Os três ficam paralisados ao ver Daniel e Julie se beijando, então através de um gesto, Felix diz para sumirem.
Julie separa-se de Daniel para recuperar o folego e ainda com os rostos bem próximos, ela diz:
– Ainda acha que só gosto de você, e que amo o Nicolas?
Daniel somente sorri e da pequeno beijo. Os dois se afastam, pois se lembram que Martin e Felix podem voltar a qualquer momento.
Enquanto Julie e Daniel estavam na edícula, do lado de fora, Martin, Felix e Débora conversam:
– Gente! O que era aquilo?! – diz Débora.
– Um beijo, não estava obvio Débora. – diz Martin. – Mas uma coisa não entendo, por que o Daniel esconderia isso de nós?
– Martin, as vezes ele nem tinha a intenção de acontecer isso. – responde Felix.
– Ah! Estava na cara que aquilo não era a primeira vez que acontece. – diz Débora com um sorrisinho no rosto.
– Será?! – exclama Martin.
– Bom, se realmente não for à primeira vez que eles se beijam. O fato do Daniel não dizer nada para a gente, é que não era para ficarmos sabendo. Era uma coisa entre eles. – diz Felix.
– Que seja, os dois são tão fofos juntos e outra, como só agora a Julie cedeu ao Daniel! – diz Débora.
– Débora, você vai ter que prometer que não vai contar para ninguém. Por favor! Porque se isso chegar nos ouvidos do Demétrius, estaremos complemente perdidos. – informa Felix.
– Pode deixar, sou ótima em guardar segredos. – diz Débora e some.
– Tomara que ela realmente saiba guardar segredos. – diz Martin preocupado.
Os dois decidem entrar na edícula, quando eles entram vêm Daniel sentado no amplificador e Julie arrumando a estante de discos.
– Cadê a Débora? – pergunta a Julie.
– Ela já foi, graças a Deus! – disse Martin.
– Gente aquela menina é insuportável. É impossível ficar perto dela cinco minutos! – comenta Felix. – Tirando o fato de que, ela não parou de perguntar porque você tem uma sereia de estimação e não mostrou pra ela.
– Verdade, Julie. O que deu em você pra dizer uma coisa dessas? – pergunta Daniel.
– Sei lá, veio na minha cabeça e eu disse sem pensar. – responde Julie rindo. – E deu para perceber, na cara de vocês três, que a coisa mais certa era fugir dela.
– Você teve sorte. Não teve que aturar ela, a irritação em pessoa! – diz Martin.
– Enfim, vamos parar de falar na Débora e em seu jeito “extrovertido” de ser. E vamos tocar! – diz Julie pegando o microfone.
Eles tocam, conversam, etc. Daniel não tirava os olhos de Julie, ela percebia, mas não retribuía com medo de Martin e Felix perceberem.
Já eram cinco da tarde, Julie sai da edícula e vai para o seu quarto. Os três fantasmas continuam na edícula. Martin e Felix, não paravam de pensar no que haviam visto mais cedo, então Felix pergunta para Daniel como quem não quer nada:
– Então, o que ficou fazendo, enquanto não estávamos?
– Nada, conversando com a Julie. – responde Daniel.
– Só conversando? – pergunta Martin. – Não ficou com nem um pouquinho de vontade de ficar com a Julie.
– Onde quer chegar? – pergunta Daniel.
– Ué, não era você mesmo que dizia que ficaria com ela, porque estava apaixonado e tal? – disse Martin.
– Estava e estou. – responde Daniel escondendo um sorriso.
– Ah, sei! – concorda Martin.
– Tá bom, conseguiram! Eu admito, eu fiquei com ela. – diz Daniel. – E eu não sai com vocês, porque queria ficar com ela e também, porque não suporto a Débora.
– Que bom que admitiu, achei que teria que dizer que eu, o Felix e a Débora vimos vocês juntos. – comenta Martin.
– O que? Vocês viram? – pergunta Daniel.
– Infelizmente, chegamos e demos de cara com aquela cena, então saímos daqui. – responde Felix. – Por que não contou para a gente?
– Porque é uma coisa nova pra nós dois. – diz Daniel.
– Entendo, então ontem vocês também se beijaram? – continuou Felix.
– É, acabei assumindo por completo o que sinto por ela e nos... – diz Daniel com um fundinho de vergonha.
– Ah! Eu sabia! Não tinha rolado apenas uma conversa. – diz Felix.
Daniel conta tudo o que aconteceu para os dois. Enquanto isso, Julie tomava banho e também preparou algo para comer.
Já estava de noite, por volta de oito e alguns minutos. Então Daniel decide ir ver Julie. Felix e Martin disseram que os deixaria a sós e ficariam na edícula caso precisassem de algo.

Daniel entra na cozinha e Julie estava terminando de comer. Daniel se sente na frente dela e diz:

– O que vai fazer?

