Olá, meu nome é Jade. Estudo em uma escola de artes, a Ribalta, onde minha mãe dá aula de dança. Há uns anos atrás, ela sofreu um acidente, que interrompeu sua carreira. Assim, hoje ela deposita seus sonhos em mim. Não posso dizer que não quero me tornar uma bailarina de sucesso, quero muito, mais também a vida não pode ser só a dança não é verdade? Mais prefiro não contrariar minha mãe.

Em um dia comum, minha mãe havia faltado á aula, pois tinha que acompanhar o Edgar em um concurso de atores, no qual eles seriam os jurados. Estava no meu horário de folga, estava na praça com a Joaquina e o Lírio, meus amigos inseparáveis. Foi quando eu percebi que tinha um cara estranho me olhando de dentro do QG que tinha lá perto, mais não foi a primeira vez que isso aconteceu.

Eu, Lírio e Joaquina éramos os últimos alunos, pois todos já haviam ido embora. Com exceção o gato do Duca, que ficou treinando muay thai na academia do Gael. Me despedi dos meus amigos e logo subi para ensaiar mais um pouco, ficar até tarde na Ribalta pra mim já era de costume, pois minha mãe queria que eu fosse a dançarina perfeita. 20:00 horas em ponto, era hora de ir pra casa. Fechei a fábrica e fui caminhando. Parece que alguma coisa puxava os meus olhos e comecei a observar o QG onde morava aquele cara que ficava me admirando. As luzes ainda estavam acesas, o que era bem estranho, pois a loja já devia estar fechada á meia hora. Continuei observando o QG, mais não encontrei aquele cara e decidi ir embora. Quando escutei alguém gritar meu nome.

- Jade! - Fiquei assustada, pois além de não conhecer o cara do QG direito, só ouvia coisas ruins sobre ele, tipo aquela vez que ele tentou agarrar a ruiva.

- Oi. Respondi desconfiada. - O que você quer?

- Nada. Bom, é que eu sempre vejo você saindo da Ribalta á essa hora e ainda mais sozinha, eu fico preocupado.

- Você não tem com o que se preocupar, eu sei me cuidar. Aliás, como sabe meu nome?

- É.. Parece que não lembra mesmo de mim. Já fui aluno do Gael, sou lutador, meu nome é Cobra.

- Ah, você é o marginal do bairro. Ok, foi um prazer te conhecer, agora tenho que ir.

Ele me segurou forte pelo braço, por um minuto eu pensei que ele iria fazer comigo o mesmo que fez com a ruiva. Ele olhou bem no fundo dos meus olhos, e viu o medo neles e logo me soltou.

- Desculpa gata, não posso controlar. É que eu vivo muito sozinho, e você me chamou atenção, só queria alguém pra conversar.

- Tchau Cobra. - E então saí correndo.

Depois que o Gael expulsou ele da academia, raramente ouvia falar dele. Passei a noite inteira pensando o que aquele cara queria, pensei também em aceitar o convite de ser "amiga" dele, mais poderia ser perigoso demais, afinal minha mãe brigava comigo só de eu olhar para aquele QG.

No dia seguinte, não parava de pensar naquele garoto, tinha algo nele que me atraia, não sei dizer bem o que eu estava sentindo. No final da tarde, resolvi me arriscar, fui na loja daquele vagabundo.

- Achava que você tinha medo de mim - disse ele

- É... Eu também nem sei o que eu estou fazendo aqui. - já estava me virando para ir embora, quando ele me segurou mais uma vez, mais dessa vez não senti medo.

- Espera, espera. Já que você está aqui por que não ficar mais um pouco?

- E pra quê?

- Sei lá, pra gente se conhecer melhor, conversar.

Eu não devia, mais confiei naquele vagabundo, desabafei com ele, falei tudo o que não tinha coragem de falar nem para a minha própria mãe. E acredite, ele é a única pessoa que me entende e me deu total apoio. Só saí de lá a noite, pela primeira vez, enganei minha mãe, pois eu devia estar ensaiando e não conversando com um marginal. Ele me levou até em casa, me tratou como uma dama. Tive a certeza que todos estavam errados, o Cobra não era um bandido perigoso.