Keega no Mirai - O Passado Volta dos Mortos escrita por Jaoruega
Notas iniciais do capítulo
Capítulos com ilustrações extras e bonus da história (perfis, oneshot de personagens secundários, etc... (só perfíls e trilha sonora, por enquanto))
Depois de muitos minutos, Utiyama Hiroshi, o patriarca, entrou na sala de espera junto com a família Aosora - todos com a mesma expressão de antes. Uma curiosa membra da família os esperava e insistia que lhe dissesse sobre o que conversaram, todavia, nada lhe foi dito. Aosora Kira, mãe de Aosora Assumi, postou-se calada e resistente a inconveniente curiosidade da filha.
Silenciosos, todos saíram da casa e foram embora. Tudo havia sido dito, todavia, não entre Tairo e Assumi - palavras não ditas gritavam por liberdade.
O dia seguinte iniciou-se com uma rapidez incomum.
Logo, Assumi e seus primos se arrumavam para ir ao colégio. Enquanto isso, trovões retumbavam lá fora. Urros desesperados por mais ação nesse espetáculo chamado Vida, uma peça maçante e acomodada em tradições arcaicas. As gotas de chuva acertaram o carro que os levavam durante todo o trajeto, com grande violência e cada vez maior.
As horas passavam e, a cada tic tac do relógio, Assumi ficava mais ansiosa para o fim das aulas do dia.
Quando saía da casa terciaria, onde ocorriam as aulas de artes marciais, seus olhos localizam Tairo e seu grupinho de amigos. Então, uma ideia clareou a sua mente.
O rapaz também a encontrou rapidamente, contudo, esta estava sozinha. Já corriam boatos sobre o que acontecera no lago kawasakiano e as garotas que compunha o grupo de Assumi ainda não frequentavam o colégio, provavelmente não queriam enfrentar as perguntas dos seus colegas de classe. A aluna Aosora tinha herdado a força da família, tanto no modo figurado como literal – desbravava os corredores como se nada tivesse acontecido. E agora, no momento que Assumi andava em sua direção, percebeu que ele infelizmente não tinha herdado a força do seu avô. Depois de vê-la quase espancar os seus amigos… autodefesa, claro, mas algo parecido com o medo começou a travar seus pés no chão.
– Cara, estou dando o fora daqui. – disse Tomohira.
– Nem me fale. Vamos, Jyun. – concordou Kobayashi, puxando o amigo para perto do Tomohira e então foram todos para longe dali.
Tairo teria que enfrentar a fera sozinho.
– Os seus amiguinhos covardes foram embora? Que pena. – resmungou, cuspindo no chão.
– E as suas amigas? Também é covardia não querer seguir em frente.
– O que?!
Tairo suspirou, coçando atrás da sua cabeça.
– Desculpe. Isso foi injusto. Ahwm… vamos começar de novo.
– Você está de brincadeira, só pode. – e riu falsamente. – Os seus amigos abusaram de todas nós. O que quer? Que eu aperte a sua mão e se esqueça de tudo o que ocorreu? Ah, por favor!
– Mas você foi a única que se ofereceu.
– O-o que?! - gaguejou, incrédula com a estupidez do menino.
– Ok, falei besteira de novo! Então, o que veio fazer aqui? Sinto muito, mas não quero brigar agora… tenho coisas mais importantes para fazer.
Assumi revirou os olhos, bufando.
– Não, não, hoje eu não vim aqui para isso. Vou lhe perguntar uma coisa e exijo que me responda.
– Exige, claro.
– Cale a boca. Então, o que seu avô queria com a minha família?
– Sei lá.
Um biquinho de aborrecimento e olhos semicerrados foi a resposta da garota.
– Na verdade, eu sei. Mas… Ei! Deixa-me falar! – após uma pausa, Tairo recomeçou. – Eu sei, contudo, acho melhor você esperar até amanhã.
– Fale agora. Sabe o que fiz com os seus amigos.
– Você não teria… - muitos olhos os observavam e isso o incomodava. Afinal, estava sendo enquadrado por uma garota. Com todos os boatos que circulavam sobre o lago, o rapaz não queria que essa situação os reforçasse. – Espere um pouco.
