Sobreviva Ao Seu Destino escrita por Ytsay


Capítulo 3
Departamento de controle de não primogênitos e Escola de 2º categoria.


Notas iniciais do capítulo

Nesse capitulo conheçam Ross, Rose e Fritz.
—Boa leitura.



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A colônia possui um departamento que cuida exclusivamente da existência dos não primogênitos que ficavam com suas famílias e controlam os que são do Abrigo e ficam vagando pela cidade. Eles têm como atividade principal verificar o estado das famílias que tem que sustentar o peso extra de outro filho. Essas verificações podem ocorrer por denuncia ou por sorteio, então vão até a casa e analisam as condições de tudo, se ter o segundo filho estiver afetando os pais e o primogênito a decisão era retirada e a criança levada por oficiais fardados para viver no abrigo. Além disso, esses oficiais, fardados e com o distintivo, são vistos como policiais da cidade, mantendo a ordem.

Ross Darwin Milton é um dos que um dia recebeu a visita desses oficiais em sua casa, mas não era para levá-lo.

Ainda era noite, Ross estava na cidade da colônia gastando os trocados que eram dados diariamente ao que atingiam e passavam dos dezoito anos de idade. Uma quantidade de moedas detestável e quase inútil, mas que juntando uma ou mais semanas dava para tonar uma noite mais divertida. Ross, vestido com uma camiseta simples e preta, as calça larga e camuflada e as botinas que usava o tempo todo, pois trabalhava em uma das fabricas da colônia, conversava com uma garota bonita de longos cabelos dourados e arrumada diante do balcão de uma loja qualquer, a fazia rir ao mesmo tempo em que se auto elogiava - com certa verdade, pois Ross tinha adquirido um bom físico com os serviços diários que combinava bem com o fato de ser alto. Em um momento outra jovem o fez parar de falar. A menina que caminhava pela loja tinha os cabelos castanhos em um tom parecido com o dele, e ele não evitou olha-la com esperança de que fosse Kelly. Então a moça diante dele chamou sua atenção, ao puxar uma das mechas de sua franja bagunçada que lhe caia nos olhos castanhos, e ele sorriu convencido para a garota que tinha percebido o desvio da atenção dele.

Mais tarde ele voltava ao Abrigo pensativo. Aquela garota desconhecida de cabelos chocolates que observou despertou memórias em sua mente de mais de dez anos atrás e que se acentuavam por saber que a data do Banimento estava marcada.

Ele tinha quatro anos quando Kelly nasceu, mas lembrava-se bem de observa-la no berço nos primeiros dias em que dividiram o mesmo quarto, e melhor ainda se lembrava de quando a bebê foi levada e registrada como filha primogênita da vizinha, melhor amiga de sua mãe e que não podia ter filhos. Ele ficou triste pela menina ser levada e queria-a de volta, mas daquele dia em diante seus pais o proibiram de contar ou mencionar que eram irmãos, e nos seis anos seguintes sempre estava perto dela como amigo e um bom vizinho, sempre cuidado da irmã.

Subitamente seus passos solitários foram cortados por um homem com uma capa azulada e um distintivo preso no peito, que parou o encarando fixamente e o analisando por completo.

–Você é Ross Darwin Milton?- o homem, que pela voz devia já ter mais de quarenta anos, perguntou sem sair do lugar e sem parar de olhar nos olhos castanhos e grandes do rapaz.

Relaxando o apoio em uma das pernas ele respondeu:

–Depende. -e sorriu de lado com leve arrogância. -O Ross tá encrencado com alguma coisa dos oficiais?

–Responda logo, garoto! -rosnou o homem.

–É sou eu, mas também sou chamado como M-S. -Ross disse dando de ombros.

O oficial com o distintivo do D.C.N.P (departamento de controle de não primogênitos) continuo o encarando por um tempo.

–A data de você ir embora esta perto.

–Ah, nossa, é mesmo. –disse irônico e fingindo um leve espanto. -Eu não tinha notado.

O homem balançou a cabeça da resposta.

–Você não devia ter convencido o delegado de aceita-lo no lugar de seu irmão. Tornou-se um homem que poderia ser muito útil na colônia. -e nisso o oficial virou as costas e saiu andando pelas ruas escuras e quase vazias da madrugada.

