No dia seguinte que eu beijei Lily Luna Potter eu vi que havia feito uma cagada enorme. Era uma quarta-feira e eu tinha acordado atrasado como sempre, levantei preguiçosamente da cama e me vesti o mais rápido que pude pra não perder o café da manhã, quando cheguei ao salão principal Albus já estava na mesa da Sonserina junto de nossos amigos, sentei de frente para o Potter, que me recebeu com uma cara fechada.

— O que foi?

— Scorpius... – Ele suspirou massageando as têmporas, estava irritado com algo. – No quarto ano, quando você pegou a garota que eu gostava, eu te perdoei. Quando você ficou com a Amélia e a magoou, eu te perdoei. Quando você pegou a Suzie, eu também te perdoei.

— Que? Eu não ‘tô te entendo, Al...

— A minha irmã não, Malfoy, a minha irmã não.

— Albus...

— Se você magoar a Lily de qualquer jeito, se minha irmã derrubar uma única lágrima por sua causa, cara, eu não vou te perdoar.

Foi nesse momento, quando meu melhor amigo me jogou essas palavras de peso que eu percebi que tinha feito merda, se eu magoasse a Potterzinha eu iria perder o Albus e com toda certeza James Potter e Fred Weasley iriam dar um jeito de me ferrar. Então continuei ficando com Lily, fazendo todas as vontades dela e o mais importante de tudo, fazendo-a feliz. Eu não queria pedi-la em namoro de jeito algum, então quem acabou fazendo o pedido foi ela.

— Scorp... – A pequena ruiva disse com uma expressão séria, pegando meu braço delicadamente e me levando para um canto mais afastado. – Precisamos conversar.

— Diga. – Pedi tendo esperança de que ela fosse contar que não poderíamos mais ficar juntos ou que tinha encontrado a grande paixão dela em outra cara. – Escuta Lily, eu...

— Você quer namorar comigo? – Ela me interrompeu quebrando minhas falsas esperanças, acabei não dando resposta nenhuma. – Scorp?

— Lily...

— Scorpius? – Lily perguntou, foi quando seus olhos castanhos acobreados marejaram que eu senti o desespero tomando conta de mim, eu havia de certa forma criado um vínculo de afeto com ela, não podia vê-la sofrer dessa maneira por minha culpa. – Você não quer, não é?

— Lily, sua boba... – Eu sussurrei forçando um sorriso e pude ver a calmaria chegando ao corpo da ruiva. – É claro que eu quero namorar contigo.

Conhecemos a família um do outro depois do terceiro mês de namoro, fui bem recebido na casa do Potter, tão bem quanto Lily foi recebida na Mansão dos Malfoy, a mídia nos adorava, um Malfoy e uma Potter juntos? Era uma matéria boa demais pra se perder, os paparazzi das revistas de fofocas bruxas estavam sempre atrás de nós, o que era realmente um saco. Embora eu esperasse certo preconceito vindo dos Weasley o máximo que aconteceu foi me contarem uma história do meu pai levando um soco de Hermione Weasley, era incrível estar no meio de toda aquela gente e escutar as histórias que eles tinham a dizer, o assunto guerra não era tocado quando eu estava lá, eu compreendia plenamente, era algo justo considerando o fato de que minha família teve envolvimento com Voldemort e que era um assunto doloroso para todos.

Eu e Lily já estávamos juntos há um bom tempo, mas foi ainda no primeiro mês de namoro que eu percebi uma coisa.

Não era Lily que eu queria.

Era Rose.

Todo esse tempo era Rose.

Era Rose que eu queria apresentar para o meus pais e era pra ela que eu queria ver a minha mãe mostrando os álbuns vergonhosos de quando eu era uma criança. Era como namorado de Rose que eu queria que os Weasley me conhecessem. Eu queria os cachos ruivos ferrugem de Rose, não as madeixas acaju de Lily e preferia o cheiro de livro velho da Weasley do que o cheiro de morango da Potter; Era o corpo esguio e desajeitado da Valente que eu queria tocar e não no corpo curto e cheio de curvas da Meiga. Poderia passar uma tarde contando as inúmeras sardas do rosto de Rose, e não me importaria nem um pouco de encarar aqueles olhos azuis ciano dela que eram tão diferentes dos meus acinzentados.

O que sentia por ela não era o mesmo sentimento que tinha por Lily, não podia nem comparar, o que eu sentia por Lily era algo totalmente fraternal, como as reuniões de família no natal, mas o que sentimento que eu tinha por Rose era apenas... Inexplicável, era como se eu estivesse andando de vassoura em alta velocidade com os cabelos ao vento sem medo de me machucar, eu a amava.

O que eu sentia por Rose Weasley era o mais puro e belo amor, mas eu não poderia tê-la de jeito algum.

E se não podia a ter como um amor, que a tivesse como amiga.

Era isso que eu era para ela, um amigo.

Um simples... Amigo.