Por que fazer? (Em um hiato provavelmente longo) escrita por Giovanna Biondi


Capítulo 3
Capítulo 3 - Tudo de novo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/570445/chapter/3

Eu estou no quarto. O quarto está obscuro. A cama está ao lado da janela. O cobertor está amassado na cama. Eu estou perto do cobertor. Abraço as pernas junto ao peito. Meu cabelo cobre meu rosto. Meu corpo treme. Imagens daquele dia aparecem em minha mente. Não. Não! De novo não. Isso não pode voltar. Não. Não. Não. Lágrimas escorrem pelas minhas bochechas. Não. Tudo menos isso. Novamente, não.

Uma faca curvada. Não. Não. Um beco escuro. Não! Um rosto coberto pela chuva e escondido pela escuridão. Um sorriso. Um sorriso de felicidade monótona. Um sorriso de alegria sem motivo. Um sorriso que não sei explicar. Sangue. Um corte profundo. Não. Não! NÃO!

Eu não tenho escolha. Não tenho. Devo fazer isso. Eu não devia estar aqui. Não devia... Não devia... Eu não devia... Não devia estar aqui. Isso... Isso devia ter acontecido. Devia. Eu estou fazendo tudo errado. Minha hora já passou. Já passou. Eu não existo. Eu não era assim. Eu não era assim. Eu não sou mais eu. Não... Isso tem que acabar.

Levantei da cama rapidamente, mas sem fazer nenhum barulho. Abri a porta também sem fazer barulho. Andei lentamente até a sala pelo corredor escuro. Meu irmão estava no sofá a minha frente, virado para a TV, onde está passando um jogo de basquete. Ele prestava muita atenção. Não ligaria para mim.

Fui até o meu quarto e fechei a porta. Peguei um pedaço de corda e amarrei a porta bem firme. Subi na cama e abri a janela. Lá fora o céu já havia escurecido, e uma brisa soprou no meu rosto. Em baixo da janela está uma piscina. Aproximadamente seis metros. Sentei na janela, com as pernas para fora do prédio. Respirei fundo. E pulei.

A queda é linda. O vento sopra em meu rosto e bagunça meu cabelo. Eu sorri. As luzes da cidade são lindas. Então senti o peso da água encostando em minha pele. E afundei. A água azul encharcava minha pele. O peso retorna ao meu corpo. E minhas costas encostam no fundo da piscina. Fico deitada lá por um segundo, a água passando por cima de mim e jogando seu peso. Então saio da água. Está chovendo. Meu cabelo e minhas roupas estão encharcados. Por um minuto me senti eu de novo. Mas agora que estou na terra, tudo se jogou em mim novamente. Esse peso, esse fardo que estou sendo obrigada a carregar por meses.

Saí da piscina. Minhas roupas pesam. Caminhei pela garagem até achar a parte do muro onde uma árvore caiu. Subi nos galhos da árvore e escalei o muro. Pulei para a rua. Corri pelos bairros há essa hora vazia e obscura. E corri até o meu destino: A escola. Quebrei o vidro da grande porta da frente e me encolhi para passar por ele. Pisei no piso frio e branco da escola. Os corredores estavam vazios e silenciosos. Corri até chegar a uma porta dupla azul. Abri as portas e entrei na sala. Á direita haviam arquibancadas no meio da parede e em cada canto havia uma porta, que levava para os banheiros. E no centro na sala, havia uma piscina. Eu sei, eu poderia ir para a piscina do meu prédio, mas aí me achariam rapidamente. Eu quero paz. Entrei na piscina e prendi uma corda no abaixo do degrau mais fundo na escada. Me preparei para mergulhar e amarrar a corda em meu pulso. Eu estaria livre! Quando um grito percorreu a sala quieta. E outro grito. Meu celular vibrou. Peguei o aparelho. Meu irmão me ligava. Ignorei a chamada. Outro grito.

Saí da piscina e andei em direção á porta. Abri as portas e segui pelos corredores obscuros. Quando vi uma sombra dentro de uma porta. A sombra segurava uma faca. Dei um passo atrás. Alguém me puxou para dentro de uma sala a minha esquerda. Era o menino que vira minhas cicatrizes. Ele estava abaixado no balcão da recepção. Havia uma mancha vermelha de tinta spray em sua camiseta azul escura. Me agachei também.

–O que você está fazendo aqui? –perguntou ele.

–O que você está fazendo aqui?!

–Eu e umas garotas e uns meninos estávamos pichando a escola. Mas alguém apareceu. Uma das garotas levou uma facada e... Ela foi esfaqueada no peito, no coração. Ela caiu e morreu. Eu todos saímos correndo. O homem veio atrás da gente, deixando um rastro de sangue... e...

Ele me encarava.

–O que você está fazendo aqui?

–Nada de importante.

Meu celular vibrou de novo. Era meu irmão. Uma voz veio do corredor ao lado:

–Por que se escondem? Eu irei achar vocês.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Critiquem, elogiem, sejam sinceros!
Espero que tenham gostado!
Obrigada por lerem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por que fazer? (Em um hiato provavelmente longo)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.