You Don't Know Anything About Me escrita por Patience Angel


Capítulo 5
5




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Acordo na minha cama. Olho ao redor para confirmar que é minha cama mesmo. Estranho. Me lembro de ter dormido no sofá. Dou de ombros e vou para o banheiro, ignorando o bêbado caído no chão. Idiota.

Tomo um banho quente demorado. Tenho vontade de me dar um soco ao perceber que me esqueci da roupa. Me enrolo na toalha branca e vou na ponta dos pés em direção ao meu armário. Mas um infeliz segura meu tornozelo, me fazendo cair próxima a ele no chão. Seguro com força à toalha, temendo que ela caia.

– Thomas, seu imbecil! Me solta! –Grito, tentando soltar a mão dele do meu tornozelo esquerdo. Ele ri, abrindo os olhos e olhando para cima. O estapeio. – Me solta senão eu te castro!

– Que bela forma de acordar, hein? –Sinto meu rosto esquentar de raiva ao vê-lo analisar meu corpo coberto apenas pela toalha. Começo a estapeá-lo sem parar.

– Idiota! –Ele me solta e me levanto com pressa, me escondendo atrás da porta aberta do armário. Ele se levanta e fica me encarando. – Sai daqui!

– Esse também é meu quarto, Lucy. –Se senta na cama, não deixando de me encarar.

– Se você não sair daqui, eu juro que... –Ele me corta.

– Okay, eu vou. Mas só porque estou com uma ressaca dos infernos. –Se levanta, indo ao banheiro, fechando a porta. Quando penso estar segura para sair detrás da porta aberta do armário, ele coloca a cabeça pra fora do banheiro e diz: - Ah, Lucy, seios pequenos podem ser melhorados com silicone, sabia? Mas, em compensação, você tem um belo par de air-bags traseiros.

– Tarado idiota! –Jogo um vidro de creme de cabelo na sua direção, mas ele fecha a porta em questão de segundos.

Me visto ainda escondida e olhando fixamente para a porta, com medo dela abrir a qualquer hora. Desço as escadas, encontrando uma Jessica bem disposta, assistindo The Vampire Diaries enquanto come um pacote de Doritos. Espera, aonde ela achou Doritos?

Me jogo no sofá ao seu lado e ela olha para mim com um sorriso no rosto.

– Bom dia, Lucy. Quer? –Oferece o salgadinho. Não hesito antes de tirar um punhado de lá, fazendo-a rir.

Ficamos lá, assistindo até terminar. E, quando, já está passando Glee, Kimberly entra no quarto, batendo a porta com força. Ela parece um zumbi, com a maquiagem escorrendo pelo rosto e o cabelo pregando de suor.

– Argh. Amiga você está péssima. –Jess diz, enrugando o nariz, enojada.

– Eu sei, Jess. –Ela responde, irritada. – Por que os caras tem que ser tão cafajestes? –Pergunta, para ninguém em especial, tacando o celular na cama e se deitando no tapete do chão da mini sala.

– Johnny? –Jess pergunta. Kimberly acena positivamente com a cabeça.

– Ele me convidou para dançar, pra depois ficar se agarrando com a Courtney Bovina. –Lágrimas escorrem do seu rosto, piorando ainda mais seu estado. – E me deixou passar a noite num banheiro, vomitando até as tripas. –Reviro os olhos. Oras, quem não procura amor, não sofre. Eu sou um bom exemplo disso, aliás.

Thomas aparece na mini sala e olha pra Kimberly com uma expressão de nojo que ele tenta disfarçar, mas não consegue.

– Kim? O que aconteceu com você? –Enruga o nariz.

Ela olha para ele com uma cara de poucos amigos.

– O Johnny aconteceu. –Jess explica. Thomas revira os olhos azuis como se aquilo não fosse novidade.

– Já te avisei pra largar do pé dele. Johnny é do tipo que não se amarra a ninguém. –Diz e sai do quarto, como se nada tivesse acontecido.

– Ah, não. Vamos amiga. Eu não vou deixar você sair do quarto assim. –Jess se levanta e a puxa pelos braços até o banheiro delas.

Olho para o relógio de gato que marca 11:59 e meu estômago começa a roncar, pouco antes do sino irritante soar pelo prédio inteiro. Pode ser que uma semana deveria ser suficiente para que eu me acostumasse com essa merda, mas não, eu sinto cada vez mais vontade de estrangular quem está tocando isso.

Saio para o refeitório antes que Kimberly e Jessica resolvam sair do banheiro. Sento-me na mesma mesa de sempre, com uma bandeja cheia de comida. Claro, perdi o café-da-manhã por isso tenho que compensar com o almoço.

