– K, cuidado. Essa aí é pouco mais experiente que a última mas não é pra você subestimar ela. Ela pode ser perigosa. - disse Cobra.

– Caraca, Karina, tá esculachando. Chegou chegando aqui na semifinal. Ó, faz bonito, hein. Deixa o mestre Gael orgulhoso.

– Pode deixar, Wallace. Não saio sem esse troféu. - disse a loira.

A lutadora estava a duas lutas de possivelmente ganhar o troféu e esbanjava felicidade em seu rosto. Subiu ao ringue e encarou a adversária profundamente nos olhos. Ela parecia casca-grossa, mas K via que ela era mais frágil do que aparentava ser. Ela tinha os seios grandes, o que atrapalhava em sua velocidade e em sua guarda, que mantinha-se muito aberta. Quando o juiz deu permissão, o combate começou. Karina partiu para socar a barriga da adversária, mas ela desviou e chutou o abdômen de K. Logo depois socou seu rosto, deixando a loira desnorteada. Ouvia instruções de Cobra e, seguindo sua voz, conseguiu localizar-se novamente. Armou sua guarda e começou a analisar o movimento de pernas da garota. Seus chutes eram mais perigosos que seus socos. Aparentemente, compensou a guarda aberta devido aos seios com chutes poderosos, que mantinham a distância entre as duas.

Karina decidiu tentar derrubá-la, mas ela previu isso e, mais uma vez, afastou-a com um chute. K estava começando a ficar irritada, mas tentava controlar-se. Um mero descontrole era o suficiente para poder jogar a luta fora. Avançou abaixada e socou-a na lateral do abdômen. Quando a adversária foi revidar o soco, Karina a desferiu um chute giratório direto no queixo. Após ser derrubada, a garota tentava levantar-se, mas o chute foi forte demais. O juiz estava a ponto de terminar a contagem.

– 8... 9... 10! A vencedora da segunda batalha da semifinal é Karina, da Academia do Gael. Teremos uma pausa de10 minutos até a grande final do campeonato feminino.

K desceu do ringue e, enquanto retirava os equipamentos, era cumprimentada pelos colegas de academia.

– Cê foi ótima, K. - disse Cobra, oferecendo-a uma garrafa de água.

– Ih, alá, Karina. Vai pra final, maluco. Parabéns, aí. Quer ligar pro Pedro pra falar com ele? - perguntou Wallace.

– Não, Wallace. Esquece ele. Tenho que me concentrar no campeonato. - disse a lutadora, tentando manter os pensamentos sobre Pedro longe de si.

Enquanto isso, no festival, a Galera da Ribalta também havia acabado de passar pela sua semifinal, contra os Psicose Contínua. A pontuação final foi brigada, mas Pedro e sua banda conseguiram passar para a final. Decidiram não aguardar no camarim e analisar quem seria o concorrente a competir contra eles. No palco estavam Kickass e uma outra banda chamada Lizards. A moeda foi jogada e os Lizards tocaram um belo cover de I Miss You, do Blink-182. Logo depois foi a vez da Kickass. Vicki foi ao microfone e disse:

– Essa aqui vai ser em homenagem à Galera da Ribalta, os finalistas. Toca aí, Ricardinho.

Ao ouvir a melodia, a Galera da Ribalta logo reconheceu a música. Kickass estava tocando Definição de Perfeição.

– Mas... como assim? Eles podem fazer isso? - perguntou Luca, indignado.

– Bem, de acordo com as regras, podem sim. Ainda não cantamos essa. - disse Paula.

– Filhos da puta! - gritou Pedro.

– Que que foi, Pê? - perguntou Solange.

– Não se ligou, Sol? Eles tão fazendo isso pra limitar nosso repertório. Eles sabiam que mais cedo ou mais tarde deveríamos cantar essa, então cantaram antes. Lembra das regras? Nada de repetir músicas.

– Que desgraçados! Nossa, pra final então só nos sobra Garota dos meus sonhos. - disse Rominho.

– Se a gente quiser fazer um final bonito, que nos faça ganhar isso aqui, sim.

