– NÃO! PAREM COM ISSO! POR FAVOR! – Uma pequena garotinha, aparentando ter sete ou oito anos, parava em frente a uma roda de garotos de mesma idade, nos quais espancavam sem dó um garotinho de cabelos prateados.

– O que você quer, menina estúpida? Vai defender esta aberração? – Um dos garotos, que aparentava ser o líder, se dirigiu até a menina, olhando-a com desprezo.

– Vou sim! – Ela o encarou bravamente.

– Então, sofra o mesmo que ele.


Os garotos se aproximaram da garotinha que olhava-os com uma mistura de raiva e medo. Eles não ligaram pelo fato dela ser apenas uma frágil garota. Minutos depois, após ela cair no chão devido aos socos e chutes, os garotos foram embora, deixando suas vítimas caídas no gramado de um lindo parque da cidade de Shikon No Tama. A garotinha de pretos caídos sobre os ombros e olhos azuis como o oceano se aproximava com dificuldade do garotinho de cabelos prateados, que pelo visto estava desacordado.


– Ei... você está bem?

Inuyasha estava perdido em sua própria mente, diversos flashs dos últimos acontecimentos vinham em sua cabeça como uma flecha. Ele estava tentando achar seu irmão mais velho, pois ainda não sabia andar sozinho pelas ruas direito, quando foi parado por um grupo de garotos. Eles, de repente, começaram a xingá-lo e espancá-lo. Não ligava mais pra isso, pois já estava acostumado. Era um fraco, no fim das contas. Ao longe, ele pode ouvir uma voz diferente, suave e infantil, tentando defendê-lo. Defendê-lo? O pequeno hanyou movimentou as pálpebras lentamente e enxergou um par de olhos brilhantes o fitando com um sorriso.

– Ah, você está bem! Pensei que aqueles idiotas haviam matado você! – A garotinha riu levemente.

Ele não conseguia entender... a única pessoa que tinha se preocupado com ele daquele jeito era sua falecida mãe. Inuyasha deu um pulo para trás e se afastou rapidamente da humana, com medo de que ela pudesse fazer algo contra ele. Mas não conseguiu correr, por algum motivo, ficou olhando para ela, de longe. Os dois se fitaram por longo tempo, nesse tempo, ele percebeu que a garotinha tinha vários machucados pelo corpo, assim como ele.

– Eu me chamo Kagome! E você? – A garotinha gritou, para que ele pudesse ouvir claramente.

– Hm? – Para que ela estava dizendo o seu nome? Inuyasha não entendia.

– Qual o seu nome?

– ... Inu...Yasha. – Ele hesitou um pouco antes de dizer.

– Prazer, Inuyasha!

Kagome se levantou e andou em direção a ele, estendendo a mão direita e segurando a mão esquerda do pequeno hanyou com delicadeza. Inuyasha se espantou com a ação dela, mas... ela tinha o olhar tão calmo, tão tranquilo e, apesar do que tinha acontecido, ela ainda sorria para ele. Ele hesitou um pouco, mas por fim, decidiu segurar a mão da garotinha da mesma forma, sem entender o que aquilo significava.

– Nya... você se machucou muito... sua boca está sangrando.

A garota retirou um lenço do bolso do vestido azul claro que vestia e o passou carinhosamente sobre os lábios de Inuyasha, retirando o excesso de sangue. O hanyou observava a garotinha sem nada dizer, com várias perguntas explodindo em sua mente. Todas as crianças da sua idade o rejeitavam por ele ser diferente, mas aquela humana... parecia não se importar com o fato dele ser assim.

– Ka-Kagome...? – Inuyasha sussurrou, receoso.

– Sim, Inuyasha? – Ela o encarou, enquanto guardava o lenço.

– Se afaste de mim, por favor. – O hanyou deu três passos para trás e, em seguida, saiu correndo, deixando Kagome um pouco assustada para trás. Mas, ao mesmo tempo que ela estava assustada, estava curiosa.

– Que divertido. – Kagome riu inocentemente.