no sono quando eu o ouvi dizer ou talvez tenha sido somente minha imaginação:

– Eu fui ver minha mãe. Pedir alguns conselhos sobre você. Porque você sabe né? Eu também gosto de você Anjo.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi uma droga, mas amanhã depois de fazer umas rematrículas e buscar um histórico, eu volto e posto outro, fazendo a história andar realmente. Beijo na bunda e até amanhã.



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