Minhas Palavras escrita por RedLily


Capítulo 6
Capítulo 6 - E minha vida:


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura
xx Red



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Foi de noite que elas começaram a me atormentar.

Eu não pensava. Não conseguia erguer um único pensamento diante de tanto barulho. Gritava, mas não conseguia me escutar. Chorava, mas não sentia minhas lágrimas. Me movia mas não sentia meus movimentos.

Sussurros, gritos, e muitos tons de vozes. Eu os sentia ao meu lado, mas não havia mais nada a não ser o escuro.

Meus pensamentos estavam tomados de tudo aquilo. Pedidos de socorro, lamúrias, choros agudos, graves e de todos os tipos.
Não sei por quanto tempo não consegui enxergar. Minhas mãos, em algum momento eu as senti se movimentando, tentavam tocar qualquer coisa que dissesse que ainda estava aqui. Que ao menos existia.

Nada consegui sentir.

Eu gritei.

E sabia que mesmo não podendo escutar meu próprio grito, eles poderiam.

Mas ninguém veio.

Socorro de nada se comparava ao que bradava dentro de mim. Silêncio? Algo inalcançável. O chilrear da paz era algo inatingível. Escutar-me, sentir-me: intangível. Minha boca se movia, mas não sabia o que dizia. Não sabia se haveria um depois. Se teria um fim.

Não poderia fazer nada pela mulher que pedia perdão incessantemente, ou pela garotinha que clamava justiça, pelo pai que estava imerso num remorso falante, incessante. Não poderia fazer nada por aquele emaranhado, enquanto eles tinham o poder de fazer muito por mim num único segundo. Me enlouquecer. Tornar-me o inexorável ambulante. O som que mais se assemelhava ao do inferno. Ao vazio da dor e do sofrimento.

À tudo aquilo que não se reduz a pensamento.

Pedi aos céus para que me ouvissem: por favor, não me torne nada. Por favor, deixe-me ser. Deixe-me ter o privilégio de ao menos poder escolher.

Mas, se havia alguém controlando tudo, alguém acima dos poderes do universo, este alguém já não se importava comigo.

Escuridão. Tudo era negro. Sei que haviam paredes de vidro. Paredes de vidro, em algum lugar. Não enxergava.

Mas sei que isto era frágil. Era frágil, sim, frágil. Quebrável.

Como uma taça de cristal. Alguém, por favor, destrua. Destrua a mim, destrua a tudo.

Tudo era turvo dentro de mim.

As paredes se explodiram. Vidro, vidro em minha pele.

Vidro em minha carne. Vidro em minha cerne.

Sangue. Sangue em minha carne, sangue em minha cerne.

Não escutava. Eles me escutaram.

Minha vista era turva. Turva.

TURVA!

T

U

R

V

A

ME ESCUTARAM!

E

S

C

U

T

A

R

A

M

HÁ MORCEGOS!

HÁ SANGUE!

Há pavor.

E minha vida:

M

O

R

T

E

!


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