Sobreviva Ao Seu Destino escrita por Ytsay


Capítulo 29
Água no pescoço.


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite, Bom dia, Boa tarde... etc. Mais um capitulo.
Espero que tenha uma boa leitura, e lembre-se: estava chegando o momento de ver a última parte de Jogos Vorazes!



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Clarke olhou o grupo depois das coisas ficarem calma. De longe, percebeu que moça loira, Alice, e o outro garoto que seguia o Joy tinham morrido e que havia alguns feridos, mas a maioria soube se defender. Rock tinha se afastado de sua posição na frente do grupo e se aproximou, se livrando dos espinhos fincados em seu abdômen, de onde Ross estava com Alice.

— É uma grande pena — comentou Rock sagaz. — Ela era uma mulher e tanto.

Ross percebeu o tom dele, um pesar por apenas ter outro tipo de interesse sem nem a conhecer direito, e avançou com um soco no rosto do outro. Mas Rock foi ágil e logo partiu para cima dele também. Dessa vez Clarke não queria deixa-los brigar e se aproximou rápido segurando Rock pela gola do colete e o puxando brutalmente para longe. Isso foi bem a tempo, pois Rock tinha um golpe de faca preparado, que apenas fez um corte das costelas ao abdômen em Ross ao ser puxado. Se não fosse o Clarke, teria fincado sua faca no rapaz e nunca mais ia perder uma luta para ele.

— Vamos! Não podemos ficar aqui. Andem! — o mais velho de todos chamou, ignorando Ross notar o ferimento aberto.

— Não podemos deixa-la aqui! — Piper gritou para Clarke, que não se deu ao trabalho de olha-la ou responde-la.

— Podemos, sim — foi Stan que a respondeu, recolhendo as coisas de Frederico. — Não temos tempo para fazer alguma coisa. A cada minuto coisas piores se aproximam. E provavelmente ela não ia gostar de um de vocês morrerem aqui só por que pensaram nela já morta.

Depois disso o Stan seguiu os colegas.

— É melhor cuidar disso. — Tae falou sério para Ross, e também continuou a caminhada.

Ao lado de Pietra a menor do grupo soltou um grunhido e logo depois começou a chorar. A menina conhecia Alice, e, depois do terror dos ataques sabendo que não teria chance se fosse pega, ela compreendeu que iam abandonar a loira ali, no meio do nada, e era difícil aceitar que a morte tinha chegado para uma moça tão legal como Alice. Judie errou a pessoa e abraçou Pietra, derramando lágrimas. A jovem estranhou e encarou Sean, que não fez nada ao ver a cena, e depois Yuki, que se importou menos ainda. Então a única coisa que pode fazer foi deixar a menininha ali até que aparecesse a oportunidade de afastá-la.

Não muito longe deles, sentado sobre o chão de grama baixa, Joy puxou um dos espinhos da raposa preso em sua perna e sentindo uma fisgada de dor. Além dos espinhos ele tinha uma mordida na panturrilha, e foi bom que o animal tivesse dentes pequenos, embora afiados, assim a maior parte da mordida eram cortes na pele.

— Aquele bicho quase almoçou sua perna. — Cheryl chegou perto de Joy e o olhou. — Acho que não gostou do que fez ao amigo dele.

— Nossa, no meio de tudo aquilo, você conseguiu ficar de olho em mim? — Joy falou lhe dirigindo um olhar com interesse e falso estranhamento.

— Também vi que você mandou no Stan, e ele me ajudou.

— Tá, não precisava envolver outro cara. — Joy riu rápido, mas não tinha o mesmo animo de sempre. — Em retribuição você pode me ajudar a ficar de pé? — e estendeu uma mão para a garota.

Cheryl esperou e então o ajudou, dando um sorriso fino que foi extremamente raro de se ver depois do banimento.

Para Joy ficar de pé e andar era um incomodo constante devido aos ferimentos que as raposas lhe causaram, mas dava para ele continuar se Cheryl permanecesse lhe dando um apoio. E ele não negou a oportunidade de estar próximo da garota que normalmente era distante.

Quando passaram pelo corpo de Frederico, Joy refletiu de como tinha conseguido salva-lo de outro tipo de morte á alguns dias, e agora tudo tinha sido em vão. E por pouco falharia em salvar Cheryl também, por sorte Stan estava lá e o obedeceu direitinho. Talvez aquele desconhecido mais controlado e colaborativo fosse diferente dos outros dois, ou tivesse uma ótima razão para ser assim com eles.

— Sinto muito pelo Fritz — Rose surgiu ao lado de Cheryl e Joy. — Ele gostava de você, Joy, e você foi um bom amigo. Se o tivesse conhecido na colônia poderia ter feito da vida dele diferente... Ele era um menino um tanto sozinho.

A garota ficou em silêncio, se lembrando do antes, onde ela mesma podia ter feito amizade com o rapaz, fazendo mais do que espantar os valentões que o perturbavam.