Parecia que naquela noite as coisas estavam acontecendo para fazê-lo lembrar-se de tudo que aconteceu em sua vida e que o levou a escolher aquele destino.

Dois anos depois de perder Kelly, ele ganhou outro irmão para cuidar: Jonh Henry; e nessa época ele já tinha seis anos e argumentou logo dizendo que iria cuidar do irmãozinho para que os pais, que discutiam muito mais do que o de costume, não o dessem para outra pessoa. Ross conseguiu o que queria, mas em poucos anos descobriu que sua dedicação ao de mesmo sangue não duraria tanto ou a vida inteira como sonhava.

[Rose Santos Galian]

Era bem cedo, o sol começava a tocar o centro da colônia. Uma jovem de dezesseis anos prendia os cabelos escuros com carvão, e não muito compridos, no costumeiro rabo de cavalo desalinhado por ser repicado. Da janela de seu quarto, pequeno demais para ela conseguir andar com eficácia quando esta com pressa, ela observava a rua que passava abaixo, esperando se veria uma pessoa. Ainda perturbada por estar atrasada pegou um caderno velho e de capa manchada de debaixo da cama e saiu correndo, infelizmente trombou em seu irmão no corredor, Tomas era uma versão masculina de Rose, com a mesma data de nascimento, os cabelos escuros e os mesmo olhos azuis destacados no rosto de pele clara, mas não tão clara como a de Rose. O rapaz a segurou por um momento a impedindo de descer as escadas em um tipo de abraço forçado, mas Rose conseguiu escapar e tremendo de nojo seguiu o seu caminho sem nem olha-lo. Passando pela cozinha sua mãe a notou chegando, mas virou o rosto para o que estava fazendo no fogão, e seu pai, vestindo o uniforme do trabalho, entrou em sua frente inibindo que ela conseguisse pegar algo para o café da manhã.

–Rose! Esta atrasada! A escola que você conseguiu é mais importante que comida. Vá logo!

Ele levantou a mão e ela obedeceu rapidamente saindo da casa. Olhou para os dois lados da rua coberta com uma fina neblina que se dissipava. “Onde ele esta?”, pensou sozinha analisando o lugar, até que percebeu alguém caminhando lentamente a alguns metros adiante de sua casa. Rose sorriu e correu até o garoto magro e que andava de cabeça baixa.

–Passa a sua bolsa!- gritou ela já puxando a mochila de couro que garoto levava.

Assustado ele acabou deixou que ela levasse a bagagem, mas então os dois riram ao se reconhecerem. Marcos não era um tipo corajoso, e roubar a bolsa dele era algo que já lhe aconteceu algumas vezes. Mas o objetivo de Rose era apenas dar um susto no melhor amigo e também o ajudar a levar as coisas de escola, apesar dos protestos dele.

A escola onde eles estudavam era no meio da cidade, em um prédio largo de dois andares e com algumas salas, a faixada iludia levemente pela tinta desbotada e mofos em algumas partes, pois por dentro era conservado e mais limpo que muitos lugares. Era um colégio improvisado, chamado por muitos de 2º categoria, fundado por uma professora que desistiu de ensinar apenas os primogênitos na maior e melhor escola da colônia criada para os primeiros filhos -onde Tomas estudava.

Rose e Marcos estavam prestes a atravessar a única entrada do prédio quando um garoto de quatorze anos e cabelos castanhos bagunçados que ia à frente deles foi segurado pela gola da blusa gasta e puxado para fora por um garoto maior; Apesar de que a maioria dos garotos seria mais alto que o 1,57 de altura do garoto que estava sendo arrastado. Rose parou, resolvendo prestar atenção no que estava acontecendo e no que ia acontecer.

Frito, estão dizendo que seus pais finalmente vão dar um jeito em você. É verdade? –disse o garoto de cabelo loiro e cacheados que arrastou o menor para fora da escola. Agora eles eram ladeados por outros dois garotos que encaravam o menor diante deles.

O moleque chamado de Frito ficou quieto e imóvel, mais pálido que o natural de sua pele, e desviou o olhar para a calçada, apenas com a esperança de que os valentões se afastassem.