– Não pensei em nada! E outra, não podemos nos arriscar, você se lembra que não é o único fantasma daqui?

– Sei disso, mas eles falaram que iam ficar jogando dardos e cartas. Prometeram que não iriam me seguir.

– Onde você disse que iria?

– Dar umas voltas. Fazer nada!

– Um. Que tal a gente assistir um filme? – diz Julie recolhendo a louça e começando a lavar – Você topa?

– Pode ser! Tem que ser um filme bem legal, romântico, tipo exorcista!

– Nossa! Super-romântico ver uma pessoa girar a cabeça 360 graus! Mas eu acho que tenho ele sim. Vai ali naquela prateleira e procura enquanto eu termino de lavar a louça.

– Posso já ir colocando na TV?

– Pode. Eu já estou indo!

Julie termina de lavar a louça. Daniel já a esperava sentado no sofá. Julie senta do seu lado, Daniel coloca para começar o filme e aproveita e passa seu braço sobre os ombros de Julie.

Julie trouxe suas pernas junto ao corpo e se escorou em Daniel. Toda vez que aparecia uma sena forte ela virava seu rosto para Daniel, o qual pensava: “Nicolas, Nicolas, Nicolas, quando foi que pode assistir um filme com a Julie?

Ao final do filme Julie desliga a TV e seus olhares se encontram. Eles dão um rápido beijo. Julie abaixa as pernas e Daniel deita com a cabeça em seu colo, de modo que sua barriga ficasse para cima. Julie acariciava seus cabelos cacheados. Daniel então diz:

– Julie! Posso te contar um segredo?

– Claro que pode!

– Eu te amo!

– Que fofo! Mas, eu te amo mais!

– Eu te amo muito mais!

– Nem sei o que dizer! Você é incrível! Lembra que eu te disse que eu amava o Nicolas e só gostava de você? Mas depois desses momentos que passamos juntos é totalmente ao contrario! Daniel eu te amo muito!

– Julie! Eu sempre te amei e sempre te amarei! Não importa o que acontecer, saiba que você faz parte de mim!

– Nossa! Eu nunca imaginei que nós um dia namoraríamos!

De repente o sorriso de Daniel se desfez e ele ficou pensativo. Julie pergunta:

– O que foi Daniel?

– Nada! Só que, você nunca vai poder ter uma vida normal comigo! E você sabe disso! Você nunca vai poder me apresentar pra uma colega, ou sairmos para algum lugar!

– Não seja bobo Daniel! Eu não ligo que eu não terei uma vida normal! Afinal desde que eu me mudei pra essa casa eu já não sou mais normal! Mas o que eu quero é você, pra me ajudar nos momentos tristes, me apoiar nos momentos difíceis!

– Julie! Eu nunca amei alguém como eu amo você. Eu nunca soube o que é o amor de verdade! Você revelou isso para mim! Você despertou isso em mim!

– Você já namorou quando ainda era vivo?

– Sim! Mas eu apenas gostava dela. Quando eu achava que algo estava crescendo dentro de mim, alguém vinha e destruía!

– Tipo o que?

– O pai dela, nunca me aceitou, sempre falou que eu era má influencia e nunca deu uma chance para o nosso amor florir. Apenas uma vez ele deu uma pequena chance, mas ai aconteceu o acidente, e ou morri!

– Nossa! Como era o nome do pai da menina?

– Prefiro não falar mais sobre isso!
Mas continuando, não vamos deixar esse momento se acabar por causa de uma misera história de um misero fantasma!

Daniel se levanta, e os dois se abraçam. Julie ainda abraçada pensa: “Por mais que Daniel seja um fantasma, pude imaginar: sua respiração, ouvir a batida do seu coração e sentir o calor do seu abraço. E confirmar que o que ele sente por mim é verdadeiro, mesmo ele não possuindo um coração”.

– O que foi Julie- Diz Daniel.

– Nada não! Mas eu preciso ir dormir, por mais que amanhã seja domingo eu não posso ficar abusando do tempo!

– Que horas são?

– Sei lá deve ser umas onze ou meia noite, quem sabe não é uma hora!

Os dois se levantam do sofá. Daniel diz á Julie:

– Quer que eu te acompanhe até o quarto? Vai saber se os personagens do filme não estão por ai?

– Ai, como você é bobo Daniel! Mas sim eu quero que me acompanhe!

Os dois vão para o quarto abraçados. Ao entrar no quarto Daniel senta na cama e Julie pega um caderno e uma caneta, joga em cima da cama e diz sonolenta:

– Eu vou me arrumar pra dormir e se você quiser, componha uma musica pra banda.

Julie vai para o banheiro e Daniel começa a escrever. Tempos depois Julie vai para o quarto, Daniel estava andando em círculos com o caderno na mão, Julie entra de baixo da coberta e diz:

– Para de andar desse jeito! Você vai acabar afundando o chão!

