Internato Dumont escrita por Sónoanonimato


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey dengos! Espero que gostem, comentem, favoritem, acompanhem! Tenham uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569846/chapter/1

– Não acredito nisso! E o senhor, vai deixar, papai? – perguntei sentindo as lágrimas caírem.

Ele olhou novamente para meu avô e abaixou o rosto. O senhor sentado na grande cadeira de mogno olhou para mim e disse:

– Querida, sua mãe também estudou lá, é o melhor internato de toda a Europa, sinta-se com sorte, é o mais caro também e garanto que seu pai não tem condições suficientes para pagar. Aproveite.

– Mas vovô!

– Charlotte! Eu permiti que você vivesse com seu pai naquele muquifo...

– Ei! É a minha casa! É meu estúdio de arte também mas era confortável para Charlie e eu – interrompeu meu pai.

– Que seja, eu ofereci uma vida aqui na mansão, aquele estúdio/casa é uma favela comparado com a minha residência, Klaus! Continuando, Charlotte, eu não fiz muita questão que você viesse para cá porque você implorou para ficar em Quebec, mas agora eu exijo que vá para o Internato Dumont, lá você terá uma educação de nível superior! Mais tarde irá até me agradecer, querida!

– Vovô... – choraminguei.

– Charlotte Augustine Lafayette... não mudará minha opinião! Até seu pai concordou.

– Como é? Acho que ouvi errado!

– É o melhor para você Lolotte – golpe baixo, produção! Usou o apelido de infância! Não vale! – Filhota, eu prometo que irei te visitar todos os fins de semana! Eu falei com seu tio Jim, meu irmão, e ele aceitou me receber na casa dele em Paris. Eu estarei a uns duzentos quilômetros de você!

E foi assim que hoje, domingo de manhã, fui mandada para Paris. No início das férias eu estava vivendo minha vidinha simples e humilde em Quebec, Canadá, ontem estava em uma mansão em Bruxelas e agora estou esperando um carro do Internato vir me buscar aqui na casa geminada do meu tio Jim, em Paris, que eu conhecia apenas via skype.

É. Sou bem internacional.

– Eu já terminei de arrumar minhas coisas no quarto de hóspedes, valeu mesmo irmão! – falou meu pai entrando na sala de estar dando uns tapinhas nas costas do meu tio. Homens. Nunca vou entender esse gesto. Tapinhas nas costas? Por favor, né? É tão... sei lá! – Prometo que quando vender alguns quadros e conseguir dinheiro para alugar um apartamento eu me mudo.

– Deixa disso, Klaus! É um prazer tê-lo em casa, depois de tanto tempo longe... mas relaxa! Eu vou conversar com uns colegas e ver se estão interessados em alguma obra sua, ok?

– Excelente!

– Que horas o senhor disse que o carro iria me buscar?

– Eu disse para seu avô o endereço do Jim mas não tenho certeza que horas ele marcou com o motorista – respondeu meu pai.

– Então, Charlie, é esse seu apelido ou me enganei? – assenti para meu tio. É um apelido masculino, mas eu gosto. Apenas meus pais me chamavam de Lolotte ou Lotte, mas ficou muito infantil com o passar do tempo – O que espera do Internato Dumont? É o melhor da Europa, dizem! Eu e seu pai nunca teríamos condições de estudar lá, agora seu avô, com certeza! E como ele está? Da última vez que o vi ele queria dar uma surra no seu pai porque ele não avisou que estavam em Moscou quando Angelique deu à luz você. Segundo ele, os russos são estranhos e ele queria que a neta fosse belga como toda a família do lado materno – riu meu tio dando uma olhada na minha roupa. Que foi? Eu estou confortável com minha faixa de abelinhas, minha legging rosa e meu moletom cinza! E não tem nada de errado com os meus sapatos verdes! Será que o meu cachecol amarelo está sujo? Eu vi Nutella na cozinha e não resisti... deve ter caído um pouco do creme!

– Algum problema? – tanto meu tio quanto meu pai estavam rindo.

– Não querida – respondeu Jim e papai em uníssono. Estranhos!

Um carro buzinou lá fora, olhamos pela janela e havia um emblema do Internato Dumont, juntos levamos minhas malas até o carro. Meu tio se despediu de mim e meu pai me abraçou, prometendo me visitar no final de semana seguinte.

– Se faltar algo, ligue pra mim ou pro seu avô. Ele disse que irão entregar tudo o que precisar lá, mas se faltar algo não relute em ligar! Nos vemos no sábado, Lotte! Faça amigos!

Entrei na SVU preta e o motorista pisou no freio. O internato ficava a uns duzentos quilômetros de Paris, em duas horas e meia, mais ou menos, eu encontraria os mauricinhos e patricinhas mimadas. Maravilha!

O motorista não quis papo, tentei falar um pouco com ele, mas ele nada disse, em vez disso, me entregou um panfleto do internato. Lá diziam coisas como:

Nos corredores e salas de aula, é falado inglês.

