Karma escrita por Vagabond


Capítulo 1
Capítulo 1 KARMA


Notas iniciais do capítulo

Uma fic curtinha, dedicada a Sion Neblina uma escritora que, com a sua sensibilidade e histórias nada "retas", me fez gostar deste casal e prá todos que curtem o romance entre O Cisne e o Acorrentado! Beijos a todos!



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            Olhando os cisnes deslizando com graça e suavidade, recordo as nossas tardes juntos, olhando estas aves que você me ensinou a apreciar. Antes, eu não sabia a diferença entre patos e cisnes, mas você, com seu olhar sério e profundo, disse-me algo que até hoje não consigo esquecer: “Cisnes escolhem, somente, um companheiro para toda a vida, patos, não!”

         Eu ri nervoso, naquela hora, sem saber muito o porquê e você continuou a me olhar daquele jeito desconcertante, que parecia me atravessar. “Consegue imaginar isso, Shun? Um amor para toda a vida?” você continuou. Eu confesso que quase gritei, Sim, é o que eu sinto por você!”, mas calei-me e continuei a olhar os cisnes. Você suspirou e tocando minha mão, levou-me para junto dos outros que nos esperavam para a festa de despedida.

         Sim , você iria embora no dia seguinte e, mesmo assim, eu não tinha coragem de me declarar, de dizer o que sempre ensaiava quando estava sozinho. “Eu te amo Hyoga!” Simples, direto. Qual a dificuldade, se éramos tão amigos, tão próximos? Talvez porque eu o visse como um cisne, mas me sentisse um pato. Não que eu não pudesse ser fiel à você, mas me achava desajeitado, barulhento, enquanto você era sempre calmo, diferente dos outros garotos. Enquanto ouvíamos Strokes, jogando King of Fighters Wing 2, você ouvia Vivaldi e lia a Divina Comédia de Dante. Tão distante, tão especial e, assim eu sentia a sua presença e quase morria de felicidade quando você descia do seu Monte Olimpo particular e me convidava para ficar ao seu lado.

         Agora, aqui estou eu, no mesmo lugar onde olhávamos os cisnes, esperando...Seu e-mail dizendo que viria nas férias e que queria encontrar-me no “nosso lugar” de brincadeiras e confidências, quase fez o meu coração parar de vez. “Como você estará agora?” me pergunto num misto de medo e curiosidade.

         “Olá Shun, ainda tentanto entender a diferença entre patos e cisnes?” Ouço a pergunta e estremeço, quase sem coragem de olhar para trás. Ele me toca o ombro, quebrando a minha resistência e sorrindo, ilumina o meu dia. Lembrei-me, na hora, de ter ouvido Shaka falar em karma, a lei inexorável do Destino. Seria meu destino tê-lo sempre tão perto e, ao mesmo tempo tão distante? Sorri de volta, notando um Hyoga diferente, cabelos soltos, longos e despenteados, um piercing no lábio inferior e uma expressão descontraída, como eu nunca havia visto. Surpreendi-me pensando,Onde está aquele ser divino, introvertido e perfeito que me atraía e, me afastava, ao mesmo tempo?”

         Ele notou a minha surpresa e seu sorriso foi substituido por uma hesitação velada. “Estou tão diferente que o meu melhor amigo não consegue me abraçar?“

        Abraçar? Sim, o abracei com força e saudade. Era Hyoga, meu único e grande amor ! E ele estava ali, passados quatro anos, dois meses, uma semana, dois dias, uma hora e vinte segundos! Uma eternidade marcada em calendários escondidos, uma vida presa dentro do meu coração.

       “Você mudou, cisne!” eu disse junto ao seu pescoço, sentindo o perfume da pele branca, agora um pouco queimada de sol. “Espero que prá melhor, embora a sua hesitação em me abraçar me deixe um pouco preocupado!” ele respondeu com um sorriso malicioso, também novo, para mim. Continuei abraçado à ele, em silêncio, as palavras antigas queimando na garganta. Criei coragem e procurei o seu rosto, havia lágrimas em meus olhos e eu já sentia o velho aperto no peito. “Eu te amo”, balbuciei quase num sussurro.

         Seus olhos brilharam e eu notei que o seu corpo colou-se mais ao meu, a sua boca buscou a minha e nos beijamos como se fôssemos antigos amantes. Perdi a noção de quem eu era, onde estava e em que ano aquilo estava acontecendo. Depois de todos esses anos, ali estávamos nós, confessando um sentimento tão profundo e imutável, deixando que os nossos corpos e as nossas almas comungassem da alegria do encontro ou reencontro. Karma, destino, isso já não importava, eu havia feito a minha escolha, finalmente, havia me tornado um cisne!

                                                       Fim


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que l~eem, comentam, sugerem! Bjs *+*