–O que é? Hoje não teve comida o suficiente nem para falar? –o loiro irritante insistia em provocar. –Hm! Sabia que esses Balzer não ia conseguir sustentar outro inútil!

Frederico Balzer, chamado pelos que o conheciam de Fritz, se incomodou com o comentário. Ele podia ser um inútil medroso, mas seu irmão Aaron, que entrou no comando de proteção da colônia com apenas Dezessete anos, era o orgulho da família. Mesmo pensando assim Fritz permanecendo no lugar, até que o garoto loiro lhe deu um empurrão que o desequilibrou momentaneamente.

–Espera Rose. -Marcos disse segurando o braço da menina que não estava mais suportando ver a injustiça dos três garotos sobre o mais magro, mais novo e aparentemente mais pobre. -Se você for lá sabe que eu não tenho muito com o que te ajudar.

–Sei, sim. Só que o menino precisa de uma ajudinha. -e ela seguiu na direção dos meninos.

Rose já tinha ajudado Marcos em situações parecidas, cujo ele era o alvo, então o amigo deixou que a menina se afastasse a observando de longe.

[Frederico Balzer]

Não seria a primeira vez que Fritz era alvo de algo, infelizmente nos primeiros anos de sua vida foi descoberto como um medroso e logo os valentões descobriam outros fatos para poderem importuna-lo. Um dos mais usados era o fato de que seus pais, mesmo em condições ruins e de baixa renda, quiserem criar outro filho, e isso ficava claro nas diferenças das roupas de Fritz e dos outros da escola de 2º categoria, que também eram segundo filhos mais tinham uma leve melhor condição de vida.

Mas naquele dia, antes mesmo de entrar na escola, ele foi pego por um valentão conhecido por ele, chamado Ganta. E o loiro, um ano mais velho, quis provoca-lo a sair de seu estado de defesa imóvel, mas quando estava prestes a conseguir que Fritz saísse correndo, uma garota de cabelos escuros ficou entre ele e Ganta.

–Eu já não avisei para ficar longe daqui, olhos-de-minhoca?- disse Rose olhando sério para o garoto que era um ano mais novo que ela. –Ou quer ter mais algum castigo por brigar com uma garota indefesa?

Na verdade nem tão indefesa, mas para os oficiais a situação tinha aparentado isso quando Rose defendeu Marcos á alguns meses passados. Então Ganta deu passo para trás, olhou uma ultima vez para Fritz e foi embora para o meio das ruas.

Rose se virou para trás e viu um Fritz encolhido em sua sombra, que logo arrumou a postura e a encarou com seus olhos castanhos esverdeados antes de ir para a escola sem dizer nada.

–Rose Santos Galian! Esta mais que atrasada! Vai assistir à aula dai? -uma mulher gritou da janela de um segundo andar, sem paciência.

–Qual é senhora! Eu estava ajudando mais um cordeirinho aqui!- e sorriu carismática e gentilmente para a mulher que não evitou retribuir o sorriso ao chama-la para dentro.


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Notas finais do capítulo

Espero não ter iludido ninguém com um prologo curto como aquele. Mas não me controlo ás vezes e posso chegar a 2.000 palavras.
Para ajudar na memoria:
—Ross Darwin: 20 anos, cabelos castanhos chocolate, bagunçados e não penteados, olhos castanhos, físico bem estruturado e é alto.
—Rose: 16 anos, cabelos pretos, abaixo do ombro, repicados que costuma usar em um rabo de cavalo, olhos azuis claros e pele branca.
—Fritz: 14 anos, 1,57 de altura, magro, mas não esquelético; cabelos castanhos "arrumadamente" bagunçados e compridos, olhos castanho esverdeado.
(As descrições ainda podem ter mais detalhes para outros capítulos.)
Não escolhi uma ordem especifica para mostra-los. Depende da conexão da minha mente com o que leio e a imaginação...
Bem é isso, um pouco da historia deles e como eles são, e um pouquinho dessa colônia e da vida de 2º filhos que vivem com a familia.
Obrigada por ler. Até o próximo, com a aparição de mais personagens.