– Você esqueceu que eu sou um fantasma!

– Que seja! Para de fazer isso! Mas então como anda a letra da banda?

Julie estava bocejando, quando Daniel deitou de seu lado. Daniel disse com um sorriso no rosto:

– Olhe você mesma!

– Muito bem.

Julie olha para o caderno onde estava escrito com cada letra de uma cor:

“DANIEL DANIEL DANIEL DANIEL

DANIEL DANIEL DANIEL DANIEL

DANIEL DANIEL DANIEL DANIEL

DANIEL DANIEL DANIEL DANIEL”

– Gostou da minha letra? – ele pergunta com um sorriso.

– Esse deve ser o refrão, né?

– Na verdade não, depois se você quiser completar ela, fica a vontade!

Os dois dão uma leve risada, seus olhos se encontrão. Julie toma a iniciativa e da um breve beijo em Daniel. Antes de Julie voltar com a cabeça no travesseiro, Daniel passa o braço por de traz dela e fazendo com que Julie, deite em seu peito.

– Boa noite! – diz Daniel, passando seu braço que estava livre sobre a cintura de Julie.

– Boa noite! –diz Julie fazendo uma caricia em seu rosto.

Os dois pegam no sono. No dia seguinte, Felix e Martin ficam preocupados com o fato de não encontrarem Daniel pela manhã. Então os dois começam a procura-lo em todos os cantos da casa, porem não o encontraram e o único cômodo que não procuraram, foi o quarto de Julie. Martin e Felix ficam um pouco apreensivo de entrar no quarto de Julie, mas decidem entrar e se deparam, com Daniel e Julie abraçados dormindo. Os dois se olham e decidem sair dali.

No corredor da casa, Felix diz curioso:

– Meu Deus! Será que eles...

– Não, não é possível. O Daniel não seria capaz de uma coisa dessa. Ou seria? – diz Martin.

– Ah, mas quando o assunto é “Daniel”, não duvido de nada.

– Ah, Felix. Pensa bem, ele esta lá todo bonitinho, arrumado, esta da maneira que saiu da edícula. – Martin arregala os olhos. – Ou será que ele se trocou no meio da noite?

– Por favor! Chega!

– Ah, mas bem que a gente poderia “jogar uns verdes” de novo!

– Sério? Você joga a fruta completamente podre para ele! Você quer que ele fique se questionando em contar pra gente ou não?

– Nossa Feliz quanta maldade! Que amargura em seu coração!

– Eu não tenho um coração faz 30 anos.

– Tá explicado.

Os dois voltam para a edícula, Daniel e Julie acordam.

– Bom dia, Dan! – diz Julie com uma voz de sono.

– Bom dia, minha flor do dia! –responde Daniel, tirando a franja dos olhos de Julie.

– Ai, não sabia que era tão romântico!

– É isso que o amor faz com a gente.

Julie da um sorriso e já se levanta, indo em direção ao banheiro. Daniel se levanta, vai em sua direção e antes que ele chegasse na porta. Ele a segura pelo braço e a puxa para um beijo, porem o beijo foi rápido. Julie se lembrou que a qualquer momento, Felix e Martin podiam aparecer.

Julie entra no banheiro e Daniel se escora na porta, ela começa a escovar o cabelo, Daniel da um abraço por traz em Julie, da um beijo em sua bochecha e diz em seu ouvido:

– Vou ter que voltar para a edícula! Te vejo mais tarde!

Da mais um beijo em sua bochecha e some.

Daniel volta para a edícula, ao chegar lá, Martin e Felix só o encaravam e não diziam nada.

Enquanto isso, Debora conversava com Eduardo, um amigo.

– Nossa! Estou com a fofoca do ano! Só contei pra umas meninas! Só que não pode contar pra ninguém!

– Mas é claro! Você já contou pra todo mundo! Mas então que fofoca é essa?

– Ai, eu não ia contar, mas como você esta insistindo, eu vou contar! Mas por favor, não fale para ninguém, principalmente para o Demétrius! Sabe aquele tal de Daniel?

– Aquele que tinha uma banda quando ainda era vivo?

– É, esse mesmo, então ele esta namorando uma humana!!!!!

– Nossa! Que interessante! Seria uma pena se o Demétrius ficassem sabendo! – diz Eduardo em um tom malicioso.

Depois de mais alguns minutos de conversa, Eduardo vai para casa e diz para seu pai:

– Pai? Tenho uma noticia ótima para te dar.

– O que é? – responde o pai.

– Na verdade, não é sobre o que. E sim sobre quem.

– Como assim?

– O que o nome Daniel te lembra?

O homem fica em silencio e Eduardo continua:

– A única previa que te dou, é que você finalmente vai conseguir o que queria. Destruir o Daniel!