Começo a comer, mas paro, sentindo alguém se sentar ao meu lado. Geralmente eu não ligo quando Kim, Jess, Thomas ou seus amigos se sentam aqui. Mas, por algum motivo, eu já sabia que não era nenhum deles, mesmo antes de levantar os olhos e encontrar o loiro do dia da piscina me encarando de forma curiosa.

– O que? –Digo brava. Odeio quando alguém interrompe algo importante, tipo o almoço.

– Sou o Connor, lembra?

– Sim, e daí? –Volto à atenção ao enorme pedaço de lasanha que consegui com Magda na cantina.

Ele ri, se sentando ao meu lado.

– Não me lembro de ter te convidado para se sentar aqui. –Digo irritada, ainda prestando atenção à lasanha.

– E eu não me lembro de você ter me dito seu nome. –Sorri. Reviro os olhos e começo a ignorá-lo.

Ouço vozes se aproximando e a cambada de idiotas se senta à mesa. Thomas fuzila Connor com uma expressão pouco agradável.

– Lucy, o que esse idiota está fazendo aqui? –Diz, de dentes cerrados. Os olhos de Connor se iluminam e ele se vira pra mim.

– Ah, então, Lucy, acho melhor eu ir. –Sorri em minha direção ao dizer meu nome e se levanta, mas não antes de se abaixar e sussurrar em meu ouvido: - Foi bom vê-la novamente, Lucy.

Depois que ele sai, percebo que os seres presentes na mesa estão me encarando. Fico extremamente irritada. Kimberly chega mais perto de mim no banco e me olha com um sorriso enorme estampado no rosto.

– Então... –Começa. O sorriso crescendo cada vez mais. – Quer dizer que você mal chegou e já conquistou o Connor?

– Eu não conquistei ninguém. Para de encher o saco. –Sinto outra coisa se aproximando de mim e vejo que é Alice, a amiga do Thomas.

– Connor é o melhor amigo gostoso do Mike, o rival do Thomas desde que ele chegou aqui. –Alice suspira e recebe um olhar reprovador de Thomas. – Mas o Connor é um amor de pessoa, além de ser um gato. A culpa não é dele de ter um amigo babaca. –Diz, olhando para o Thomas como fosse óbvio.

– Alguém quer gelatina? –O ruivo, Johnny, chega com a bandeja lotada com os potinhos coloridos e deliciosos. Eu nem tinha percebido que ele não estava na mesa. Pego umas oito com as mãos, recebendo olhares curiosos dos outros.

– Como você come tudo isso e ainda está magra? –Jessica arregala os olhos. Dou de ombros.

Percebo que Kimberly se levanta. A comida na bandeja continua intacta.

– Você vai comer? –Aponto para a bandeja dela. Ela murmura algo como “perdi a fome” e vai embora. Dou de ombros, tomando posse da bandeja.

– O que? –Johnny pergunta, se sentando. Só aí noto que os outros estão o olhando com olhares acusadores.

– Eu vou te matar, cara. –As mãos de Thomas estão fechadas em punho em cima da mesa.

Levanto-me, deixando a bandeja de lado e levando somente as minhas gelatinas. Já estava querendo pular no pescoço deles para que calassem a boca. Quando abro a porta do quarto, vejo Kimberly deitada em sua cama chorando baixinho. Reviro os olhos, ao mesmo tempo em que uma imagem passa pela minha mente.

Eu tinha feito 10 anos e meus pais estavam viajando a trabalho. Eles não ligaram, nem se lembraram de me parabenizar por mais um ano de vida. Lembro-me de ter ficado na cama chorando por dois dias, rejeitando a comida e água que os empregados me ofereciam.

Mesmo que a situação não seja a mesma, só de vê-la assim, sinto um aperto no coração. Sento-me ao seu lado e acaricio suas costas. Ela me olha assustada.

– Lucy...? –A corto.

– Apenas cale a boca e me deixe confortá-la. –Reviro os olhos. Ela dá um sorrisinho tímido e volta a chorar.

Ficamos quinze minutos assim, enquanto eu a ouvia dizer sobre sua paixão por Johnny, ia acariciando suas costas da mesma forma que eu via na TV em situações de choro. Ela até tentou me explicar sobre o dia em que a vi abraçando Thomas.

– Eu estava bêbada e comecei a dizer para ele sobre minha paixão pelo Johnny. A única que sabia era a Jess. Ele me ouviu e me confortou da mesma maneira que você está fazendo agora. E você entrou bem na hora e pensou que...

– Eu já falei que não me importo com isso. –Era pra minha voz sair ríspida, mas ela soa calma e suave.

