Filhos do Poder – Devotas da Magia escrita por Caio Loys


Capítulo 18
Epílogo




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Acordei deitada na cama do meu dormitório no Castelo de Luz.

As coisas pareciam exatamente iguais por ali; minhas roupas estavam no armário, a cama havia sido feita, com lençóis negros e um travesseiro mais branco que gesso. Em cima da cômoda que estava ao lado da cama, havia um vaso de flores, com lindas e grandes rosas vermelhas dentro.

Ao lado do vaso, havia um envelope preto e pequeno, desses em que se colocam cartões postais. Peguei-o e tirei dele um pedaço de pergaminho que tinha, no máximo, 10 cm.

No papel só havia apenas quatro palavras, escritas em uma caligrafia for-te e intensa:

Só esta começando

Prepare-se

– O que? – eu falei em voz alta.

****

Vesti uma camisa vermelha que tinhas mangas em forma de boca de sino e uma calça jeans preta, com um par de botas de couro preto e sai do quarto, á procura de Maggie, Evan, Mirian ou Fedra.

Mas não encontrei nenhum deles, mas sim Silas, o ancião da magia.

Ao contrario das demais vezes em que eu o vi, ele estava sozinho, longe da companhia de seu irmão gêmeo Klérigo.

– Senhorita Sulley? – ele me chamou. – A senhorita esta bem?

Ele me abraçou forte, o que no começo foi meio estranho, mas depois eu também o envolvi em meus braços e sorri.

– Sim, Silas. Estou bem. E você?

– Fiquei preocupado com a senhorita, milady.

– Não precisa, estou bem.

O garoto me olhou sério.

– E a Dama das Trevas? Ela foi vencida?

Eu fiz que não com a cabeça.

– Não, Silas. Na verdade tudo só piorou – ele me olhou assustado. – Érebo também voltou á vida.

– Então deve ser á isso que a feiticeira estava se referindo.

Franzi a testa.

– Que feiticeira?

– Uma feiticeira de cabelos negros e olhos verdes. Não me lembro o nome dela.

Eu suspirei.

– Onde ela esta?

– No salão do trono...

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, eu corri para o salão de Ariadne e usei minha magia para abrir as portas.

O lugar, assim como o meu dormitório, estava em ordem. O céu do amanhecer brilhava; as colunas douradas mantinham-se firmes em sua tarefa de sustentar o lugar e o trono de ouro de Ariadne irradiava seu poder mágico por todo o lugar, assim como o trono de prata de Fedra, que, mesmo sendo menor em tamanho, emanava força sem igual.

Ambas as irmãs estavam no centro do salão, conversando com uma mulher alta e esguia, que estava com o corpo coberto por um longo vestido roxo escuro com cauda de sereia, com um cinto de couro preto na cintura.

– Taylor!! – Fedra me chamou.

A garota correu em minha direção, com seus longos cabelos dourados açoitando o vento ao seu redor, seu vestido branco longo esvoaçante, e me abraçou, com ainda mais força que Silas, que estava ás minhas costas nos obser-vando.

– Como você esta? – ela perguntou. – Fiquei tão preocupada.

– Estou bem, Fedra – eu falei, olhando para a mulher que estava de costas para mim. – Quem é essa mulher? –perguntei, com ansiedade.

Fedra me soltou e olhou para a moça que estava conversando com Ariadne.

– É Helena, uma fada da clarividência – ela falou; ao notar a minha decepção ela perguntou: - Por que você ta com essa cara?

– Nada... é que eu pensei que fosse outra pessoa.

Fedra franziu o cenho.

– Quem?

Eu á encarei e abri a boca para responder que achei que fosse Circe, mas algo dentro de mim me deteve, como eu não devesse contar á ela sobre minha mãe, e eu acabei falando:

– Ninguém – a garota me olhou séria, mas antes que ela pudesse fazer mais alguma pergunta, eu á interrompi. – Onde estão Maggie e Evan?

– Maggie esta na sala de treinamento – ela falou. – Evan possivelmente esta com ela.

– Posso vê-los?

Fedra sorriu para mim e, com ar de brincadeira, ela disse:

– Some daqui – eu me virei para correr para a sala de treinamento, mas a garota me deteve. – Depois quero saber o que houve com você.

Eu fiz que sim com a cabeça e passei por Silas, que estava sorrindo feito bobo.

Ao chegar na sala de treinamento, eu parei e fiquei olhando para as estátuas de Silas e Klérigo que só agora eu percebi que estavam lá, e pensei no que Maggie me disse quando eu vi as estátuas dos gêmeos no refeitório:

Elas são como uma lembrança de que em todo e em qualquer lugar, a magia esta presente.

Isso então queria dizer que a magia também estava dentro de mim, o que me dava esperanças de um dia poder usá-la para salvar minha mãe, e salvar á mim mesma, das trevas.

A porta da sala de treinamento se abriu com um rangido que ecoou por todo o recinto e, assim, chamou a atenção de todos que estavam dentro dela; os Filhos da Escuridão deixaram de manejar suas espadas, as feiticeiras pararam de lançar bolas de fogo umas nas outras, e todos me encararam. Se isso tivesse acontecido dois dias atrás, eu teria me encolhido e feito com que as pessoas não me notassem; mas agora, quando a meia dúzia de guerreiros e feiticeiras me encarou, eu somente olhei para cada um deles, sem abaixar a cabeça ou me encolher.