Os alunos podem optar por cursar as seguintes línguas estrangeiras: alemão, russo, francês, esperanto ou espanhol.

É proibido presença de garotas na ala masculina e vice versa.

No curso musical, há as seguintes opções: piano, violoncelo, violino, flauta ou o aluno pode optar por canto.

No tempo livre, há aulas extras de idiomas, inclusive inglês para os menos experientes com a língua, também há várias atividades de lazer e aulas de algum instrumento à escolha do aluno, que não é nenhum listado acima.

Visitas devem ser marcadas, saídas do internato contanto que permitidas e acompanhadas no tempo livre ou fins de semana.

Qualquer informação, fale com seu monitor ou ligue para xxxxx-xxxx, o número da secretaria.

As outras páginas do panfleto mostravam o internato, as salas de aula, dormitórios, coisas assim. Era um lugar imenso! Também tinha uma parte dedicada aos uniformes. Uma burca daria no mesmo! Tudo bem agora, que estamos no outono, mas nos meses quentes nem pensar! E o calor?

Vou dar um jeito de encurtar a saia e tirar as mangas da blusa.

Olhei pela janela, já tínhamos saído de Paris e agora estávamos na estrada. Resolvi dar uma cochilada, meu voo da Bélgica, onde estava na mansão do meu avô, para Paris foi de manhã bem cedo, não dormi muito e tinha que por o sono em dia.

Mas antes deixa eu explicar uma coisa. Meu pai e minha mãe se conheceram em Paris, embora minha mãe seja belga, ela fez um curso de dança na França, ela faleceu quando eu tinha quatro anos por conta de câncer. Eu nasci na Rússia, quando meu pai foi expor suas obras lá, mas eu não sou fluente em russo, sei poucas coisas, pois meu avô exigiu que eu fizesse um curso. Ah, nem falei sobre meu avô! Ele é só o dono de um dos maiores bancos da Bélgica. Nem nos falamos direito, já que eu morava em Quebec e do nada ele manda os seguranças dele me levarem pra Bruxelas e diz que eu vou pro melhor colégio da Europa. E não é legal quando você está na escola beijando o cara mais gato da sala no verdade ou desafio quando dois caras parecidos com agentes do MIB: Homens de Preto, entram e dizem que seu avô milionário quer que você passe as férias com ele na Bélgica. Foi bem constrangedor e o Mark ficou tãaaao vermelho!

***

– Senhorita Lafayette. Chegamos – me acordou o motorista. Saí do carro e com a ajuda dele levei minhas malas até o saguão da escola, onde tinha um grupo de estudantes. Três garotas que estavam um pouco mais separadas conversavam alegremente, uma era morena que nem eu, outra tinha o cabelo castanho claro e a outra era loira. Decidi falar com elas e me enturmar um pouco.

– Hey garotas! – exclamei chegando perto.

– O... oi – disseram em uníssono. A loira me olhou com nojo, a morena encarou a castanha e esta empinou o nariz e negou com a cabeça, em sinal de desaprovação. Elas devem estar olhando para alguém atrás de mim, acho.

– Queridinha, vem cá – falou a castanha – Você não tem o mínimo senso de estilo! Que modelito ridículo!

– Olha, você pode esperar só um minuto? – a bruxa do 71 e suas coleguinhas ficaram confusas –É que eu preciso localizar no Google Maps quem pediu sua opinião sobre a minha roupa, tá?

Soltei um beijinho no ar e dei as costas, me juntei ao grupo maior, que cercava uma senhora, ela estava entregando as chaves dos dormitórios.

– Com licença. Afasta aqui, por favor? Hey, dá um passinho pro lado, fofa? Lindo, me dá passagem? Depois a gente conversa tá? – falei enquanto tentava chegar perto da senhora.

– E você quem é?

– Sou Charlie Lafayette e a senhora deve ser a Senhora Dawson, não é?

– Sim, querida. Aqui está a chave do seu quarto e ali virando o corredor tem um aluno que lhe mostrará todo o colégio.

Um gordinho me empurrou e nem pude agradecer à senhora. É cada gordo com suas gordices! Um rapaz passou com uma bandeja de chá e peguei uma xícara, um outro moço pegou minhas malas e se responsabilizou por levá-las até meu quarto enquanto eu estivesse conhecendo o colégio. Segui pelo corredor em que a senhora Dawson apontou mas não tinha ninguém. Esperei uns quinze minutos e ninguém que passou por lá parou para me levar para um tour pelo colégio. Desisti de esperar e segui umas garotas, elas com certeza iriam para a ala feminina.

Chegamos lá e elas entraram no quarto A03, o meu era o A07 que ficava no fim do corredor, abri a porta com a chave que estava na minha mão e vi duas garotas conversando. Ambas eram ruivas.

Acho que algumas garotas irão acordar carecas amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários! Go, go, go!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Internato Dumont" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.