Jade foi para o seu quarto, ainda abalada com tudo o que aconteceu. " Por que eu não posso viver como eu quero? Só quero viver ao lado do cara que eu amo! Ser feliz... Mais eu não vou desistir dele, não vou!" gritou Jade, mais numa altura que sua mãe não podia escutar. Aquela noite seria difícil para a garota conseguir dormir, assim como esses últimos dias. Em seu quarto, Lucrécia pensava nas palavras da filha. Percebeu que eles estavam realmente apaixonados. "Mais porque ele? Logo ele?" pensava Lucrécia.

No dia seguinte, Jade acordou com os olhos inchados, de tanto chorar. Apesar de tudo, Lucrécia entendia que Jade estava apaixonada, e estava sofrendo. Não brigou com a filha, como de costume, pois a bailarina devia estar sempre bela. Jade estranhou o silêncio da mãe. E foi assim o café da manhã das duas, silêncio total. Para Jade, com a conversa da noite anterior era impossível ficar aquele silêncio todo.

– Mãe... - disse Jade, tentando uma conversa.

– Jade, agora não! - respondeu Lucrécia

Então as duas voltaram a ficar em silêncio. Lucrécia foi para a Ribalta, Jade ia um pouco mais tarde, como sempre. Ao chegar no bairro, Lucrécia passa enfrente ao QG do rapaz que conquistou o coração da sua filha, para ela um marginal. Cobra pensou em falar com ela, mais logo desistiu, se distraiu com Gael, que chegou na loja. Cobra encarou o mestre, sem entender o porque ele estava lá, afinal desde que o expulsou da academia nunca mais haviam se falado.

– Cobra, posso falar com você? - disse Gael sério

– É.. Pode sim!

– Karina me contou o que aconteceu... Naquela noite.

– É, mestre! Desculpa, não vou deixar mais isso acontecer, ela vai ficar longe de mim... Foi uma loucura ela e a Jade ter ido atrás de mim, vou ficar de olho, não chego mais perto dela. - se explicou Cobra

– Não, não é isso... Ela disse que você também foi expulso da Khan, por abandonar aquele campeonato ridículo.

– É sim.. Elas foram lá me pedir isso, e quando se trata das duas, sei lá, tudo muda... Tive que ir atrás delas, alguma coisa me dizia que devia ir. E eu estava certo.

– Bom, se não fosse por você...

– Pois é.. Cheguei a tempo

– Sim, mais a questão não é essa! Não vim falar da Karina.

– Não? Veio falar de que então?

– Vim pedir pra você voltar para a minha academia. Além de ser um bom lutador, quero te ajudar! Aquele lugar é o melhor pra você.

Jade

Eu não estava conseguindo me concentrar nas aulas. Só pensando no meu futuro, se Cobra estaria nele. Minha mãe ficava me encarando a aula toda, claro, não acertava um passo. O olhar dele era tipo aquele: " Vou te matar quando chegar em casa se você não melhorar". Mais infelizmente não deu. Se minha mãe não me obrigasse, passaria um bom tempo sem ir a Ribalta. Meu coração não estava aguentando mais, talvez nunca mais beijaria Cobra, muito menos ter uma vida com ele. Queria ter ele em minha vida pra sempre, e eu sei que ele também quer, apesar daquele jeito dele, de dizer que não ama ninguém. Ele já estava cedendo ao seus sentimentos.

Naquele dia não o vi. Entrei e saí da Ribalta sem olhar para aquele lugar, não estava preparada. Lírio me ofereceu uma carona e viu o meu estado. Ele nunca acreditou que eu estava realmente apaixonada pelo Cobra, nunca tinha me visto assim. Fui embora da Ribalta sem ao menos avisar minha mãe, já não me importava com mais nada. Lírio me convidou para sair, e eu aceitei, precisava esfriar a cabeça. Nunca pensei que ficaria tão mal por causa de um garoto, por causa do Cobra, como as coisas mudam. Finalmente o meu vagabundo me mandou uma mensagem: " Oi dama! Só queria te dar boa noite, e dizer que sinto sua falta.. Tudo isso vai passar, a gente se encontra de novo. E se nada se resolver que tal a gente se encontrar escondido de novo? Dona Lucrécia vai ter uma surpresinha e você também! Tudo por você! Beijos". Li aquela mensagem e ri sozinha. Melhor coisa que me aconteceu o dia inteiro. Estava sem coragem e sem cabeça para entrar em contato com o Cobra, quando ele manda essa mensagem. Mais que surpresinha será essa? Espero que ele não apronte, mais ele não faria nada pra me prejudicar, eu sei.

Realmente não consegui aproveitar a balada. Só fique sentada olhado Lírio pegar todas, após tentar me animar a noite inteira sem sucesso. Quando saímos de lá bem tarde, pedi para ele me deixar na casa da Joaquina, era lá que eu ia passar a noite, não queria voltar pra casa de jeito nenhum. Tudo seria do meu jeito agora. Não sei nem porque não fui atrás de Cobra hoje. Desabafei com Joaquina, chorei, falei tudo, mais ela como sempre não soube me dar conselhos. Não atendi as ligações da minha mãe, não sei o que eu estava sentindo, acho que estava com raiva dela. Tudo aquilo só estava acontecendo por causa dela. Posso perder Cobra pra sempre porque minha mãe é a dona da minha vida. Não queria ouvir sua voz, então pensei bem e enviei uma mensagem avisando onde eu estava. Tudo podia piorar se eu não falasse.

No dia seguinte, fui um pouco mais tarde para a Ribalta, minha mãe já estava lá. Passei pelo QG mais não vi Cobra então decidi não entrar. Quando entrei na fábrica, tive uma grande surpresa. Cobra estava treinando na academia do Gael, da onde nunca devia ter saído, senti muito orgulho do meu vagabundo, tive a certeza que ele estava tentando mudar. Estava explicado aquela mensagem. Nos olhamos e sorrimos, de longe. Não falei com ele, estava atrasada para a aula. Será se a minha mãe já tinha visto Cobra lá? Subi as escadas, caminhei um pouco e dei de cara com a minha mãe

– Oi mãe. Bom dia. - disse de cabeça baixa, esperando uma bronca

– Bom dia filha! - disse tocando o meu rosto. - Como foi a noite? - perguntou

– Foi boa. Eu queria relaxar um pouco. - respondi, impressionada com a atitude da minha mãe

– É filha, você merece se divertir um pouco. - disse ela saindo de lá

Fique chocada, não era a Lucrécia que eu conhecia. Então fui pra aula de teatro, mais feliz do que ontem.