— Afinal pra onde eles estão nos levando? — Henry ainda parecia sofrer com dores enquanto os acompanhava. — Eu preciso de um descanso. Acho que tem um granada na minha cabeça e meus miolos vão virar pó daqui a pouco.

— Pede aquela planta para a Aurora — sugeriu Rose. — Ué, cadê ela?

— Foi ajudar o Ross, ali. — Henry apontou a direção, onde a garota tentava fazer Piper e o rapaz se afastarem daquela que eles tinham que abandonar.

Aurora dava um apoio psicológico a Piper ao mesmo tempo em que tentava verificar qual o nível do corte de Ross, até que Sean e os que estavam com ele os alcançaram. O ruivo deixou a Judie próximo de Pietra e em um gesto incomum deu um abraço á Piper. Provavelmente era o que ela precisava para conseguir se mover novamente, pois em seguida ele conseguiu arrasta-la e caminharam para seguir Clarke e os outros, que já estavam se distanciando.

Tiveram que não pensar no passado, focar no presente e seguir vários metros até que não pudessem mais acreditar que pudessem voltar e fazer mais pelos dois mortos.

...

O nevoeiro era um mistério. Passava do meio dia e ele se mantinha presente e imutável. Muitos dos Banidos até tinham visto nevoeiros de manhã, mas logo eles sumiam - um fato que não ia acontecer com este. A névoa também contribuía para eles ficarem molhados aos poucos. Então o solo começou a ficar completamente sem grama e duro, quase como um espaço cimentado, e a água surgiu acumulada em poucas espessuras até que chegou ao meio das canelas deles.

— Para onde estamos indo? — Sean perguntou quando estava logo atrás de Stan, se preocupando com a água que subia.

E o outro apenas o olhou sem responder:

— Porque quer saber? Já está aqui, duvido que tenha uma opção de caminho para voltar.

— Não tenho mesmo. Mas vocês podem estar perdidos e nos levando para o meio de um lago ou pântano, não sei.

— Você está certo, vamos passar por um pântano, e tem que ser antes do pôr do sol.

— O quê? Isso é perigoso! — Aurora falou. — Temos muitos com ferimentos e a água pode estar contaminada.

— Exatamente. — Stan confirmou indiferente.

Aurora deu uma olhada para Ross, Yuki e os outros que os seguiam logo atrás. Difícil saber se algum deles conseguiria resistir a alguma contaminação ao passarem pelas águas paradas de um pântano. Ela não poderia fazer muito naquele momento, só depois ia saber os resultados.

E não demorou muito. A água passou pelo joelho deles, alcançou o meio das coxas, e nesse nível Sean içou Judie para as costas, e a água chegou às cinturas.

— É agora! — Rock gritou lá da frente. Os de trás o viram guardar a faca no cinto e se jogar para frente mergulhando na água acastanhada e com pedaços de plantas flutuando.

— Não precisam mergulhar quando passarem por ali — orientou Stan com ar desgostoso para a ação daquele liderava a caminhada. — Ainda podemos andar por esse trecho. Rock só está... se entregando ao frio da água de uma vez.

Algumas horas se passaram e o frio já cobria todo o corpo deles. O nível da água batia no pescoço de algumas garotas e nos rapazes a chegava sob os ombros, mas Stan estava certo, eles podiam caminhar apesar do solo instável.

Sorte de Judie Sean ser alto o suficiente e lhe passar um pouco de calor, mas ela dificultava que ele caminhasse por ser um peso a mais, e também ele estava se esforçando para se manter fixo e concentrado, não gostava de tanta água e não sabia nadar, seus pesadelos estavam o assustando com uma imaginação inquieta, mas ele tinha que passar por aquilo e ajudar Judie, que já havia sussurrado que não sabia nadar. Piper parecia corajosa andando ao lado dele e logo atrás de Ross. Ela não era tão alta, porém caminhava inabalável, apesar de uma ou outra vez ter se apoiado nele ela não temia a água. Ross caminhava confiante, apesar da careta de dor e de manter a mão sobre o corte submerso e muito bem enfaixado, ele cortava qualquer correnteza seguindo logo atrás de Clarke e Stan.

Henry tinha ficado mais normal em contato com a água e com um mergulho que deixou seus cabelos castanhos e faixa sobre um ferimento molhados. Ele tinha convencido Aurora a nadar com ele, próximo e seguindo os outros. A menina hesitou, mas foi treinar e receber algumas dicas do rapaz. Mais atrás, Yuki os observava sem razão aparente. Pietra o notara olhando os dois, mas não era de falar e deixou de dar atenção quando uma pedra no solo surgiu e a desequilibrou por um momento rápido, fazendo a água lavar seu rosto e quase entrar em sua boca. Ela acabou se apoiando em alguém para ficar na superfície, e quando tomou folego viu que era Tae, que a segurava por uma das mangas da blusa e balançou a cabeça negativamente, depois ele a soltou e continuou andando.