– Taylor!!! – ouvi a voz de Evan gritar em meio á multidão, que abria caminho entre os milhares de adolescentes que estavam ali.

Meu melhor amigo veio para perto de mim, com um sorriso enorme na boca, e me abraçou também.

– O que houve? – ele perguntou.

Maggie veio logo atrás dele, também sorrindo para mim.

– Você ta bem?

Eu assenti para os dois e perguntei:

– Vocês viram Jack?

Meus dois melhores amigos me olharam sérios.

– Você conseguiu resgatá-lo? – Evan perguntou, enquanto um cara aparecia atrás dele.

O cara era o tal do Andrew Angylion, líder dos Filhos da Escuridão, que estava namorando Evan em segredo. Pelo menos até antes de ontem era segre-do.

Quando Andrew se aproximou de nós, Evan se virou para o garoto e deu-lhe um beijo na boca, o que espantou tanto Andrew quanto á mim e Maggie.

Enquanto os dois se beijavam, Evan colocou os braços atrás do pescoço de Andrew e o puxou para mais perto de si. Quando ele fez isso, o outro garoto pareceu ainda mais intrigado, mas nem por isso deixou de beijar Evan. Enquanto isso, Maggie e eu não tínhamos nada para fazer, á não ser ficarmos olhando os dois se beijando.

Quando o beijo deles parou, ambos os garotos nos olharam com sorrisinhos bobos; Andrew estava vermelho e Evan olhava de um lado para o outro.

– Alguém pode me explicar? – eu quebrei aquele silencio.

Maggie dava risada.

– Nosso querido amiguinho gay resolveu arrombar a porta do armário.

Evan olhou para ela com cara de deboche.

– Arrombar a porta do armário? Sério?

Maggie deu de ombros.

Andrew olhava de um lado para o outro com um sorriso enorme na cara.

– Eu acho que seu namorado vai explodir de felicidade – eu falei. – Só acho.

O Filho da Escuridão olhou para mim, tentando conter o sorriso, mas ao se virar para Evan ele perdeu o controle, sorriu e o beijou novamente.

Maggie suspirou.

– Não sou paga para ver dois gays se agarrando assim – ela se virou e me puxou pra longe dos meninos.

Eu dei risada dela.

– O que houve? – ela perguntou, automaticamente ficando séria.

Eu olhei-a intrigada.

– O que houve quando?

– Na Morada das Trevas! A deusa da noite simplesmente não te levou pra lá para botar o papo em dia – ela olhou por sobre os ombros, para ver se ningguém nos observava. – O que ela fez?

Eu suspirei e também olhei por sobre o ombro.

– Depois; tem muita gente aqui.

– Taylor... – eu me virei para ela, me intrigando com a seriedade de sua voz – o que você viu?

Aproximei - me dela e falei, em um sussurro:

– Aconteceu muita coisa, mas por hora eu vou deixar algumas delas para depois – eu suspirei alto novamente. – Tudo o que eu posso dizer agora é que... eu fui escolhida pela deusa Hécate.

Maggie me olhou séria.

– Escolhida pra que?

Engoli em seco antes de falar:

– Não ao certo, mas antes de qualquer coisa eu tenho que encontrar outros seis guerreiros.

Ela apenas me olhou.

– Isso é fácil; aqui tem mais de setecentos guerreiros...

– Não... pelo o que eu entendi esses vão ser guerreiros especiais, escolhidos pelos deuses.

– E como você vai fazer para achá-los?

Eu olhei para cada um dos guerreiros que estavam á minha volta.

Era muito possível que os outros seis lunares estivessem por ali, naquela sala, apenas esperando para serem convocados. Mas... como eu poderia convocá-los se eu nem sabia quais guerreiros tinham que vir a mim? Éramos sete guerreiros; eu sou a primeira e haverá outros seis para me ajudar na grande guerra contra Nyx e seus lacaios. Mas esses seis estavam perdidos, talvez até correndo perigo em algum lugar ao longe do Castelo de Luz.

Quando esses pensamentos me veio á cabeça, eu falei:

– Maggie... você E Evan me disseram que Viktor, Febe e Astéria vieram de outra instituição de treinamento de magia, certo? – a feiticeira assentiu. – De onde eles vieram?

– Viktor é estudante na Mansão de Endymion e Febe e Astéria vieram do Palácio das 7 Luas – ela me olhou com a testa franzida. – Por quê?

– Nem todos os guerreiros estão aqui – eu falei mais para mim mesma do que para ela.

– O que? – ela perguntou se aproximando de mim.

– Os outros seis guerreiros... eles não estão aqui, no castelo. Devem estar em algum desses centros de treinamento.

– Mas então o que iremos fazer?

Balancei a cabeça negativamente.

– Eu vou ter que procurá-los.

– Mas você não pode indo de guerreiro em guerreiro e testar o poder de cada um.

– Não, eu não posso... mas eu tenho que tentar.

Maggie me olhou séria.

– Hécate me escolheu para alguma coisa, Maggie; ela me escolheu para ser a buscadora, eu irei localizar os demais guerreiros, só eu posso fazer isso.

– Ta, mas por que você?

– Porque eu sou a feiticeira eclipsada; a deusa falou que trago em mim tanto a luz quanto a escuridão. Eu vou ser, assim como ela, a deusa que iluminara a escuridão e assim acharei os guerreiros.

Mas em minha mente, eu tinha outro objetivo:

Eu vou salvar a minha mãe, custe o que custas.


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