Tairo mencionou pegar o braço dela, mas a garota se encolheu.
– Não.
– Assumi… só vamos sair daqui. Olhe em volta.
Ela o fez e ficou surpresa por ver quantas pessoas os cercavam. “Esse povo não tem mais o que fazer não?” pensou.
– Tudo bem. – ela agarrou a blusa dele e o puxou para o templo particular do colégio.
O templo é constituído apenas por um cubículo, uma árvore grande e oca por dentro. No interior há alguns penduricalhos e um Buda folheado a ouro. Os dois entram correndo lá dentro e fecham a porta (improvisada pelo colégio). O ar aprisionado naquele recinto estava impregnado com o cheiro de incenso, abraçando os dois como um velho conhecido.
Assim que entram, Assumi novamente o encurralou contra parede, apoiando sua mão direita perto da cabeça do garoto.
– Agora, sem desculpinhas. O que foi? – ela o intimou, deixando apenas um curto espaço entre os dois.
– Me pediram para não te contar, todavia, devido ao meu conhecimento sobre o que você pode fazer comigo e que você tem uma espada de madeira dentro da mochila… bem, só peço uma coisa: não me mate.
– Hoje não, eu já disse. – murmurou, revirando os olhos novamente. Apesar da antipatia que Assumi tinha por ele, este que tinha conhecimento disso, pequenos balõezinhos de risos se formaram no teto abobado de sua boca e ameaçavam a explodir.
Tairo não se conteve como ela fez, afinal, estava desarmado pelos olhos dela.
– Você não vai gostar nadinha do que vou falar. – disse ele, após rir.
Então, alguém repentinamente bateu na porta do templo.
Os dois ali dentro arregalaram os olhos.
– Quem é?
– Tairo? O que você está fazendo ai, cara?
– Espere! – o rapaz puxou a garota para traz das dobradiças da porta e sussurrou: - Conto a você amanhã, depois da sua apresentação de flauta.
O outro garoto, que esperava do lado de fora, bateu novamente na porta.
– Caramba, Tairo! Está pretendendo se unir ao Buda no mesmo plano?!
Assumi bufou de impaciência.
– Amanhã, sem falta. – resmungou, acertando o estômago dele e indo rápido se esconder atrás da porta.
Tairo tossiu um pouco antes de abrir a porta, um espaço mínimo apenas para escorar o seu corpo para fora e puxar o amigo para longe, entretendo-o com um assunto que surgiu do nada.
Sozinha ali, naquele espaço sagrado e silencioso, os balões explodiram em fim.
Por mais brava que estivesse, por mais ódio que sentisse daquele rapaz, ele tinha conseguido fazê-la rir.
De longe, a vida parece apenas um jardim de rosas. Somente quando se adentra nesse mar de beleza que é possível percebe a quão espinhosa ela é, cruel, uma jogadora de xadrez vil, torturadora. As pétalas caem e só sobra os espinhos, agarrando suas pernas, pintando a terra de escarlate. Você se agarra a sua força e coragem e segue em frente. Luta. Luta. Logo a tortura acaba e então pode descansar seus pés na grama macia. Contudo, a dor ainda não para. As rosas unharam sua pele e o sangue não para, o machucado não cicatriza, a dor ainda não para. Não para não para e não para e nunca irá parar. Há mais campos de rosas e terá de atravessá-los, adquirindo mais machucados. É preciso seguir em frente. Com o tempo, eles se tornam mais profundos e viram medalhas internas – exibe para o seu próprio coração, parabenizando por sobreviver.
A vida é assim – calmaria, dor e alívio. Assim se segue até conquistar a última medalha, gigantesca e arrebatadora – não há possibilidade alguma de se negar a recebê-la. Talvez, lá dentro, bem no seu interior machucado, você não quer se negar. Você a quer e muito.
Finalmente um descanso para os seus pés.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Lembrem-se: aposatempestade.wordpress.com
Não estou postando toda hora, mas olhem pelo menos uma vez por mês ou após eu postar mais um capítulo
Até, None/Jaoruega