– Inu-kun, veja este prédio, é muito grande! – Kagome apontou para o prédio mais alto que ela já havia visto, se surpreendendo com o tamanho.

– É... ele... – Inuyasha sussurrou perplexo, para a surpresa de Kagome.

– Sério? Uau! Conseguimos achar seu prédio! – A garotinha começou a pular de felicidade. Inuyasha deveria estar feliz, mas havia se lembrado que onde ele morava não era tão divertido quanto gostaria que fosse.

– Pois é... – Kagome percebeu que Inuyasha observava de forma triste o local onde morava. Ela sentiu sua tristeza e segurou a mão do amigo.

– Por que você está triste? - Kagome fez com que Inuyasha olhasse diretamente para ela.

– E-Eu não estou triste, imagina. - Inuyasha tentou soltar um sorriso forçado. Kagome preferiu não exigir uma resposta dele, já estava triste por ter que ir embora.

– Então... – Ela sussurrou. – Acho que é aqui que a gente se separa... – Ela desviou o olhar.

– N-Não... Kagome... fique aqui comigo... – Inuyasha apertou a mão da garotinha. Ele não queria que aquele momento chegasse.

– Inu-kun... é que meus pais voltarão para casa hoje a noite... eles não podem saber que eu estive fora de casa... – Os dois estavam de cabeça baixa. O hanyou, mesmo não querendo, tinha que compreender.

– Então, como poderei ver você? – Ele perguntou num fio de voz. Kagome mordeu os lábios, pensando em algo.

– ... Já sei! Amanhã a gente se encontra durante a tarde, lá no parque! Se acontecer qualquer coisa, você já sabe onde eu moro, e eu sei onde você mora! – Os dois rostos se iluminaram com a ideia de Kagome.

– Okay, então... Até amanhã, Kagome! – Inuyasha se afastou um pouco da amiga.

– Até amanhã, Inuyasha-kun! – Kagome se aproximou repentinamente, dando um beijo na bochecha de Inuyasha. Poucos segundos depois, ela saiu correndo. O hanyou ficou paralisado com a ação da garotinha e a observou se distanciar. Ele ficou um tempo aguardando do lado de fora, quando finalmente avistou o carro de seu irmão do outro lado da rua. Um jovem alto, de longos cabelos prateados e com um ar frio de superioridade saía do veículo, enquanto olhava com um olhar de desprezo para o hanyou.

– Pensei que tinha morrido, inútil. – O mais velho disse de forma seca. Inuyasha não sentiu muito porque já estava acostumado com as atitudes e palavras severas do irmão. O pequeno apenas ficou calado, enquanto era observado de cima a baixo pelo irmão. – Entre logo, senão eu deixarei você aqui. – Inuyasha entrou de cabeça baixa para dentro do prédio, e chegando em seu apartamento, dirigiu-se até seu quarto, deitando-se na cama desajeitadamente. Foi tudo muito rápido... a morte de sua mãe, o estranho acidente de seu pai... Inuyasha só tinha seu irmão mais velho, Sesshoumaru, que assumiu sua guarda. Mas Sesshoumaru era rude, parecia que não tinha sentimentos, vivia culpando Inuyasha pela morte de seu pai, sem dizer nenhum motivo convincente. Inuyasha, mesmo assim, chegou várias vezes ao ponto de pensar que ele era realmente o culpado, até que ela apareceu. O rosto de Kagome ficou gravado na mente de Inuyasha e ele dormiu com um sorriso nos lábios, apesar de tudo. Provavelmente ele teria belos sonhos naquela noite.


Enquanto isso, Kagome correu o mais depressa que podia para chegar cedo em casa. Ela queria ficar mais tempo com Inuyasha, mas não podia deixar que seus pais descobrissem que ela tinha feito um amigo. Os pais de Kagome estavam sempre viajando a trabalho e Kagome era obrigada a se mudar de uma cidade pra outra, sempre. Era impossível manter uma amizade, então seus pais deixavam a pequena em casa, e a avisavam para ela não sair dali. Mas na tarde do dia anterior, Kagome havia feito o seu primeiro amigo, e sentia-se orgulhosa. Ela nunca imaginava que iria fazer uma amizade tão verdadeira. Ao chegar em casa, ela se deparou com seus pais sentados no sofá, olhando para ela com muita seriedade.


– Kagome, onde você estava? – Seu pai foi o primeiro a levantar a voz.

– E-Eu... Fui tomar um sorvete na rua... – Kagome tentava fazer uma expressão despreocupada, como se fosse algo simples. Como seus pais não prestavam atenção nos detalhes, eles acreditaram.

– ...Okay, nunca mais saia sem nos avisar. – O pai dessa vez falou mais suavemente.

– Sim, papai... – Kagome abaixou a cabeça.

– Filha, iremos embora amanhã, por isso, vá arrumando suas coisas. – A mãe de Kagome disse tranquilamente, como se fosse algo normal. O que, de fato, era. Kagome se desesperou com a notícia.

– M-Mas... Já, mamãe? – A pequena se segurava para não chorar.

– Ué... Para que você quer ficar aqui? Não foi você mesma que queria ir embora daqui o mais rápido possível? – A mulher estranhou a pergunta da filha, era a primeira vez que Kagome não aceitava uma mudança de primeira.

– É... M-Mas... Eu... É que... – Kagome não tinha o que dizer para contornar a situação.

– Sem ''mas'', vamos embora amanhã, já está decidido. Agora vá arrumar as suas coisas. – O pai disse a frase final. Kagome apenas balançou a cabeça, afirmando, e foi para o seu quarto. Quando começou a arrumar suas roupas, Kagome fitou a sua cama. Na noite anterior, ela se divertiu tanto ao lado de Inuyasha... como ela encararia ele agora? Ela havia dito que eles ficariam juntos... Antes que Kagome percebesse, as lágrimas já rolavam pelo seu pequeno rosto, e ela dormiu, pensando no seu único e melhor amigo.