Todos são estranhos, afinal escrita por Ai
Notas iniciais do capítulo
Penúltimo capítulo! É aconselhável que não o leiam caso não tenham lido o capítulo 70 de MEM.
BATI LEVEMENTE NA porta, esperando a permissão para entrar. Assim que ouvi-a me responder puxei a maçaneta com toda a eficácia que me era permitida em só uma mão.
— Olá, Juvia. — Cumprimentei, levando o enorme buquê que Natsu pedira para entregar até um vaso que frequentemente tinha seu conteúdo trocado.
A Lockser terminou de trançar seu cabelo antes de virar-se para mim.
— Boa tarde, Mira. — Sorriu. — Como vão os preparativos finais para o casamento?
— Oh, muito bem! — Exclamei, deixando uma risadinha escapar ao me lembrar que Laxus iria conversar com Poluchka mais tarde. — Espero que melhore logo, assim poderá ser uma de minhas madrinhas.
— Eu também. — Concordou, observando o tubo de soro conectado em seu braço. — Os médicos disseram que ando melhorando nos diagnósticos. Se continuar assim, poderei ter alta logo, logo.
— Espero que sim... — Puxei a cadeira ao lado da cama e acomodei-me ali. — Quem mandou as flores dessa vez foi Natsu. Disse que ficou muito feliz em saber de sua melhora. — Sorri.
Ela olhou para as açucenas 1, deixando um suspiro triste escapar pelos lábios.
— De tantas flores...
— Não veja pelo lado negativo. — Aconselhei. — Ele também não está feliz no momento.
Seus olhos azuis escuros encontraram com os meus.
— É verdade... — Concordou. — Teve notícias dela?
— Só de que anda muito bem lá na Inglaterra. — Respondi. — Igneel praticamente ordenou para que não fossemos atrás de nada referente à Lucy depois que ela partisse. — Apoiei meu rosto na palma de uma das mãos, meu cotovelo apoiado no braço da cadeira.
Juvia novamente suspirou.
— Pensava que, depois de tudo o que passaram para ficarem juntos, eles... você sabe... terminariam juntos.
— Quem não? — Repliquei. — É só mais uma prova de que não devemos subestimar Acnologia.
— Não gosto disso. — Admitiu. — Faz parecer que Gray morreu à toa.
— Não diga isso, Juvia... — Meu coração doeu só de ver sua expressão. — Sabe que os dois queriam ficar juntos, mas tiveram coisas de mais peso para colocar na frente de qualquer desejo egoísta.
— Como pode chamar o que eles tinham de desejo egoísta? — Questionou, levemente irritada comigo.
— Natsu colocou os irmãos e a família antes de Lucy, Juvia. — Encarei bem seu rosto. — Faria o mesmo no lugar dele. Além disso, ele colocou o destino de Lucy acima dos dele.
— Desgosto! — Exclamou. — Se soubesse que fariam isso, eu.. eu não teria... mandado Gray para lá... — Lágrimas adornaram seus olhos.
Respirei fundo, juntando toda a paciência que me era possível ter nesse tipo de conversa. Como alguém que foi pouco envolvida nessa confusão toda, além de ser a mais velha do grupo, não conseguia ver Natsu e o resto do pessoal de outra forma a não ser como crianças...
— Arrepender-se do passado não vai mudar nada. — Disse, pouco me importando se as palavras soariam rudes ou não. — Precisa consertar sua maneira de pensar, Juvia. Será mãe daqui a alguns meses.
— Não. — Fungou. — Não serei.
— Como? — Sabia que meu rosto apresentava uma expressão confusa.
— Eu menti sobre minha recuperação, Mira. Desculpe.
Arregalei os olhos. Mentiu...?
— A respeito do quê? — Indaguei.
— Os médicos estão bastante preocupados comigo. Parece que minha doença está se expandindo. Estão com medo que alcançe o bebê. — Rendeu-se às lágrimas. — Posso perder meu bebê, Mira!
Minha cabeça parecia girar. A doença de Juvia havia piorado... Como poderia explicar isso para Natsu e os outros?
— Você não pode estar falando sério... — Murmurei, desacreditando em suas palavras. — Sua aparência parece melhor! E anda mais animada também! — Contradisse.
— Disseram que há duas opções. — Interrompeu-me. — Ou o bebê morrerá antes da data prevista para o nascimento... Ou então ele será forte até lá, e minhas chances de sobreviver ao parto serão mínimas.
— O quão minímas? — Tive que perguntar.
Seus olhos brihantes por causa das lágrimas fincaram-se nos meus.
—... Quase nulas. — Respondeu.
Agradeci a Deus por estar sentada.
— Não consigo acreditar... — Balbuciei.
Ouvi-a fungar.
— Sou patética, Mira. —Soltou um muxoxo. — Estou feliz por isso.
— O quê? — Minhas orelhas deviam estar sujas. Não devia ter ouvido certo.
— Quando me contaram sobre isso, senti-me chocada a princípio, mas... — Mordeu o lábio inferior. — A ideia de encontrar Gray no pós-vida mais cedo me deixou feliz. Eu sei! — Gritou. — Sou horrível por isso!
Tentei dizer algo, porém tudo o que conseguir ouvir sair da minha boca foram sílabas inteligíveis.
A Lockser expirou com forma, acariciando a barriga protuberante.
— Sendo honesta... Prefiro morrer ao invés de deixá-lo ir em meu lugar. Meu filhinho...
— Se... — Consegui balbuciar. — Se acontecer o pior e você... perecer... — Senti dor somente em dizer a palavra. — O que será dele? De seu filho...
Ela sorriu tristemente.
— É a outra parte que faz-me patética, Mira. — Sussurrou. — É um lembrete do passado...
— Como?
— Se eu morrer mesmo durante o parto, quero que faça isso, Mirajane.
— Não gostei disso. — Reclamei. — Nunca me chamam de Mirajane. O que quer que eu faça, Juvia?
— Entregue-o para ela.
— Quem? — Senti a exasperação começar a borbulhar dentro de mim, correndo em minhas veias por conta daquela quantidade de informação inacreditável que estava sendo-me dita.
— Tem que prometer manter tudo o que contei em segredo, Mira. — Pediu.
— Ah... Claro. — Sentia como se não devesse concordar com aquilo, no entanto não consegui negar sob o peso de seu olhar.
— Se Jurei sobreviver ao parto... Peço que entregue-o para Lucy. É para ela que estou entregando a guarda de meu filho.
— Mas... Há Ultear e Igneel para cuidar dela! — Surpreendi-me com suas palavras. — Até mesmo eu! Por que, de todas as pessoas, logo Lucy?
Ela soltou uma risada sem vida, desviando o olhar do meu. Só então compreendi.
Um lembrete do passado, ela dissera. Um lembrete da morte de Gray. Algo que Lucy nunca esqueceria, pois ainda devia se culpar. E como se a própria consciência da loira não fosse um fardo pesado a se carregar, ela ainda iria pressionar essas lembranças...
Engoli em seco, arrependendo-me por ter concordado com aquilo.
Juvia Lockser é realmente uma pessoa assustadora e vingativa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
1 - "A açucena pode simbolizar a angústia ou tristeza causada pela perda de uma pessoa amada. Também pode significar altivez, elegância, graça. A açucena branca também pode estar associada à pureza." (© http://www.significados.com.br/acucena/)
Até o próximo~♥