Após a apresentação, não teve jeito. Kickass dominou a disputa e foi eleita à final. O apresentador foi ao microfone e disse:

– Linda homenagem, linda, com certeza. Vamos agora dar uma pequena pausa de meia hora para que tanto os espectadores, quanto os participantes e organizadores do evento possam almoçar. Obrigado a todos e fiquem ligados para a grande final entre a Galera da Ribalta e a Kickass.

– Pô, tô com uma fome terrível. Tem uma lanchonete uns dois quarteirões daqui. Topam? - perguntou Pedro.

– Claro. - disseram os outros integrantes da banda em uníssono.

Enquanto caminhavam, o guitarrista mandava uma mensagem a Karina perguntando aonde ela estava, mal imaginando que estava no campeonato. Chegaram à lanchonete e se surpreenderam com a quantidade de pessoas que estavam lá. Por sorte, havia uma mesa disponível e até sobraram lugares. Depois de fazerem os pedidos, passaram a conversar sobre o que a Kickass fez com eles.

– É muita sacanagem o que eles fizeram. Que ódio. - disse Paula.

– É sacanagem mas foi inteligente. Eles estão usando as regras a seu favor. - disse Pedro.

– O jeito é a gente arrasar na Garota dos meus sonhos. - disse Luca.

– Ih, gente, relaxa que se depender de mim quem vai chutar bunda sou eu. Até pedi saladinha e água pra não ferrar com minha voz. - disse Sol, brincalhona.

– Nossa, vocês gostam mesmo da gente, hein. Toda vez que a gente se encontra vocês tão falando da Kickass. - disse uma voz perto da porta da lanchonete.

Quando a Galera da Ribalta virou-se, deu de cara com Ricardo e a Kickass.

– Ai, não. Sério isso? Parem de seguir a gente, cacete. - reclamou Pedro.

– Não estamos te seguindo não, Cabeludinho. A gente só quer almoçar. Se importa se comermos com vocês? - perguntou Vicki.

– Não, claro que não. Podem sentar. - disse Luca, encantado com a beleza da vocalista.

– Sério que tenho que sentar com esses pela-sacos? - perguntou Ricardo, claramente irritado pela situação.

– Tá vendo outro lugar vago, Ricardinho?

– Quer saber, podem ficar com a mesa inteira. A gente pediu pra viagem mesmo. - disse Pedro, levantando-se e convocando sua banda junto de si.

Após pegar seus pedidos, a Galera da Ribalta foi embora. Nenhum deles queria ficar com a Kickass se não fosse no palco. Chegaram ao camarim e batiam papo enquanto comiam. Pedro era o único que estava aéreo do assunto. Sua mente não saía de sua Esquentadinha e a sua preocupação aumentava cada vez mais. Não deu nem cinco minutos após eles terminarem seus lanches e tanto a Galera quanto a Kickass foram chamadas ao palco. Antes de irem, fizeram uma pequena concentração onde prometeram dar o seu melhor. Subiram e cada um dos integrantes de cada banda encarava um ao outro. O apresentador tomou o microfone e disse:

– Bem, senhoras e senhores, temos aqui as duas bandas finalistas da nossa competição. À minha direita temos a Kickass e à minha esquerda a Galera da Ribalta. Gostaria de perguntar a cada uma das lindas vocalistas, o que vocês gostariam, cara ou coroa?

– Cara. - disse Sol, rapidamente.

– Coroa. - disse Vicki, sem parar de encarar a adversária.

– Pois bem. Vamos jogar a moeda e... deu coroa. A felizarda a começar é a Kickass. Por favor, peguem o microfone.

– Obrigada. Bom, já que na última partida eu e meus amigos fizemos uma bela homenagem à nossos adversários, acho que agora seria uma boa também. Ricardinho, solta aí Garota dos meus sonhos. - disse Vicki.

A Galera da Ribalta observou boquiaberta enquanto Kickass apresentava sua música, que seria seu trunfo. Próximo do último refrão, reuniram-se e Paula perguntou o que todos estavam pensando.

– Gente, e agora?