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Inara Forbes

Inara não demorou muito no Arsenal. Ela não sabia se estava com medo ou se era só por precaução, mas acabou colocando uma armadura. Ela não quis nenhuma arma, já sabia muito bem em que iria treinar primeiro. E não seria nada que usasse uma espada ou um escudo. Seria algo pelo qual Inara se interessara desde que colocou os pés no acampamento.

Assim que Inara chegou a Parede de Escalada, ficou a encarando. Era imensa. Ela estava começando a achar que não teria chance de chegar até o topo sem cair milhares de vezes.

O que deixou Inara mais intrigada não foi o tamanho da parede e sim o fato de não ter ninguém lá, além dela, para treinar. O que ela menos queria era passar vergonha sozinha, não queria todos rindo dela.

Inara não estava conseguindo colocar os aparelhos de segurança por causa da armada, então ela a retirou e ficou apenas com o uniforme do acampamento. Depois que terminou de colocar os aparelhos de segurança e de se certificar de que estava tudo bem preso e que estava segura, começou a tentar subir a parede.

Inara não estava conseguindo subir direito, ela caia várias e várias vezes. Ela não estava entendendo por que não conseguia chegar ao topo.

— Use a estratégia e a sabedoria, querida.

A voz feminina fez Inara cair no chão. Ela olhou para trás, enquanto se levantava, e viu uma mulher ali. Era uma mulher muito bonita. Inara imaginou que pudesse ser Afrodite, mas a mulher não parecia tão fútil quanto a Deusa do amor e da beleza. A mulher que estava na frente de Inara tinha cabelos castanhos que estavam presos em um rabo-de-cavalo. Ela usava uma uma calça jeans, blusa cinza e tênis branco. Inara sabia que não era uma semideusas, ela parecia quase... Divina. Os olhos cinza da mulher brilhavam enquanto encaravam Inara.

Se não fosse pelo olhos cinza, Inara poderia dizer que ela se parecia muito com sua mãe.

— Deuses! – a mulher exclamou. — Você se machucou?

— Não, estou bem — Inara disse, tentando manter distância. A mulher era bonita, mas Inara não confiava nela. – Quem é você?

— Ah, desculpe minha falta de educação. Sou Atena, Deusa da sabedoria e da estratégia em batalha — ela sorriu.

— Claro, e você quer que eu acredite que Atena, uma Deusa, se veste como uma adolescente e vem conversar comigo? Faça-me o favor, tenho mais o que fazer.

— Eu achei que seria apropriado vir vestida com uma túnica grega, mas não iria dar para treinar você com ela. Então, Afrodite me ajudou a escolher essa roupa — Atena revirou os olhos.

— Me treinar? Como assim?

— Ultimamente tenho falado muito com seu pai. Ele me pediu para treinar você.

— V-você sabe quem é meu pai? — Inara se amaldiçoou mentalmente por ter gaguejado.

— Sim, querida, mas infelizmente não posso dizer quem é.

Inara sentiu sua raiva aumentar. Por que seu pai mandaria uma Deusa treina-la? Ele não podia ficar tomando decisões na vida da garota. E se ela não quisesse treinar com a Deusa? Será que o pai dela havia pensado nisso? Não, certamente não.

— Me desculpe por ter sido tão ignorante, mas eu não quero treinar com você. Diga ao meu pai para parar de se meter na minha vida. Ou melhor, diga para ele continuar sem se meter na vida. Eu estou muito bem sem a ajuda dele.

— Querida, seu pai só quer o melhor para você. Não são todos os filhos dele que têm essa oportunidade.

Inara não ia começar a se sentir a filha mais importante, pois já tinha passado por experiências demais na vida para saber que ela nunca fora tão importante assim. Seu pai só podia estar querendo brincar com ela, era a única explicação. A garota passara a vida toda apenas contando com a sorte e agora seu pai resolvia demonstrar que se importava com ela? Inara gostaria de poder saber quem era ele e por falar tudo o que estava entalado em sua garganta.

— Desculpe, Atena, mas eu dispenso sua ajuda.

Inara deu as costas para a Deusa e caminhou novamente até a Parede de Escalada. Ela estava recolocando os aparelhos de segurança quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Pela primeira vez em muito tempo Inara não sentiu vontade de se livrar do toque de alguém, Atena, em tão pouco tempo, conseguiu um lugar especial no coração da garota. Era como se a Deusa conseguisse, só por um olhar, ser a mãe que Inara sempre sentira falta.

— Eu sei que é um pouco difícil de acreditar, mas esse treinamento vai ser muito importante para você no futuro – Atena disse.

— Eu não quero nada que venha do meu pai, mesmo que seja uma ajuda.

— Eu entendo, Inara. Mas vamos fingir que eu sou uma amiga, o que acha? Não precisamos falar sobre o seu pai enquanto treinamos.

Pela primeira vez Inara abriu um sorriso tímido. Ela estava começando a gostar da ideia de poder treinar com uma Deusa tão legal quanto Atena.

— É uma boa ideia, mas eu não quero chamar atenção dos outros semideuses.

— Sei que não gosta de chamar atenção, mas não tem ninguém aqui —Atena olhou de um lado para o outro e depois sussurrou para Inara. — Ninguém vai ficar sabendo.

— Tudo bem.

Atena sorriu. E daí que seria uma Deusa quem treinaria Inara? Ela estava com sorte por isso. Inara estava feliz por Atena ter sido escolhida para treina-la, a Deusa era uma pessoa tão calma e compreensiva que Inara se sentira completamente feliz se fosse reclamada filha dela, mas Inara sabia quem era sua mãe e ela não era uma Deusa. Inara balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos.

—Você está bem? — Atena perguntou a Inara. — Parece um pouco enjoada.

— Está tudo bem — Inara abriu um sorriso. — Podemos começar?

Atena assentiu. A Deusa poderia escalar a parede só com um estalar de dedos, mas preferiu colocar os aparelhos de segurança assim como Inara e subir como qualquer campista. Inara se sentiu ainda mais grata por isso.

Inara não queria ajuda de seu pai, seja ele quem quer que fosse, mas ela estava feliz por Atena estar ali. E Inara também não conseguia esconder a felicidade que estava sentindo por seu pai, pela primeira vez na vida, ter pensando nela. Pela primeira vez, ele fez algo bom para ela.