Ela sorri.

– Você é mais durona do que eu pensava. –Diz, secando as lágrimas e se endireitando na cama na posição de índio. – Thomas com certeza está tendo facilidade em se acostumar com você. Lembra tanto a Lily...

– Porra! Será que dá pra alguém me explicar quem diabos é Lily? –Explodo de raiva, me levantando. A encaro; olhos azuis esverdeados raivosos em olhos castanhos gentis. – Desde que eu cheguei vocês só falam nessa Lily e vão me comparar com ela agora?

Ela dá um sorriso fraco, dando de ombros.

– Se o Thommy não te contou nada, não sou eu que irei fazê-lo. –Desvia o olhar do meu para o chão. – Me desculpe. Sério, eu sei que deveria ser legal contigo, tipo, você está aqui, me consolando e fazendo com que eu me sinta melhor, mas...

– Okay, eu já entendi. Isso não é da minha conta. –Digo, mais ríspida do que pretendia. – Vou tentar não tocar mais no assunto.

E subo as escadas, me jogando na cama. Eu sei, fui bastante imatura ao querer saber sobre a tal garota. Tenho certeza de que era só mais uma coleguinha de “trepada” do Thomas. Mas mesmo assim, só de ouvir aquela simples comparação, meu sangue ferveu de raiva. Eu odeio ser comparada com outras pessoas.

Só de pensar nisso, já me vem na cabeça várias outras comparações. “Lucy, você deveria parar de ser tão rebelde e tentar seguir o exemplo da sua prima”, minha mãe sempre dizia. Ah, se ela soubesse que, por trás da cara de santa e dos bons modos, minha prima Stacey é o exemplo de prostituta gratuita...

Pego meu celular e meu fone de ouvido, mas paro ao ver que tem duas mensagens e uma ligação perdida. Ambas do meu pai, John William Carter. Elas dizem basicamente a mesma coisa. Sobre eu buscar meu uniforme na secretaria e sobre uma visita do Jake que eu iria receber no próximo fim de semana.

1° Eu nem sabia que nessa porcaria de internato era obrigatório o uso de uniformes. 2° Eu não preciso de babá, então será desnecessária a visita do bombado. E, 3° Se Jake for vir mesmo, quero que venha pra me levar daqui e não pra fazer uma “visitinha”. E foi isso que enviei como resposta para meu pai.

Bufo, afastando a mecha de cabelo que está sobre meu rosto. Fico deitada um bom tempo, olhando para o teto sujo e refletindo sobre merda nenhuma. Mas uma idiota resolve entrar no quarto, pulando em cima de mim com a cascata de cabelos negros tapando minha visão.

– Jessica, o que você está fazendo? –Ela sorri grandiosamente mostrando uma fileira de dentes brancos.

– Meu irmão tem razão. Você tem olhos lindos. –Meu Deus. Ela pirou de vez. – Ah, você tem muita roupa? Por que ai eu emprestaria uma mala pra você, mas como eu acho q...

– Será que dá pra me explicar o que está dizendo? E dá pra sair de cima de mim? –A empurro e ela se senta ao meu lado na cama.

– Minha mãe vem buscar meu irmão e eu pra passarmos o fim de semana lá em casa. Ai eu pensei em levar vocês. Pensa só, vamos ir ao cinema, a festas e ainda, se der, no karaokê da minha cidade. Vai ser um arraso total. Eu, você, Kim, meu irmão, o Johnny e a Alice, vamos abalar geral. Que tal?–Tento compreender o máximo de coisas que ela fala, enquanto ela me encara com expectativa.

– Está dizendo que iremos passar um final de semana longe dessa prisão? –Ela concorda com a cabeça. – Vou pensar no seu caso...

– Lucy! –Implora. – Lucinha! Lulu!

– Okay, já chega. E já falei pra parar com essa história de Lulu. –Respiro fundo. – Está bem, eu vou.

Ela me abraça, quase me sufocando. O irmão abestado dela chega bem nessa hora.

– Hey! Eu também quero um abraço! –Diz, indignado, abrindo os braços. Reviro os olhos.

– Você fica sem. –Jess mostra a língua pra ele. – Agora, adivinha? Lucy topou ir com a gente!

– Isso vai ser interessante... –Thomas dá um sorriso torto em minha direção.

Livre do internato por dois dias? Isso eu suporto. Agora, ficar com esses idiotas durante dois dias? Ai, já não sei. Bufo, mandando uma mensagem para meu pai, dizendo que não é pro Jake vir.

– Dois dias só de curtição! –Jess sorri pra mim.

– Dois dias... –Livre daqui, mas não deles. Espero que valha a pena.


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