Joy tinha um sorriso do rosto enquanto ouvia e via Rose demonstrar suas habilidades de natação. Infelizmente, ele não aproveitava daquilo pela dor que traria, e também por estar perto de Cheryl - ao que parecia a garota de 1,62 estava um pouco tensa com a água sob o pescoço e o segurava mais fixamente, e ele não via problema com isso.

Subitamente aconteceu uma agitação á frente. A névoa que planava sobre as ondas da água não permitiram Joy, o último, saber o que estava acontecendo, mas ele sabia, pela voz que ouviu, que só podia ser Rock resmungando. Então ouviram um xingamento tenso de Stan e um sibilo desconhecido que foi silenciado em seguida.

— CORRAM! — foi a orientação que ecoou de Clarke.

Cheryl trocou um breve olhar confuso com Joy e então eles se adiantaram em um nado forçado. Outra agitação se fez em frente a eles, dessa vez Tae estava sendo atacado. Uma grande cabeça triangular e reptiliana estava agarrada no cotovelo dele, os pequenos olhos negros brilhavam e tinham determinação de não solta-lo mesmo sendo golpeada pela faca curta do oriental. O couro escamado a protegia da lâmina, enquanto o corpo tubular se movia laçando Tae mais e mais. Pietra foi a primeira a se afasta da criatura, seguindo a ordem de Clarke. Yuki, por sua vez, puxou a espada e cortou uma parte do corpo da enorme serpente que apareceu na superfície da água turva. Com o golpe dele a criatura apertou a mordida no braço de Tae, o fazendo soltar um grito, então o largou e deu outro bote, tão veloz quem nem Tae poderia ter percebido que seu rosto era o próximo alvo. O impacto fez o rapaz mergulhar na água junto com a predadora gigante. Yuki ainda tentou encontrar mais partes para cortar, mas os outros banidos passaram por ele e não quis ficar para trás.

Henry e Aurora estavam nadando rápidos e evitaram chutar o corpo de uma próxima serpente, e Rose os seguia da mesma forma. Joy havia pegado seu machadinho e ainda não podia nadar direito, mas se esforçava para acompanhar Cheryl. A parte tensa era não conseguir enxergar o inimigo ou mesmo saber se ficariam muito tempo naquele ambiente que favorecia o predador.

Sean testou algumas braçadas, orientando Judie para segurá-lo firme. Piper vinha logo atrás, de olho nos arredores e querendo saber se os outros estavam vindos depois dos sons agonizantes que ouviu.

Ross se agitava para seguir Clarke e Stan. Eles haviam passado pela grande mancha de sangue que seu inimigo Rock deixou ao ser fatalmente mordido por outra serpente do pântano. Ele podia deleitar-se daquilo, porém ele ainda poderia ser o próximo. Com um braço ele remava para frente até que esbarrou em algo firme e escorregadio que certamente Stan e Clark não atravessaram. A sensação fria mal surgiu na nuca quando o mesmo corpo se chocou contra ele debaixo da água. Ele não podia arriscar as proporções daquela serpente, pois apenas sentiu os milhares de dentes cravados exatamente sobre o corte no abdômen e que lhe causaram uma dor aguda. Entretanto Ross resistiu em ficar de pé e percebeu o quanto era inútil segurar a cabeça da cobra, mesmo tendo uma certeza de que a cegará com um dos dedos.

Sean parou quando o viu parar bruscamente e grunhir de dor, depois notou as partes do corpo do réptil surgir na superfície, próximo de Ross. Antes que o ruivo deixasse Judie com Piper, para ir ajuda-lo, Ross tratou de puxar a espada e golpear como podia sua agressora submersa. A serpente se contorceu, e era mais forte do que ele imaginaria. O rapaz podia sentir os dentes retalhando seu corpo e se afundando mais à medida que as mandíbulas se fechavam de raiva por ele revidar. Então Ross não sentiu mais as partes da cobra o tocando ao se enrolar envolta dele, e em compensação a cobra deu um tranco em ré e o arrastou para o lado, o desequilibrando e conseguindo o levar para debaixo da água. O animal conseguiu separa-lo dos outros, o levando para uma parte mais profunda que existia logo ao lado da trilha que estavam seguindo. Ross não podia enxergar nada na água, mas usou a espada, buscando atingir a serpente e poder retornar a superfície, mas acabou se cortando na perna e parou. Quando finalmente a criatura o soltou, ele nadou para buscar ar, mas a batalha estava perdida e a serpente deu o próximo bote, que não permitiu outra oportunidade para ele encontrar oxigênio.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Deixe um oi, um abraço, um gostei, uma herança milionária, ou sua carta de intimação pelo massacre que estou fazendo em um único dia nessa Fiction.
Nós vemos, e até breve!



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